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Aspectos Nutricionais na Síndrome Metabólica: Uma Abordagem Interdisciplinar
Aspectos Nutricionais na Síndrome Metabólica: Uma Abordagem Interdisciplinar
Aspectos Nutricionais na Síndrome Metabólica: Uma Abordagem Interdisciplinar
E-book413 páginas3 horas

Aspectos Nutricionais na Síndrome Metabólica: Uma Abordagem Interdisciplinar

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Sobre este e-book

O livro Aspectos nutricionais na Síndrome Metabólica: uma abordagem interdisciplinar lança um novo olhar interdisciplinar sobre a conduta dietoterápica ao paciente com Síndrome Metabólica (SM).
A obra apresenta aspectos importantes aos quais o profissional deve atentar-se quanto à epidemiologia dessa multicomorbidade, aos aspectos fisiopatológicos, às condutas médicas e farmacêuticas atualmente preconizadas e, por fim, à conduta nutricional necessária, tanto para adultos quanto para crianças e adolescentes.
O livro busca conciliar a teoria e a prática no atendimento ao paciente com SM, trazendo diversos materiais para auxiliar na condução do atendimento clínico e na prescrição nutricional.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de abr. de 2020
ISBN9788547332570
Aspectos Nutricionais na Síndrome Metabólica: Uma Abordagem Interdisciplinar

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    Aspectos Nutricionais na Síndrome Metabólica - Monica Cattafesta

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2019 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO MULTIDISCIPLINARIDADES EM SAÚDE E HUMANIDADES

    Aos nossos familiares, amigos e colegas de profissão.

    PREFÁCIO I

    A palavra aqui é integração: Nutrição, Medicina, Farmacoterapia. Todas as áreas da saúde são brindadas com a harmonia da ciência! Agrupar tópicos de interesse comum e associá-los em uma dinâmica estimulante é uma tarefa gratificante.

    O grande prazer de prefaciar esta obra é poder realmente degustar palavra por palavra, frase por frase e capítulo por capítulo de autores que são realmente amigos e que fizeram parte de verdadeiras jornadas no acompanhamento do diabetes e da síndrome metabólica. Profissionais que fazem o diferencial em suas áreas; que optaram em tratar o obeso à obesidade; tratam o diabético à diabetes; fazem da prática clínica uma verdadeira lição de vida e têm a gratidão como diretriz em suas vidas.

    Gratidão é o apanágio das grandes almas, sim; esses autores são gratos aos pacientes que lhes procuraram; aos mestres que lhes ensinaram; aos alunos que lhes questionaram e, assim sendo, tornaram-se exemplos valiosos para seus pares. Estamos diante de profissionais sérios e competentes, altruístas, abnegados e que, com um vasto acervo científico, brindam-nos com esta maravilha!

    Escrever além das linhas; capturar a emoção do paciente e visualizar nos mínimos detalhes o conteúdo magnânimo de uma revisão atualizada, personalizada e robusta no que tange à patologia.

    Ao reunir profissionais humanistas, nota-se o quão agradável passa a ser a leitura desta obra.

    Penetra-se na fisiologia; encanta-se com a fisiopatologia e se renasce com o tratamento nutricional e medicamentoso.

    Vimos aqui que conseguimos alcançar o jovem estudante de Nutrição, Medicina e o profissional com interesse em aprofundar-se num tema complexo.

    A grande mudança que hoje experimentamos é consequência dos estudos mais elaborados da dietoterapia e dos novos conceitos endocrinológicos. Pensar em resistência à insulina, aos hormônios inibidos e estimulados, incentiva-nos para iniciarmos à compressão desta obra.

    Parabéns aos autores, amigos e parceiros que lutam diariamente pela qualidade dos nossos alunos e pacientes.

    Boa leitura!

    Levimar Rocha Araújo

    Professor de Fisiologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, coordenador do Programa Educacional Diabetes Weekend, chefe da clínica de endocrinologia do Hospital Universitário Ciências Médicas/MG e vice-presidente nacional da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).

