Mais uma vez
De Wendy Warren
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Sobre este e-book
Gus sabia que aquela bonita mulher que tanto amara escondia alguma coisa… e que se se encontrassem mais uma vez à meia-noite, como sempre tinham feito no passado, descobriria o seu segredo…
Wendy Warren
Wendy lives with her husband, Tim, and their dog, Chauncie, near the Pacific Northwest's beautiful Willamette River, in an area surrounded by giant elms, bookstores with cushy chairs, and great theatre. Their house was previously owned by a woman named Cinderella, who bequeathed them a garden of flowers they try desperately (and occasionally successfully) not to kill, and a pink General Electric oven, circa 1948, that makes the kitchen look like an I Love Lucy rerun. Wendy is a two-time recipient of Romance Writers of America's RITA Award and was a finalist for Affaire de Coeur's Best Up-and-Coming Romance Author. When not writing, she likes to take long walks with her dog, settle in for cozy chats with good friends, and sneak tofu into her husband's dinner. She enjoys hearing from readers and may be reached at P.O. Box 82131 Portland, OR 97282-0131.
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Mais uma vez - Wendy Warren
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2007 Wendy Warren
© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Mais uma vez, n.º 11 - novembro 2018
Título original: Once More, at Midnight
Publicada originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.
Este título foi publicado originalmente em português em 2008
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Dreamstime.com
I.S.B.N.: 978-84-1307-105-3
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Créditos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
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Capítulo 1
– Oh, que calor; cheira mal; tenho fome; quero fazer chichi; vais muito devagar.
«É incrível», pensou Lilah Owens, agarrando o volante do seu velho Pontiac com raiva. «Esta criança consegue queixar-se de tudo, sem sequer parar para respirar».
Lilah olhou para a sua acompanhante, tentando ser paciente porque a pequena de onze anos já sofrera mais do que o suficiente nas últimas semanas.
Claro que Lilah também. Mas como ela também tinha calor, fome e vontade de ir à casa de banho, era difícil sentir alguma compaixão. Por isso, respirou fundo, e falou no mesmo tom que a adolescente que estava sentada ao seu lado usara.
– Se tens assim tanto calor tenta chupar um cubo de gelo. Acabámos de passar por uma quinta de ovelhas. Como é que querias que cheirasse? Acabaste de comer um pacote inteiro de batatas fritas. Vais à casa de banho quando chegarmos e se este carro anda muito devagar para o teu gosto podes sair e continuar a pé.
Depois de dizer tudo de empreitada, praticamente sem respirar, Lilah sentiu-se bastante satisfeita consigo mesma. Porém Sabrina agarrou-se ao fecho da porta e abriu-a, em plena estrada e a uma velocidade perigosa: sessenta e cinco quilómetros por hora.
– Estás louca? – gritou Lilah, desviando-se para a direita e metendo-se à frente de Sabrina. Sem soltar o volante, conseguiu fechar a porta. – Não voltes a fazer isso! – avisou a menina, dirigindo-lhe um olhar carregado de raiva e incredulidade. – Queres matar-nos?
A adolescente encolheu os ombros, indiferente.
Lilah tentou acalmar o coração e perguntou-se, não pela primeira vez, se conseguiriam sobreviver àquela viagem. A tensão aumentava a cada quilómetro que avançavam desde a Califórnia até ao Dakota do Norte.
«Eu sei, prometi comportar-me como uma mãe, Gracie…», disse para si, deixando de lado o cinismo que a caracterizava e deixando-se imaginar, por um instante, que algures haveria de existir um paraíso para elas.
Grace McKuen fora a amiga perfeita. Perfeita em todos os sentidos. Só se enganara ao pensar que Lilah poderia cuidar de uma menina de onze anos. Tinham passado quatro meses desde que Grace descobrira que o seu corpo rejeitava o seu segundo transplante de rim. Um mês depois, a sua filha Sabrina e ela foram viver com Lilah, e dois meses mais tarde Grace morrera e Lilah transformara-se numa mãe instantânea, uma actividade sobre a qual não sabia nada.
– Vi um cartaz que dizia: «Gasolina e supermercado, três quilómetros» – insistiu Bree.
– Já te disse, Sabrina. Vivi nesta zona dezassete anos. A única bomba de gasolina nesta estrada fechou em 1989, portanto tens de esperar até…
– Oh, que interessante, viveste aqui dezassete anos – replicou Bree com o descaramento próprio da sua idade. – Isso foi há muito tempo. Até podiam ter construído uma central nuclear.
– Deves ter lido mal o cartaz – continuou Lilah, reprimindo uma resposta mais azeda.
