Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Renda-se - Livro 1 - Trilogia Polard - Romance Dark
Renda-se - Livro 1 - Trilogia Polard - Romance Dark
Renda-se - Livro 1 - Trilogia Polard - Romance Dark
E-book629 páginas10 horas

Renda-se - Livro 1 - Trilogia Polard - Romance Dark

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Ela não passava de uma menina mimada, cheia de mania e mimada por todos a sua volta, menos pelos pais que se ressentiam de não ter um filho homem para gerir os negócios da família. Quando uma crise assola o mundo dos negócios e os seus pais acabam presos, tudo a sua volta desmorona e nem é por conta dos problemas financeiros.Quando ela se vê presa em uma gaiola de ouro, sendo obrigado a servir um homem cruel e sem escrúpulos ela sabia que não havia mais salvação. Ela precisava de um milagre, apenas um milagre iria lhe salvar das mãos do mafioso.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de fev. de 2023
ISBN9781526074201
Renda-se - Livro 1 - Trilogia Polard - Romance Dark

Leia mais títulos de Nadine Lima Da Silva

Relacionado a Renda-se - Livro 1 - Trilogia Polard - Romance Dark

Ebooks relacionados

Romance dos Bilionários para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Renda-se - Livro 1 - Trilogia Polard - Romance Dark

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Renda-se - Livro 1 - Trilogia Polard - Romance Dark - Nadine Lima da Silva

    Renda-se

    Florianópolis 2022

    Prólogo

    I

    II

    III

    IV

    V

    VI

    VII

    VIII

    IX

    X

    XI

    XII

    XIV

    XV

    XVI

    XVII

    XVIII

    XIX

    XX

    XXI

    XXII

    XXIII

    XXIV

    XXV

    XXVI

    XXVII

    XXVIII

    XXIX

    XXX

    XXXI

    XXXII

    XXXIII

    XXXIV

    XXXV

    XXXVI

    XXXVII

    XXXVIII

    XXXIX

    XL

    XLI

    XLII

    XLIII

    XLIV

    XLV

    XLVI

    XLVII

    XLVIII

    XLIX

    L

    LI

    LII

    LIII

    Prólogo

    Rayza Ballard:

    Serrei as minhas mãos sentindo os meus cabelos serem puxados com força e eu mordi o meu lábio inferior com força para não gemer, eu não iria lhe dar aquele gostinho.

    — Eu disse a você que se tentasse me trair eu iria acabar com você. – Rosnou ele gargalhando e se afastando puxando as cordas e esticando os meus membros. — Quais as informações você passou para eles.

    — Eu já disse que não fiz nada. – Sussurrei pendendo a minha cabeça para frente, minha boca estava seca por conta da falta de água. — Eu não sou a vadia da sua noiva que tem uma vida dupla.

    O tapa no meu rosto fez com que eu cuspisse sangue, tudo que eu queria era que ele acabasse com aquela tortura que me matasse de uma vez e deixasse com que o meu espírito voltasse a ser livre.

    — Não use a sua boca imunda para falar de uma mulher como Lara. – Bradou ele apertando o meu pescoço com força. — Ela é a mulher que você nunca irá ser, acostume-se em viver das sombras, pois será o meu brinquedo particular até o dia da sua morte, eu irei fazer da sua vida um inferno. A desamarrem e levem-na para a cela, eu estou cansado de brincar com essa vadia.

    Os malditos soldados me desamarraram e o meu corpo caiu em um baque sobre o chão fazendo com que eu gemesse e encarei a parede de armas na minha frente, aquela era a minha passagem para o paraíso, eu precisava apenas chegar até lá.

    Vi quando o maldito deu-me as costas e começou a dar ordens em russo e os soldados seguraram o meu corpo segurando os meus braços com força e eu juntei todas as minhas forças para me livrar deles e correr na direção das armas pegando uma das adagas e passando na minha garganta.

    — DESGRAÇADA. – Berrou ele pressionando a minha garganta e eu sorri. — EU NÃO IREI DEIXAR VOCÊ MORRER, VOCÊ NÃO TEM PERMISSÃO PARA MORRER, EU PAGUEI MUITO CARO POR VOCÊ PARA DEIXÁ-LA IR DESSA MANEIRA.

    — Eu finalmente terei paz. – Sussurrei sentindo o gosto de sangue na minha boca. — Eu terei paz e me livrarei do diabo. O diabo que se chama Danil.

    I

    Rayza Ballard

    Meses Atrás:

    Nova York, minha amada Nova York, eu sorri ao abrir as portas e ouvir o barulho e o cheiro da poluição, nada melhor do que sentir o doce cheiro da prosperidade. Me espreguicei e voltei para dentro, o temido primeiro de setembro tinha chegado e as minhas amadas férias acabado e eu tinha aulas naquela manhã.

    Entrei no meu banheiro e liguei as torneiras da banheira colocando os meus sais de banho e deixei-a encher enquanto retirava a minha camisola e adentrar a banheira, sentindo a água quente relaxar os meus músculos enquanto eu ouvia uma música clássica tocar, nada melhor do que isso para começar um dia relaxante.

    Saí do meu banho me enrolando no roupão e hidratei a minha pele antes de sair do banheiro. Segui para o meu closet e sorri ao passar os dedos pelos cabides, eu precisava de algo no mínimo chocante para aquele dia, precisava manter o meu reinado na universidade.

    — O que devemos usar hoje? – Perguntei-me tirando um vestido de exclusivo que eu tinha comprado em Paris. — Informal demais e pode ser copiado pelas invejosas, preciso de algo mais bafônico ou serei a fofoca da universidade.

