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Estradeando
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E-book97 páginas35 minutos

Estradeando

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Sobre este e-book

O POETA VEM A CAVALO Convidado a apresentar o livro de poesias gauchescas, Estradeando, de Miguel Bicca, fiquei deveras impressionado com a beleza e a autenticidade de seus versos. Arte regional da melhor qualidade. [...] Miguel Bicca é poeta de grande sensibilidade. Isso lhe vem das reflexões, da solidão da campanha, do recorrer campo, da prosa simples ao pé do fogo, na roda do mate; das madrugadas, ah!, meu Deus, dessas madrugadas do Rio Grande, que sempre pegam a cidade dormindo, sem falar das visões de entardecer, junto ao parapeito, quando o campo parece aveludado e o horizonte é um facho de luz e sangue que desmaia. [...] Patrícios, um homem vem a trote pela estrada. É Miguel Bicca. Trote é ritmo, cadência, compasso. Ritmo é o que não falta em sua poesia. Nem talento. Quando fala do seu pago, ergue o cavalo num trote chasqueiro. Mas tranqueia manso quando fala no amor. Antonio Augusto Ferreira (Tocaio Ferreira) Excerto do prefácio
IdiomaPortuguês
Data de lançamento18 de nov. de 2020
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    Estradeando - Miguel Bicca

    ESTRADEIRO

    Varei arroios e afundei caminhos,

    sovei arreios pelos corredores,

    gastei o coração cambiando amores,

    troteando sempre, sem saber por quê.

    Branqueou-me a barba, me tostou-se o couro,

    minha melena enlunarou-se, moura,

    e eu troteando – sem saber por quê.

    Sou como junco que se dobra e não se quebra,

    sou como o pasto que pisado se levanta,

    uma garganta degolada que ainda canta,

    embora ouvidos maldomados não escutem

    o canto macho que me leva e me encanta.

    Descubro agora que são poucos, muito poucos,

    os que acreditam que o meu canto não tem fim,

    que a minha voz tem as razões do vento livre,

    cascos de potro bordoneando no capim.

    Agora sei por que estradeio solitário,

    mas não sei se saberão de onde vim,

    para fazer brotar da terra que me acolha

    raiz e rama das heranças que há em mim.

    SONHO

    Eu tenho um sonho gaudério

    que bate cascos na noite,

    sempre ao compasso do tranco

    de um zaino negro estradeiro,

    que sempre encontra um candieiro

    iluminando um bolicho

    e tem um fundo cambicho

    por viola, cordeona e china.

    E já nasceu com a sina

    de ter somente o cavalo

    e o canto afiado dos galos

    sangrando o sol das manhãs.

    Minha alma prisioneira que o criou

    para saciar sua sede de distâncias

    ensinou-me a buscar a liberdade

    que extraviei pelos potreiros de

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