– Isso querias tu – respondeu a menina presunçosamente. – Porque se li mal, tens de me dizer o que é aquilo – acrescentou, apontando para a frente.
Lilah pestanejou.
«Oh, meu Deus!»
À direita da tranquila estrada secundária sem trânsito, a apenas uns cinquenta metros de distância, havia um cartaz enorme que dizia: «Bomba de gasolina e Supermercado União». Uma bomba de gasolina e um supermercado numa estrada que apenas unia uma série de vilas minúsculas que nem sequer apareciam no mapa dos tempos do Sitting Bull? Lilah não podia acreditar. Abanou a cabeça.
– Está bem. Vamos parar para ir à casa de banho – disse, apesar de a casa da sua irmã ficar a meia hora dali e querer chegar o mais rápido possível. – Não posso acreditar que tenham construído um supermercado aqui. Não acredito que dure muito.
Lilah encostou-se à direita, passou ao lado de duas reluzentes bombas de gasolina e parou o veículo ao lado de uma estrutura de madeira de estilo tradicional. Com um sorriso, voltou-se para olhar para Sabrina, todavia a menina já saíra do carro e abrira a porta da loja antes de ela tirar o cinto.
Com um suspiro, Lilah pôs a mala ao ombro e saiu do carro.
Lilah passara os últimos dez anos em Los Angeles indo a uma interminável série de castings e trabalhando como empregada enquanto esperava a grande oportunidade que ainda não chegara. Pensando bem nisso, fora uma óptima preparação para a sua repentina maternidade, pois, pelo menos, estava habituada à rejeição. Embora todos esses anos em Los Angeles tivessem sido muito mais fáceis do que o mês que passara sozinha com Bree.
Pondo os óculos de sol na cabeça, Lilah entrou na loja e voltou a pestanejar, surpreendida, ao ver um supermercado tão agradável com as prateleiras repletas com todo o tipo de artigos.
Uma jovem, que reconheceu como sendo uma índia lakota, estava sentada num banco atrás do balcão.
– Olá – cumprimentou-a a jovem com um agradável sorriso. – Precisa de gasolina?
– Não, obrigada – agradeceu Lilah, apercebendo-se de que Sabrina já desaparecera para as casas de banho ao fundo do corredor.
– Se tiver fome, os biscoitos são acabados de fazer e também temos capuccinos com gelo.
Lilah olhou para a moderna máquina de café expresso para onde a rapariga apontava e voltou a pestanejar. Capuccinos em Kalamoose?
Nascida a poucos quilómetros dali, Lilah considerava a sua vila natal o lugar mais atrasado do planeta. Nas poucas vezes que voltara para visitar as suas irmãs, desde que fugira dali aos dezassete anos, a única coisa que mudara em Kalamoose fora as alfaces da frutaria de Hertzog, embora algumas más-línguas garantissem que algumas continuavam a ser as originais.
E agora tinham aberto uma bomba de gasolina que vendia capuccinos?
– Têm água fresca? – perguntou, olhando à sua volta.
A rapariga sorriu e assentiu.
– Ao fundo. Há copos de papel junto ao jarro.
Lilah chegou ao jarro de água fria ao mesmo tempo que Bree saía da casa de banho.
– Têm cachorros quentes? – perguntou a menina.
– Não me parece.
– Então quero uma Coca-Cola.
– Nem sonhes. Já ingeriste bastante açúcar e cafeína nesta viagem. Bebe um copo de água. Comes quando chegarmos a casa da minha irmã Nettie. É uma óptima cozinheira.
– Vou ver as revistas – foi a resposta desinteressada e indiferente de Bree, que se afastou com as mãos enfiadas nos bolsos das calças de ganga largas e de cintura descaída que vestia.
Lilah suspirou e bebeu um copo de água, desejando que fosse tequila. Depois foi à casa de banho e, ao sair, descobriu Bree no corredor dos doces prestes a roubar uma tablete de chocolate.
– Larga isso! – gritou Lilah, agarrando na barra de chocolate que a menina estava quase a colocar na cintura das calças de ganga, debaixo da t-shirt. – Posso saber o que estás a fazer? Isso é roubar!
Com cuidado para não esmagar a barra de chocolate, Lilah fechou os olhos e tentou acalmar-se.
«Só tem onze anos. Acaba de perder a mãe. Só quer chamar a atenção. Acalma-te».
– Bree – começou Lilah, mudando o tom de voz. – A tua mãe era a mulher mais honesta que conheci e queria o melhor para ti. Como achas que se sentiria se te apanhasse a tentar roubar?
Bree encolheu os ombros com a sua típica atitude de indiferença.