    Continuei examinando as minhas roupas até encontrar algo que me agradou, coloquei uma blusa de seda branca e uma saia de xadrez rose que tinha um blazer como conjunto. Calcei os meu scarpan nude e prendi os meus longos cabelos loiros em um rabo de cavalo alto, fiz uma maquiagem básica e coloquei os brincos de diamantes e me encarei no espelho.

    — Perfeito! – Afirmei sorrindo e peguei a minha bolsa saindo do quarto. — Bom dia Eva.

    — Bom dia senhorita Rayza. – Saudou ela colocando o meu café. — O motorista já está a sua espera na garagem e está 10 minutos atrasada.

    — Eu tive problemas para escolher uma roupa. – Resmunguei pegando uma torrada. — Mas, é o primeiro dia de aula, se atrasar faz com que o meu nome esteja na boca de todos.

    — Seus pais não iriam gostar de ouvi-la falar dessa maneira. – Avisou ela e eu suspirei. — Eles pediram para lembrar sobre o evento dessa noite.

    — Não se preocupe que não há como esquecer desse baile, mamãe me liga todos os dias apenas para me lembrar disso. – Falei levantando-me. — Esse é um dos únicos momentos que eles lembram que tem uma filha, para me mostrar para a sociedade.

    — Não fale dessa maneira, querida. – Pediu ela acariciando o meu rosto delicadamente. — O seus pais lhe amam, eles apenas são ocupados e não passam muito tempo com você.

    Concordei sabendo que Eva estava apenas tentando fazer com que eu me sentisse melhor e peguei a minha bolsa e os meus materiais e entrei no elevador apertando o botão do subsolo.

    — Bom dia senhorita Rayza. – Saudou Mario abrindo a porta do carro. — Teremos que evitar as vias principais que já estão engarrafadas. Precisa de algo?

    — Não. – Respondi entrando no carro. — Apenas que pegue o meu vestido na estilista quando tiver um tempo livre, preciso dele para essa noite.

    — Faria isso quando voltar para a cobertura. – Afirmou ele e eu agradeci tirando o meu celular de dentro da bolsa. — Aqui está o seu café, como não teremos tempo de passar na cafeteria, eu o comprei.

    — Obrigado. – Agradeci.

    Mario deu partida no carro e eu coloquei os meus fones de ouvido e respondi algumas mensagens e postei uma foto nas minhas redes sociais. O trânsito estava infernal até nas vias secundárias da cidade e demorou quase o dobro do tempo para que eu chegasse à universidade.

    Peguei o meu violino no porta-malas e saí entrando no prédio da Julliard School, o melhor conservatório de música do país. Eu queria ter feito administração para que um dia assumisse os negócios dos meus pais, porém, eles não confiavam na minha capacidade e escolheram a música clássica para que eu fosse como minha profissão. Eu gostava do violino, mas não era a minha paixão.

    Todos pararam para me olhar enquanto os meus saltos faziam barulho na direção da minha aula daquele dia, canto lírico, nada melhor do que começar o ano com aquecimento vocal.

    — Senhorita Ballard, está atrasada. – Rosnou a professora quando eu entrei na sala. — Tome o seu lugar, não gosto que as minhas aulas sejam interrompidas, que essa seja a primeira e única vez que isso aconteça.

    — Desculpe-me senhora Davis. – Pedi sentando-me em uma das bancadas livres. — Isso não irá se repetir.

    A mulher me encarou com descrença e revirou os seus olhos antes de retornar para a sua aula, aquela mulher baixinha tinha sido uma das melhores tenores da ópera de Nova York, mas era uma carrasca como professora, eu tinha tido aulas com ela no último semestre por pressão da minha mãe que queria que eu aprendesse mais sobre canto.

    Foi a manhã mais infernal de todas, eu não queria ouvir nada sobre opera ou sobre as histórias daquela mulher, tudo que eu queria era cancelar aquelas aulas, porém se eu fizesse isso mamãe me mataria e eu agradeci quando aquela maldita aula acabou.

    — Rayza! – Chamou Brenda acenando quando eu entrei no refeitório. — Rayza!

    Eu queria a ignorar, porém acho que era difícil, já que todos estavam me encarando e esperando que eu fizesse algo e eu apenas coloquei um sorriso falso nos meus lábios e segui até a mesa onde ela estava sentada com as suas amigas.

    — Rayza, meu bem. – Saudou-me ela beijando o meu rosto e sorri. — Pensei que você não tinha vindo hoje, não vi você quando eu cheguei, é sempre uma das primeira a chegar.

    — O trânsito estava infernal. – Ironizei cruzando os meus braços. — Então acabei me atrasando, mas eu não faltaria ao primeiro dia de aula, hoje é o melhor dia para conhecer os calouros.

    — Pobres. – Debochou ela. — A Julliard já foi um conservatório melhor, quando não aceitava todos esses pobres que estão aqui apenas para roubar os nossos empregados, eles deveriam ser mais seletivos no processo de escolha dos calouros, eu tive que ouvir histórias tristes durante toda a minha manhã, isso foi estressante. Mas, não quero falar sobre esses assuntos desagradáveis, o baile dos seus pais essa noite, você não pode nos contar qual será o tema? Preciso escolher a minha roupa e não tenho nenhuma noção do que vestir.

    — Meus pais não liberam spoiler para que vaze para a imprensa. – Falei a encarando. — Então eu não poderia lhe ajudar com isso, nem o meu vestido mamãe deixa com que eu veja antes da hora.

    — Irritante. – Resmungou ela. — Você não irá comer nada?

