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Um Amor Para Nós - Livro 3 - Série Mulheres da Máfia
Um Amor Para Nós - Livro 3 - Série Mulheres da Máfia
Um Amor Para Nós - Livro 3 - Série Mulheres da Máfia
E-book670 páginas10 horas

Um Amor Para Nós - Livro 3 - Série Mulheres da Máfia

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Sobre este e-book

Um Amor Para Nós - Livro Três - Série Mulheres da Máfia O munda dá voltas e agora é ele quem corre atrás do seu amor. Depois de se decepcionar pela milésima vez com Aquiles, Bella finalmente resolveu seguir a sua vida em frente e dar uma chance para conhecer novas pessoas e quem sabe entregar o seu coração para alguém que realmente a ame, por isso ela deixou Nova York para trás e refugiou-se em Verona a cidade de Romeu e Julieta a, a cidade dos apaixonados e para curar um coração partido nada melhor do que o maior amor do universo. Será que ela finalmente vai conseguir acalentar a sua alma e encontrar alguém que mereça o seu amor? Ou o destino fará com que ela se perca nos braços do homem por quem o seu coração sempre pertenceu? Bella precisa fazer as suas escolhas. Ela escolherá um amor romântico e descomplicado ou as complicações de se tornar uma mulher da máfia?
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de mar. de 2022
ISBN9781526043191
Um Amor Para Nós - Livro 3 - Série Mulheres da Máfia

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    Um Amor Para Nós - Livro 3 - Série Mulheres da Máfia - Nadine Lima da Silva

    Capítulo I

    Isabella Strazeri:

    — Por que você tem que ser tão fofa? – Perguntei pegando a pequena Chiara no colo, aquela garotinha de bochechas gordas e olhos azuis deixava qualquer um babando por ela, com certeza ela se parecia muito com a mãe e eu sentiria falta dela e de Ivana, pois, ela era a minha melhor amiga. — Zia Bella irá sentir saudades de você, terá que me prometer que me visitará em Verona, irei levar você para conhecer a Casa de Julieta e nós com certeza deixaremos uma carta lá, mas, sem o seu pai saber, ele irá arrancar o meu fígado se souber que eu estou colocando essas ideias na cabeça da garotinha dele.

    — Você tem certeza que irá para Verona? – Perguntou Ivana encarando-me. — Sabe que Nova York é a sua melhor escolha, há tantas galerias na cidade que adorariam ter uma artista como você e poderá continuar ajudando a máfia com os seus dons secretos. Seu pai não se opõe mais a isso Bella e você não precisa se exilar em Verona.

    — Eu quero voltar as minhas origens, toda a família da minha mãe é de Verona, quero um pouco de paz, estou cansada dessa vida na cidade grande. – Respondi brincando com a criança nos meus braços. — Eu iria fazer 27 anos, estou ficando velha e quero um pouco de paz para o meu coração, não tenho mais vontade de continuar em Nova York, os últimos dois anos foram demais pra mim.

    — Você está fugindo da cidade ou de Aquiles? – Retrucou ela cruzando os braços e fazendo com que eu engolisse a seco, no fundo eu sabia que estava fugindo de Aquiles, não queria ter de assistir ele se casando com outra mulher, aquilo ainda machucava por mais que eu já tivesse conformada, eu não era masoquista para ver o meu primeiro amor casando-se com outra. — Por que há uma enorme diferença entre essas coisas?

    — Estou fugindo dos dois. – Respondi sinceramente abrindo um sorriso para que ela não desconfiasse da minha tristeza. — Ele tem uma vida e eu não irei ser a louca que o persegue mesmo depois dele ter deixado muito claro para todos que eu sou apenas uma garota mimada que nunca despertou o seu interesse e que ele só me dava atenção porque Ares o mandava fazer isso. Eu tenho o meu orgulho Ivana, preciso pelo menos manter ele intacto, acho que isso foi a única coisa que Aquiles não conseguiu destruir. Preciso de distância de todos, preciso crescer e saber que eu posso cuidar de mim, eu quero viver um romance sem o peso do mundo nas minhas costas. Eu quero um amor como o seu e de Ares que superou suas diversidades, eu quero um amor como o de Apolo e Nalla. Eu mereço isso. Quero brincar de Julieta pelo menos uma vez na minha vida.

    — Você merece qualquer coisa. Só não se mate no final ou eu irei ao inferno para bater na sua cara. – Bradou ela apertando a minha mão sobre a mesa. — Mas, eu irei sentir saudades, você é a minha fiel escudeira, Nalla está sempre ocupada com todos os problemas da máfia e da empresa, estou de licença do hospital e agora você vai voltar para a Itália. Irei me sentir solitária nessa casa enorme.

    — Você pode convencer o seu marido e ir me visitar, irei adorar receber vocês. – Avisei sorrindo. — E podemos nos falar todos os dias por chamada de vídeo, não irei deixar com que você me abandone Ivana Marino, você é a minha melhor amiga, não tem o direito de me trocar por ninguém.

    Ela gargalhou e concordou e nós continuamos a conversa, eu sabia que deveria estar em casa terminando de empacotar as minhas coisas, meu voo seria naquela madrugada e eu não tinha feito absolutamente nada, acho que no fundo eu ainda tinha uma esperança que Aquiles aparecesse em uma cavalo branco e falasse que me amava, uma linda ilusão que nunca iria acontecer e por esse motivo eu não tinha dito para ninguém que estava fugindo como uma criminosa no meio da madrugada, eu nunca gostei de despedidas, queria que todos se lembrassem apenas do meu sorriso, pois, eu não tinha a intenção de voltar para Nova York.

    — Senhora Marino, o senhor Aquiles. – Avisou a governanta fazendo com que o meu coração parasse por uma batida, eu não o via desde que ele tinha anunciado o casamento, eu não o via a mais de quatro meses e eu queria que essa distância continuasse. — Ele está a esperando na sala.

    — Diga para ele vir me encontrar no jardim, Lize. – Pediu Ivana sorrindo. — Está um lindo dia de primavera para me encontrar com alguém dentro de casa, a não ser que Bella tenha algum problema com isso.

    — Bella não tem nenhum problema, já que eu estou de saída. – Avisei levantando-me e colocando Chiara no colo da mãe que me encarava com uma sobrancelha arqueada. — Vim apenas fazer uma visita rápida, tenho muito para resolver antes de voltar para a Itália. Ligo para você mais tarde.

    — Você é uma covarde. – Provocou ela e eu apenas dei os ombros. — Não pode continuar fugindo Isabella.

    — Posso e irei. – Avisei sorrindo. — Até mais Ivana.

