Educação em Pesquisas: Novas tecnologias e linguagens
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Sobre este e-book
A linguagem não verbal tem sido, em geral, pela vertente que abriga a leitura de imagens e as diferentes linguagens e estéticas que envolvem o audiovisual, relegada a segundo plano na escola. Alunos não são ensinados a ler e produzir imagens. Menos ainda imagens em movimento, audiovisuais. E não necessariamente por culpa dos professores, mas porque, em geral, os próprios professores também não foram ensinados a ler e produzir imagens e objetos audiovisuais quando eram estudantes.
Em um mundo altamente perpassado pelo dinamismo das imagens, da interatividade e do uso de celulares, como o atual, a Educação necessita urgentemente se rever, na teoria e na prática, e reconhecer a linguagem audiovisual e os usos das novas tecnologias como grandes aliadas, sobretudo no quesito "criação". Como ponto de partida, primeiro há que se mudar o desavisado paradigma de que cinema, vídeo e afins são feitos para "matar aula". Quando inteligentemente utilizada, no sentido de refinar e educar os sentidos de todos – alunos e professores – a linguagem audiovisual se mostra uma grande aliada da Educação!
Mas primeiro é preciso que os próprios professores comecem a se conscientizar quanto à necessidade de se atualizarem para, sem abrir mão da qualidade, muito pelo contrário, tornarem suas aulas mais dinâmicas e interessantes às gerações mais jovens.
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Educação em Pesquisas - Márcia Fusaro
Sumário
Capa
Apresentação - por Márcia Fusaro
Leituras e releituras de obras clássicas
Bruna Silveira de Abreu
Introdução
Drácula, de Bram Stoker, e Frankenstein, de Mary Shelley
Teatro: Auto da Barca, de Gil Vicente; Hamlet, de Shakespeare; e o Fantasma da Ópera, de Gaston Leroux
Música e cinema: Wuthering Heights, de Emily Bronte, e obras de Edgar Allan Poe
Pintura e Jogo: A Divina Comédia, de Dante Alighieri
Considerações finais
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Dartagnhan Salustiano Rodrigues
A interdisciplinaridade
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A realidade virtual e a música 3D como estratégia de ensino e aprendizagem da língua inglesa
Elen Luna Moutinho
Introdução
Breve reflexão sobre o contexto atual
Educadores, educandos e tecnologia
A realidade virtual no contexto educacional
Música 3D ou Áudio Binaural
Considerações finais
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Distopia. Shakespeare e Kurosawa no século XXI: uma leitura semiótica
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O cenário
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Câmera: distopia – o passado no presente
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Ação: uma proposta de intervenção
Intervenção, pode?
Take 3: considerações finais
Pós-cena: créditos e informações adicionais
Áreas possíveis de serem envolvidas para relações interdisciplinares
E as bases para o roteiro?
Referências
Palimpsesto: arte, tecnologia e educação
Irineu Rodrigues de Sousa Neto
A(r)te
(Tecno)logia
Educ(ação)
As eras culturais
Palimp(sesto)
Referências
A abordagem de novas tecnologias e linguagens na educaçâo
Júlio César Marangoni
Referências
Multiletramento: o uso de recursos audiovisuais na aprendizagem de língua inglesa
Letícia Carajoinas da Silva
Introdução
1. Letramento e multiletramento
2. Multiletramento na escola
3. Multiletramento e ensino de língua inglesa
4. Projeto de leitura
5. Sequência didática
Considerações finais
Referências
Jekyll and Hyde: um diálogo entre o gótico vitoriano, psicanálise e a linguística de corpus
Lucia Maria dos Santos
Barbara de Castro Valente
Patrícia Sanchez Cruz
Linguística de Corpus: revelando a Sombra em Jekyll e Hyde
Considerações finais
Referências
Sobre nós
Paulo Saul Duek
Beautiful, no matter what they say...
