Esporte de natureza, políticas públicas e sustentabilidade reflexões para gestão pública das cidades
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A obra instiga o leitor a refletir sobre as relações entre os esportes de natureza e as várias facetas das gestões em políticas públicas esportivas.
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Esporte de natureza, políticas públicas e sustentabilidade reflexões para gestão pública das cidades - Sônia Maria Neves Bittencourt de Sá
Editora Appris Ltda.
1ª Edição – Copyright© 2015 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
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Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO SUSTENTABILIDADE, IMPACTO, DIREITO, GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família, sobretudo a minha mãe, que soube em momentos difíceis e de passagem compreender meu distanciamento.
Ao programa de bolsas da CAPES que possibilitou os meus estudos no PRODEMA/UFPB.
A todos os esportistas e gestores de esporte de natureza, particularmente, Badeco e aos ciclistas de mangabeira com quem pude conversar mais tempo e foram coautores, muitas vezes invisíveis do trabalho de reflexão.
Aos professores do PRODEMA da Universidade Federal da Paraíba-UFPB pela ampla aprendizagem que me ofereceram ao longo destes dois anos de estudo, em particular a coordenadora e professora Dra.Maristela Oliveira de Andrade por sua colaboração nas primeiras leituras do meu trabalho.
À professora Dra. Alicia Ferreira Gonçalves que com simplicidade, liberdade e criatividade soube sabiamente encontrar os caminhos para me conduzir durante a pesquisa. Espero que este convívio de um ano trilhe para uma longa amizade.
Aos amigos que de longe não se furtaram em me oferecer carinho nesta etapa de transição de minha vida. A amiga Magna Célia Jacinto e seu companheiro professor de filosofia Dr. Gabriel Trindade pelo convívio e as boas conversas ao longo de caminhadas no Seixas.
Às minhas tias Conceita e Zezinha pela inesquecível visitinha e, ainda que distantes, não deixassem de me oferecer bons papos por telefone e me fizeram me sentir mais próxima de todos.
À amiga e nadadora Márcia Azevedo pelos seus e-mails tão cheios de recordações alegres num momento tão difícil de sua luta contra o câncer (in memória).
Ao amigo paraense e professor emérito da Universidade Federal do Pará Dr. Manuel Ayres, que num gesto de generosidade me enviou seu livro de Bioestat 5.0 e me deu ótimas dicas de estudo.
À professora Dra. Belinda Pereira da Cunha e sua filha Ana Luiza pelo carinho com o qual me acompanharam nas primeiras adaptações à cidade e no início do curso do mestrado.
Aos colegas do mestrado, em particular João Paulo e Caio, pelas risadas e conversas filosóficas.
Aos professores Layse Mattos, Alessandra G.C Ferreira, Jamaci Gomes Chagas que muito colaboraram nas correções e opiniões sobre os questionários, e foram parceiros quando tentava conciliar o mestrado com a coordenação pedagógica do Centro Educacional Felipe Tiago Gomes.
Ao professores Rômulo Reis e Rodolfo Gonçalves de L.Freire. Aos estudantes Brenda e Everton, do Ensino Médio, pela confiança e colaboração na edição do vídeo e novas aprendizagens sobre a história da cidade e em informática.
Por último, não poderia deixar de agradecer a dois companheiros inseparáveis de pés de mesa, Naiobi e Pequeno. Com eles aprendi, no usufruto da praia do Seixas, e, nas muitas horas de estudo, que as palavras se tornam desnecessárias quando os vínculos oferecidos pela natureza se sobrepõem às hierarquias de seres superiores e inferiores, racionais e irracionais.
Em memória a meu pai que me ensinou que amar é um verbo sem categoria cujo tempo extrapola a urgência e a espera.
À minha família...
E os cheiros dos cajus e da maresia
Vão mesclando numa só memória A cidade e a minha vida.