    Não esperei ela responder e comecei a cruzar o jardim, eu poderia usar a saída dos fundos para não dar de cara com ele, mas, isso seria estranho e eu não queria ninguém comentando sobre a minha vida, principalmente se isso envolvesse Aquiles Marino, ele já tinha me humilhado o suficiente para eu deixar com que isso me afetasse.

    — Senhorita Strazeri, os seguranças estão trazendo o seu carro. – Avisou Lize quando eu entrei na sala e por proteção divina não esbarrei com certas pessoas, ele deveria estar no escritório com Ares. — Por favor, espere aqui dentro, está quente demais no sol.

    — Obrigado Lize. – Agradeci cruzando os meus braços e sorrindo. — Não me importo em pegar um pouco de sol, vitamina D faz bem para o corpo.

    Ela sorriu e saiu um pouco desanimada, eu dei uma olhada em volta e caminhei a passos lentos na direção da porta.

    — Isabella. – Chamou aquela voz aveludada me deixando transtornada, respirei fundo e me virei lentamente colocando o meu sorriso mais artificial, mas, era impossível ficar imparcial perto de Aquiles, ele parecia estar ainda mais bonito, o corpo atlético dentro do terno de marca, os cabelos bem aparados, aquela barba que lhe dava um ar relaxado e aqueles malditos olhos azuis que sempre fizeram com que qualquer mulher suspirasse. — Olá.

    — Olá senhor Marino. – Cumprimentei formalmente, aquele era o nosso relacionamento desde a nossa última conversa e era melhor ver mantido desta forma. — Precisa de alguma coisa? Estou de saída.

    — Eu pensei que depois de tanto tempo esse maldito o senhor Marino seria deixado de lado, mas, parece que você é uma mulher rancorosa. – Falou ele deixando-me irritada, ele não tinha o direito de me caluniar daquela maneira, depois de tudo que ele me disse iria querer um tratamento de deus, eu também não tinha sangue de barata. — Não esperava encontrar você aqui, fiquei sabendo que a nova exposição está fazendo muito sucesso, você deve estar feliz com os holofotes todos em você, conseguirá ainda mais prestígio nessa temporada. Estou feliz por você. Eu vim entregar o convite do casamento para Ares e Ivana, tenho o seu comigo, espero que possa comparecer, não quero que isso interfira na nossa amizade.

    — Eu a vendi. – Disse cruzando os meus braços. — Não estou mais interessada nesse ramo da arte que apenas visa o lucro, estou cansada de pessoas hipócritas. Realmente preciso ir, foi um prazer rever você senhor Marino, infelizmente eu não irei poder comparecer ao seu casamento, estou voltando para a Itália, mas, obrigado por lembra-se de mim. Boa tarde.

    Puxei o maldito papel ornamentado das suas mãos e lhe dei as costas, aquilo era humilhação demais, mas, eu era uma dama e não iria surtar por conta de mais uma das provocações de Aquiles, já tinha me acostumado com aquelas, ele parecia gostar de me ver triste.

    — Bella. – Chamou Ivana entrando na sala e fazendo com que eu murchasse os meus ombros, ótimo eu teria que continuar naquela situação constrangedora. — Você esqueceu de confirmar a sua presença no jantar dessa noite, Nalla irá ficar irritada com você se for embora sem se despedir dela.

    — Avise para a sua irmã ir me visitar na Itália. – Pedi sorrindo e vendo-a rolar os olhos. — Tenho planos para essa noite, peça desculpas a Nalla por mim, tenho que ir.

    Saí dali rapidamente, estava cansada demais daquela situação para continuar o encarando, mas, antes de descer as escadarias consegui o ouvir perguntar para Ivana se eu estava deixando o país e eu não esperei para ouvir a sua resposta.

    — Senhorita Strazeri está tudo bem? – Perguntou um dos soldados quando me entregou a chave do carro. — Quer que eu a leve até a cidade? Tenho certeza que o senhor Marino não se importaria com isso.

    — Está tudo bem. – Respondi sorrindo, na verdade estava tudo péssimo, eu apenas não queria que ninguém me visse chorar, aquilo era humilhante demais, sofrendo por conta de um homem que não queria nada comigo e apenas brincou com os meus sentimentos para manter o bom relacionamento das nossas famílias. — É apenas uma queda de pressão por conta do calor, ficarei bem. Obrigada pela preocupação e não fale isso para a sua patroa, ela pode encher o meu saco por conta desse pequeno imprevisto.

    Entrei no carro e joguei a minha bolsa e o maldito convite no banco do carona e saí cantando pneus, queria distância dos Hamptons e um oceano inteiro de distância de Aquiles Marino. Liguei o som no volume mais alto para não consegui ouvir nem os meus pensamentos e segui pela estrada principal, eu tinha umas duas horas de viagem para colocar a minha cabeça no lugar e esquecer daquele encontro.

    — Mamma estou dirigindo. – Avisei quando atendi o celular pelo comando no volante, eu não gostava de falar quando eu estava dirigindo. — Posso ligar para você quando chegar em casa?

    — Estou apenas ligando para avisar que a casa está pronta querida. – Avisou ela deixando-me mais aliviada, não queria ter que parar em Roma e ficar alguns dias, papà iria tentar me convencer de que aquilo era mais uma das minhas loucuras e que eu tinha que procurar por um marido e não pela minha paz interior. — Os empregados já estão sabendo da sua chegada, então não se preocupe com nada, pois, mamma cuidou de tudo para você.

    — Grazie mamma. – Agradeci sorrindo antes de me despedir dela e encerar a ligação. — Vida nova para você Isabella Strazeri, vamos ligar o reset e começar tudo de novo, pois, você merece isso.

    Entrei no prédio onde eu estava morando nos últimos dois anos e joguei o maldito convite no primeiro lixeiro que achei e cumprimentei o porteiro antes de entrar no elevador e digitar a minha senha, Ivana cuidaria de devolver as chaves para o proprietário como eu tinha lhe pedido e venderia o meu carro, eu já tinha cuidado do resto das coisas naquela manhã, assinado os últimos papeis de transferência da galeria, fechado todas as minhas contas na cidade e dispensado os meus empregados. Apesar das dificuldades tinham sido dois anos fantásticos e eu sentiria um pouco de saudades, mas, aquele era a coisa mais certa a se fazer, eu precisava daquilo, precisava me sentir livre, saber que eu poderia viver sem a proteção de todos e em uma cidade completamente diferente do meu habitual, eu precisa descobrir quem era a verdadeira Isabella Strazeri não a garotinha que estava acostumada a ter tudo nas suas mãos quando quisesse ou correr para os braços protetores das pessoas a minha volta quando me sentisse acuada com algo, eu precisava saber o que eu realmente era capaz de fazer sozinha, usando as minhas forças e sem precisar de ninguém.