    — Eu não como esse tipo de comida cheia de gorduras e carboidratos. – Avisei a encarando. — Irei almoçar quando chegar em casa, eu tomei o meu suco durante as aulas dessa manhã.

    Ela me encarou e revirou os seus olhos e continuou a falar mal dos bolsinhas e calouros e tudo que eu queria era poder ir para casa, mas eu ainda tinha aulas naquela tarde e não poderia ir para casa.

    Agradeci por Brenda ter que ir para as suas aulas e levar as suas militantes com ela e eu segui até o jardim sentindo o ar fresco bater sobre os meus cabelos e fechei os meus olhos quando o sol bateu contra o meu rosto e ajeitei o meu instrumento no meu ombro e segui para a minha aula de violino, a sala estava praticamente vazia, então eu me sentei em uma das cadeiras e abri as partituras colocando-as na minha frente e tirei o instrumento e comecei a tocar.

    — Anjos estão sussurrando nos meus ouvidos. – Falou o professor Jones entrando na sala e eu sorri. — Está tocando cada dia melhor Rayza, não deveria ter lhe perdido para Hill, ele não sabe apreciar o seu bom.

    — Obrigado pelos elogios, professor. – Agradeci sorrindo. — O senhor não me perdeu, está apenas aprimorando os sentidos dos mais jovens.

    — Os mais jovens dão muito trabalho. – Brincou ele fazendo com que eu risse. — Não irei atrapalhar o seu treino, continue a agradar a todos com o seu dom, ele é maravilhoso.

    Eu o sorri e o vi sair da sala e vi os outros alunos tomando os seus lugares, então eu não queria atrapalhar os dois, então era melhor esperar pelo professor para saber quais eram as atividades que ele iria passar naquela tarde.

    Meus dedos estavam doendo por conta das cordas do violino quando eu saí da sala e segui até a saída, Mario já estava a minha espera e eu entrei no carro pedindo para que ele me levasse para casa ou eu iria me atrasar para o evento e mamãe e papai iriam ficar furiosos.

    — Papai e mamãe já chegaram em casa? – Perguntei quando saí do carro e encarei o meu motorista.

    — Eles tiveram em casa, porém houve alguns contratempos no local do evento e eles precisaram ir até lá resolver. – Respondeu ele e eu apenas dei uma risada seca, é claro que eles iriam arrumar uma desculpa para não estarem ao meu lado naquele momento. — Mas, pediram para que eu lhe acompanhasse até o local e a senhora me mandou lembrá-la de não esquecer o seu violino.

    — É claro! – Ironizei irritada dando-lhe as costas. — Tudo que ela quer é me exibir para os seus amigos e falar sobre os meus talentos musicais, é apenas para isso que eu sirvo.

    Ele me chamou, mas eu o ignorei entrando no elevador e colocando a senha e cruzando os meus braços, papai e mamãe nem pareciam ser os meus pais, eles passavam mais tempo fora de casa do que comigo e isso sempre foi um tabu na minha criação, já que foram os empregados que me criaram, eles apareciam apenas em datas especiais para tirar fotos que iriam sair nas colunas de jornais e me encherem de presentes achando que isso iria aplacar a falta que eu sentia deles.

    — Senhorita. – Chamou Eva quando eu joguei a minha bolsa sobre o sofá irritada. — Venha comer algo, tenho certeza de que não comeu nada na universidade, eu já disse que você não deve esquecer a sua marmita se não quer comer comidas industrializadas, passar muito tempo sem comer faz mal a sua saúde.

    — Obrigado Eva. – Agradeci me afastando ela e caminhando na direção da sala de jantar.

    Almocei tranquilamente sabendo que eu tinha tempo para me arrumar e depois segui para o meu quarto, vendo que o vestido que mamãe tinha mandado fazer estava pendurado no closet, ele era branco para representar a minha pureza, com brilhos que caiam pela saia dando um toque especial e alças finas que prendiam no meu ombro e iriam facilitar a minha apresentação. Um vestido exclusivo e feito especialmente para essa ocasião, para os meus pais eu deveria ser a garota dos olhos de todos e era isso que eu faria para deixá-los orgulhosos.

    Tomei um banho relaxante, me enrolei no meu roupão e hidratei a minha pele, fiz a minha rotina de skincare e saí do banheiro. Me sentei de frente para a minha penteadeira e peguei o meu baby lis, eu precisava arrumar os meus cabelos e fazer a minha maquiagem, eu deveria ter marcado salão, mas as voltas as aulas sempre me deixavam ansiosas e eu esquecia de alguns detalhes e não podia deixar com que mamãe descobrisse isso ou ela iria ficar furiosa com o meu desleixo. Fiz um penteado prendendo os meus cabelos no alto da cabeça e deixei alguns fios soltos, minha maquiagem estava um pouco mais pesada que o normal, porém nada que pudesse afetar a minha beleza natural.

    — Diamantes ou pérolas? – Perguntei-me encarando os dois conjuntos que estavam na minha frente. — Se mamãe estivesse aqui ela saberia o que eu deveria usar.

    Suspirei e peguei os brincos de pérolas, eles me deixam angelical e combinavam com o meu vestido. Coloquei o restante das joias e vesti o meu vestido e calcei as minhas sandálias nude antes de pegar uma clutch com detalhes em pérolas negras e saí do meu closet e peguei a echarpe e saí.

    — Está belíssima senhorita Rayza. – Elogiou-me Eva e eu sorri. — Tenho certeza de que será a pessoa mais elogiada do baile.

