Deliciosamente misteriosa
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Sobre este e-book
Ao chegar a Hunter's Landing, Jack Howington levou a maior surpresa da sua vida. A tímida irmã mais nova do seu melhor amigo tinhase convertido numa mulher deveras impressionante. Meredith Palmer ainda se sentia magoada por Jack a ter rejeitado anos antes, mas agora tinha a firme intenção de seduzir o atraente empresário e de levá-lo para a cama… uma cama que ficava mesmo ao outro lado do corredor. Qual seria o preço que Jack teria de pagar por cumprir uma promessa que tinha feito há uma década?
Susan Mallery
#1 NYT bestselling author Susan Mallery writes heartwarming, humorous novels about the relationships that define our lives—family, friendship, romance. She's known for putting nuanced characters in emotional situations that surprise readers to laughter. Beloved by millions, her books have been translated into 28 languages.Susan lives in Washington with her husband, two cats, and a small poodle with delusions of grandeur. Visit her at SusanMallery.com.
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Deliciosamente misteriosa - Susan Mallery
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2007 Susan Mallery, Inc.
© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Deliciosamente misteriosa, n.º 2170 - dezembro 2016
Título original: In Bed with the Devil
Publicada originalmente por Silhouette® Books
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-9224-8
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Se gostou deste livro…
Capítulo Um
Onze anos atrás
Meredith Palmer passou a tarde do seu décimo sétimo aniversário encolhida na sua estreita cama, a chorar inconsolavelmente. Tudo na sua vida era um desastre. E se aquilo fosse o melhor que lhe ia acontecer?
Deveria lançar-se da janela do quarto e acabar com tudo. Claro que tão-só estava num quarto andar e ia ser difícil que se matasse. O mais provável era acabar com umas quantas fracturas.
Endireitou-se e secou a cara.
– Tendo em conta a distância até ao chão e a velocidade no momento do impacto… – murmurou para si própria. – Dependendo da posição… – disse pegando num bocado de papel. – Se saltar de pé… não, é pouco provável, mas poderia ocorrer. Então, a maior parte da carga estaria no meu…
Começou a fazer cálculos. Densidade de ossos face à aterragem sobre o cimento duro. Assumindo um coeficiente de…
Meri largou o lápis e o papel e voltou a deitar-se na cama.
– Sou um completo desastre. Nunca serei mais do que um desastre. Deveria estar a planear a minha morte e não a fazer números. Com razão não tenho amigos.
Os soluços voltaram. Chorou e chorou, convencida que o seu caso não tinha cura, que estava destinada a converter-se numa pessoa solitária.
– Tenho de arranjar um gato – pensou. – Mas sou alérgica a gatos.
A porta do seu quarto abriu-se e afundou o rosto no travesseiro.
– Desaparece.
– Não vou fazê-lo.
Conhecia a voz. O dono dela era o protagonista de todas as fantasias românticas e sexuais que alimentara. Alto, com o cabelo escuro e olhos de um azul intenso.
Meri grunhiu.
– Que alguém me mate agora mesmo.
– Ninguém te vai matar – disse Jack sentando-se na cama ao seu lado e pondo-lhe a mão sobre as costas. – Vá lá, é o teu aniversário. Qual é o problema?
De quanto tempo dispunha? Podia fazer uma lista e inclusive, se lhe desse quarenta e cinco segundos, traduzi-la para duas línguas e fazer-lhe um índice.
– Odeio a minha vida. É horrível. Sou um desastre. Pior, sou gorda, feia e sempre serei assim.
Ouviu como Jack inspirava.
Havia muitas razões pelas quais estava completamente apaixonada por ele. Era muito bonito, embora isso fosse o menos importante. O melhor de Jack era que lhe dedicava tempo. Falava com ela como se fosse uma pessoa de verdade. Juntamente com Hunter, o seu irmão, amava Jack mais do que qualquer outra pessoa no mundo.
– Não és um desastre – disse ele com voz calma.
Notou que não lhe disse que não era gorda. Era impossível evitar ignorar os vinte quilos que a sua estrutura miúda de pouco mais de um metro e cinquenta e cinco centímetros ganhara. Por desgraça também não lhe disse que não era feia. Jack era amável, mas não era nenhum mentiroso.
Entre o aparelho dentário, o nariz e a sua constituição, podia contar com uma oferta de emprego permanente no circo.
– Não sou normal – disse ainda a falar com o rosto afundado no travesseiro. – Estava a planear a minha própria morte e acabei por fazer equações matemáticas. As pessoas normais não fazem isso.
– Tens razão, Meri. Não és normal. És muito melhor do que a média. És um génio e os demais somos uns idiotas.
Ele não era nenhum idiota. Era perfeito.
– Estou na universidade desde os doze anos – murmurou. – Isto é, cinco. Se fosse deveras esperta, já teria acabado.
– Estás a estudar um doutoramento, para não mencionar… Quantas eram? Três especialidades?
– Algo do género.
Incapaz de estar na mesma divisão do que ele sem o observar, deu meia volta.
Era impressionante, pensou enquanto sentia uma pressão no peito e uma reviravolta no estômago.
– Tenho de encontrar a maneira de apagar o meu cérebro – disse cobrindo o rosto com as mãos.
– Porquê? Para seres como o resto de nós?
– Sim – disse deixando cair as mãos. – Quero ser uma rapariga normal.
