Fracassos de um Hedonista
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Sobre este e-book
O hedonista não necessariamente é a personificação de alguém, mas sim, um modo de vida, saber apreciar os momentos baixos e altos da vida. Os fracassos vão do amor à necessidade de se revoltar. Intimista, incendiário, irônico, o eu lírico viaja e guia o leitor em verso e estrofe repletos de intensidade, sentimentos e sensações. A odisseia, a sátira da pura comédia humana fazem jus à vida moderna.
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Fracassos de um Hedonista - Gabriel Adami
Invocação às Novas Musas
Chamai Calíope,
Que do belo tênis me fez Pop.
Chamai Ártemis, a mãe de todas as ninfas,
Que das belas fábricas me fez ficar em love.
Chamai Baco, a fim de que traga mais capital,
Pois já fico sem espaço,
Para consumir,
Para iludir.
A deusa da fortuna,
Deusa da Modernidade,
Invocai a todos, ó Nike.
Uma doce ilusão,
Presa pela severa paixão.
Do capitalismo ao pleonasmo de ismos
Não há de dizer que não o faça:
Pois já chamou até mesmo Hades,
Para comprar vossas marcas.
Ato I – um pouco de tonicidade
Vida Ordinária
E a vida pacata se segue
Sem o retorno de algo que algum dia
Sequer foi.
E vejo sacolas e mais sacolas de compras,
para ao final tudo se esvair em essências,
que escorrem feito a lástima de uma exploração.
As musas não chegam onde os mais pobres estão
Calíope sequer alegra aqueles que
pensam que comemoram o gol
Quando o que realmente o fazem,
É comemorar quem lhes roubou.
Silêncio que fala
Mortos por aquele em que eleito fora,
pelo povo e para ele governar.
Júpiter se apeteceria se realmente dissesse que em mãos,
o homem dilacerou seu próprio coro,
mas sim concordaria que tomado da falta de razão
E da Ira - inexistente feito a rima -
falara enquanto se calou,
Sendo conivente com esse massacre,
que de todo o povo torturou,
massacrou, dilacerou!
Deixou apenas evidente o que de toda a gente já era esperado,
O principesco não nascera para tal encargo.
Se o tivesse, mil e mais mil não cochichariam em sua alma,
No cerne de todo seu religioso ser,
Dizendo sempre:
"Dê glória a deus,
pelo milagre da incompetência que ele vos deu."
Musas não podem nos falar,
pois o silêncio é sereno e mortal.
Compasso da Vida
Notórios rapazes,
pareciam balançar naqueles enormes balastros,
ouvindo o ranger da porta,
enquanto comiam melaço.
Quando o ritmo aumentara,
já estavam fazendo Adágios enrustidos e medrosos,
batendo em seus filhos;
com medo de se tornarem o que jamais serão.
E a cada arpejo de um bemol,
A vida se cessava feito uma composição,
dera certo?
Talvez sim.
Talvez não.
Amado
Os cachos incessantes roçam-me a nuca,
Sem freio, atento-me à vida como nunca antes.
Teus lábios passeando pela minha via tortuosa,
Quem é você?
Quem é a Musa que abençoa este corpo que tanto
me fez fantasiar,
Bailes, novelas,
Cravo e Canela.
Não quer ser a Dona Flor?
Te dou dois maridos e ainda um ardor!
Laroiê!
Barraco ajeitado era o que tinha,
Sem vinho, sem regalias trazia.
Mas Dona Rosane ao menos se virava,
Tentando a vida de todo modo que podia.
Serviço ali, serviço acolá, tinha que sobreviver,
Para deixar flores no caixão de Felipe,
Preto filho pobre que pela bala perdida tinha sido atingido,
Sem prestar sequer um corre,
Pela vida, pelo mar, pela ordem.
Onde todo mal continha.
Laroiê, Laroiê!
Rodando e rodando ela tentava amenizar o que sentia,
Laroiê, Laroiê Exu!
Era o que ela sempre dizia.
A conexão que levava, era tão bonita!
Chegava a ver ele,
Sambando junto com seu filho.
E ele, o monstro que nem Seu 7 portas trancou,
Amordaçou e arregaçou,
O burguês safado,
A piranha,
O negro.
Dona Rosane se viu atraída pelo auxílio