    — Obrigado. – Agradeci sorrindo. — Preciso ir ou chegarei atrasada, meus pais não irão gostar com que isso aconteça.

    Ela concordou e eu peguei o precioso Stradivarius que mamãe tinha me dado quando eu entrei para a Julliard e entrei no elevador.

    O caminho até o local onde seria feito o baile foi silencioso, eu não queria falar com ninguém. Os jornalistas estavam se espreitando na entrada esperando apenas o momento para conseguir uma exclusiva com as pessoas mais importantes da cidade.

    Saí do carro e deixei com que algumas fotos fossem tiradas, mas não falei com nenhum dos jornalistas.

    — Rayza! – Rosnou mamãe quando eu entrei no salão. — Você está atrasada eu ordenei que você estivesse aqui uma hora antes para ensaiar com a orquestra e por que está usando essa pérolas fajutas? Eu comprei um conjunto de topázios imperiais que combinavam com o seu vestido.

    — Desculpe-me mamãe, mas eu não recebi o seu presente. – Avisei abaixando a minha cabeça envergonhada. — Isso não irá voltar a se repetir.

    Ela resmungou algo e mandou com que eu fosse guardar o meu instrumento e depois a procurasse que ela queria que eu conhecesse algumas pessoas.

    Fiz o que ela pediu e agradeci ao pessoal da organização e voltei a procurar os meus pais que estavam conversando com alguns investidores.

    — Filha! – Exclamou papai sorrindo e acariciando o meu rosto delicadamente. — Está especialmente bela hoje.

    Eu sorri deixando com que eles me exibissem para os seus sócios e para outros investidores que estavam ali naquela noite, apenas esperando pela atenção dos meus pais.

    Já estava cansada quando mamãe tomou o microfone nas suas mãos pedindo um minuto de silêncio que eles iriam fazer um pequeno pronunciamento antes que o jantar fosse servido e depois iria acontecer a minha apresentação.

    — Queremos agradecer a todos que vieram essa noite presenciar o aniversário da nossa empresa e festejar conosco essa nova era que estamos começando. – Começou papai sorrindo. — A nova era das empresas Ballard terá uma pegada nova que irá surpreender a todos, não irei me estender, pois eu sei que todos estão cansados e famintos e não queremos que eu seja o causador de estresse desnecessário. Obrigado a todos e boa noite.

    Papai colocou o microfone no suporte e saiu ovacionado do palco, ele e mamãe passaram o jantar inteiro falando de negócios com as pessoas que estavam sentadas na nossa mesa e eu apenas fiquei quieta não interrompendo as conversas dos adultos.

    — Não deixe com que eles lhe intimidem. – Mandou mamãe me encarando e acariciando os meus cabelos delicadamente. — Você é a melhor violista da sua turma, irá conseguir encantar a todos. Irá deixar os seus pais orgulhosos, não é minha querida?

    — Irei mamãe. – Afirmei sorrindo e pegando o meu violino. — Não se preocupe, eu irei dar o meu melhor e orgulhar você e o papai.

    — Senhora está tudo pronto para a apresentação da senhorita Ballard. – Avisou a cerimonialista aproximando-se de nós. — Se a senhorita estiver pronta para isso.

    — Eu nasci pronta. – Afirmei sorrindo e a encarando. — Irei mostrar a todos porque eu sou a melhor aluna do curso de música que Julliard tem.

    — Ótimo! – Exclamou ela sorrindo. — Suba lá e mostre o seu talento para todos, faça com que esse bando de abutres invejem os seus pais por terem uma filha linda e cheia de talentos.

    Concordei e subi ao palco me sentado na cadeira que me foi destinada e posicionei o violino da maneira certa começando a minha apresentação, eu tinha feito uma seleção com as melhores sinfonias de Mozart para a apresentação daquela noite, ele era o meu compositor preferido e as suas composições ficavam perfeitas no violino.

    Encarei as pessoas na minha frente, elas pareciam hipnotizadas pelo música e pelo meu talento e isso fez com que eu sorrisse e continuasse a dedilhar os meus dedos pelas cordas do violino, deixando com que a melodia única do Stradivarius ecoasse pelo salão.

    Eu terminei a minha apresentação com Requiem, a composição preferida de mamãe e ver o sorriso no seu rosto deixou o meu coração quentinho, eu finalmente tinha os deixado orgulhosos, eles tinham orgulho de mim e isso era o mais importante, mais importante do que os aplausos que eu recebia.

    Me assustei quando o salão foi invadido por policiais, agentes do FBI e da Swat como se o local estivesse cheio de terroristas que estivessem armando um plano que fosse destruir metade da cidade de Nova York.

    — Eleanor e Phillip Ballard, vocês estão presos. – Pronunciou um homem encarando os meus pais e fazendo com que eu arregalasse os meus olhos. — Vocês têm o direito de permanecerem calados ou tudo que falarem serão usados contra vocês no tribunal.

    Meus pais foram algemados e saíram escoltados por agentes federais, eu perdi a força das minhas pernas e saí sentadas nas escadas vendo o burburinho começar a ecoar pelo salão e logo todos os convidados saírem do local deixando-me completamente só.

    Coloquei as minhas mãos no rosto e chorei, não sabendo o que fazer ou pensar. Os meus pais tinham acabado de serem presos na frente de toda alta sociedade de Nova York. O que eu iria fazer da minha vida?

    Um pigarreio fez com que eu limpasse o meu rosto antes de levantar a minha cabeça e encarar um homem parado na minha frente e me levantei dando dois passos para trás quando vi uma arma na sua cintura.