    PREFÁCIO II

    A Síndrome Metabólica (SM) é uma condição clínica grave e de prevalência crescente em todo o mundo, sendo um dos principais problemas de saúde pública na atualidade. Sua incidência cresce em paralelo à expansão da epidemia mundial da obesidade. Diversas doenças graves têm relação direta com a SM, como o infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e vários tipos de câncer, com morbidez e mortalidade precoce em indivíduos acometidos pela doença. Vasto arsenal terapêutico tem sido utilizado para o tratamento da SM de forma fragmentada, mas a expansão progressiva da doença demonstra a ineficácia da abordagem utilizada e a necessidade da produção de novos conhecimentos sobre o tema.

    Nesse contexto, coube a mim a missão honrosa de apresentar este livro. Aspectos nutricionais na Síndrome Metabólica: uma abordagem interdisciplinar chega em momento apropriado e com uma mensagem abrangente. Somente com uma abordagem interdisciplinar envolvendo todos os profissionais de saúde poderemos tratar de forma adequada a população portadora da SM e evitar o surgimento nos que não estão acometidos por essa doença intimamente ligada aos hábitos da vida moderna. Desde os aspectos epidemiológicos ao tratamento mais complexo e agressivo (cirurgia metabólica) são contemplados neste livro. Ressalto a grande quantidade de informações relevantes sobre dados brasileiros, inclusive de populações específicas como indígenas, descendentes de imigrantes e grupos profissionais. A inclusão de um capítulo especialmente dedicado à infância e à adolescência é muito relevante, pois nesta geração os hábitos nocivos da vida moderna, como sedentarismo e má alimentação, são mais exuberantes.

    Havia uma carência de livros textos específicos dispondo o conhecimento atual da SM de forma organizada e com uma visão prática do seu tratamento. Essa lacuna passa a ser preenchida por esta obra, que transmite ao leitor informações amplas e pragmáticas para a prevenção, controle e enfrentamento da epidemia da Síndrome Metabólica.

    Gustavo Peixoto Soares Miguel

    Chefe do Departamento de Clínica Cirúrgica da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), coordenador do Programa de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes – Hucam/EBSERH/Ufes, chefe do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Universitário (Ufes 2013-2016), coordenador do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves e preceptor dos Residentes de Cirurgia no Programa de Transplante Hepático do Hospital Meridional.

    APRESENTAÇÃO

    Este livro proporciona uma abordagem interdisciplinar sobre a conduta dietoterápica ao paciente com Síndrome Metabólica (SM). O primeiro capítulo apresenta dados epidemiológicos importantes para o entendimento desta multicomorbidade, assim como as diferentes formas de classificá-la. O segundo capítulo complementa essas informações, abrangendo a fisiopatologia envolvida na SM, bem como suas repercussões clínicas.

    No terceiro capítulo é iniciada a abordagem da terapia ao paciente com SM pela conduta médica. A seguir, no capítulo quatro, são discutidos os cuidados farmacêuticos nessa morbidade.

    O quinto capítulo trata dos aspectos da abordagem nutricional, perpassando pelo processo de anamnese, avaliação antropométrica, bioquímica, hemodinâmica, física e do consumo alimentar, trazendo materiais e referências para a prática clínica. O sexto capítulo complementa a conduta nutricional, com as recomendações nutricionais e estratégias a serem adotadas. A conduta é finalizada com a abordagem às crianças e adolescentes com SM.