    Capítulo II

    Isabella Strazeri:

    As malas sobre a minha cama estavam praticamente fechadas, eram poucas as coisas que eu levaria comigo dali, se eu queria uma nova vida, teria de deixar aquelas coisas para trás e eu iria para Verona, não precisaria de vestidos de festa luxuosos ou saltos, eu queria começar com o básico, focar a minha arte e tentar ser feliz isolada de qualquer problema do mundo externo, não queria mais me envolver com a máfia, não queria saber os negócios da família, eu queria apenas aprender a ser eu. Queria ser apenas a Isabella que amava fazer esculturas e pintar quadros, a garotinha que tinha se perdido por conta de um homem que nunca teve a intenção de retribuir esses sentimentos e ela foi se moldando aos seus caprichos apenas para o agradar. Eu precisava desse tempo sabático para conhecer a mim.

    O interfone tocou quando eu estava terminando de arrumar a última mala.

    — Aquiles Marino. – Confirmou o porteiro fazendo com que eu respirasse fundo. O que diabos ele estava fazendo no meu prédio? — Ele está falando que vocês são amigos próximos, posso liberar a entrada dele senhorita Strazeri.

    — Não conheço ninguém com esse nome. – Avisei apertando com força o interfone. — Se ele insistir em subir, chame a polícia. Boa noite.

    Coloquei o aparelho no gancho e voltei para o meu quarto, a banheira já deveria estar pronta e eu precisava relaxar um pouco, seria um longo voo de volta para Verona, com conexão em Roma e troca de aeronave. A água morna com certeza fazia bem aos meus músculos doloridos e a taça de vinho a minha saúde mental, enrolei-me no roupão e calcei as minhas sandálias de pelúcia antes de sair do banheiro secando os meus cabelos e os amarrei em um coque frouxo e voltei para a minha tarefa.

    Me assustei quando um barulho na cozinha chamou a minha atenção, peguei a arma que papà tinha me dado por segurança e estava guarda dentro do meu criado mudo e saí a passos lentos na direção da cozinha. Sabia que aquela arma era apenas para assustar as pessoas, eu tinha uma péssima pontaria, porém, ninguém precisava ficar sabendo, pelo menos até eu conseguir chamar a polícia ou me trancar em um local seguro.

    — Você pode abaixar essa arma, eu realmente não gosto de ser ameaçado enquanto cozinho. – Pediu Aquiles me deixando perplexa. Como diabos ele tinha conseguido subir? — Não fique tão supressa assim, não fiz nada contra o pobre porteiro, eu apenas o subornei, qualquer pessoa tem o seu preço e posso falar que ele é bem barato e acredita no amor.

    — Dê o fora do meu apartamento antes que eu chame a polícia. – Mandei colocando as mãos na cintura. — Achei que tivesse entendido que eu não queria vê-lo, já que eu pedi para que não o deixassem subir.

    — Como você vai provar que eu invadi? – Perguntou ele enquanto picava os legumes que estavam sob a bancada. — Com certeza o porteiro vai falar que você me conhece e os policiais vão achar que eu estou apenas cozinhando para uma velha amiga. Sente-se, está quase pronto, estou fazendo capeletti in brodo, para a nossa última refeição juntos. Se não estou enganado é o seu prato preferido.

    — Cortei carboidratos da minha dieta. – Avisei cruzando os meus braços irritada, ele não tinha o direito de invadir a minha casa e me preparar uma refeição, isso era contra qualquer proteção que eu tinha construído sobre o meu coração. — E tenho um compromisso, então por favor vá embora e leve os capeletti com você, não preciso que cozinhe pra mim, eu sei usar o micro-ondas e se quiser comer, posso pagar uma refeição em um maldito restaurante.

    — Já passa das dez da noite, então é importável que você tenha qualquer compromisso e eu tentei ser gentil, mas, parece que você não consegue controlar a sua língua, preferia quando você gaguejava quando me encontrava, era mais fácil lidar com você. – Falou ele largando a faca e vindo na minha direção me encurralando sobre a bancada da cozinha. — Se está saindo da cidade por minha causa, não precisa fazer isso, você tem uma vida em Nova York e a cidade e grande o suficiente para nós dois conseguimos morar nela sem os esbarramos em todos os cantos.

    A gargalhada que saiu dos meus lábios não apenas me surpreendeu, mas, fez com que ele fechasse a cara e coloque os braços me prendendo quando eu tentei sair de perto dele.

    — Por sua causa? – Perguntei debochadamente. — Não me faça rir Aquiles, você não é tão importante assim. Estou indo embora porque eu quero, minha vida não se resume a você e se era isso que queria falar quando invadiu o meu apartamento, já falou, você sabe onde fica o elevador e eu não preciso ser cordial, pois, eu sou apenas a garotinha mimada que você tinha que aturar por ordem do seu irmão mais velho. Eu realmente tenho um compromisso pelo qual não quero me atrasar e leve essa comida com você, não irei comer qualquer coisa que saia das suas mãos, pode estar envenenado.

    Pisei no seu pé com força e saí e consegui espaço para sair de perto dele, aquilo não fazia bem a minha sanidade, mas, não seria tão fácil me livrar dele como eu estava pensando. Ele não respeitou as minhas vontades e veio atrás de mim, prensando-me contra a parede do corredor e devorando os meus lábios com os seus, tentei me debater, mas, quando a sua língua pediu passagem eu não consegui controlar todas as emoções que passavam pelo meu corpo, eu queria mais, pelo menos por uma vez eu queria saber o que era estar nos braços daquele homem daquela maneira. Entrelacei as minhas no seu pescoço, puxando os seus cabelos com força enquanto ele me prensava mais contra a parede e suas mãos passeavam perigosamente pelo meu corpo.

    Ele deixou a minha boca e trilhou um caminho pelo meu pescoço subindo para a minha orelha onde a mordiscou fazendo com que eu gemesse e aquilo foi um estalo para eu saber o que estava fazendo, Aquiles estava apenas brincando com os sentimentos que eu tinha por ele, seria arruinada se deixasse com que aquilo acontecesse e aí sim eu teria que viver o resto da minha vida isolada do mundo para ninguém saber da minha humilhação e desonra. Empurrei-o com todas as minhas forças e segurei o meu roupão protegendo-me dos seus olhos afiados.

    — O que você acha que eu sou? – Perguntei histericamente. — Um brinquedo para você vir até aqui depois de tudo que você me falou e me beijar. Você é um monstro Aquiles, brincando com os meus sentimentos apenas para ter aquilo que quer. Saia do meu apartamento, vá embora, volte para sua noiva e me deixe em paz, você já fez as suas escolhas, então respeite as minhas e me deixe em paz Aquiles Marino.

