Planejamento Estratégico: Do Clássico ao Contemporâneo
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Sobre este e-book
Vale a pena ler este livro, tê-lo sempre junto com seus materiais de elaboração de projetos de planejamento estratégico e recomendá-lo aos seus colaboradores da organização, alunos e clientes das consultorias.
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Planejamento Estratégico - Djair Pereira
APRESENTAÇÃO
A cada segundo temos mudanças no planeta que interferem de forma significativa no rumo das organizações. São mudanças sociais, ambientais e econômicas que obrigam os gestores das empresas a se prepararem e se adequarem de forma constante com soluções inovadoras para esse enfrentamento disruptivo. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO é um desses instrumentos de gestão inovadora que trarão a esses dirigentes de empresas um clareamento na mente de modo que consigam alcançar seus propósitos com uma boa definição de seus objetivos, metas, gestão dos processos e indicadores que manterão a organização no rumo desejado e planejado. Este livro PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO – DO CLÁSSICO AO CONTEMPORÂNEO: Conceitos, metodologias e aplicações traz de forma simples e direta os conceitos que fundamentam a base das funções do planejamento estratégico e a metodologia de sua elaboração e aplicação nas empresas. O livro proporciona aos Gestores de empresas, Estudantes de Ciências Aplicadas e Exatas, Consultores Organizacionais, Administradores de Projetos, Mentores de Líderes, e Profissionais de Tecnologia Digital conhecimentos fundamentais das funções do planejamento na gestão das empresas , tanto como fator integrador das funções administrativas, como integrador da empresa numa visão sistêmica. A empresa que não estiver atenta às mudanças do mundo ou não entender a significativa importância do planejamento estratégico na gestão dos seus negócios cairá fatalmente na armadilha da miopia organizacional. Esse tema é contemplado neste livro no capítulo que os autores tratam da miopia das organizações e a importância da construção de cenários projetivos e prospectivos. A riqueza de conhecimento e os temas contemporâneos tratados neste livro se consolidam nos capítulos que abordam os conceitos de estratégias da organização para o planejamento dos negócios, respondendo às questões Onde estamos? Para onde vamos?
baseados na teoria de Porter e nas teorias clássicas de posicionamento de mercado das organizações, investimento e expansão dos negócios, planejamento do processo de produção e a importância do desenvolvimento e treinamento de pessoas. Mas nenhum planejamento estratégico consegue sobreviver se os gestores não definirem corretamente os indicadores ou quocientes de avaliações que sinalizem se a organização está dentro da rota planejada ou quais são os pontos que necessitam de correções. O BSC-Balanced Scorecard , modelo de construção de indicadores em quatro perspectivas desenvolvidos por Kaplan e Norton, foi de forma muito feliz adequado aos conceitos de planejamento estratégico trazido no livro. O mundo não para. O planeta vive em constante mutações. Por isso o capítulo de encerramento desta riquíssima obra sobre planejamento estratégico trata sobre as tendências e novos caminhos para as organizações e para o planejamento estratégico.
Uma novidade: a cada capítulo deste livro você poderá fortalecer seus conhecimentos com as questões de revisão.
Vale a pena ler este livro, tê-lo sempre junto com seus materiais de elaboração de projetos de planejamento estratégico e recomendá-lo aos seus colaboradores da organização, alunos e clientes das consultorias.
Os Autores
Prof. Ms. Djair Pereira
Profa. Ms. Paula Rodrigues de Alencar
INTRODUÇÃO
Ao falarmos de planejamento estratégico, seus conceitos, metodologias e aplicações – é muito importante resgatarmos um pouco da história da administração, falando de conceitos sedimentados em Clausewitz, Taylor, Fayol, Ford, Drucker, Porter, Sloan, Ansoff, H. Mintzberg, Koontz, O´Donnel e outros estudiosos e grandes líderes empresariais que tanto valorizaram a função do planejamento para as tomadas de decisões.
Taylor e Fayol: o início
No início do século XX, por volta de 1911, os engenheiros F. Taylor e H. Fayol preconizaram a necessidade das organizações substituírem os métodos empíricos de administração por processos científicos, evitando dessa forma as improvisações na fabricação de produtos e nos controles industriais.
Taylor na identificação dos princípios de administração científica defendia a tese do desenvolvimento de uma abordagem científica no processo do trabalho de um indivíduo, substituindo as diretrizes gerais empíricas por trabalhos planejados.