    Luciane Bresciani Salaroli

    Monica Cattafesta

    Sumário

    1 - EPIDEMIOLOGIA DA SÍNDROME METABÓLICA 17

    Luciane Bresciani Salaroli

    Monica Cattafesta

    1.1 INTRODUÇÃO 17

    1.2 CRITÉRIO DIAGNÓSTICO PARA SÍNDROME METABÓLICA 18

    1.3 PREVALÊNCIA DA SÍNDROME METABÓLICA 22

    1.4 CONSIDERAÇÕES 34

    1.5 BIBLIOGRAFIA 35

    2 - FISIOPATOLOGIA DA SÍNDROME METABÓLICA E SUAS REPERCUSSÕES CLÍNICAS 45

    Dênis Paiva Ferraz

    2.1 FISIOPATOLOGIA DA SÍNDROME METABÓLICA 45

    2.2 REPERCUSSÕES CLÍNICAS DA SÍNDROME METABÓLICA 53

    2.2.1 Introdução 53

    2.2.2 Doença cardiovascular 54

    2.2.3 Hipercoagulabidade 55

    2.2.4 Hiperuricemia 55

    2.2.5 Doença hepática lipídica não alcoólica 56

    2.2.6 Distúrbios cognitivos e neurodegenerativos 56

    2.2.7 Outras repercussões 56

    2.3 BIBLIOGRAFIA 57

    3 - TERAPIA MÉDICA E CIRÚRGICA DA SÍNDROME METABÓLICA 61

    Dênis Paiva Ferraz

    Marcelo Barros Weiss

    3.1 INTRODUÇÃO 61

    3.2 TERAPIA MÉDICA DA SÍNDROME METABÓLICA 62

    3.2.1 Terapia farmacológica da resistência insulínica 63

    3.2.2 Terapia farmacológica da obesidade 64

    3.2.3 Abordagem medicamentosa dos demais componentes da Síndrome Metabólica 65

    3.2.4 Futuro da terapia médica da Síndrome Metabólica 66

    3.3 TRATAMENTO CIRÚRGICO DA OBESIDADE MÓRBIDA 66

    3.4 INDICAÇÕES 67

    3.5 TÉCNICAS CIRÚRGICAS 68

    3.5.1 Riscos e complicações 72

    3.5.1.1 Acompanhamentos necessários 72

    3.5.2 Os benefícios com a perda de peso após a cirurgia 74

    3.6 CONSIDERAÇÕES 75

    3.7 BIBLIOGRAFIA 75

    4 - CUIDADOS FARMACÊUTICOS E FATORES NUTRICIONAIS NA SÍNDROME METABÓLICA 79

    Luciana Mesquita Passamani

    Rikeller Ronchi

    Lorena Rocha Ayres

    4.1 INTRODUÇÃO 79

    4.2 CUIDADOS FARMACÊUTICOS 80

    4.3 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 88

    4.3.1 Diabetes Mellitus 88

    4.3.1.1 Hipoglicemiantes orais 89

    4.3.1.2 Agentes parenterais 98

    4.3.1.3 Uso dos hipoglicemiantes na Síndrome Metabólica 102

    4.3.2 Hipertensão arterial 103

    4.3.2.1 Uso de tiazídicos na Síndrome Metabólica 104

    4.3.2.2 Uso de inibidores adrenérgicos na Síndrome Metabólica 105

    4.3.2.3 Uso de inibidores da enzima conversora da angiotensina e os bloqueadores do receptor da angiotensina na Síndrome Metabólica 108

    4.3.2.4 Uso de bloqueadores de canais de cálcio na Síndrome Metabólica 109

    4.3.3 Dislipidemia 119

    4.3.3.1 Uso de estatinas na Síndrome Metabólica 120

    4.3.3.2 Uso de niacina na Síndrome Metabólica 121

    4.3.3.3 Uso de fibratos na Síndrome Metabólica 122

    4.3.3.4 Uso de outros hipolipemiantes na Síndrome Metabólica 123

    4.3.4 Obesidade 128

    4.4 BIBLIOGRAFIA 131

    5 - CUIDADO NUTRICIONAL E DIETOTERÁPICO NA SÍNDROME METABÓLICA: DA ANAMNESE À AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR 149