Referências
Educação em novas tecnologias e linguagens
Plínio Corrêa Júnior
Apresentação
Educação
Língua inglesa
O ensino da língua inglesa
Novas tecnologias e linguagens
Educação aliada às novas tecnologias e linguagens
Conclusão
Referências
Márcia Fusaro
organizadora
Educação em Pesquisas:
novas tecnologias e linguagens
São Paulo | Brasil | Abril 2019 – Ebook
1ª Edição
Big Time Editora Ltda.
Rua Planta da Sorte, 68 – Itaquera
São Paulo – SP – CEP 08235-010
Fones: (11) 2286-0088 | (11) 2053-2578
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Conselho Editorial:
Ana Maria Haddad Baptista
(Doutora em Comunicação e Semiótica/PUC-SP)
Catarina Justus Fischer
(Doutora em História da Ciência/PUC-SP)
Lucia Santaella
(Doutora em Teoria Literária/PUC-SP)
Marcela Millana
(Doutora em Educação/Universidade de Roma III/Itália)
Márcia Fusaro
(Doutora em Comunicação e Semiótica/PUC-SP)
Vanessa Beatriz Bortulucce
(Doutora em História Social/UNICAMP)
Ubiratan D’Ambrosio
(Doutor em Matemática/USP)
Ficha Catalográfica
FUSARO, Márcia. Educação em Pesquisas: novas tecnologias e linguagens. São Paulo : BT Acadêmica, 2019.
100 p. il.
ISBN: 978-85-9485-088-1 | Inclui bibliografia.
1. Educação. 2. Ensaios. 3. Estudos literários. 4. Tecnologias na educação. . I. Título.
Produção Editorial
Coordenação editorial: BT Acadêmica
Diagramação: Marcello Mendonça Cavalheiro
Capa: Antonio Marcos Cavalheiro
Revisão: Autores
Os artigos aqui incluídos são de inteira responsabilidade dos autores, revisados e autorizados por eles.
Apresentação
Sabemos bem quanto se faz necessária a atualização de professores-pesquisadores, e também de futuros professores, quanto à amplitude de formação e acesso a recursos para o uso de novas abordagens de entendimento sobre leitura, produção textual e novas tecnologias, entre outros temas. Nesse cenário, o incentivo e desenvolvimento de pesquisas de qualidade conceitual e de aplicação prática se mostram fundamentais. Este livro se inspira, e é resultado, desse tipo de empreendimento. Capítulos elaborados a partir de pesquisas, em andamento ou finalizadas, efetuadas por alunos-pesquisadores do Programa de Mestrado em Gestão e Práticas Educacionais (PROGEPE) e de Iniciação Científica vinculada aos cursos de Letras (Português e Inglês) e de Tradutor e Intérprete da Universidade Nove de Julho (UNINOVE).
A linguagem não-verbal, em sua vertente que abriga a leitura de imagens e as influências do audiovisual, tem sido, em geral, relegada a segundo plano no ensino. Alunos não são ensinados a ler e produzir imagens. Menos ainda imagens em movimento, audiovisuais. E não necessariamente por culpa dos professores, mas porque, em geral, os próprios professores também não foram ensinados a ler e produzir imagens e objetos audiovisuais quando eram estudantes. Vê-se, então, o motivo dessa lacuna no ensino, privilegiador da linguagem verbal (literatura, língua portuguesa, entre outras) em detrimento da linguagem não-verbal acolhedora do audiovisual (imagem, música, entre outras).
Em um mundo altamente perpassado por imagens dinâmicas e interativas como o atual, a educação, em teoria e prática, necessita urgentemente se rever e reconhecer a linguagem audiovisual como uma de suas grandes aliadas, principalmente no quesito criação
. Como ponto de partida, primeiro há que se mudar o desavisado paradigma de que cinema, vídeo e afins são feitos para matar aula
. Quando inteligentemente utilizada, no sentido de refinar e educar os sentidos de todos – alunos e professores – a linguagem audiovisual é grande aliada da Educação. Mas primeiro é preciso que os professores comecem a se conscientizar disso e se atualizar, sobretudo, para tornar suas aulas mais ricas, dinâmicas e interessantes às gerações mais jovens.