    — Você está sendo insana. – Avisou ele segurando os meus ombros e me fazendo encará-lo. — Você tem uma vida em Nova York Isabella, tem amigos que lhe amam, uma galeria que está no topo a dois anos, suas esculturas e quadros estão cotados entre os mais valiosos do país. Por que está abandonando tudo isso? Eu não sou tão importante assim, você irá encontrar alguém que realmente lhe ame, não precisa ficar mendigando o amor de alguém deste modo.

    — Vá para o inferno. – Mandei me livrando das suas mãos e batendo no seu rosto com força, ele não tinha nenhum direito de me tratar daquela maneira dentro da minha casa. — Suma da minha vida, eu não quero mais ver você na minha frente Aquiles Marino, agora eu com certeza estou vendo quem você realmente é e acho que está certa. Eu realmente mereço alguém que me ame de verdade e que mereça o meu amor e não um bastardo como você.

    Ele me encarou e me deu as costas saindo, deslizei até o chão sentindo as lagrimas deslizarem pelo meu rosto e o meu coração se despedaçar mais uma vez, aquele homem aparecia apenas para me magoar. Levantei-me e limpei o meu rosto e fui até a cozinha, joguei a maldita comida que ele tinha feito fora, não iria comer nada que vinha dele.

    — Você é um idiota Aquiles Marino. – Rosnei quando terminei de limpar a cozinha e voltei para o meu quarto, estava realmente atrasada e não iria perder o meu voo por conta dele. — Um idiota que eu nunca mais quero encontrar.

    Troquei de roupas colocando um vestido simples que eu tinha separado para usar naquela noite, calcei as sandálias de salto branca e deixei os meus cabelos loiros saírem pelas costas. Pedi um taxi quando estava pronta de coloquei todas as minhas malas no apartamento antes de apertar o botão do térreo.

    — Por favor entregue as chaves apenas para Ivana Marino. – Pedi encarando o porteiro sorridente. — Ela irá saber o que fazer com o apartamento.

    — Tenha uma boa viagem senhorita Strazeri. – Desejou ele ajudando-me a colocar as malas no táxi. — Espero que a senhorita volte para a cidade em segurança.

    Sorri e entrei no táxi, o trânsito estava tranquilo, já passava da meia noite e por mais que Nova York fosse a cidade que nunca dormia, principalmente durante as noites quentes de verão. O aeroporto também estava tranquilo, despachei as minhas malas, fiz o meu check-in e sentei na sala de espera da companhia aérea enquanto lia uma revista de moda que tinha comprado em uma das lojas que ainda estavam abertas naquele horário, as pessoas iam e vinham e isso me deixou um pouco nervosa. Será que eu realmente estava fazendo a escolha certa? Por mais que eu amasse a Itália, Nova York tinha se transformado em um lar que eu adorava, meus amigos estavam ali e eles eram como a minha família de sangue, eu tinha transformado o meu trabalho naquela cidade, me tornado uma artista respeitada, eu tinha trabalhado para a máfia como hacker sem que ninguém soubesse, quase tinha morrido por isso, mas, eu gostava de trabalhar com Ares. Eu tinha aprendido a viver por mim sem precisar da proteção do meu pai ou dos meus irmãos. Nova York tinha me ensinado muito e eu esperava que não estivesse fazendo uma escolha errada, mas, se isso acontecesse eu sempre poderia voltar, pois, aqueles que realmente me amavam ainda estavam ali e sempre iriam querer a minha companhia.

    — A senhorita precisa de alguma coisa? – Perguntou a comissaria de bordo logo depois do avião decolar, a primeira classe sempre tinha camisarias mais atenciosas. — As luzes serão apagadas em breve para o melhor conforto dos passageiros, se não quiser dormir, os fones de ouvidos estão a sua disposição.

    — Eu gostaria de um café. – Respondi e peguei a manta que ela estava oferecendo e coloquei sobre as minhas pernas o ar frio estava realmente me incomodando. — E obrigado pelas informações, nós já saímos do espaço aéreo americano?

    — Ainda não senhorita, mas, isso deve acontecer dentro da próxima meia hora. – Respondeu ela entregando-me a xicara com o café. — Chame se precisar de qualquer coisa, estarei à disposição.

    Sorri e tomei o meu café tranquilamente enquanto trabalhava nos últimos preparativos para a minha nova estadia em Verona, quando terminei coloquei a minha máscara de dormir e tomei os comprimidos que tinham se tornado os meus fies companheiros e adormeci quase que imediatamente, os sedativos que eu tomava eram bem fortes e era a única coisa que me fazia dormir nos últimos meses. Roma estava quente e abafada quando eu desci no aeroporto, sabia que iria ter que esperar por duas horas pela baldeação para o meu voo e poderia ter avisado os meus familiares que eu estava na cidade, mas, eles iriam fazer uma enorme confusão e eu não queria ninguém chorando por minha causa e Verona não era muito longe de Roma, então eles poderiam me visitar com muita facilidade, era apenas eles quererem aquilo.

    Verona estava realmente como eu me lembrava, a cidade com seus casarões antigos sempre me fizeram suspirar, a antiga casa da família de minha mãe não era muito grande, mas, ideal para uma pessoa solteira, mamma tinha feito um ótimo trabalho a casa estava moderna e prática como eu queria, o estúdio ainda precisava de algumas modificações, mas, eu faria isso com o tempo, mamãe tinha separado o estúdio de arte do de escultura e olaria, aquele seria o local onde eu mais passaria o meu tempo.

    Tomei um banho, guardei as minhas malas no closet e dispensei o empregado, queria ficar sozinha na minha primeira noite em casa, sentei-me na varanda com uma garrafa de vinho ao meu lado e uma taça na minha mão sentindo a brisa fresca bater nos meus cabelos úmidos.

    — Eu definitivamente irei esquecer você Aquiles Marino. – Sussurrei para o vento sentindo uma paz invadir o meu corpo. — Você não merece o amor que eu lhe ofereci e por isso a partir deste momento você será apenas um conhecido que eu não quero ter nenhum tipo de contato. Você finalmente conseguiu se livrar da garotinha mimada, pois, agora sou eu que não quero mais nada com você.

    Capítulo III

    Isabella Strazeri:

    Eu estava finalmente adaptada a Verona, depois de três semanas sofrendo por conta do fuso horário e da falta dos meus amigos, eu estava me acostumando com a solidão da casa, era algo agradável, o silencioso, o cantar dos pássaros na minha janela todas as manhãs, eu nunca tinha sentindo aquela sensação tão prazerosa. Na primeira semana na cidade eu tinha ficado mais em casa me adaptando e arrumando tudo a minha maneira, tive que aprimorar as minhas qualidades culinárias e domésticas e ignorar todos os contatos com o mundo exterior. Na segunda semana eu tinha tirado para bater perna pela cidade, reconhecer Verona, visitar os pontos turísticos e saber se tinha lojas especializadas para comprar os meus materiais ou se eu teria se ir até uma cidade maior.