    — Você é Rayza Ballard? – Perguntou ele e eu concordei. — É não foi difícil encontrar você, pensei que seria mais difícil chegar até a princesa de Manhattan.

    — Quem é você e o que quer comigo? – Perguntei tentando me afastar, mas os meus braços foram agarrados por homens fortes e eu fui levantada do chão fazendo com que eu gritasse.

    — Você não precisa saber quem eu sou, apenas que me pertence. – Avisou ele gargalhando e eu senti algo ser pressionado contra o meu rosto. — Levem-na, não queremos chamar mais atenção, os agentes federais ainda estão rondando o local e eu não quero problemas com eles.

    Eu tentei gritar por socorro, porém o meu corpo amoleceu e tudo escureceu.

    II

    Rayza Ballard:

    Minha cabeça estava latejando quando eu entreabri os meus olhos, me levantei em um pulo e minhas pernas fraquejaram fazendo com que eu caísse no chão e gemesse com o impacto.

    O local estava escuro e cheirava a pobre fazendo com que o meu estomago embrulhasse, tentei me levantar novamente, porém meu corpo ainda estava sobre o efeito do que quer que tenham colocado no meu nariz para me fazer desmaiar.

    Me arrastei até a parede mais próxima e de onde tinha uma pequena iluminação e passei as minhas mãos pelos rosto, sentindo algo pegajoso entrar em contato com a minha pela e a coloquei contra a luz fazendo com que eu gritasse desesperadamente e começasse a me debater, minhas mãos estavam sujas de sangue e larvar.

    — ME TIREM DAQUI. – Gritei batendo contra a porta apavorada. — POR FAVOR ME TIREM DAQUI. EU NÃO FIZ NADA, POR FAVOR.

    As lágrimas escorriam dos meus olhos enquanto a minha voz foi sumindo e ninguém apareceu para me resgatar. No primeiro momento eu cheguei a pensar que aquilo podia ser apenas uma brincadeira sem graça dos meus pais que queriam me dar uma lição por eu ter chegada atrasada ao evento, mas eles não me colocariam em uma situação como aquela quando seria mais fácil tirar o meu cartão de crédito e tudo estaria resolvido.

    Passos fizeram com que eu me levantasse, a porta foi aberta apenas o suficiente para que algo fosse jogado dentro e quando eu pensei em gritar ou algo do tipo eu estava novamente trancada naquele lugar gelado e fétido.

    As horas se passaram e a minha barriga começou a roncar, eu tinha comido pouco na recepção e estava com fome, me aproximei da porta e vi que o havia sido lançado ali dentro era um pedaço de pão que já estava mofado e uma garrafa de água com procedência duvidosa, eu nunca iria comer aquilo.

    Tentei voltar a gritar, porém a minha garganta doía e eu apenas voltei a me sentar no cantinho e abraçar as minhas pernas, esperando que alguém fosse me resgatar daquele cativeiro, aquilo só podia ser um sequestro, mas com os meus pais presos ninguém iria dar pela minha falta. Apertei mais as minhas pernas sentindo o vento gelado bater contra a minha pele e fechei os meus olhos, aquilo tudo poderia ser apenas um pesadelo, quando eu abrisse os meus olhos eu estaria no meu quarto, na minha suíte na cobertura de frente para o Central Park e rindo das fantasias que eu criava durante o meu sono.

    Quando acordei eu estava no mesmo lugar, jogada sobre um chão duro e sentindo o meu estômago doer por conta da falta de comida, mas eu não iria comer aquele pão, me recusava a fazer isso. mas quando ninguém passou para trazer nada naquele dia, aquele pão com aquela água suja me parecia ainda mais apetitosa e enquanto as horas se passavam a minha boca secava e o estomago doía, eu devorei aquele pão com gosto ruim e tomei a água enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto.

    Não sei quantos dias eu estava ali, meu corpo estava sem forças, eu não conseguia me mover sem sentir dor. Eu estava jogada sobre o meu vomito, já que aquele pão tinha me feito tão mal que horas depois de ter o ingerido eu comecei a passar mal, além do cheiro das minhas necessidades que estava impregnado sobre o meu corpo.

    — Levante-se. – Ordenou uma voz e eu tentei levantar a minha cabeça. — Eu mandei você se levantar, sua burguesa de merda.

    Meus cabelos foram puxados com força e minha cabeça pendeu para frente e uma gargalhada fez com que todos os pelos do meu corpo se arrepiassem.

    — Elas não aguentem nem o nosso serviço exclusivo, imagina quando caírem nas mãos de um daquele malditos. – Ironizou a pessoa fazendo com que eu gemesse. — Levem-na para cima e a preparem, o russo virá nessa noite e ele disse que quer algo novo, já que o seu último brinquedinho morreu recentemente.

    Meu corpo foi suspenso e eu fui arrastada por um longo corredor, onde eu podia ouvir gritos e lamurias, tudo que eu me lembro além das inúmeras celas eram as escadas e a porta de madeira.

    Fui jogada dentro de um banheiro e algumas mulheres entraram e arrancaram o meu vestido me colocando dentro de uma banheira e tirando toda aquela sujeira que estava impregnada no meu corpo.

    Meu cabelo foi lavado e hidratado, minha unhas foram cortadas e pintadas em uma cor chamativa que eu nunca usaria e o meu rosto foi maquiado com uma maquiagem pesada e vulgar e os meus cabelos foram presos em um coque que me deixava parecendo uma vadia de luxo.