Isso posto, que as reflexões e produções das pesquisas elencadas ao longo deste livro se tornem, mais do que leitura, em fontes de inspiração para novas e atualizadoras criações!
Márcia Fusaro
LEITURAS E RELEITURAS DE OBRAS CLÁSSICAS
Bruna Silveira de Abreu¹
INTRODUÇÃO
Produto advindo do processo de globalização pelo qual temos passado, a tradução antes concebida pelo ato, um tanto simplista, de se transpor palavra por palavra, a garantir que, estruturalmente, a obra traduzida representasse fielmente o original, adquire diferenciada roupagem, esta comprometida com a recriação, não meramente físico-estrutural, senão em sua essência significativa.
Cícero, (apud MILTON, 1995, p. 5), sobre tradução palavra por palavra, afirma que se se traduz de maneira tal, o profissional tradutor distancia-se de sua função, sendo esta adequar linguagem ao contexto e público, preservando a alma da obra.
Não é tarefa árdua, portanto, evidenciar que modalidades de tradução, seja a interlingual, entre dois idiomas distintos; a intralingual, processo tradutório dentro de um mesmo idioma; ou, a intersemiótica, que engloba canais outros que não somente a literatura trazida a nós no suporte livro (JAKOBSON, 2003, p. 63-67), são utilizadas, muitas vezes, sem ponderamento quanto à função desempenhada pela releitura, isto é, modificação da linguagem ou, também, canal de apresentação dessa obra ao público. A má utilização do recurso, bem como trabalhos sem propostas pensadas sobre o porquê da releitura e como esta beneficia o leitor – em outras palavras, a mera simplificação da linguagem e a reprodução – afetam negativamente o bom fazer do uso desse meio, que pode, sem dúvida, embora caminhe por passos curtos, ajudar a quebrar essa construção que nós, como sociedade, criamos do espaço escolar, do professor, do aluno e, por assim dizer, do modo como se deve ou não ensinar e aprender.
Percebemos que a prática de adaptação de obras como meio pelo qual grandes trabalhos literários são simplificados
, por razões mercadológicas, e talvez pelo fato de que, embora em domínio público, o acesso gratuito ainda não se fortifica por si só e garante a procura, se por interesse genuíno ou da escola; na mesma medida, se utilizado em proporções balanceadas e planejadas, podem servir como porta de entrada para abordagens, não melhores ou mais tecnológicas, mas que se adequem ao público, ao ambiente e aos interesses que conversam com o processo de ensino-aprendizagem.
A adaptação de obras, e com esse termo refiro-me amplamente ao conceito de releitura, escrita ou verbal, que também aborda toda e qualquer linguagem pela qual possamos construir conhecimento, entra aqui como ferramenta inclusiva, diria, por não discriminar o bom e velho livro e as aulas expositivas, a cartilha e metodologias mais tradicionais; e esta abraça, igualmente, os recursos audiovisuais, dialoga com esse processo de interação entre máquina (tecnologia) e humanidade, tenciona fazer uso refletido dos caminhos que o acesso à internet proporciona, do cinema, teatro, música, jogos e qualquer outro recurso enriquecedor.
A começar, é difícil pensar em quem, independentemente da faixa etária ou preferências de leitura, nunca ouviu falar das personagens imortalizadas dos romances, Drácula, de Bram Stoker, ou Frankenstein, de Mary Shelley; ambos literatura de ficção científica gótica, pertencentes ao período romântico do século XIX, e que ainda vivem mundo afora, em suas representações e releituras.
Respira-se releituras de obras clássicas literárias adaptadas ao cinema, teatro, jogos, música, HQs e canais outros, muito embora haja sentimentos adversos quanto à utilização dessas releituras no ambiente educacional. Há, ainda, uma preocupação de tom purista, diria, no que diz respeito à substituição das obras originais por suas cópias
, quando estas deveriam ser pensadas como caminhos alternativos, não substitutos. Em contrapartida, tem-se que, segundo Benjamin (1975, p. 11),
a obra de arte, por princípio, foi sempre suscetível de reprodução. O que alguns homens fizeram podia ser refeito por outros. Assistiu-se, em todos os tempos, discípulos copiarem obras de arte, a título de exercício, os mestres reproduzirem-na a fim de garantir a sua difusão e os falsários imitá-las com o fim de extrair proveito material.