    Monica Cattafesta

    Luciane Bresciani Salaroli

    5.1 INTRODUÇÃO 149

    5.2 ANAMNESE 150

    5.3 AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL 154

    5.3.1 Avaliação antropométrica 154

    5.3.2 Avaliação bioquímica 168

    5.3.3 Avaliação hemodinâmica 177

    5.3.4 Avaliação física 178

    5.3.5 Avaliação do consumo alimentar 181

    5.4 BIBLIOGRAFIA 188

    6 - CUIDADO NUTRICIONAL E DIETOTERÁPICO NA SÍNDROME METABÓLICA: CONDUTA DIETOTERÁPICA 199

    Monica Cattafesta

    Luciane Bresciani Salaroli

    6.1 INTRODUÇÃO 199

    6.2 REQUERIMENTO ENERGÉTICO 200

    6.3 MACRONUTRIENTES 202

    6.3.1 Carboidrato 203

    6.3.2 Lipídio 211

    6.3.3 Proteína 214

    6.4 MICRONUTRIENTES E FITOQUÍMICOS 216

    6.5 FIBRAS 225

    6.6 PADRÕES ALIMENTARES 226

    6.7 ORIENTAÇÕES COMPLEMENTARES 232

    6.8 BIBLIOGRAFIA 235

    7 - SÍNDROME METABÓLICA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 245

    Míriam Carmo Rodrigues Barbosa

    Eliane Rodrigues de Faria

    Virgilia Oliveira Pani

    7.1 INTRODUÇÃO 245

    7.2 CONCEITO 246

    7.3 FATORES ASSOCIADOS À SÍNDROME METABÓLICA 247

    7.3.1 Aspectos relativos ao crescimento na infância e na adolescência 248

    7.3.2 Obesidade 251

    7.3.3 Dislipidemias 253

    7.3.4 Resistência à insulina 253

    7.3.5 Hipertensão arterial 255

    7.4 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA SÍNDROME METABÓLICA NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA 256

    7.5 PREVALÊNCIA DA SÍNDROME METABÓLICA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 260

    7.6 PREVENÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA: UMA ABORDAGEM NUTRICIONAL A PARTIR DO NASCIMENTO 262

    7.7 CONSIDERAÇÕES 265

    7.8 BIBLIOGRAFIA 265

    SOBRE OS AUTORES 273

    Apêndices 277

    APÊNDICE A: FICHA DE ATENDIMENTO PARA PACIENTE COM SÍNDROME METABÓLICA 279

    APÊNDICE B: PROTOCOLO DE APLICAÇÃO DO RECORDATÓRIO ALIMENTAR 291

    APÊNDICE C: SUMARIZAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA PACIENTES COM SÍNDROME METABÓLICA 297

    APÊNDICE D: ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PARA O PACIENTE COM SÍNDROME METABÓLICA 299

    1

    EPIDEMIOLOGIA DA SÍNDROME METABÓLICA

    Luciane Bresciani Salaroli

    Monica Cattafesta

    1.1 INTRODUÇÃO

    A Síndrome Metabólica (SM) foi identificada por Reaven em 1988 e teve como primeira denominação síndrome X, na qual era observada a menor captação de glicose pelos tecidos periféricos¹. Entretanto, atualmente e de maneira mais abrangente, a SM tem sido caracterizada pela presença, concomitante, de dislipidemia, distúrbio da tolerância à glicose, hipertensão arterial, excesso de peso ou obesidade abdominal, além de outras anormalidades. Aparentemente, a resistência à insulina parece ser o elo entre as alterações presentes na SM, a qual está vinculada de uma forma não totalmente conhecida ao aumento da deposição de gordura visceral²,³.

    Esse conceito trouxe uma nova visão para a compreensão das Doenças Cardiovasculares (DCV), visto que antes os critérios associados à SM, mesmo quando coexistentes, eram tratados de forma isolada. Atualmente, a presença de uma das condições implica uma visão holística do indivíduo, na necessidade de se pesquisar as demais alterações metabólicas e hemodinâmicas. Essa nova visão contribui sobremaneira para a identificação precoce do risco cardiovascular e da SM⁴-⁶.