    — Coma. – Ordenou uma das mulheres quando uma bandeja foi colocada na minha frente. — Não irá querer enfrentar isso de barriga vazia criança, é melhor comer e se comportar ou irá ser castigada e voltar para o sótão, não irá querer voltar para lá. Se tiver sorte será comprada por um dos políticos, não queira cair nas mãos de um mafioso, eles são os piores e adoram belezas exóticas como as suas.

    — Onde nós estamos? – Perguntei encarando a mulher, ela falava inglês, mas tinha um sotaque forte como todos ali.

    — Estamos em um lugar sem leis, crianças. – Respondeu ela. — Eu já falei demais, coma, precisamos terminar de preparar você. O chefe quer a ver antes do leilão, não irá querer o deixar irritado ou o seu destino será mais cruel do que pode imaginar.

    Eu fiz o que ela comeu e mamãe ficaria furiosa se me visse comer daquela maneira, porém eu devorei toda a comida que estava na minha frente em minutos e depois corri para o banheiro colocando tudo para fora.

    — Irei pegar um remédio para você. – Avisou a mulher me encarando. — Não é bom que saibam que você está doente ou isso irá frustrar os planos do chefe e o deixar furioso, ele está programando esse leilão a meses e você é a peça principal do seu catálogo, todos estão loucos para ter a americana, vocês são difíceis de conseguir.

    Meus olhos se arregalaram e eu caí ao lado do vaso vendo-a sair do banheiro. Do que diabos eles estavam falando? Que tipo de lugar era aquele? Me levantei com dificuldade por conta da fraqueza e me apoiei na pia e lavei a minha boca e escovei os dentes antes de sair do banheiro e me joguei em uma das poltronas.

    — Tome isso. – Mandou-a colocando dois comprimidos na minha mão. — Vai fazer com que você se sinta melhor e ninguém irá desconfiar que está doente.

    — O que é isso? – Perguntei.

    — É melhor você não saber bonitinha. – Avisou ela. — Tome rápido antes que elas voltem ou você terá problemas e ficar sem comer vai parecer um sonho.

    Enfiei os dois comprimidos na minha boca quando ouvi passos e tomei a água que estava dentro do copo sentindo os comprimidos passarem raspando na minha garganta.

    As outras mulheres entraram trazendo um vestido vermelho de um tecido duvidoso e elas me colocarem de pé o colocando nos meu corpo e apertando o corpete até que os meus peitos praticamente saltassem pelo decote e as minhas costelas doessem por conta da compreensão que estava sendo exercida sobre elas.

    — O senhor tinha razão. – Comentou uma delas terminando de fechar o vestido. — Vermelho realmente realça a sua pele e faz com que você pareça mais velha. Todos irão ficar eufóricos, o chefe irá conseguir alguma milhões por essa beleza.

    — Não é à toa que ela é a peça principal do leilão. – Ironizou a mulher segurando o meu rosto e sorrindo. — Com esse rostinho de boneca, todos irão a querer, espero que tenha mais sorte do que o último brinquedo do russo, fiquei sabendo que ele gosta de americanas.

    Elas saíram trancando a porta do quarto e deixando-me sozinha, caminhei pelo local tentando achar uma forma de escapar daquele lugar, porém as janelas eram lacradas e a porta estava trancada e os moveis pareciam ser grudados no chão, já que eles nem se moviam.

    Bufei irritada e me sentei em uma das poltronas cruzando os meus braços, pense Rayza, você precisa pensar em uma maneira de fugir daquele lugar, já que tudo que estava acontecendo ali me dava arrepios.

    A porta foi aberta fazendo com que eu pulasse ao ver o homem que tinha me sequestrado no salão e o encarasse com os meus olhos arregalados.

    — Rayza, Rayza! – Exclamou ele rindo e eu dei dois passos para trás. — Não precisa ter medo criança, não irei fazer nada contra você, é a minha peça mais preciosa dessa noite e eu não quero danificar e deixar com meus clientes reclamarem da minha falta de profissionalismo.

    — Quem é você? – Perguntei o encarando e peguei um vaso que estava nas minhas costas. — O que você quer comigo? Se quiser o resgate pelos sequestro os meus pais irão pagar tudo o que você pedir.

    Ele gargalhou, colocou as suas mãos na barriga e depois me encarou como se eu estivesse feito a piada mais engraçada do mundo.

    — Sequestro! – Exclamou ele ajeitando a sua postura e aproximando-se de mim. — Desculpe-me ter lhe dado essa falsa esperança, pequena donzela, porém isso não é um sequestro, seus queridos pais venderam você para mim.

    — O QUE? – Gritei sentindo o meu coração palpitar, não os meus pais nunca iriam fazer isso, eu era a única herdeira que eles tinham, eles não desceriam tão baixo a ponto de fazerem isso. — Não! Meus pais nunca fariam isso, eles me amam. VOCÊ ESTÁ MENTINDO, VOCÊ É APENAS UM MENTIROSO QUE ESTÁ TENTANDO ME COLOCAR CONTRA OS MEUS PAIS, VOCÊ QUER QUE ELES LHE PAGUEM MAIS PELO MEU RESGATE E POR ISSO ESTÁ FAZENDO ISSO.

    — Seus pais estão falidos minha querida, falidos e tendo problemas com a polícia, eles precisavam de dinheiro para pagar um advogado e desaparecerem. – Explicou ele rindo. — Então eles venderam a única coisa que a justiça americana não podia apreender. Você! Eu sei isso deve ser chocante, eu também ficaria espantado se fosse tratado como uma mercadoria, mas o mundo é dos espertos!