Figura 1: Abordagem de F. W. Taylor: do improviso na produção para medidas científicas e modernas
Livro Princípios da Administração Científica , Filme Tempos Modernos (1936), Gettyimages (adaptada pelos autores)
Fayol, por sua vez, defendia a tese de que uma empresa é estruturada sob as funções administrativas, técnicas, comerciais, financeiras, de segurança e contábeis.
Figura 2: As seis funções básicas da empresa para Fayol
Livro: Administração Industrial e Geral, Henri Fayol ( adaptada pelos autores)l
Destacou a importância da função de administração, pois concentrava a essência de um processo de gestão. Para Fayol, a função administrativa era composta pelos elementos prever, organizar, comandar, coordenar e controlar.
Tratando-se de planejamento, via no elemento previsão, a visualização do futuro dos negócios permitindo assim, a possibilidade de se traçar programas de ações a médio e longo prazo.
Fayol somava também à necessidade da previsão das ações de uma empresa, as funções de organização, controle, direção e coordenação.
Assim, foram lançadas as primeiras sementes do planejamento nas empresas.
De alguma forma, as teorias científicas e clássicas da administração influenciaram toda a base empresarial que viria a seguir.
Henry Ford
Destaca-se a produção em série de Ford planejada para tornar o processo de fabricação de automóveis mais eficiente. A produção em série de Ford caracteriza pelos seguintes aspectos:
é um sistema de produção vertical produzindo desde a matéria-prima inicial ao produto acabado final.
A fabricação seriada do produto é planejada, ordenada e contínua.
O trabalhador permanece fixo numa estação de trabalho onde recebe as instruções e o material de produção.
Figura 3: Ford: a linha de produção em série
Fonte: https://assentopublico.com.br/ilusao-do-especialista-segundo-henry-ford/
Atribui-se também a Ford três princípios básicos para o sucesso da produção em série:
Princípio da intensificação: tempo de produção reduzido e rápida colocação do produto no mercado.
Principio de economicidade: trabalhar com estoque mínimo de matéria-prima, aumentar a velocidade de produção e aumentar a velocidade de venda do automóvel para que fosse recebido antes do pagamento dos insumos.
Principio de produtividade: fazer mais automóveis no mesmo período por meio da especialização do operário.
Alfred Sloan Jr.
Ao assumir a General Motors em 1920 introduziu os seguintes instrumentos de administração:
Planejamento: O modelo de divisões com duas funções: a) microeconômica, centrada no controle de produção; b) macroeconômica, responsável pela avaliação de índices econômicos, análise da sazonalidade, acompanhamento da concorrência e do mercado.
Formulação de políticas para os departamentos especializados.
Relações com os distribuidores: estudos dos clientes e rede de distribuição.
Atribui-se a Sloan a introdução do modelo descentralizado de organização da General Motors que, atualmente, são conhecidas como unidades de negócios.
Peter F. Drucker
Peter F. Drucker é certamente um dos maiores estudiosos dos princípios e políticas da administração moderna. Deixou inúmeras contribuições para a administração e dentro do universo do planejamento vamos focar os princípios da administração por objetivos (APO). A APO surgiu em 1954 em seu livro "Practice of Management". Abordaremos seus principais aspectos relacionados ao planejamento, onde afirma que:
Planejamento é um processo que começa com os objetivos e define planos para alcança-los.
A hierarquização do planejamento: o planejamento possui três níveis – estratégico, tático e operacional. O planejamento estratégico é de longo prazo, definido pela alta cúpula da organização; o planejamento tático é projetado para o médio prazo envolvendo as ações gerenciais e o planejamento operacional é para o curto prazo e abrange as tarefas ou atividades.
Os objetivos são resultados futuros e determina onde se pretende chegar.
Os objetivos são hierarquizados. A partir da definição dos objetivos os gestores deverão traçar as políticas, diretrizes e metas da organização.
Figura 4: Drucker: APO – Administração por Objetivos
Livro: Planejamento Estratégico – Fernandes e Pereira (adaptado pelos autores)
O planejamento estratégico e a APO – Administração por objetivos
Um ponto a ser observado é que, até esse momento marcante da APO, a função planejamento concentrava-se num espaço muito mais interno à organização. Entretanto, na década de 1970, a crise do petróleo, guerras entre árabes e israelenses, inflação, e altos índices de desemprego faz com que as organizações comecem a enxergar seus negócios de forma diferente.
