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O imortal
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E-book118 páginas2 horas

O imortal

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Sobre este e-book

Ele não é um vampiro, mas, acaba de completar 533 anos. A vontade de morrer é a única coisa que o mantém vivo. Até que alguém surge em sua vida… alguém capaz de mudar tudo. Deixe-se transportar para o Vale do Loire e descubra que o amor verdadeiro existe, independente do tempo e do espaço. Desvende os segredos por trás da imortalidade e deixe-se apaixonar por esse romance imortal.
IdiomaPortuguês
EditoraBookerang
Data de lançamento28 de abr. de 2013
ISBNB00CKSNCBE
O imortal
Autor

Vanessa Bosso

Olá, seus literalindos! Meu nome é Vanessa Bosso e a literatura é minha segunda paixão na vida. A primeira, sem dúvida, é a minha família. Sou formada em publicidade, propaganda e marketing, coaching emocional e terapia cognitiva e comportamental. Neste momento do tempo-espaço, estou estudando física quântica, neurociência, teoria da simulação e outras loucuras do bem. Onde isso vai me levar? Só o universo sabe... mas uma coisa é certa: muitos livros serão escritos no futuro. Conecte-se comigo

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    O imortal - Vanessa Bosso

    metade.

    UM

    Vale do Loire - França.

    15 de Fevereiro de 2010.

    Escrevo neste maldito diário mais um dia da minha melancólica e malfadada vida no planeta Terra.

    Estou cansado de tudo e a vontade de morrer é a única coisa que me mantém vivo neste momento.

    Acabei de combinar alguns novos elementos no tubo de ensaio. Nada chega nem próximo ao que ocorreu naquela fatídica noite.

    Nunca me senti tão só em toda a existência. A solidão me esfaqueia todos os dias com sua navalha afiada e faz sangrar meus ouvidos com seu riso excruciante.

    O ranger da porta do laboratório me desconcentrou. Pierre, meu amigo e mordomo, trouxe uma bandeja com chá e biscoitos que deixavam um rastro de canela no ar.

    Pierre não se demorou e saiu batendo a porta atrás de si. Caminhei até a poltrona de couro e deixei-me cair displicentemente. Enquanto pensava no passado distante, avaliava as opções futuras. Não eram muitas, mas todas válidas.

    O chá queimou-me a língua, trazendo a realidade à tona de maneira dolorosa. Liberei alguns impropérios antes de morder um biscoito de canela recém-saído do forno. Pierre cozinhava melhor a cada ano.

    Aproveitei o descanso e dei uma boa olhada ao redor, imerso em desalento. O laboratório era o mesmo desde a época do meu pai. A estante repleta de livros empoeirados, os armários com portas de vidro contendo diversos elementos químicos, os móveis anacrônicos que sobreviveram por mais de setecentos anos e as paredes que sustentavam pinturas e gravuras dos mais conceituados artistas dos séculos XIV, XV e XVI.

    Se alguém visse esse castelo nos dias de hoje, poderia jurar que se trata de um mausoléu. Sempre pensei em mudar a decoração, mas nunca o fiz de fato. Mudanças me deixam nervoso.

    Fitei a bancada de mármore por onde se espalhavam béqueres e tubos de ensaio. Fui tomado por uma sensação de impotência alarmante e levantei da poltrona num salto.

    Caminhei até a janela mais próxima e descortinei os belos jardins renascentistas do lado de fora. A paisagem era imutável como minha própria vida.

    Um suspiro derrotado emanou do fundo do meu peito. A vontade era de berrar até perder a voz ou a consciência. Resignado perante meu fracasso, não gritei. Deixei apenas que duas lágrimas amargas e ácidas rolassem pelo meu rosto esmaecido.

    Pierre bateu à porta e trazia o telefone sem fio em mãos. O tal aparelho fazia parte do pacote de novidades tecnológicas deste palácio afundado em velharias.

    Peguei o aparelho, exasperado. Num tom de irritação, atendi ao homem e a urgência era devida. A contragosto, concordei com a reunião. Nunca gostei de visitas, pessoas sempre me deixam nervoso.

    Sem dizer palavra, Pierre girou nos calcanhares com seu topete endurecido sobre a testa, dirigindo-se à porta do laboratório. Cruzei os braços e bufei, infeliz:

    ∞∞∞∞∞

    Pierre é como um irmão e se cheguei vivo até o século XXI, o crédito é todo dele. Pensei em suicídio milhares de vezes, mas levei a ideia adiante em apenas oito ocasiões. Ele estava lá para me impedir em todas as tentativas.