– Lamento. Terás de te conformar em seres alguém especial.
Amava-o tanto que sentia dor. Queria que a visse como algo mais que a irmã mais nova do seu melhor amigo. Queria que a visse como uma mulher.
– Não tenho amigos – disse esforçando-se por ignorar a necessidade que sentia de lhe confessar que o amaria sempre. – Sou muito jovem, especialmente no curso de doutoramento. Todos acham que sou uma menina convencida. Estão à espera que me vá abaixo e fracasse.
– O que não vai ocorrer.
– Eu sei, mas entre o meu isolamento académico e a falta de um modelo feminino de referência desde a morte da minha mãe, as probabilidades de amadurecer e converter-me num membro útil para a sociedade são cada dia menos. Como disse antes, sou um autêntico desastre – disse enquanto umas lágrimas sulcavam as suas bochechas. – Nunca terei namorado.
– Espera uns dois anos.
– Isso nunca ocorrerá. E se algum rapaz sentir dó de mim e me pedir para sair, terá de estar bêbado para querer beijar-me, já para não falar de sexo. Vou morrer virgem.
Os soluços começaram de novo.
Jack puxou-a até a sentar e abraçou-a.
– Que dia de anos! – disse.
– Nem me digas.
Ela arrimou-se, desfrutando da sua força e dos seus músculos. Também do seu cheiro. Se estivesse loucamente apaixonado por ela, aquele momento seria perfeito.
Mas isso nunca ocorreria. Em vez de lhe declarar o seu amor incondicional e arrancar-lhe a roupa, ou pelo menos beijá-la, ele afastou-se.
– Meri, estás num momento difícil. Aqui não encaixas e certamente também não o faças com os rapazes da tua idade.
Queria dizer-lhe que tinha quase a mesma idade, só os separavam quatro anos, e que encaixava perfeitamente com ele. Mas Jack era do tipo de homem que tinha dúzias de mulheres em seu redor. Bonitas e elegantes, e ela odiava-as.
– Mas superá-lo-ás e então a vida será muito melhor.
– Acho que não.
Ele estendeu a mão e acariciou-lhe a cara.
– Tenho grandes esperanças em ti.
– E se estiveres enganado? E se morrer virgem?
Ele sorriu.
– Não, não será assim. Prometo.
– Asneiras.
– Tenho jeito para isso.
Inclinou-se para ela e antes que soubesse o que ele ia fazer, beijou-a. Na boca!
Mal sentiu o roçar dos seus lábios e o beijo já tinha acabado.
– Não! – exclamou sem pensar e agarrou-o pela camisola. – Jack, não, por favor. Quero que sejas o primeiro.
Nunca antes tinha visto um homem mexer-se tão rápido. Num segundo, passou de estar sentado na cama a estar de pé junto ao umbral da porta do quarto.
Sentiu-se envergonhada. Teria dado cem pontos do seu quociente intelectual para não ter proferido tais palavras.
A sua intenção não era que ele soubesse. Evidentemente já teria adivinhado que se sentia atraída por ele, mas nunca quis confirmá-lo.
– Jack, eu…
Ele abanou a cabeça.
– Meri, desculpa. És a irmã mais nova do Hunter. Nunca poderia… Não te vejo dessa maneira.
Claro que não. Porque irias querer uma besta quando podes ter tantas belezas?
– Entendo. Entendo tudo. Vai-te embora.
Ele começou a ir-se embora, mas parou e deu meia volta.
– Quero que sejamos amigos, Meri – disse e, com aquelas horríveis palavras, desapareceu.
Meri sentou-se à beira da cama, perguntando-se quando deixaria de sofrer tanto. Quando deixaria de amar Jack? Quando deixaria de desejar que a terra a tragasse cada vez que estavam na mesma divisão?
Instintivamente rebuscou por baixo da cama e tirou um saco de plástico cheio de gulodices. Depois de procurar nele, tirou uma tablete de chocolate e desembrulhou-a.
Tinha chegado ao fundo do poço. Estava a viver o pior momento da sua vida. Era o fim da esperança.
Deu uma mordidela à tablete de chocolate. A vergonha fê-la mastigar depressa e engolir. Quando o açúcar e a gordura fizessem o seu efeito, não se sentiria tão mal. Deixaria de sentir a solidão e a rejeição de Jack Howington III.
Por que não podia amá-la? Era uma boa pessoa, mas não era loira nem magra como as demais miúdas com as quais ele saía e se deitava.
– Tenho cabeça – murmurou para si, – e isso assusta os rapazes.
Pronunciou aquelas palavras com decisão, mas sabia que era algo mais do que o seu incrível quociente intelectual o que espantava os rapazes. Era o seu aspecto. Para ela, a comida era tudo, especialmente depois da morte da mãe. Tinha rejeitado a proposta trôpega do seu pai de levá-la a um cirurgião plástico para que retocasse o nariz. Tinha-lhe respondido dizendo que se a amava verdadeiramente, nunca mais voltasse a falar desse assunto, apesar de no fundo estar assustada. Tinha medo de mudar, ao mesmo tempo que temia continuar a ser a mesma.
Pôs-se de pé e ficou a olhar para a porta fechada do quarto.
– Odeio-te, Jack – disse enquanto umas lágrimas rolavam pelas suas faces. – Odeio-te e vou fazer-te sofrer.