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Universalização Transversal: Currículo, Gênero E Raça
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Universalização Transversal: Currículo, Gênero E Raça
E-book329 páginas3 horas

Universalização Transversal: Currículo, Gênero E Raça

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Sobre este e-book

A leitura deste trabalho te localiza dentro da crueldade do sistema educacional, da inadequação dos currículos, e da pobreza de conteúdo dos livros textos para quem: não é homem branco, não é heterossexual, não é católico, é surdo e mora em quilombos. E a certeza que uma mudança tem que ser feita imediatamente, para a saúde da educação e do povo brasileiro. As propostas de solução são muito legais, dentro de todos os significados dessa palavra, portanto cabe ao sistema educacional simplesmente fazer valer a lei.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de fev. de 2019
Universalização Transversal: Currículo, Gênero E Raça

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    Universalização Transversal - Yuri Miguel Macedo, Eliana Póvoas Pereira Estrela Brito, Simone Silva Alves

    PREFÁCIO

    A leitura deste trabalho te localiza dentro da crueldade do sistema educacional, da inadequação dos currículos, e da pobreza de conteúdo dos livros textos para quem: não é homem branco, não é heterossexual, não é católico, é surdo e mora em quilombos. E a certeza que uma mudança tem que ser feita imediatamente, para a saúde da educação e do povo brasileiro. As propostas de solução são muito legais, dentro de todos os significados dessa palavra, portanto cabe ao sistema educacional simplesmente fazer valer a lei. Parafraseando SILVA mencionado inúmeras vezes neste trabalho o currículo pode ser visto como um discurso que, ao corporificar narrativas particulares sobre o indivíduo e a sociedade, nos constitui como sujeitos.  O livro-texto deveria ser produzido para não silenciar e/ou ocultar fatos e informações que são relevantes, no sentido de combater as desigualdades étnico-raciais, de classe social e de gênero.

    A frase de Nelson Mandela no início do 2º capítulo diz ao que esse trabalho se propõe e é perfeito. E definitivamente os professores são os primeiros que têm que ser conscientizados da importância que a lei 10.639/2003 seja implantada com o objetivo de eliminar o preconceito racial. A técnica do uso de música, capoeira, cinema pelo sistema cineclubismo gratuito itinerante, para a construção de um processo educativo emancipatório, com sonoridades legadas à tradição, e pedagogia cultural, é muito interessante e de fácil aceitação.

    A eliminação do preconceito de gêneros e afetividades no entanto, vai precisar de um trabalho muito mais complicado nos currículos e na formação dos professores. É necessária a aceitação das diversidades pelos dirigentes municipais, estaduais e do país, para que esse trabalho seja nacional, efetivo e eficaz. E esse trabalho tem que começar imediatamente, pois a violência contra as pessoas que possuem essas diversidades é fatal.

    O estudo de Linguística Aplicada e Análise do Discurso Francesa do 4º Capítulo, a partir de um contexto sócio histórico e ideológico, usando o gênero discursivo das letras do estilo musical funk, expos muito bem a problematização sobre a desigualdade de gênero, estereótipo e descriminação. A análises apresentadas são completas e nos faz refletir como o preconceito de gênero está enraizado na nossa forma de ser, mesmo quando não concordamos com ele.

    É de suma importância o resgate da memória em torno da resistência ao regime militar no Brasil, como elemento fundamental na construção de um projeto educativo emancipatório. Um dos elementos é o conhecimento do fato vivido e o segundo é a memória desse acontecimento. Relato de um perseguido político apresentado no capítulo 5: somos (propositalmente) desinformados, lemos pouco, discutimos pouco. Conhecemos pouco o funcionamento do poder e nossos direitos e deveres políticos. Por isso somos governados por uma elite política que desonra o país. Entendo que a história precisa ser recontada, revista e analisada para que os entes queridos dos que desapareceram e que ainda vivem possam ter algum sossego, e para que os que não nasceram naquela época possam conhecer a verdadeira história deste país e evitar, que tais fatos se repitam. A escola não tem cumprido este papel e mal ensina os brasileiros pobres a ler e calcular. O conhecimento da verdade é necessário, [...], para que as futuras gerações lutem pelo respeito ao pensamento das minorias, dos que se opõe às suas ideias. Sem isso não é possível a convivência saudável entre os cidadãos diferentes de uma nação.

    São José dos Campos, primavera de 2018.