    De fato, a presença de SM é forte preditor de mortalidade cardiovascular, como já descrito por estudo clássico de Lakka et al. (2002)⁷, permanecendo assim atualmente⁸-¹¹. Deve-se, dessa forma, destacar sua importância do ponto de vista epidemiológico, tendo em vista a elevada mortalidade cardiovascular presente em todos os países desenvolvidos e em países em desenvolvimento, como o Brasil⁵,¹². O Brasil apresenta um quadro preocupante em relação às DCV, não só pelas elevadas taxas de morbimortalidade, mas principalmente por afetar de forma importante os estratos etários mais jovens¹⁰,¹³,¹⁴. Portanto, vê-se a necessidade e importância da abordagem ao tema, assim como o estudo das formas de prevenção, diagnóstico e tratamento da SM.

    1.2 CRITÉRIO DIAGNÓSTICO PARA SÍNDROME METABÓLICA

    A SM tem sido objeto crescente de preocupação em todo o mundo, uma vez que está relacionada com o aumento do risco de DCV⁶,⁷. Tal síndrome é caracterizada pela presença concomitante de dislipidemia, distúrbio da tolerância à glicose, hipertensão arterial, excesso de peso ou obesidade abdominal, além de outras anormalidades¹²,¹⁵; a resistência à insulina (RI) parece ser o elo entre as alterações presentes na SM, a qual pode estar vinculada ao aumento da deposição de gordura visceral²,³.

    Não há consenso universal para o diagnóstico da SM, principalmente no que diz respeito ao biótipo e à genética diversificada, que torna difícil o uso de critérios comuns em diferentes populações. Nesse aspecto, a comparação da síndrome entre grupos distintos torna-se, em algumas situações, dificultada⁴,⁶ (Tabela 1). Nesse cenário, compreender os diversos critérios de diagnóstico desenvolvidos mostra-se fundamental na prática clínica, visto que, além dos critérios já definidos, outros marcadores vêm sendo investigados. Esses são, dentre outros, a hiperuricemia¹⁶, a microalbuminúria¹⁷, a elevação de marcadores inflamatórios como a proteína C reativa (PCR)⁶,¹⁸, o fibrinogênio¹⁹, a AST (aspartato aminotransferase), a ALT (alanina aminotransferase) e a Gama GT (gama glutamil transpeptidase)²⁰.

    Para diagnosticar a SM, a Organização Mundial de Saúde (OMS)²¹ preconiza: a presença de valores de insulinemia acima do recomendado para indivíduos não diabéticos, sendo glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL, glicemia após duas horas de glicose oral ≥ 140 mg/dL ou estar usando medicamento para controle glicêmico; e dois ou mais dos seguintes critérios: pressão arterial (PA) ≥ 140/90 mmHg ou indivíduo normotenso em uso regular de anti-hipertensivo; triglicerídeos (TAG) ≥ 150 mg/dL; HDL-c (Low-density lipoprotein cholesterol - lipoproteína de alta densidade) < 35 mg/dL para homens e HDL-c < 39 mg/dL para mulheres; Índice de Massa Corpórea (IMC) ≥ 30 Kg/m² e/ou Relação Cintura Quadril (RCQ) > 0,90 para homens e > 0,85 para mulheres; e microalbuminúria noturna > 20 μg/min, sendo necessário, para o diagnóstico, que o indivíduo apresente diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) ou intolerância à glicose e mais dois critérios descritos anteriormente.