A literatura, como uma forma de arte, pensada em conjunto com as novas tecnologias, significa, indiretamente talvez, movimento, dinamicidade nas formas de ensino, tendo em vista a riqueza de recursos disponíveis para tal, se bem utilizados pelo público consumidor de berço dessas tecnologias. Com isso, há sentido ainda em negar a leitura e os recursos audiovisuais?
O fato é que não se enxerga o modo como essa presença, a das releituras, é concreta e contínua, uma vez que já as incorporamos por inteiro; o já incorporado, contudo, pode aparentemente já não se fazer tão presente pelo mesmo fato de já ter sido incorporado. Lucia Santaella (2013, p. 59), sobre tecnologias, afirma que
quanto mais a tecnologia se infiltra em todos os lugares, tanto mais a tecnologia vai se tornando invisível. Quanto mais eficaz é a interface com a complexidade biológica do corpo humano, tanto mais ela se torna imperceptível.
Com isso, pensando no contexto educacional, não se espera trabalhar com adaptações de obras clássicas de forma a torná-las fonte primária de nossas consultas, senão como porta de entrada e acesso ao que intenta ser, mais à frente, a obra original.
Deixar de fazer proveito dos recursos tecnológicos que englobam essa gama de possibilidades, não se restringindo a apenas um ou outro recurso, é tentativa vã de impedir o avanço e a transformação dos processos de ensino-aprendizagem. Com isso, ainda, não significa abrir mão de metodologias mais tradicionais, senão, com tudo isso, enriquecer os possíveis caminhos adotáveis. A questão aqui levantada é em como aproximar literatura e leitor. Por que não incentivá-los e provocar sua curiosidade mostrando que os mais bem-sucedidos nesse relacionamento entre o eu e o saber são aqueles que, por ânsia de aprender, vão atrás do conhecimento autonomamente, seja qual for o caminho?
DRÁCULA, DE BRAM STOKER, E FRANKENSTEIN, DE MARY SHELLEY
As obras anteriormente citadas, Drácula, de Bram Stoker, e Frankenstein, de Mary Shelley, são dois dos primeiros exemplos que utilizarei a fim de ilustrar como obras, na atualidade, muito conhecidas, que se difundiram no cinema e na produção de material infanto-juvenil.
Ao contrário do que talvez se possa imaginar, os contos vampirescos não surgiram do nada, história puramente imaginada; mais uma razão pela qual a adaptação se mostra necessária, como forte propagadora das histórias que invadem nossas mentes na atualidade. Alexandre M. da Silva (2012, p. 09), em um belo texto de introdução para a coletânea de contos e poemas sobre o tal do vampiro, Contos Clássicos de Vampiro, pela editora Hedra (COSTA, 2012), aponta que essa figura [...] vem acompanhando a humanidade desde os seus primórdios, refletindo-se em diversas manifestações da expressão humana, tais como o folclore, a literatura e o cinema
. É interessante notar as nomenclaturas, dado o país e cultura, e como o nome vampiro
surge pela primeira vez na literatura com a obra russa O livro da profecia, de 1047, por Vladimir Jaroslov, como upir
.
Começa aí a introdução dessa personagem que não aparece do nada, ganha formas e, novamente, é reformulada, nas diferentes mídias. A coletânea segue com grandes nomes, Lord Byron, John Polidori, Bram Stoker, Gautier, Filóstrato, Goethe e tantos outros com suas versões do conto folclórico vampiresco, que muito embora seja termo provindo dos povos eslavos, possui suas personificações do que seria um vampiro em outras regiões igualmente.
Não é só na literatura, com, a exemplificar, Drácula, de Bram Stoker, ou Carmilla, de Le Fanu, mas no cinema vemos também, com obras que retratam ora mais próximas