    Sonia Guimarães

    PRÓLOGO

    (...) Eu vo-lo direi, não para me queixar deles, mas para vos expor todos os meus benefícios. Antes de mim, eles viam, mas viam mal; e ouviam, mas não compreendiam. Tais como os fantasmas que vemos em sonhos, viviam eles, séculos a fio, confundindo tudo.

    Prometeu Acorrentado – Ésquilo ( -  525 AC -  -456 AC)

    Há no ato de escrever uma espécie de desejo e de possibilidade que se materializa no texto. Querer escrever significa querer tornar a vida possível. Escrever na área da educação, então, passa a ser experiência mais insensata e estranha, porque não habitual, isto é, foge ao ritual docente cotidiano de construir narrativas operacionais.

    Além disso, aquele que escreve conta um conto e, diz o senso comum, que quem conta um conto aumento um ponto, escondendo que a história que nos é contada é aquela dos vencedores, que louvam o que consideram suas conquistas e pintam o mundo de modo a omitir quaisquer falhas ou aspectos negativos de sua realidade.

    O conjunto de textos que dá corpo a este livro diz muito, não só do ato de escrever, mas da dificuldade que tem aquele que escreve. Por que? Porque quem escreve faz isto, não sobre um tema em geral qualquer, mas sobre uma dada realidade: a sua.

    Nesse sentido, este conjunto de textos é elucidativo, primeiro porque se trata de uma escrita feita a 18 mãos; o que não é pouca coisa para quem não busca fazer ficção sobre uma dada realidade, mas concebe a temática – currículo, negritude e raça como elementos fundantes da autonomia de sujeitos sociais até hoje marginalizados na sociedade brasileira.

    Em tempos temerários e violentos como que estamos vivenciando no Brasil da segunda década do terceiro milênio, pensar, falar sobre o cotidiano das  Escolas dizendo que Educação tem lado - currículo explicito -, no qual temáticas como negritude, raça remetem a  fenômenos complexos sem simplificá-los.

    Por outro lado, escrever é, também, um ato político e os autores estão preocupados com o amplo entendimento de suas posições, por isso tratam de temas complexos sem simplifica-los, porque, nestes tempos temerários, repito: escrever é muito mais do que resistir: é reexistir.

    Ao fazer a análise do currículo, da negritude e da raça os textos estão a nos dizer que é através dos exames destas temáticas e de suas narrações que se faz a disputa e se explicita como operam os blocos hegemônicos (compostos não apenas por grupos dominantes). Neles, as posições vão além do uso dos conceitos de hegemonia e senso comum, mas propostas contrahegemonicas que buscam consolidar uma visão de mundo.

    Os autores acreditam, também, que nos livros, os textos proporcionam a objetivação de uma potência; que na palavra escrita está não apenas o pensamento com suas intensidades , mas o sentido de uma intencionalidade.  Pensar passa a ser uma verdadeira experiência política do tempo (estar pensando o presente) para redefinir e ressignificar a história (nosso tempo passado), como a vivência de algo real, porque humano e não abstraído ou uma realidade ficcional.

    O interessante dos relatos apresentados é o fato deles sinalizarem um pluralismo narrativo que não anula a consistência do narrado, apesar da temática única.

    Os autores estão a nos dizer: Atenção! É necessário examinar as relações entre o objeto em estudo e a sociedade como um todo – bem como as relações propostas entre os diferentes agentes que a compõem.

    Por isso, a pluralidade das leituras sobre currículo, negritude e raça inscreve-se, por um lado na dificuldade de uma decodificação dos fenômenos sociais e por outro, na crítica a estes temas relacionados, visto que os espaços educativos não são apenas uma arena na qual grupos diferentes lutam para legitimar e instituir suas concepções.

    Educação na perspectiva apontada pelos textos indica que Educação é espaço de disputa, que se forma e se transforma através dessas lutas, modificando, assim, tanto seu conteúdo quanto sua forma.

    Por isso, a diversidade dos registros não pode ser confundida com ecletismo vulgar das leituras midiáticas sobre a realidade das escolas ou da negritude que esconde as contradições não resolvidas.

    O pensar dos textos não se mostra homogêneo. Ainda bem! Nem por isso é incoerente ou inconsistente. O núcleo operativo do pensar currículo, negritude e raça nem sempre tem sido centrado em uma ideologia da modernidade e, portanto, ambos (currículo e negritude) têm historicamente representado uma tentativa de ordenar o mundo de acordo com certos princípios ocidentais com pretensões universalizantes. Essa perspectiva da modernidade (e do desenvolvimento) aqui é amplamente questionada e criticada, já que muitas insuficiências socioantropológicas permanecem incontornadas e insuperadas na explicação do mundo supostamente ordenado e previsível da modernidade europeizante.

