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Como crianças e adolescentes adotivos são vistos pela escola
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Como crianças e adolescentes adotivos são vistos pela escola
E-book207 páginas2 horas

Como crianças e adolescentes adotivos são vistos pela escola

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Sobre este e-book

Apesar dos estudos sobre adoção serem numerosos, muito pouco é encontrado sobre como a prática da adoção é percebida pela comunidade escolar. O objetivo principal deste livro foi analisar como crianças e adolescentes adotivos são percebidos pelos profissionais que atuam na área de educação, tendo como hipótese que estes atribuem à adoção a causa das dificuldades de aprendizagem e de comportamento dos alunos que são filhos adotivos. O conteúdo teórico explora assuntos relacionados à: história da adoção no mundo e no Brasil; novas configurações familiares; preconceitos e mitos na adoção; os reflexos sobre a aprendizagem quando é mantido o segredo sobre a adoção e a aprendizagem; a relação entre escola e adoção. Esta obra contribui para aprofundar a reflexão sobre a atual cultura de adoção no Brasil, tendo como referência a instituição escolar e como ela incorpora e reproduz os discursos sociais sobre a adoção.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de jul. de 2017
ISBN9788581925325
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    Como crianças e adolescentes adotivos são vistos pela escola - Lúcia de Fátima Veloso

    2001.

    CAPÍTULO 1

    HISTÓRIA DA ADOÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL

    1.1 Adoção na história e na cultura

    A adoção tem como objetivo principal favorecer a inserção da criança em uma família. De acordo com Souza, o vocábulo adoção vem do latim adotare, que significa optar ou decidir-se por, escolher, aceitar. E possibilita criar uma família, atribuindo a condição de filho às crianças biologicamente geradas por outros³.

    Geralmente a adoção de crianças está ligada a um abandono anterior. Camargo⁴ enfatiza que as práticas de abandono e adoção coexistem e se sustentam mutuamente. O abandono sempre existiu na história da humanidade. Os bebês eram deixados nas praças, igrejas, conventos, porta das casas e na natureza. Conforme Marcílio, o abandono de bebês sempre aconteceu em todos os tempos no Ocidente, variaram apenas, no tempo, as motivações, as circunstâncias, as causas, as intensidades, as atitudes em face do fato amplamente praticado e aceito⁵. Weber⁶ exemplifica o fato, comentando que na Grécia Antiga existia o ato de Ektithenai, quando um pai ou mãe, querendo livrar-se de um filho, colocava o recém-nascido, para que morresse, em lugar selvagem.

    A adoção de Sargon I, o rei-fundador da Babilônia, no século 28 A.C. é citada por Weber⁷ como o registro desta natureza mais antigo que se tem na história. Dependendo da origem dos povos, várias eram as saídas encontradas para resolver o abandono de crianças. Os hebreus e os egípcios recolhiam essas crianças e as assimilavam aos filhos legítimos. Os assírios, persas, gregos e romanos tinham como hábito deixar que o Estado ou o pai decidissem se o recém-nascido viveria, seria jogado às ruas para ser adotado, seria vendido ou morreria. Weber, Viezzer e Brandenburg, ao comentarem sobre como a criança era percebida nos tempos antigos afirmam:

    Por vários séculos, a imagem da infância foi aquela expressa por Santo Agostinho (354-430 d.C.), que afirmava não existir inocência infantil. Para ele, a criança trazia o pecado original desde o ventre de sua mãe, e assim, representava a condenação da humanidade, e tendia sempre para o mal. Se a infância era a personificação do pecado, a redenção deste pecado deveria ocorrer pelo combate da infância, pela anulação da sua corrupção, justificando as ameaças, varas e palmatórias. O castigo físico e o infanticídio foram permitidos por lei durante muitos séculos; a primeira lei conhecida proibindo o infanticídio só foi promulgada no ano 374 d.C.

    O abandono e o infanticídio sempre existiram em todas as sociedades desde a Antiguidade⁹. Até o século IV d.C, o pai tinha o direito de reconhecer ou não o filho recém-nascido. Caso não o aceitasse, a criança era exposta na rua, podia morrer ou ser transformada em escravo por qualquer pessoa que desejasse levá-la.

    Na Antiguidade, a adoção atendia a razão de ordens culturais, religiosas, políticas e econômicas. Paiva¹⁰ ressalta que na Grécia e na Roma antigas a adoção tinha papel importante. Nestas culturas se acreditava que os vivos eram protegidos pelos mortos, havendo um ritual fúnebre em que uma lareira era mantida acesa dentro de casa, pelo chefe de família do sexo masculino. As famílias que não tinham descendentes do sexo masculino recorriam à adoção para continuar com o culto aos mortos.

    A adoção teve papel preponderante na formação das dinastias governantes, na história da Roma Antiga¹¹. Muitos imperadores e governantes foram adotados ou adotaram com objetivos políticos. O direito romano garantia que o chefe da família pudesse escolher um sucessor digno de continuar o culto doméstico e a vocação política da família. Cabe salientar que a adoção não estava voltada para a criança e sim para o adulto. Granato¹² conclui que nessa época a adoção não era uma possibilidade de solucionar o problema das crianças sem família, mas garantir um direito para as famílias ameaçadas de

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