Não bastava apenas traçar em seus planos as melhores decisões administrativas, operacionais e de vendas. Precisavam de algo mais estratégico. Necessitavam aumentar as relações entre a empresa e seu ambiente externo – mercado exterior, câmbio, novos comportamentos de clientes, novos insumos e ativação de relações internacionais.
Figura 5: Jornal da época com reportagem sobre a guerra que impactava as empresas
Fonte: Arquivo público do Jornal O Globo, outubro de 1973
Figura 6: Jornal da época mostrando o impacto no ambiente externo das empresas
Fonte: Arquivo público do Jornal o Estado de São Paulo, outubro de 1973
Os conceitos trazidos pela APO – Administração por objetivos alertou os gestores para a importância de se olhar o ambiente externo na elaboração dos planos organizacionais, elevando o desenvolvimento do planejamento para um patamar mais estratégico.
H. Igor Ansoff
H. Igor Ansoff, reconhecido na década de 1960 como a maior autoridade em administração estratégica alertava que em cenários de crise (guerra, p. ex.) as organizações deviam ter como preocupações as decisões estratégicas.
Na década de 1970 o mundo viveu uma imensa crise mundial de petróleo motivada pela guerra entre os países árabes, maiores detentores de poços petrolíferos.
Os países ocidentais, principalmente, não estavam preparados para a alta do petróleo e suas empresas sem alternativas estratégicas em seu planejamento viram seus mercados impactados pela alta do petróleo, refletindo diretamente em seus resultados.
São situações que reforçaram a importância do planejamento estratégico nas organizações, instrumento valioso na minimização das incertezas e riscos.
Reportagem
A Guerra do Yom Kippur foi um conflito ocorrido em 1973 entre israelenses e árabes, na fronteira entre Israel e Egito, próximo ao Canal de Suez. Disputava-se o domínio das terras próximo ao canal. Os israelenses construíram várias fortificações na fronteira com o Egito, e isso provocou uma reação militar por parte dos árabes.
O nome da guerra se refere ao feriado judaico do Yom Kippur, o Dia do Perdão, celebrado em 6 de outubro, data do início dos combates. A principal consequência da Guerra do Yom Kippur foi o aumento do preço do barril de petróleo, o que causou crises econômicas em vários países ocidentais, como o Brasil.
Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/guerra-do-yom-kippur.htm
Ao caminhar para a tomada de decisões estratégicas, segundo Ansoff, as preocupações da empresa deveriam englobar os problemas externos e internos à organização, buscando um equilíbrio de impedância
entre a empresa e o seu ambiente. As empresas deviam focar na busca do equilíbrio entre os recursos disponíveis na organização (ambiente interno) e os objetivos e metas a serem conquistados (ambiente externo).
Figura 7: Equilíbrio de impedância: o equilíbrio nas forças internas e externas
Fonte: https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/equilibrio
Surge assim, o planejamento estratégico
onde os administradores substituíram a simples visualização do futuro da organização, por instrumentos de gestão que possibilitem a análise e o entendimento dos ambientes interno e externo à organização.
Figura 8: Planejamento abrindo uma janela para o mundo
Fonte: https://www.publicdomainpictures.net/pt/view-imagephp?image=282742&picture=janela-aberta-transparente
Nesse novo conceito de planejamento a organização abre uma janela para o mundo e dialoga com o ambiente externo aos seus negócios, como políticas públicas, novos mercados e com a economia global.
Glossário:
Equilíbrio de impedância é uma expressão apropriada por Ansoff da engenharia elétrica. É a medida da capacidade de um determinado circuito, de resistir ao fluxo de uma determinada corrente elétrica, quando aplicada tensão em seus terminais.
1. AS FUNÇÕES DO PLANEJAMENTO NA GESTÃO DA EMPRESA
1.1 Conceito de planejamento
Para se entender a necessidade da função de planejamento e a importância de sua aplicação aos negócios podemos recorrer à fábula Alice no país das maravilhas
de Lewis Carroll e atentarmos para o diálogo de Alice com o Gato Cheshire, após cair num tremendo poço na perseguição ao coelho branco.
Acompanhem o diálogo:
[...] Alice indaga o Gato Cheshire... pode me dizer qual caminho devo tomar?
Isso depende muito para onde quer ir –