    Desse modo, as inconformidades provocadas por um currículo totalizante têm sido refutadas por abordagens teóricas que procuram oferecer outras formas de compreensão da realidade social.

    É nesse sentido que insurgências teórico-epistêmicas têm se ampliado vertiginosamente no campo da teoria social, tais como o movimento contestatório da teorização generalizante oriunda do eixo euroamericano da modernidade e do desenvolvimento.

    Com isso, a refutação das crenças modernistas pela perspectiva pós-colonial vem consagrando através da emergência de pensares periféricos uma nova geopolítica do conhecimento e uma enunciação particular sobre as noções de negritude e raça.

    Na verdade estes pensares periféricos estão a questionar os limites espaciais e temporais do projeto moderno ao validar e considerar a existência de epistemologia múltiplas, na qual seja ou se torne possível re-imaginar a diversidade de outras modos de ser e viver.

    Nesse sentido, o currículo que materializa nos espaços educativos o ponto de vista hegemônico e eurocêntrico perde sua potência, visto que nem sempre destacam perspectivas ou discursos  que falam a partir da margem  ou a partir do lugar do Outro ( negritude ou raça) -.

    É essa alteridade a proposta deste livro; definida politicamente em oposição a um sujeito hegemônico detentor do poder a partir de outros modos de autorrepresentar-se e representar a diferença.

    Os discursos sobre currículo, negritude e raça podem ser entendidos, como produção periférica, marginal, mas, outra vez insisto: atenção, não são!

    O conjunto de textos evidencia a existência dois movimentos: o primeiro está na crítica de um processo permanente de legitimação de explicar a negritude e a raça a partir da colonialidade e, segundo, do desafio em identificar a existência de movimentos contestatórios que possam, eles próprios, configurar contratendências capazes de interpelar os discursos e práticas imputados pela colonialidade do poder nos espaços educativos quando se fala em negritude e raça dentro das escolas.

    Os textos deste livro traduzem projetos epistemológicos variados que, no seu conjunto, remetem a uma categoria de análise crítica, tendo como ponto de partida a tentativa de reinterpretação das categorias epistemológicas euro-americocêntricas, ao mesmo tempo que denunciam que em Educação não existe inocência, ingenuidade ou imparcialidade.

    O desafio de quem escreve e de quem lê está justamente em identificar nos espaços educacionais de hoje, quais são aquelas práticas sociais diferentes capazes de desessencializar as concepções hegemônicas propostas por um currículo que faz da realidade uma abstração.

    O presente livro tem um objetivo pretensioso que fica subsumido na pluralidade das temáticas e olhares: o objetivo neutralizar colonialidade do poder de um currículo embranquecedor através da análise dos espaços educativos.

    Os textos estão a nos dizer que se pode reinterpretar a construção de sujeitos sociais, a partir de outras representações e significados desde a gramática da descolonização.  Em educação, isto significa compreender que os alunos (enquanto sujeitos sociais) continuam sendo produzido localmente sob certas condições históricas particulares reguladas por práticas socioeconômicas, culturais contingentes

    Por isso, este grupo de professores/pesquisadores lança o seu segundo livro – Currículo, gênero e raça - cuja temática organizadora do pensar tem a ver com as questões que envolvem o fazer docente quando pensam educação e negritude e...de certo modo complementa o primeiro livro – Universalização transversal: múltiplos olhares educativos.

    Se naquele se buscava explicitar o parodoxal dos múltiplos olhares educativos, neste o ato de escrever constitui um processo de construção identitária, sendo os textos o meio pelo qual o leitor acessa a modos de ser e de compreensão das experiências vividas.

    Remontando capitulo por capítulo o leitor pode elaborar a compreensão daquilo que é experimentar nos espaços educativos a força e a potência do currículo e nele o lugar de temáticas transversais como são negritude e raça.

    O interessante nestes casos, é perceber que em cada texto há algo que escapa, pois nem sempre discurso é capaz de expressar a consciência de algo; suas repetições ( intencionais) os relatos fragmentados fazem com que na reconstrução do vivido, do pensado decifre vidas que não se pretendem valer pelo vivido em si, mas sem dúvida revelam vidas marginalizadas que nem sempre são percebidas nos espaço social, porque invisibilizadas.