    — Tem certeza de que não precisa de ajuda senhorita? – Perguntou a vendedora quando me passou as sacolas. — Isso é um pouco pesado, posso pedir para alguém lhe acompanhar até em casa.

    — Não se preocupe, estou acostumada a carregar materiais por todos os lados. – Respondi pegando as sacolas e sorrindo em agradecimento pelo bom atendimento. — Grazie pela preocupação.

    Saí da sacola sentindo a brisa suave de final de tarde, estava fazendo um calor infernal nos últimos dias, mas, eu sempre amei o verão, as pessoas pareciam mais feliz, crianças correndo pelas praças comendo os seus gelatos, turistas descobrindo a cidade, idosos jogando conversa fora nas suas varandas. Minha casa não ficava muito longe da loja de materiais, algumas quadras e eu realmente não me importava de carregar as minhas compras, só não esperava que a cidade estivesse tão lotada e fosse difícil circular pelas ruas com todas aquelas sacolas.

    — Oh mio dio! Mi dispiace. – Pedi quando trombei em alguém e minhas sacolas foram parar no chão, com certeza as minhas tintas iriam ser prejudicadas. Comecei a catas as minhas lixas e pinceis até uma mão forte ser colocada sobre a minha. — Desculpe-me.

    — Acho que eu quem deveria me desculpar. – Falou ele entregando-me o restante das coisas que tinha caído. — Atropelei você e ainda lhe dei um prejuízo, são tintas especiais para pintura, não devem ser sacudidas dessa maneira.

    — Não se preocupe. – Disse envergonhada endireitando-me, o homem era realmente muito educado. — Obrigado por me ajudar.

    — Me deixe acompanhá-la até em casa. – Pediu ele fazendo com que eu arregalasse os meus olhos, eu não o conhecia para deixar com que ele entrasse na minha casa. — Não sou nenhum maníaco, sou o museólogo responsável pela Casa de Julieta. Sou Levi, Levi Benoit.

    — Isabella Strazeri. – Apresentei-me estendendo a minha mão depois dele ter me confirmado o seu cargo mostrando o seu crachá. — Desculpe-me ser tão desconfiada, estou a poucas semanas na cidade, então não conheço muitas pessoas.

    — É um prazer conhecer você. – Falou ele beijando a minha mão e pegando as sacolas das minhas mãos. — Uma mulher tão graciosa não deveria carregar sacolas tão pesadas, isso deveria ser considerado um crime.

    Sorri e comecei a caminhar ao seu lado, Levi era um homem bonito, simpático e me arrancou várias risadas no caminho até a minha casa. E durante todo o caminho eu o examinei, os cabelos bem cortados, o rosto barbeado, óculos que o deixavam sensual, corpo atlético e aquele sotaque francês embriagavam qualquer mulher.

    — Desculpe-me pela bagunça. – Pedi envergonhada, meu estúdio estava uma zona eu tinha passado parte da noite pintando e o deixei bagunçado, já que não eram muitas pessoas que tinham acesso aquele local. — Como eu não recebo muitas visitas não pensei que alguém iria reparar na minha bagunça, eu sou uma pessoa organizada, só que estava um pouco tarde quando eu terminei ontem.

    — Na verdade está muito mais organizado que o meu escritório. – Falou ele sorrindo e colocando as sacolas sobre a bancada. — Então você é artista plásticas, pensei que iria apenas fazer uma reforma em casa.

    — Algum problema com artistas? – Perguntei sorrindo enquanto jogava alguns jornais fora. — Juro que não sou nenhuma lunática.

    — Nenhum problema. – Respondeu ele. — Apenas combina com você, acho que consigo imaginar você pintando sentada na frente do cavalete ou trabalhado com argila, mesmo tento mãos tão pequenas e macias.

    — Argila ajuda a hidratá-las. – Brinquei fazendo-o gargalhar. — Eu poderia lhe oferecer uma refeição, mas, se fosse você não confiaria nos meus dotes culinários, ainda estou os aprimorando, mas, eu tenho um ótimo vinho na adega e queijo na geladeira, um agradecimento por ter me ajudado com as compras.

    — Está tentando me seduzir senhorita Strazeri? – Perguntou ele e eu senti o meu rosto queimar de vergonhar, aquela não tinha sido a minha intenção, eu estava apenas tentando ser educada e feliz por finalmente ter alguém com quem conversar depois daquelas três semanas sozinha. — Estou brincando, não se preocupe. Mas, saiba que se um dia quiser me seduzir eu deixarei você fazer isso. Venha, eu acompanho você até a cozinha e a ajudo a preparar tudo.

    Ainda estava um pouco perplexa quando aceitei a mão que ele me oferecia. Resolvemos comer na varanda, ele tinha escolhido um vinho suave que harmonizava perfeitamente com o queijo que eu tinha comprado a alguns dias, Levi me contou sobre o seu trabalho na Casa de Julieta e parecia divertido poder cuidar de um patrimônio como aquele, estar sempre em contato com as pessoas e saber que o seu trabalho era reconhecido, pois, aquele era o ponto turístico mais visitado da cidade.

    — Então você veio passar uma temporada na cidade. – Disse ele cruzando os braços e deixando-os mais evidentes sobre a camisa de tecido. — Você não me parece com uma turista, mas, também não está adaptada com a vida em Verona. Me conte de onde você é, afinal eu falei tudo sobre a minha vida e não sei nada sobre a senhorita.

    — Na verdade eu estou tentada a passar mais do que uma temporada em Verona. – Confessei sorrindo. — Eu nasci na Sicília, meu pai é natural de lá e minha mãe é daqui de Verona, tenho três irmãos insuportáveis e sou a caçula, então fui protegida de todas as maneiras possíveis. Me formei em artes plásticas pela Universidade de Roma que foi onde eu fiz o meu mestrado, depois me mudei para Nova York e montei uma pequena galeria que foi um sucesso e conclui o meu doutorado em Columbia. Acho que você acabou de receber que no fundo eu sou uma nerd e adoro estudar. Estava cansada da vida movimentada de Nova York, então vim passar uma temporada sabática em Verona, aprimorar a minha arte, ficar sozinha por um tempo, aprender mais sobre mim.

    — Uma mulher bonita, estudada e tão gentil como você não pode estar solteira. – Disse ele me deixando envergonhada mais uma vez. — Tenho certeza que os homens de Nova York não seriam tão burros a ponto de deixarem uma mulher como você desacompanhada ou alguém partiu o seu coração e você veio o curar na cidade dos amantes apaixonados.