    — Mentiroso. – Rosnei apertando o caso com força e o tacando na sua direção fazendo com que ele cortasse o seu rosto e ele rosnou. — VOCÊ É UM MALDITO MENTIROSO, MEUS PAIS NUNCA IRIAM FAZER ISSO COMIGO. NUNCA!

    — Eu só não irei quebrar o seu lindo rosto, porque aquele maldito russo estará aqui hoje a procura de algo novo. – Rosnou ele aproximando-se de mim e apertando o meu rosto com força. — Reze para que ele ou alguém lhe compre, pois se você continuar nas minhas mãos, você irá se arrepender das suas ações.

    Ele saiu do quarto batendo a porta com força e eu desabei no chão colocando as minhas mãos no coração e sentindo os meus olhos arderem por conta das lágrimas que se formavam.

    Meus pais nunca iriam fazer aquilo comigo, eu era a princesa deles, o sol das suas vidas, eles poderiam não serem tão cruéis a ponto de terem me vendido para um traficante de pessoas, isso não se fazia nem com um cachorro.

    — Oh deus! – Exclamou a mulher entrando e segurando o meu rosto. — Olha o que você fez! Borrou toda a maquiagem. Irei ter que começar tudo do zero, essa idiota está parecendo um panda. Pare de chorar, irá me dar trabalho em dobro e eu odeio isso.

    Ela me puxou até uma das poltronas e tirou a maquiagem do meu rosto com agressividade, a porta estava entreaberta e aquela era a chance de eu tentar fugir e me livrar daquele lugar.

    — Não irá conseguir ir nem até o final do corredor, queridinha. – Debochou ela puxando o meu rosto. — E se conseguir sair desse lugar, o chefe tem olhos em todos os cantos da ilha, você nunca iria conseguir fugir desse lugar, a não ser que estivesse morta e acho que essa não é a sua vontade.

    — Entre ser vendida e morta, eu prefiro a morte. – Afirmei ouvindo-a gargalhar. — Nem um animal merece ser traficado dessa maneira, eu não sou um objeto para ser trocado por dinheiro, tenho sentimentos e os meus direitos.

    — Irei lhe contar algo meu bem, quando você caí no submundo do crime, você não possuí mais direitos, aqui não existe ONU ou Direitos humanos. – Avisou ela me encarando. — Tudo o que você verá hoje são criminosos do alto escalão, homens que se escondem por trás dos seus sobrenomes ou cargos políticos. Eles são a escória do mundo, algo que uma pessoa como você nunca iria descobrir que existia se não fosse tão azarada e se não tivesse pais tão filhos da puta como os seus, que trocaram a sua liberdade pela deles, alguns tem as suas prioridades.

    — Meus pais não fariam isso. – Rosnei serrando as minhas mãos. — Eles nunca fariam isso comigo, eu não acredito em nada que vocês falam.

    — Se você quiser continuar a se enganar dessa maneira, algumas pessoas sofrem menos quando fogem da realidade. – Disse ela rindo. — Eu realmente já vi de tudo nesse mundo, miseráveis venderem os seus filhos por comida, mulheres se venderem para saírem da miséria, porém ricos venderem aos seus é uma das primeiras vezes, principalmente alguém tão bonita.

    Eu queria mandá-la calar a boca, porém o bolo que se formou na minha garganta fazia com que eu não conseguisse falar nada.

    — Não fique triste, você será disputada por todos e se Deus tiver caridade de você irá ser comprada por alguém que irá lhe tratar como uma rainha. – Afirmou ela terminando a maquiagem e afastando-se de mim e eu enfiei a minha mão dentro da sua maleta pegando uma das pinças afiadas. — Seria mais difícil se você fosse feia e fosse recusada de leilão a leilão, tendo que sofrer as consequências de não ser boa o bastante, você não aguentaria um desses castigos garotinha. Coloque a pinça de onde você tirou, você não irá conseguir fazer nada quando chegar o momento, então é melhor não causar tumulto e deixar as coisas ainda mais difíceis para as garotas que não serão compradas e terão que lidar com a irá do chefe.

    Ela arrancou o objeto das minhas mãos jogando-o dentro da sua maleta e saiu do quarto deixando-me novamente sozinha e eu rosnei querendo quebrar todo aquele maldito quarto, mas não havia nada que pudesse ser quebrado sem que eu me quebrasse.

    As horas se passaram e com isso a minha ansiedade começou a florescer fazendo com que eu andasse de um lado para o outro, passando as minhas mãos pelos meus braços, enquanto milhões de perguntas gritavam na minha mente.

    A porta foi aberta e dois homens passaram por ela e me escoltaram para outro quarto um pouco menor, onde havia outras garotas, elas não estavam vestidas como eu, era roupas mais simples, produções menos elaboradas. Os homens ficaram parados na porta como se estivessem ali para evitar qualquer problemas entre as garotas ou que alguém tentasse fugir.

    — Todos os meus querubins reunidos! – Exclamou o traficante entrando na sala e eu dei dois passos para trás me encostando na parede. — Não se preocupem, alguns de vocês podem não ter sorte essa noite, mas sempre terão uma segunda chance. Então não fiquem afoitas, tudo tem o seu tempo, iremos começar o leilão em alguns minutos, estamos apenas esperando o nosso convidado de honra chegar. Boa sorte meus passarinhos, hoje vocês começaram a trilhar um novo caminho, um caminho emocionante e cheio de aventuras.

    Ele saiu e um arrepio percorreu o meu corpo quando as garotas começaram a ser enviadas para o local do leilão, uma a uma, fazendo com que a sala começasse a ficar vazia e eu ficasse apavorada.

