O Genograma na Atenção Primária

De Paula Penteado

Os determinantes da desigualdade dos padrões de saúde e doença da população estão atrelados ao contexto social no cenário do município do Rio de Janeiro. Na APS, o uso de ferramentas de abordagem familiar como o Genograma mostra-se um importante instrumento do reconhecimento do contexto e suas redes de relações para proporcionar uma leitura e compreensão das dimensões dos processos de saúde e doença.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 28 de mai. de 2024
• ISBN: 9786527029069

Pré-visualização do livro

capaExpedienteRostoCréditos

Dedico esse trabalho à minha família.

Vocês são minha base.

Aos profissionais de saúde.

AGRADECIMENTO

O significado desse processo é muito maior do que a conclusão do mestrado profissional em si. Ele trata da ousadia e perseverança em superar uma barreira totalmente nova e desconhecida. Sem entender a história do SUS e sem a compreensão do tamanho da importância da Atenção Primária a Saúde, lancei-me nesse desafio buscando abrir um novo caminho fora da zona de conforto, expandindo conhecimento e diversificando minha atuação profissional.

Apesar do desespero inicial de achar que não conseguiria, comecei a formatar a importância da Atenção Primária e entender que essa é a porta de entrada para o acesso à saúde para a população geral. Outro entendimento de extrema importância, foi assimilar o tamanho do SUS, sua universalidade e características. Dentre as formas de sistemas de saúde, a universal, no meu conceito, se mostrou a mais eficiente e justa de todas. Apesar das dificuldades enfrentadas pelo sistema, que são várias, principalmente de ordem econômica e política, o sistema tenta cumprir sua função de forma exemplar.

Agradeço de forma sincera a todos as pessoas envolvidas no meu processo de aprendizagem, desde o processo seletivo onde, nitidamente, minha imaturidade era perceptível em relação ao tema da Atenção Primária. Mesmo assim, fui selecionada por acreditarem que eu poderia ultrapassar essa barreira. E, não com facilidade, a transpus. Minha história em relação ao mestrado é longa e marcada pelo receio. Após três tentativas frustrantes, por ter chegado muito próxima em duas delas, o mestrado significava uma divisão de águas para mim, que sempre foquei minhas especializações para a clínica. Sentia que o mestrado seria um luxo e não uma fonte de aprendizado concreto a ser empregado na prática, onde se instala meu genuíno interesse. Nesse sentido, foi uma surpresa e um prazer descobrir que poderia utilizar todo o aprendizado na linha de frente. Por isso, a experiência do mestrado se tornou ímpar e muito positiva.

Agradeço especialmente a todos os professores que colocaram seu tempo e investimento, com muita paciência para que eu pudesse aprender.

À minha família, Marcello, Luca, Gabriel e Laura, pelo respeito e apoio nos momentos de muito investimento onde faltei com eles para produzir esse trabalho.

Ao meu apoio irrestrito, Adriana, Tânia, Renata e Simone.

Aos Prof.ª Dr.ª Katia Edmundo e Prof. Dr. Carlos Henrique que fizeram minha seleção.

Aos meus queridos colegas de todas as turmas, principalmente a de 2021.1, que me apoiaram e deram total suporte nos momentos de tensão e dúvidas e que sempre estarão de forma carinhosa guardados na minha memória: Angélica, pronta para tudo; Dani, sabedoria pura; Flavinho, parceiro master e rei da tecnologia; Gerfersson, mega companheiro; Ju, alegria; Kátia, empatia total desde o início; Sthefania, nossa base de inteligência emocional; Thaís, confiança; Vivi querida demais e toda a turma sempre muito junta. Com eles percebi que estávamos todos no mesmo barco e juntos fazendo fluir.

À banca de qualificação: Prof.ª Dr.ª Elaine e Prof.ª Dr.ª Luciana, maravilhosas e acolhedoras.

À banca de defesa, Prof.ª Dr.ª Maria Tereza da Costa e Prof.ª Dr.ª Luciana Borges.

À Prof.ª Dr.ª Maria Tereza, pela firmeza e sabedoria.

Ao Prof. Dr. Roberto Fuchs, equipe e as coordenações que participaram pela gentileza e disponibilidade.

Ao CEDAPS, à Fundação Vale e à Universidade Estácio de Sá e colegas do projeto, pela oportunidade única de participar do projeto Ciclo Saúde, projeto incrível que além de fortalecer a Atenção Primária em diversas localidades fortaleceu meu aprendizado de forma única.

À minha orientadora, principalmente, Prof.ª Dr.ª Katia Edmundo, um agradecimento muito especial pelo carinho, dedicação, acolhimento, paciência e por acreditar que eu poderia fazer parte de tudo isso. Desde o começo.

E a todos que não mencionei aqui, mas que estão ativamente presentes no meu coração e participaram, mesmo que indiretamente, para esse projeto.

"Viver é isto: ficar se equilibrando o

tempo todo, entre escolhas e consequências".

Jean-Paul Sartre

LISTA DE ABREVIATURAS

APRESENTAÇÃO

O início da minha relação com a saúde pública se deu logo após a conclusão da minha graduação em Psicologia, no começo das especializações clínicas, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. O foco não era o conceito e nem o manejo da saúde pública, e sim os atendimentos psicológicos supervisionados no ambulatório do hospital-escola no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IPUB. Na época, deparei-me com as dificuldades e limitações da Atenção Primária à Saúde, ao mesmo tempo em que percebi a grandeza do sistema de saúde pública, sua universalidade e seu poder de abarcar e acolher uma quantidade enorme de pessoas tão carentes em vários sentidos.

Durante as especializações, que se estenderam por quatro anos no hospital público, tive a oportunidade de me relacionar com vários protagonistas de profissões distintas, o que muito enriqueceu meu contato direto com a população. Com o decorrer do tempo, fui percebendo uma discrepância significativa entre o que está escrito nas políticas de saúde pública e a realidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Somado a isso, observei que as condições de vida, saúde, alimentação e trabalho são histórica e socialmente construídas e determinantes na desigualdade dos padrões de saúde e doença da população. Concluí, então, que as questões políticas e econômicas são muito relevantes para o contexto social.

As experiências empíricas absorvidas durante esse período foram cruciais para a construção do objeto de pesquisa deste estudo. O espaço considerável entre a necessidade da população, a oferta e o refinamento do serviço público chamam a atenção e fomenta a necessidade de pensarmos em cuidados mais eficazes na Atenção Primária à Saúde. As dificuldades encontradas, tanto estruturais quanto pessoais, no dia a dia de trabalho, mostraram-me com mais ênfase a necessidade de intensificar e expandir a qualidade dos atendimentos.

Profissionais com altas demandas, inúmeros pacientes e locais de trabalho precários tornavam, às vezes, o atendimento delicado e tenso, com pouco tempo e espaço para questionamentos e reflexão e em relação à qualidade e ao aprofundamento das questões familiares tão relevantes no apoio ao tratamento de doenças e à manutenção de hábitos saudáveis na Estratégia Saúde da Família (ESF).

Em meu percurso acadêmico e profissional, o uso do Genograma sempre se fez presente. Inicialmente foi aplicado nos próprios psicoterapeutas em formação e, depois, na clínica e nos estágios ao cuidar dos pacientes. A chegada ao mestrado profissional em Saúde da Família concretizou a possibilidade de aprofundar o entendimento do Genograma aplicado à