    Para o NCEP/ATP III²² (Third Report of the National Cholesterol Education Program Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults), a SM representa a combinação de pelo menos três componentes, dentre cinco parâmetros: Perímetro da Cintura (PC) > 102 cm para homens e > 88 cm para mulheres; TAG ≥ 150 mg/dL; HDL-c < 40 mg/dL para homens e HDL-c < 50 mg/dL para mulheres; pressão arterial sistólica (PAS) ≥ 130 mmHg e/ou diastólica (PAD) ≥ 85 mmHg ou normotensos em uso de medicação anti-hipertensiva; e glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL, sendo que presença de DM não exclui o diagnóstico de SM. A American Heart Association (AHA) e a National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI) determinaram uma pequena alteração no critério de classificação da SM. Nela houve redução no parâmetro da glicemia em jejum, alterando-a de 110 para 100 mg/dL, conforme recomendação da American Diabetes Association (ADA)²³,²⁴. Pela sua simplicidade e praticidade, é a definição recomendada pela Sociedade Brasileira de Hipertensão por meio da I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica¹².

    Os critérios para diagnóstico da SM propostos pela Internacional Diabetes Federation (IDF)²⁵ são similares aos já apresentados, porém é considerado mais rígido do que do NCEP/ATP III, o que pode aumentar a prevalência do diagnóstico de SM quando avaliado por esse método. Os valores do perímetro abdominal variam de acordo com a etnia do indivíduo. Para os europeus, o ponto de corte da PC é ≥ 94 cm para os homens e ≥ 80 cm para as mulheres. Indivíduos do Sul Asiático e chineses, o valor de ponto de corte da PC é ≥ 90 cm e ≥ 80 cm para homens e mulheres respectivamente; já para os japoneses, os valores dos pontos corte da PC são ≥ 85 cm para os indivíduos do sexo masculino e ≥ 90 cm para o sexo feminino. Para os brasileiros, considera-se PC é ≥ 94 cm para os homens e ≥ 80 cm para as mulheres. Nessa classificação, além do PC, considera-se a presença de mais dois itens: TAG ≥ 150 mg/dL, HDL-c < 40 mg/dL para homens e < 50 mg/dL para mulheres, e PA ≥ 130 e/ou ≥ 85 mmHg.

    Os critérios definidos para o diagnóstico da SM pelo European Group for the Study of Insulin Resistance Syndrome (EGIR)²⁶ foram definidos somente para a população não diabética, sendo utilizado um marcador para verificar a presença de resistência de insulina. Segundo o EGIR, para ser classificado com SM, o indivíduo deve ter concentração de insulina acima dos quartis para indivíduos não diabéticos e mais dois critérios, tais como glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL, HDL-c < 40 mg/dL, TAG ≥ 180 mg/dL, PC para homens ≥ 94 cm e ≥ 80 cm para mulheres e PA ≥ 140/90 mmHg.

    Por sua vez, para a American College of Endocrinology (ACE)²⁷, o indivíduo deve apresentar IMC ≥ 25 Kg/m² ou PC ≥ 102 cm e ≥ 88 cm para homens e mulheres, respectivamente, além da associação de dois ou mais fatores, tais como glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL, glicemia de 2 horas ≥ 140 mg/dL, HDL-c < 40 mg/dL e < 50 mg/dL para homens e mulheres respectivamente, níveis séricos de TAG ≥ 150 mg/dL e PA ≥ 130 e/ou ≥ 85 mmHg.

    A síntese dos diversos critérios diagnósticos para SM pode ser observada na Tabela 1.

    Tabela 1 – Critérios de diagnóstico para síndrome metabólica

    Fonte: As autoras, adaptando as referências citadas²¹-²⁷.* Europeus: Homens: ≥ 94 cm, Mulheres: ≥ 80 cm; Sul Asiático e chineses: Homens: ≥ 90 cm, Mulheres: ≥ 80 cm; Japoneses: Homens: ≥ 85 cm, Mulheres ≥ 90 cm.