    Fisicamente, Pierre é uma figura que aparenta beirar os quarenta anos. Seus cabelos escuros e bem cortados sustentam um topete alto, conferindo-lhe uma aparência distinta. Os olhos amendoados são daqueles que emitem uma luz vibrante, uma chama que se apagou apenas uma vez. Naquele dia, pensei que ele não suportaria continuar a jornada.

    Meu melhor amigo é um homem raro, desses que se apaixonam apenas uma vez na vida. Dedicou cerca de trinta e cinco anos a uma única mulher: a belíssima e espirituosa Catarina.

    Um único amor por toda a existência eu até compreendo, mas apenas uma mulher na cama? Isso soa melodramático ao extremo, mas Pierre tem razão: não devo me meter nesse assunto.

    Sempre diz ter encontrado em Catarina sua alma gêmea e nunca entendi muito bem essa definição. Seriam pessoas iguais ou totalmente opostas? Sinceramente, acredito que nunca saberei.

    Ainda no laboratório, observei a reação química ocorrer dentro de um tubo de ensaio. A combinação de três elementos liberava uma névoa densa e acalorada. Estava nítido que o experimento não daria certo e senti a frustração crescendo por não conseguir obter o resultado desejado.

    Num acesso de fúria, botei tudo abaixo. O barulho dos vidros se estilhaçando trouxeram Pierre de volta.

    Para variar, meu amigo estava com a razão. Ainda assim, eu não poderia simplesmente desistir. Caso o fizesse, a vida perderia o sentido por completo. A esperança era o que me mantinha são e salvo na maior parte do tempo.

    ∞∞∞∞∞

    O palácio é gélido como meu espírito. O monumental pé direito é o que garante o clima frio o ano todo. As inúmeras lareiras espalhadas pelo castelo não dão conta de aquecer os ambientes e por esse motivo, Pierre comprou dezenas de aquecedores a óleo.

    Em estilo Renascentista, o château foi projetado em formas medievais francesas, com algumas interferências clássicas italianas. O ponto central dessa obra magnífica é a escadaria principal em tripla hélice, desenhada por Leonardo da Vinci.

    O castelo é arborizado por oito mil acres e possui dois lagos naturais, sendo que sobre um deles uma ponte de arcos faz ligação entre a suntuosa varanda do piso térreo e a garagem. O muro que cerca a propriedade tem cerca de quinze milhas de extensão e esse monumental edifício já viu dias melhores. Larguei mão, como costumam dizer hoje em dia.

    Abri a porta da oficina no subsolo do castelo e me sobressaltei com o caos instaurado. Antes de qualquer coisa, precisava colocar ordem na bagunça. Esse era o único local proibido a Pierre. Portanto, a limpeza e arrumação ficavam por minha conta e risco.

    Saltei um monitor e duas bobinas, aproximando-me da invenção. Apesar de não saber se um dia funcionaria, eu a acariciava como um animal de estimação, ciente das possibilidades para o caso de sucesso.

    Cursei várias faculdades e me aperfeiçoei em diversos campos da ciência. Após minha última conversa com Einstein, estava certo de que deveria continuar tentando.

    Procurei o caderno sobre a mesa apinhada de livros e anotações. A capa vermelha e dourada se apresentou debaixo de uma pilha de manuscritos sobre mecânica quântica.

    Folheei vagarosamente as páginas amareladas. Entre as fórmulas matemáticas e divagações sobre o continuum espaço-tempo, as anotações de Einstein ainda estavam em perfeito estado.

    Ambos tínhamos dúvidas quanto à energia a ser utilizada. Ele acreditava que com a nuclear, atingiríamos o resultado almejado. Já eu, pendia mais para o lado da energia quântica. Foi uma pena quando meu grande amigo morreu. Ele sim deveria viver para sempre.

    Revisei dois circuitos antes de voltar a consultar o livro de capa vermelha e dourada. A máquina estava praticamente pronta após cinquenta anos de trabalho braçal.

    Fechei o caderno e preenchi os pulmões com o ar viciado da oficina. A arrumação não poderia esperar. Joguei um pano preto sobre o maquinário e parti para uma empreitada de algumas horas no meio da poeira e do mofo.

    Ao final da jornada, eu estava quebrado. Já era tarde da noite quando o cansaço físico me arrebatou e deixei-me cair sobre uma montanha de plásticos bolha que se amontoava num dos cantos da oficina. O sono veio sem pedir licença e me entreguei, sem lutar.

    Sonhei com um tempo desconhecido. Estava nos jardins do castelo, colhendo flores a esmo. Uma mão sedosa tomou a minha de assalto e me sobressaltei. Seu rosto estava coberto por um véu dourado e ela usava um vestido cor de anis. Eu

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