    Antes do leitor se aventurar na leitura destes textos, convém salientar aspectos e da singularidade deste conjunto de pensares:

    Aqui os textos enfatizam outras maneiras de contar, descrever os espaços educativos, a história, outras formas de organização da vida e dos saberes, bem como a produção de novas subjetividades que resistem à herança dos padrões coloniais de poder que seguem vigentes na sociedade.

    E por que as pessoas resistem? Porque elas precisam de um lugar onde o corpo exista, a cor exista, a cultura exista. Necessitam de concretude.

    Cada livro, cada capítulo que você vê/lê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o irão ler; que viverão e sonharão com ele.

    Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos por sues texto, por suas páginas, o espírito cresce e a pessoa se fortalece.

    O futuro ainda não foi escrito e existem homens e mulheres que vivem a sua negritude, mas ainda raramente em cargos de poder e influência; os textos aqui reunidos tentam fazê-la de forma corajosa e construtiva, procuram analisar alguns dos obstáculos com que eles se confrontam nos espaços educativos, assim como os limites que esses obstáculos impõem às hipóteses de um currículo plural.

    Tragicamente, os sonhos docentes de um currículo aberto/plural e de esperança por um futuro melhor para quem está na margem da sociedade, parece se apresentar obstaculizados, pelo menos a médio prazo, neste Brasil de 2018/2019.

    Acho melhor deixar ao leitor os textos falarem. A polissemia diz mais, é mais esclarecedora que o comentário. Tal decisão não é acadêmica, mas política porque a montagem e o encontro dos fragmentos e/ou textos mais significativos fica sob responsabilidade de quem lê, até porque os textos que vocês lerão a seguir não é resultado de um ordenamento cronológico (sucessão de momentos), mas é viver o tempo sempre tendo presente que ele finda, isto é, o tempo termina, mas um texto nem sempre termina no seu ponto final.

    Paulo P Albuquerque

    A RELAÇÃO DA ESCOLA COM O NEGRO E O SUJEITO-NEGRO-GAY: UMA LUTA DE RESISTÊNCIAS

    Yuri Miguel Macedo

    Marcelo Loureiro Ucelli

    Começamos o presente texto trazendo a reflexão da inserção do negro na escola, que sofre diariamente o racismo que por vezes é considerado injúria, facetado e mascarado por um racismo institucional enraizado. Seguindo a reflexão trazemos a inserção dos alunos LGBT+ no ambiente escolar, que por hora é hostil, sexista, machista, patriarcal e cristão. A partir dos pensamentos acima, como fica a educação dos sujeitos negros-gays nas escolas brasileiras?

    Indagações Iniciais

    O cotidiano escolar, para muitos jovens, está longe de ser um ambiente de formação cidadã e sim um ambiente de discriminação e formação de distúrbios e carências devido à resistência em permanecer com métodos antiquados no tratamento de assuntos que mexem profundamente com o desenvolvimento psicológico, emocional, e em consequência, educacional de um aluno. Entretanto, não é um caso sem solução. O educador que busca compreender a diversidade da sexualidade e, pode perceber que há algo mais simples a ser feito, para que o aluno se sinta parte do meio, pois não há como tratar a sexualidade apenas como algo que define o gênero como homem e mulher. Esse assunto está muito além dessa mera definição, e não só deve, como precisa ser tratado com delicadeza e mais ênfase nas escolas, como mostram os principais autores que inspiraram esse breve estudo, como Foucault (1993), Louro (1997) e Rodrigues (2013).

    Não há possibilidade de o ambiente escolar ser um ambiente inerte a tais assuntos, visto que, o que se aprende e se vive na escola, é levado para os ambientes externos, bem como o contrário. Contudo, neste estudo, será tratado apenas a parte da troca em que o aluno leva do ambiente escolar para os demais, pois, tratar as outras partes, carece um estudo mais aprofundado, o que não cabe a este artigo especificamente.

    Observando esse universo a partir do que tem sido preconizado pela área dos Estudos Culturais, que tratam especificamente da categoria diferença. A partir principalmente, de olhares construídos sobre o estudo das relações étnico-raciais, bem como das variadas construções de gênero e de sexualidades presentes na sociedade e, em particular, no ambiente escolar.  E considerando as construções representativas sobre estes sujeitos na perspectiva da escola e dos próprios educadores.

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