    Dei um sorriso desanimado e preferi me manter em silencio, não queria entrar em detalhes sobre aquele assunto, se eu quisesse esquecer Aquiles era melhor deixar o passado onde ele estava. Levi não insistiu naquele assunto e aquilo foi muito gentil da sua parte, mas, para o meu azar ele foi embora cedo, porém, ele me convidou para visitar a Casa de Julieta quando eu tivesse um tempo disponível e ele me mostraria com detalhes a casa dos Capuleto.

    Eu arrumei a cozinha e me refugiei no meu ateliê, arrumei os novos materiais que tinham sido comprados naquela tarde e me sentei em frente a tela em branco, mas, toda a inspiração parecia ter ido por agua a baixo desde que Aquiles tinha invadido a minha mente e fazendo com que eu divagasse entre as minhas memorias.

    Passado:

    — Irei fazer você pagar o mármore se manchar. – Avisou Aquiles apertando os meus ombros e eu tive vontade de me esticar como um gato recebendo carinho do seu dono. — Então acho melhor a sua exposição dar muito dinheiro, pois, esse mármore foi caríssimo e irá fazer um rombo na sua conta bancária ter que me pagar um novo. Quantos quadros você vai fazer com a mesma imagem? Isso são apenas cópias.

    — Sabe quantos ângulos da cidade eu tenho aqui? – Perguntei colocando o pincel no suporte e me virando para encará-lo e quase suspirei quando vi que ele estava usando as suas roupas de chef, ele parecia apenas um grande cozinheiro naquele momento, banhado sobre o sol fraco do final de tarde de outono. — E a culpa é sua, quem mandou me mostrar o melhor pôr do sol de Nova York, não se preocupe, lhe darei um quadro de presente quando a galeria abrir. Afinal sem você eu não teria conseguido terminar os quadros para a exposição de abertura.

    — Eu não fiz nada, apenas mostrei o pote de ouro para o duende. – Disse ele me fazendo rir. — Iremos abrir em meia hora, mas, não se preocupe, reservei o terraço inteiro para você está noite, então poderia passar a noite inteira pintando os seus quadros se essa for a sua vontade.

    — Não se preocupe não irei ocupar seu terraço por mais tempo do que o necessário. – Garanti pegando o meu pincel, o que fez com que ele pulasse. — Não se preocupe, eu não gosto de pintar corpos humanos e não irei desperdiçar a minha tinta com você, elas são caras.

    — Tome o tempo que você precisar. – Mandou-o escorando-se no parapeito e ficando ainda mais bonito naquele cenário de final de uma história de amor. — Preciso voltar para a cozinha, irei fazer capeletti ao molho brodo está noite, você deveria ficar para o jantar.

    — Não deveria fazer esse tipo de proposta eu posso aceitar. – Avisei encarando-o e quase suspirando quando vi que ele me encarava com aqueles enormes olhos azuis.

    Ele deu uma gargalhada e beijou o topo da minha cabeça como fazia todas as vezes e saiu deixando-me novamente sozinha, suspirei sentindo o meu coração bater descompassadamente. Respirei fundo e voltei a prestar atenção na tela, Aquiles estava sendo muito gentil em me deixar ficar ali e eu não podia abusar fazendo com que ele perdesse as suas reservas apenas por minha causa.

    — Por que você não pode me deixar em paz? – Perguntei balançando a cabeça negativamente. — Eu quero apenas um pouco de paz Marino, coloquei um oceano de distância entre nós e mesmo assim eu não consigo arrancar você do meu coração. O que eu tenho que fazer para enterrar esses sentimentos? Morrer como Julieta?

    Joguei o pincel no suporte e saí do ateliê não conseguiria pintar nada naquela noite, por isso refugiei-me no meu quarto, tomei um banho de banheira, escovei os meus cabelos que tinham sido cortados quando eu tinha chegado a Verona, eu tinha gostado deles mais curtos e com um corte mais prático e moderno e mudar de visual sempre era bom, principalmente quando você está deixando um passado difícil para trás. Quando saí do banheiro sentei-me na poltrona suspensa e peguei o meu tablet, já passava da meia noite em Verona, então deveria ser seis horas em Nova York e Ivana estaria em casa, desde que eu tinha ido embora não tinha entrado em contato e nem atendido as suas ligações, ela deveria estar furiosa comigo, mas, eu precisava daquela distância nas primeiras semanas para me adaptar a minha nova vida e não querer voltar correndo para Nova York.

    Capítulo IV

    Isabella Strazeri:

    — Sua maldita italiana. – Rosnou Ivana quando atendeu a minha chamada de vídeo chamada e o seu rosto bonito apareceu na tela junto com a gordinha mais linda do planeta que queria brincar com a tela do outro lado. — Como diabos você faz isso conosco? Como pode ir embora sem me falar nada? Sabe o quanto eu estava preocupada com você? Estava a ponto de mandar com que Ares mandasse todos atrás de você ou iria pessoalmente se ele não quisesse fazer as minhas vontades.

    — Como se Ares negasse alguma coisa para você. – Falei sorrindo e vendo-a fechar a cara. — Desculpe-me por ignorar as suas ligações, mas, eu precisava de uma desintoxicação de tudo, sabia que se eu falasse com você iria querer correr de volta para Nova York no mesmo dia.

    — Pois, deveria ter feito isso, sinto sua falta todos os dias. – Confessou ela me fazendo rir. — Não aguento mais ficar nessa casa sozinha, irei tirar férias e lhe visitar em Verona e acho bom você ter um quarto para me hospedar ou eu irei bater em você. Agora me conte tudo sobre as últimas semanas e com detalhes.

    — Minha casa sempre terá um quarto a sua espera Ivana. – Garanti arrumando-me na poltrona. — Os dias em Verona são tranquilos, eu passo a maior parte do meu dia no meu ateliê, finalmente a minha inspiração voltou e eu estou pintando, então quem sabe eu não arrume uma galeria na cidade que queira expor as minhas obras ou vende-las. Eu estou bem, conheci um homem hoje.

    — Homem? – Perguntou ela com aqueles olhos brilhando em expectativa. — Detalhes, quero saber tudo sobre isso, irei mandar com que alguém investigue o passado dele para saber se ele é bom o suficiente para você, não queremos que caia em outra enrascada e machuque ainda mais o seu lindo coração por conta de um idiota como Aquiles.

    — Levi é um homem interessante. – Contei suspirando. — Ele é bonito, charmoso, atencioso e muito carismático, nós esbarramos na cidade quanto eu voltava para casa, ele me ajudou a carregar as compras, ele é museólogo responsável pela Casa de Julieta, formado na Universidade de Paris e foi bom ter alguém para conversar, principalmente alguém que entende de arte e de mulheres.