(Sônia M N B de Sá)
APRESENTAÇÃO
A pesquisa de mestrado não é um fim em si mesmo. O esforço empreendido na transformação de uma série de observações de dados em um livro surge do imperativo de aumentar o número de reflexões sobre aquilo que nos cerca e nos envolve cotidianamente. No caso deste trabalho, a cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, serviu de referência no estudo dos esportes de natureza e sua relação com a sustentabilidade da cidade. O conceito de sustentabilidade, para além de um jargão, exige que os citadinos e os governantes compreendam o que significa escolher este caminho em benefício da dinâmica da vida cotidiana e para as vidas futuras.
O trabalho de pesquisa é sempre inacabado, pois cada novo olhar renova outras possibilidades de análise, aponta possíveis falhas e produz novos caminhos metodológicos. Por isso a necessidade de aumentar o número de leitores, para que se identifiquem com os problemas suscitados e levem para seus lugares de convívio práticas e reflexões sobre suas cidades, sobre as políticas públicas que as tornem em melhores condições de serem vividas no dia a dia. O estudo acadêmico só ganha sentido quando chega às ruas, quando discutido em distintos lugares e se abre a diferentes interlocutores.
Em virtude de acreditar na importância de fazer circular as informações e estudos e com isso fazer cada qual pensar sobre aqueles aspectos que mais lhe são pertinentes é que aceitei o desafio de transformar esta pesquisa em um livro. Tenho uma sincera esperança que o assunto promova debates, faça com que as pessoas troquem experiências e comecem a perceber o quanto somos as cidades que vivemos. O quanto tornamos a vida em sua dinâmica mais ou menos sustentável. O quanto precisamos conversar, caminhar pelas ruas a pensar e, sem medos de expressar o que pensamos, abrir pequenos tempos em nossas rotinas para o salutar exercício da reflexão em grupo.
PREFACIO
É com imensa satisfação que escrevo o prefácio do livro Esporte de natureza, Políticas públicas e sustentabilidade: reflexões para Gestão Públicas das cidades, de autoria de Sônia Maria Neves Bittencourt de Sá. O tema é de grande atualidade e de urgência social, pois se trata de uma reflexão sobre os rumos das cidades brasileiras, a qualidade de vida do cidadão, a prática do esporte e os caminhos a serem trilhados por meio da construção de políticas públicas com foco na sustentabilidade. O belíssimo cenário é a capital paraibana – João Pessoa, uma cidade litorânea com imensas áreas verdes (mata atlântica) e praias urbanas não poluídas – algumas zonas estão deterioradas devido aos impactos ambientais e ação do Homem. O cenário é perfeito para práticas de esportes de natureza foco central do livro. A hipótese desenhada questionava se a cidade, por meio dos gestores públicos, fomentava esportes de natureza (natação, ciclismo, kitesurf, caminhada, dentre outros) e os impactos das atividades na qualidade de vida da população. A metodologia utilizada, de caráter quantitativo (250 questionários) e qualitativo, envolveu a realização de pesquisas e observação direta junto a 25 esportistas e atores sociais ligados a esta área. Compõem a obra sete capítulos interligados que abordam dimensões relacionadas aos esportes de natureza: 1 – apresenta o percurso metodológico traçado pela autora; 2 – mapeamento das políticas públicas no campo do desporto; 3 – neste belíssimo capítulo, o conceito central é o direito à cidade, tendo como cenário João Pessoa e a sua história; 4, 5 e 6 – análise da cidade a partir dos esportes de natureza, e o capítulo final apresenta os resultados da pesquisa. As narrativas colhidas na pesquisa de campo revelam a falta de articulação entre ações públicas que promovem os esportes e uma fraca institucionalização do desporto na cidade. Na visão dos atletas há estreita articulação entre a prática esportista e a natureza que implica em uma consciência ambiental mais desenvolvida e a ligação entre a prática desportista e redes de solidariedade e associativismo. Nesta perspectiva, o caminho a ser trilhado para o direito à cidade envolveria ações como a campanha de educação para o trânsito; instalação de ciclovias com segurança – política pública para o ciclismo e ciclovias como componente fundamental de mobilidade urbana e o fortalecimento e ampliação de políticas de apoio ao esporte, a exemplo do Bolsa Atleta. Convido o leitor a uma incursão ao mundo dos esportes de natureza, ao universo simbólico do esportista e cidadão que habita a cidade de João Pessoa.