– Não tão mal como se soubesse que não queres comprar-me isto.
A raiva invadiu Lilah. Sem trabalho e sem salário, estava a tentar esticar ao máximo o dinheiro que tinha.
– Ouve-me, sei que estás a passar por um momento difícil. Eu não era muito mais velha do que tu quando a minha mãe faleceu – explicou, tentando manter uma atitude razoável e compreensiva. – Sei que te sentes mal e isso não passa depressa. Pelo menos foi o que me aconteceu. Mas, se quiseres dar-me uma oportunidade, tenho a certeza de que podemos… podemos ser amigas.
Bree levantou os olhos num gesto de clara impaciência. Então, Lilah reparou no vulto no bolso das calças de ganga de Bree, um vulto que não estava ali antes.
– Tiraste mais alguma coisa para além da tablete de chocolate?
Bree respondeu com um olhar inexpressivo.
– Pelo amor de Deus, não podes fazer-me isto! – exclamou Lilah, levantando ambas as mãos no ar e tentando não levantar a voz. – Uma das minhas irmãs é a xerife de Kalamoose.
Bree não se alterou. Lilah esticou a mão com a palma para cima.
– Dá-me tudo o que meteste no bolso.
A resposta da menina foi cruzar os braços e olhar para ela, com um ar desafiante. Nesse momento, Lilah percebeu que tinha de ganhar aquela batalha, se não quisesse arriscar-se a perder a guerra.
Tentando não chamar a atenção da empregada e depois de insistir com Bree, conseguiu recuperar um pacote de pastilhas elásticas, outro de rebuçados de menta e outra tablete de chocolate das calças de ganga. Ia devolver tudo quando Bree saiu a correr.
Lilah seguiu-a, porém ainda não chegara ao fim do corredor e Bree já saíra pela porta do estabelecimento. Ao virar, Lilah foi contra uma sólida barreira que a impediu de continuar.
– Ai! – exclamou, agarrando-se ao homem para não perder o equilíbrio.
Umas mãos fortes e grandes seguraram-na pelos ombros ao mesmo tempo que ela embatia contra o peito de um homem com pelo menos mais uns quinze centímetros do que ela. O fato de corte clássico e o tecido de excelente qualidade a que se agarrou para manter o equilíbrio estava tão deslocado naquele supermercado do Dakota do Norte como o diamante Hope numa caixa de biscoitos. Inspirando o aroma do perfume caro do homem, Lilah levantou a cabeça com uma desculpa nos lábios. Que desapareceu assim que lhe viu a cara.
Impossível.
Os olhos cinzentos do homem olhavam para ela sem o menor sinal da surpresa que devia sentir. No seu rosto houve apenas um ligeiro movimento dos lábios.
– Já vais?
O som da sua voz era como ela recordava.
Gus Hoffman.
Tinham passado pouco mais de doze anos desde a última vez que o vira. Na altura, Lilah só tinha dezassete anos, todavia Gus não teve dificuldade em reconhecê-la. Notava-se no seu olhar, na intensidade cristalina dos seus olhos que pareciam de quartzo. E, a julgar pela expressão gelada do seu rosto, também não esquecera as tão desagradáveis memórias da despedida.
Como Lilah permanecia imóvel, Gus soltou-lhe os ombros e tirou as mãos dela do seu casaco. Além da sarcástica curva nos lábios, a cara do homem era uma máscara implacável. Isso sempre lhe agradara, recordou ela, pois conseguia ocultar os seus sentimentos quando não confiava em alguém.
Doze anos antes, Lilah perguntou-se se voltaria a vê-lo, e a conclusão foi que não, que seria impossível. Tinham obrigado Gus a deixar Kalamoose, mas ele sempre odiara aquela vila, e Lilah tinha a certeza de que nunca mais voltaria.
Agora, de pé, à frente dele, mais de onze anos depois, Lilah sentia-se como se uma manada de elefantes lhe tivesse passado por cima. Quase se esquecera do que fazia ali até que se apercebeu de que Bree fora para o carro. Tinha de ir atrás dela, mas Gus impediu-a.
– Eu não gosto que os clientes corram pelos corredores do meu estabelecimento.
Estupefacta, Lilah olhou para ele.
– O teu estabelecimento?
A única resposta de Gus foi levantar uma sobrancelha, do mesmo castanho-dourado do seu cabelo.
– Eu não gosto que corram – repetiu ele sem levantar a voz, – e não permito que roubem.
Foi então que Lilah se apercebeu de que apertava uma barra de chocolate na mão e que, com o calor e a força, já devia ter derretido o chocolate.
Ver Gus Hoffman vestido como se fosse posar para a capa da revista GQ já