    — Encontre todos os defeitos desse homem para me contar. – Mandou-a fazendo-me rir. — Estou falando sério Isabella Strazeri, ele não pode ser tão perfeito assim, nem o meu marido é perfeito e ele é o melhor homem do mundo. Mas, eu estou feliz por você estar finalmente se abrindo para conhecer alguém Bella, você merece isso, mas, me deixe a par de todos os detalhes, pois, se esse idiota lhe fizer sofrer eu pessoalmente iria o torturar, já que não pude fazer isso com Aquiles.

    — Você está pegando as manias de Ares, repense sobre suas ações. – Repreendi-a brincando. — Não se preocupe, não sou burra para entrar de cabeça em um relacionamento apenas para esquecer o senhor Marino, irei com calma, não quero que as coisas mudem na minha vida nesse momento e um romance não está nos meus planos, pelo menos não por enquanto.

    — Okay. – Concordou ela sorrindo. — Preciso ir, tenho que me arrumar já que Ares resolver convidar aquela modelo insuportável para um jantar, queria me opor a isso, porém, parece que eu não tenho mais nenhuma autonomia dentro da minha casa, deveria ter me casado com Yuri, pelo menos assim eu não iria ter que aturar aquela mulherzinha insuportável.

    — Boa sorte com isso. – Desejei suspirando. — Preciso ir dormir Ivana, já passa das duas da manhã e eu realmente tenho algumas coisas para resolver amanhã cedo e não quero estar cheia de olheiras.

    — Isso mesmo, cuide-se para o bonitão francês. – Mandou-a fazendo com que eu revirasse os meus olhos. — Cuide-se e não me deixe tanto tempo sem entrar em contato ou eu irei mandar alguém atrás de você e definitivamente não será nenhum bonitão e ainda iremos brigar com você.

    Concordei e finalizei a vídeo chamada voltando para dentro, a cama macia parecia nuvens sobre o meu corpo e aquela foi a primeira noite em muitos meses que eu dormi sem ter nenhum tipo de pesadelos ou sofrer por conta da insônia que me assolava. O sol adentrou o meu quarto nas primeiras horas da manhã, o banho gelado despertou todos os meus sentidos, comi cereal de café de manhã e coloquei uma roupa fresquinha, iria cuidar do jardim naquela manhã, ele estava precisando de um cuidado especial.

    — Senhorita, não deveria estar no sol. – Disse Angel abrindo a porta, ela vinha duas vezes na semana para limpar a casa e fazer refeições nutritivas em pedido da minha mãe, mesmo que eu tivesse dito que não seria necessário. — Vai queimar a sua pele delicada por conta do sol que está fazendo. Posso arrumar um jardineiro e ele irá cuidar todos os dias para que o jardim fique como a senhorita quiser.

    — Eu gosto de estar com a mão na terra Angel. – Avisei pegando o suco que ela tinha preparado. — E o jardim nem é tão grande e eu não preciso de outro funcionário, fiquei com você porque por mais que eu não queira admitir não sou uma ótima cozinheira e não aguentarei ficar apenas comendo aquelas comidas congeladas, eu vim para Verona pra ter um tempo sabático e preciso aprender a viver por minhas próprias pernas, pois, todo esses anos eu fui apenas a garotinha que por mais que quisesse viver com as minhas pernas meu pai e meus irmãos sempre estiveram atrás de mim.

    — É porque eles amam a senhorita e não querem que se machuque. – Falou ela e eu apenas concordei sorrindo. — Irei fazer algo gostoso para o seu almoço. Gosta de Capeletti ao molho brodo.

    — Capeletti? – Perguntei vendo-a concordar, aquele tinha sido o último prato que Aquiles tinha feito para mim e eu joguei tudo fora sem que ele tivesse a chance de provar. — Eu gosto de capeletti, principalmente ao molho brodo é o meu preferido, tinha um antigo amigo que fazia o melhor capeletti do mundo.

    — Irei tentar fazer um tão bom quanto o dele. – Prometeu ela. — Coloque um chapéu se quiser continuar no sol, assim não ficará queimada.

    Concordei e voltei a prestar atenção no meu jardim, não iria pensar no almoço e muito menos em capelettis, parecia que todos estavam mancomunados para me fazer apenas lembrar daquele idiota e eu só queria cuidar das minhas flores do campo e não deixar com que nenhuma erva daninha as afetasse.

    Os capelettis de Angel eram realmente deliciosos, mas, nem chegaria aos pés do grande chefe Marino. Durante a tarde eu fui para o escritório, tinha que colocar as minhas despesas em ordem, eu sempre tive algum dinheiro guardado e com a venda da galeria eu conseguiria me manter por pelo menos um ano sem precisar trabalhar e vivendo confortavelmente, mas, eu não passaria tanto tempo assim sem conseguir fazer nada. Sabia que precisaria ir a Roma nas próximas semanas, meus pais fariam aniversário de casamento e eles não me perdoariam se eu não comparecesse, por mais que eu não quisesse ver ninguém do meu passado, mas, estava morrendo de saudades dos meus irmãos e sobrinhos.

    — Isabella, como você ousa deixar a sua mamma no escuro por tanto tempo. – Rosnou mamãe quando eu atendi o telefone que estava tocando incessantemente desde cedo. — Eu tive que contratar um detetive particular para saber como a minha filha está. Você sabe o quanto isso é humilhante? Seu pai está furioso comigo por não estar dando-lhe o tempo que nos pediu, mas, eu sou uma mamma abandonado por todos os seus filhos, Josep está viajando com a esposa e os filhos, Pietro está decorando o apartamento então eles estão morando na casa dos sogros, dos sogros, ele me trocou por aquela megera, logo eu que sempre o protegi e o ingrato Giovanni nem lembra que tem parentes desde que se mudou para a França e agora a minha única filha mulher a minha caçula me abandona para se exilar em Verona e viver como uma vida de celibato, acho que não terei mais netos para me chamar de nonna, sabe o quanto isso é triste?

    — Você está sendo dramática mamma. – Avisei sorrindo enquanto andava pelo escritório. — Estaremos todos juntos dentro de algumas semanas e você não precisava ter contratado um detetive para me vigiar, sabe que eu entraria em contato assim que estivesse em condições de fazer isso. Mas, tenho certeza que não me ligou apenas para ver como eu estava, já que o seu detetive já deve ter lhe passado um relatório completo sobre a minha estadia na cidade.

    — Claro que eu estava preocupada com a minha garotinha. – Resmungou ela fazendo-me sorrir. — Mas, não era sobre isso que eu queria falar com você. Sabe quem teve a coragem de mandar um convite de casamento para nós? Aquele garoto não tem a mínima decência, quebrou o coração da minha garotinha e ainda quer que nós tenhamos uma boa convivência, seu pai não me deixou ligar e lhe dizer poucas e boas, mas, ele está muito irritado com a família Marino, acho que esse casamento será o fim da nossa parceria de negócios, sorte a nossa que nós não dependemos deles e sim eles de nós e iram sofrer muito quando os nossos laços forem cortados.