    Legenda: OMS: Organização Mundial da Saúde; NCEP/ATP III: Third Report of the National Cholesterol Education Program Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults; IDF: Internacional Diabetes Federal; EGIR: European Group for the Study of Insulin Resistance Syndrome; ACE: American College of Endocrinology; DM: diabetes Mellitus; PC: perímetro da cintura; RI: Resistência Insulínica; IMC: Índice de Massa Corporal; RCQ: relação cintura quadril; TAG: triglicerídeos; HDL-c: High Density Lipoprotein - lipoproteína de alta densidade; PA: pressão arterial.

    Há muita diferença nas prevalências relatadas no diagnóstico da SM quando avaliado por critérios diagnósticos diferentes. Para exemplificar, em um estudo utilizando a base de dados do The Hoorn Study, realizado na Holanda referente ao período de 1989 a 1990, mostrou-se que a prevalência de SM, de acordo com a definição do NCEP ATP III, foi de 19% em homens e de 26% em mulheres. Para as definições de OMS, EGIR e ACE, em homens, as prevalências foram 32%, 19% e 41% respectivamente, e 26, 17 e 35% na mesma ordem nas mulheres²⁸. Em estudo com 1.535 mulheres da área rural de Bangladesh com idade ≥ 15 anos foi encontrada uma prevalência de SM de 25,6% segundo o critério NCEP/ATP III (2001), 36,68% pelo NCEP/ATP III modificado e de 19,8% segundo o IDF²⁹.

    1.3 PREVALÊNCIA DA SÍNDROME METABÓLICA

    Estudos demonstram diferentes prevalências da SM em distintos grupos populacionais (Tabela 2). As elevadas prevalências da síndrome em diferentes países, bem como a sua íntima associação com a morbimortalidade cardiovascular, vêm acarretando custos expressivos para a sociedade. Não apenas o custo com o tratamento, mas também a perda da capacidade de trabalho gerada por aposentadorias e óbitos precoces e a perda da qualidade de vida¹⁰,³⁰.

    Na população americana, Ford et al. (2002)³¹ avaliaram a prevalência de SM analisando dados de 1988 e 1994 do National Health and Nutrition Examination Surveillance (NHANES III). Os resultados indicaram que não há diferença em relação à prevalência de SM entre os sexos e em relação às diferentes faixas etárias. A prevalência de SM ajustada para idade foi de 23,7%; para faixa etária de 20 a 29 anos, a prevalência é de 6,7%, e esse valor aumenta de forma progressiva, chegando a 43,5% na faixa etária de 60 a 69 anos.

    Em 2005, a fim de verificar a prevalência de SM entre os adultos dos Estados Unidos e fazer um paralelo com o NCEP e IDF, Ford (2005)³² analisou 3.601 indivíduos com idade superior a 20 anos, a partir dos dados de 1999-2002 do NHANES. Baseado na definição do NCEP, a prevalência total foi 34,5±0,9%, sendo 33,7±1,6% entres os homens e 35,4±1,2% entre as mulheres. Por outro lado, pela definição do IDF, a prevalência foi de 39±1,1% entre todos os participantes, obtendo 39,9±1,7% entre os homens e 38,1± 1,2% entre as mulheres. Dessa forma, a IDF conduz a estimativas mais elevadas em todos os grupos demográficos, principalmente entre os americanos-mexicanos, quando comparada ao NCEP/ATP III. Destaca-se também que, independente do critério utilizado, a SM vem crescendo entre os adultos americanos.

    Portanto, no intuito de compreender as tendências de prevalência dessa síndrome, Aguilar et al. (2015)³³ avaliaram os dados do NHANES de 2003-2012, nos quais obteve-se uma prevalência de 33% na população americana, da qual as mulheres apresentaram uma prevalência significativamente maior em relação aos homens, 35,6% e 30,3% respectivamente (p < 0,001). Ao avaliar os intervalos de anos de 2003-2004 para 2011-2012, a prevalência de SM aumentou de 32,9% para 34,7%.

    No sul da Espanha, foi desenvolvido um estudo de base populacional com 1.555 indivíduos de 20 anos ou mais cuja prevalência de SM

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