Alicia Ferreira Gonçalves
João Pessoa, novembro de 2014
LISTA DE SIGLAS
INTRODUÇÃO
Caminhando pelas ruas da cidade de João Pessoa, percebo uma movimentação de vários esportistas. É o corredor, é o ciclista, é o grupo que após ter marcado encontro por e-mail começa a nadar em mar aberto. São 6 horas da manhã. Na praia do Bessa, um homem ou uma mulher, não sei, de longe é apenas uma silhueta que aproveita o vento e o mar e, por meio de manobras e da agilidade corporal, faz a união da água com o céu. Paro e aprecio este bailarino anônimo que faz com sua prancha de kite o tempo pausar em minha mente. Assim começo a criar um novo cenário da cidade na qual vivo atualmente.
O trabalho que apresento é fruto de uma pesquisa sobre os esportes de natureza e a relação entre os seus praticantes e a cidade de João Pessoa. Na perspectiva da constituição cidadã de 1988 e nas propostas de sustentabilidade visando uma nova organização social e econômica globalizada, é mister se pensar o desporto como um direito e como um campo de ação que possibilita dividendos sociais e econômicos. Isso quando amalgamado ao campo das políticas públicas pode favorecer a diminuição da desigualdade social e a melhor inserção dos jovens em uma nova forma de se pensar o meio ambiente, a educação, os valores e a saúde.
Este movimento em prol de uma melhor simetria nas oportunidades e possibilidades de vida da população teve seus alicerces construídos com maior profundidade a partir da década de 90, em vários eventos, tais como: Conferência do Meio Ambiente e Desenvolvimento do Rio de Janeiro, conhecida como ECO 92, Conferência dos Direitos Humanos de Viena (1993), Conferência das Mulheres de Beijing (1995) e Conferência sobre Assentamentos Humanos – Habitat II de Istambul (1996), a maioria deles comprometidos com a sustentabilidade.
Todos estes eventos, os quais o Brasil foi signatário e, portanto, corresponsável em seus avanços possui o compromisso político com as propostas e agendas estabelecidas no sentido de fortalecer a participação popular e, sobretudo, a democracia, não só no âmbito das instituições, como também nas experiências vivenciadas informalmente e nas relações cotidianas. No bojo de todos os pontos abordados está a questão dos direitos humanos expressa na Constituição Brasileira, nos Direitos Fundamentais da Organização do Estado, no Capítulo do Meio Ambiente e no Capítulo da Política Urbana.
Para este estudo, o ponto de partida e referencial legal foi a Constituição Federal Brasileira de 1988, elaborada pela Assembleia Nacional Constituinte que consolidou entre os seus Direitos Fundamentais o da prática ao Esporte e ao Lazer que serão detalhados no Título VIII da Ordem Social, especificamente no Capítulo III, seção III. E como resultado dos avanços constitucionais, surgiu os Ministérios do Meio Ambiente, dos Esportes e das Cidades.
A inovação desta constituição também se fez presente quando foi incluída a valorização do Meio Ambiente em um capítulo específico sobre tal, a preservação dos recursos naturais, incluindo nesses a vida da fauna e da flora em seus respectivos ecossistemas, e a valorização da Política Urbana, incluindo neste, um conjunto de princípios e responsabilidades do Poder Público no que diz respeito aos cidadãos e a sua relação com as cidades.
Tanto nos países desenvolvidos e mais ainda nos países subdesenvolvidos, hoje chamados periféricos, há uma necessidade preeminente da inserção em seus projetos de desenvolvimento, os quais possuem inúmeros vieses, um olhar aguçado sobre os problemas das assimetrias de poder e de oportunidades, o que gera um profundo desequilíbrio no contexto das sociedades.
Além disso, há a questão da degradação ambiental que associada à miséria produz malefícios à saúde da população.