    — Desculpe-me mamma. – Pedi suspirando. — Não queria que isso estivesse acontecendo por minha causa, não quero me meter nos negócios de papà e eu sei o quanto ele gostava da sua parceria com os Marino.

    — Bambina, você é mais importante do que qualquer negócio. – Garantiu mamma. — Não se preocupe conosco, seu papà sabe o que é melhor para os negócios e nós não devemos nos meter nos problemas dele. Mas, não vamos falar sobre esses assuntos desagradáveis, isso é passado e seu pai não vai gostar de saber que eu estou a incomodando com isso, ele me proibiu de contar a você sobre isso, mas, eu não consigo guardar esses segredos apenas pra mim.

    Sorri e deixei com que ela continuasse a tagarelar até cansar enquanto eu trabalhava no relatório sobre as galerias da região, se eu queria continuar expondo os meus trabalhos era melhor fazer uma parceria com alguém antes que novos artistas começarem a surgir o meu nome fosse esquecido com o passar dos dias. Mamma ficou no telefone por pelo menos uma hora antes de desligar falando que me ligaria no dia seguinte para saber como tinha sido o meu dia e ela ligaria todos os dias apenas para não me deixar solitária.

    O jantar era a parte mais solitária do meu dia, era apenas eu e o micro-ondas e sorvete com série dramática na netflix, pelo menos todo aquele melodrama fazia com que eu esquecesse dos meus dramas pessoas e ficasse com pena dos pobres personagens.

    Naquela noite depois de me cansar dos dramas da netflix eu me sentia na minha cadeira suspensa com o clássico de Shakespeare no meu colo e uma taça de vinho ao meu lado, estava me tornando uma alcoólatra, mas, aquilo me acalmava e ver as luzes da cidade na minha frente fazia com que eu me sentisse em paz.

    — Por que tudo tem que ser tão difíceis para os enamorados Julieta? – Perguntei abrindo o livro em um dos meus atos preferidos e suspirando, Willian poderia ter sido menos cruel com os meros mortais, aquele livro sempre me fazia chorar. — Você sofreu porque a sua família não aceitava o seu amor por Romeu, por mais puro e verdadeiro que ele fosse e no final se matou apenas porque não podia viver sem o seu amor. Eu estou sofrendo por conta de um idiota que irá se casar com a mulher mais superficial do mundo e esse mesmo idiota quebrou o meu coração em tantos pedaços que eu não sei se um dia serei capaz de juntar todos os pedaços. Devo estar ficando maluca falando com uma personagem de um livro como se ela fosse entender o que eu estou falando.

    Gargalhei e entrei fechando a cortina, como o clima estava agradável eu resolvi deixar as portas da varanda aberta, isso fazia com que eu tivesse noites de sono mais tranquilas. Infelizmente eu não adormeci imediatamente e tive que recorrer para os remédios para insônia e esse era um habito que eu teria de retirar da minha nova vida, pois, eu não poderia passar o resto da minha vida tomando remédios para dormir apenas por causa do meu coração partido, aquilo fazia mal a minha saúde e eu já tinha aberto mão de muita coisa por conta de Aquiles Marino e não iria mais me destruir por causa daquele bastardo arrogante.

    Capítulo V

    Aquiles Marino:

    Jantar na casa de Ares, era tudo que eu precisava para acabar com a minha paz, já não bastava os problemas com o restaurante que estavam me dando dores de cabeça infernais e quanto mais o casamento se aproximava mais pirada Evelyn ficava e mais infernizava a minha vida e eu estava muito propenso a jogar tudo para o espaço e ir morar em uma ilha deserta, apenas eu e uma cozinha, sem mulheres, irmãos ou problemas que infernizariam os meus dias.

    — Você não deveria estar se arrumando? – Perguntou Evelyn entrando no meu escritório já arrumada, ela usava um vestido vermelho naquela noite, seus cabelos lisos e negros estavam soltos e ela tinha passado uma maquiagem pesada para esconder as suas imperfeições, ela era assim desde que eu a conheci, mas, parecia que agora eu queria algo mais natural, mais delicado, eu queria algo mais perto de Isabella. — Não me diga que cancelou o jantar, eu sei que você está exausto querido, mas, sabe que não é sempre que os seus irmãos nos convidam para esses jantares de família, eles pelo menos estão se esforçando, então nós poderíamos fazer o mesmo.

    — Não se iluda, Ares está fazendo isso apenas para não ouvir reclamações depois. – Avisei levantando-me e pegando o paletó que estava sobre a cadeira. — E eu não posso ficar muito tempo, o restaurante está cheio de reservas por conta da proximidade da temporada de verão e eu não posso me ausentar por muito tempo.

    — Às vezes você dá mais atenção para o restaurante do que pra mim. – Choramingou ela agarrando-se no meu braço enquanto andávamos pelo apartamento. — Você ainda não se desfez daquele quadro, pensei que tínhamos combinado que ele não viria para a nossa nova casa, eu realmente não gosto dele Aquiles.

    Encarei o quadro e suspirei, ele ficava no meu escritório o que ela tinha a ver com aquilo, Evelyn nunca ficava no meu escritório, então ela não poderia discutir a decoração dele, principalmente quando se tratava daquele quatro.

    — Eu não me desfaço de obras de arte. – Avisei desvencilhando-me dela e colocando o meu terno. — Elas costumam valer mais com o passar dos anos e foi um presente, eu não irei joga-lo fora apenas para fazer uma das suas vontades mesquinhas, eu deixei com que você fizesse tudo o que queria desde que começamos a namorar, então, por favor, atenda pelo menos essa vontade minha. E vamos, pois, estamos atrasados e se você não quiser ser criticada pelas minhas cunhadas é melhor sairmos logo.

    Ela me encarou irritada e saiu batendo os pés, como se eu tivesse alguma culpa delas não gostarem dela, Ivana conseguia esconder os seus sentimentos e a tratava de uma maneira neutra, mas, eu não podia falar isso de Nalla, minha querida cunhada fazia questão de mostrar o quanto estava descontente com as minhas escolhas. Evelyn já estava me esperando no carro, mandei com que o segurança seguisse para a casa de Ares, eles tinham mudado depois do nascimento de Chiara para uma casa mais próxima da de Apolo, as irmãs Dmitriev não queriam ficar distantes e Ivana não gostava da antiga casa de Ares e eu não a culpava por aquilo, muitas coisas tinham acontecido naquela casa e nenhuma mulher gostaria de conviver com os fantasmas do passado de mio fratello.

    — Nós não deveríamos estar indo de mãos abanando. – Resmungou Evelyn cruzando as pernas e me encarando. — Isso é falta de educação da

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