Estas questões citadas acima ocorrem nos espaços das cidades e dizem respeito aos modelos hegemônicos do que se chama desenvolvimento e dos modelos urbanísticos. É na cidade que os direitos individuais e coletivos acabam por se materializar, já que é no seu interior e nas suas diversas formas de convivência, de valores, e no seu complexo modo de produção que a vida acontece. Como analisado por Rodrigues¹, a cidade como direito busca qualificar um modo de vida, fundamentando-se no cotidiano e no processo de se criar uma cidade possível, construída na realidade e na universalização de uso. O direito à cidade implica enfatizar a promoção, o respeito, a defesa, e a realização dos direitos civis, ambientais entre outros garantidos nos instrumentos regionais e internacionais dos Direitos Humanos (Carta Mundial pelo Direito a Cidade, 2006).
Assim, a Constituição de 1988, quando analisada como um todo e dentro do contexto do direito internacional, garante, pelo menos enquanto princípio, maior participação da sociedade e seus diversos segmentos – as organizações não governamentais, os diversos movimentos sociais e as comunidades – nas discussões das pautas da governança. Também garante a intervenção, quando necessária, do Estado para diminuir lacunas e distorções na busca das garantias dos direitos coletivos e individuais. Nesse sentido, muitos dos problemas e programas de Estado dizem respeito aos direitos de terceira geração, isto é, ao que é entendido dentro do patrimônio de um bem comum que enfatiza a importância de um ambiente sadio e ecologicamente equilibrado.
De um lado, tem-se a política macroeconômica do Brasil que se orienta pela cartilha do neoliberalismo. Por outro lado e cada vez mais, o país é chamado para responder aos compromissos globais e locais a fim de um direcionamento de desenvolvimento que minimamente possibilite a sustentabilidade das gerações presentes e futuras. Isto além de paradoxal é conflitante, mas reflete o retrato de uma sociedade e de um Estado cujo destino sempre foi traçado pelas elites políticas e econômicas aliadas aos interesses externos ao da nação e da pátria brasileira. Ianni, ao analisar a conjuntura da América Latina, incluindo nesta o Brasil, aponta para o paradoxo acima,
... A América Latina parece uma e única, em sendo realmente múltipla e invertebrada, buscando-se contínua e reiteradamente nos espelhos da Europa e dos Estados Unidos da América do Norte, do tradicionalismo e da modernidade, do capitalismo e do socialismo. Um laboratório em constante ebulição, sem nunca configurar-se nem realizar-se plenamente².
Gonçalves³, seguindo a mesma linha de raciocínio, afirma que a despeito das teorias que afirmam a autonomia do Estado na determinação dos rumos da política econômica da nação, o estado-nação e os processos sociais a ele associados seguem também as determinações de organismos transnacionais. No caso do esporte podemos citar as determinações da FIFA (Federação Internacional das Associações de Futebol), no caso especifico da Copa do Mundo de 2014 e do COI (Comitê Olímpico Internacional), no caso das Olimpíadas.
Para que a sociedade brasileira alcance a qualidade de vida será necessário compreender a cidade como direito estendido ao direito de liberdade de associação, de segurança, de privacidade e que o meio ambiente seja adequado à saúde física e mental. Assim, ao longo dos anos, cada vez mais se torna necessário a intervenção do Estado para atenuar as desigualdades locais e regionais por meio de dois dos seus instrumentos mais poderosos: as políticas públicas e as políticas sociais.
Partindo dos vários direitos citados acima, esta pesquisa fez a opção por integrar três conceitos importantes para o processo de construção do direito à cidade que são: o conceito de sustentabilidade, o esporte de natureza e as políticas públicas. Esses conceitos vêm ao longo da última década ampliando as discussões sobre as cidades, em suas diversas dinâmicas e perspectivas.
Com relação aos esportes, na sua organização estrutural e prática cotidiana, pressupõe-se a defesa dos valores de sustentabilidade presentes na Agenda 21 do Movimento Olímpico⁴, no qual o esporte está a serviço da harmonia do homem, da