    — Você é a próxima. – Avisou o homem me encarando. — Não faça nenhuma besteira, o chefe disse que não poderíamos apenas ferir o seu rosto, mas se der problemas poderemos lhe corrigir de outra maneira.

    O sorriso malicioso que surgiu nos seus lábios fez com que eu me arrepiasse inteira, ele me empurrou na direção da porta e as minhas pernas mal conseguiam me manter em pé. Fui jogada no meio de um palco, com luzes que me deixaram cega e homens gritando em diversos idiomas diferente, deixando a minha compreensão impossível.

    — A nossa beleza da noite! – Exclamou um homem aproximando-se de mim e forçando-me dar um passo à frente. — Um anjo em força de mulher, caucasiana, loira, belos olhos verdes, estatura média e americana. Nossa bela da noite é uma mulher culta, poliglota, falando seis idiomas fluentes, uma violinista eximia, sangue nobre inglês nas suas veias. Lance mínimo 100 milhões de dólares.

    Gritos me deixaram ainda mais apavorada e tudo que eu queria fazer era fugir daquele lugar, não consegui dar três passos para trás antes de ter o meu braço agarrado pelo locutor que sorriu e me manteve presa ao meu lado.

    — 500 milhões de dólares para o nosso querido italiano. – Anunciou o homem e o velho sorriu maliciosamente. — Dou-lhe uma, dou-lhe duas, vocês irão entregar essa beleza para o italiano?

    Todos estavam calados e os meus olhos correram pelo salão esperando o momento em que a polícia iria entrar por aquelas portas e me salvar daquele pesadelo, porém tudo que eu via eram sorrisos maliciosos e comentários esdrúxulos.

    — Já que ninguém mais quer a nossa beleza. – Disse o homem sorrindo. — Eu irei a entregar para o italiano...

    — Um bilhão de dólares pela americana. – Anunciou uma voz no fundo do local fazendo com que eu apertasse os meus olhos, porém não conseguisse identificar de onde vinha aquele lance. — Alguém irá querer competir comigo?

    O salão caiu em um silencio mortal deixando-me completamente arrepiada, o locutor nem fez as gracinhas de antes e apenas fechou o negócio fazendo com que eu fosse arrastada para fora do palco.

    — Parece que não será hoje que iremos resolver os nossos contratempos, Rayza Ballard. – Falou o traficante aparecendo na minha frente. — Mas, nos encontraremos novamente, você virá até mim e irá suplicar pela minha proteção. Guarde essas palavras na sua mente, o diabo é russo. A preparem para a viagem, meu cliente tem presa.

    Uma agulha perfurou o meu pescoço e eu cambaleei para frente sentindo o meu coração palpitar a minha respiração de acelerar.

    — Não se preocupe isso vai passar e quando você acordar estará no seu novo lar. – Avisou o homem rindo. — Boa sorte querubim.

    III

    Danil Polard:

    — Onde está a minha encomenda? – Perguntei colocando a maleta sobre a mesa de Nóvak. — Irá ver a cor do dinheiro apenas quando os meus homens me informar que estão em posse da garota.

    — Assim você me ofende, meu caro Danil. – Ironizou ele rindo. — Não se preocupe, meus homens estão preparando a sua encomenda para que não haja problemas durante a viagem, não acho que irá querer a polícia no seu rastro.

    — A polícia nunca foi um problemas. – Afirmei colocando as minhas mãos sobre a mesa. — Não brinque comigo Nóvak, sabe que eu posso destruir esse seu negócio clandestino com um estalar de dedos. Quantos milhões irá perder se a polícia descobrir sobre essa ilha?

    Ele deu uma risada e pediu para que eu me acalmasse que era apenas uma brincadeira. Peguei o meu celular vendo que os meus homens já estavam com a garota e abri a pasta vendo os seus olhos brilharem quando ele viu a quantidade de dinheiro que tinha na sua frente.

    — Acho que não é necessário contar. – Falou ele rindo e fechando a mala. — Tenha uma boa viagem meu amigo, se precisar de algo me acione que eu ficarei feliz em lhe ajudar.

    Revirei os meus olhos e apenas saí do escritório seguindo até o heliporto e entrando no helicóptero que iria me levar a costa, eu ainda tinha alguns assuntos para tratar naquele país antes de voltar para casa.

    — O que faremos com a americana? – Perguntou Pavel me encarando e eu apenas rolei os meus olhos, parece que meu querido irmão ainda não tinha entendido qual era a finalidade daquela vadia. — Não me diga que gastou todo aquele dinheiro apenas para lhe jogar para os soldados, teria sido mais barato ter ido até os EUA e sequestrar garotas sem um sobrenome.

    — Não seja idiota. – Rosnei. Pavel gostava de me tirar do sério. — Quero a vadia sobre os meus olhos, ela tem algo que me pertence e eu quero de volta. Leve-a para Moscou, eu ainda tenho problemas para resolver em Praga.

    Ele anuiu e calou a sua maldita boca deixando com que eu me concentrasse nos meus negócios e orientei aos soldados que o acompanhassem na viagem de volta para Moscou, Pavel era um cabeça de vento e iria se meter com confusões, então era melhor o despachar junto com a americana para que eu não tivesse problemas com os dois.

    — Para onde iremos, senhor? – Perguntou Serguei quando eu entrei no carro. — Devo seguir para o local de encontro ou esperar pelo telefonema do seu informante?

    — Siga para o ponto de encontro. – Ordenei cruzando os meus braços. — Irei me livrar desse maldito quando chegarmos em Moscou, eu não trabalho com X9, porém ele está me fazendo um grandioso favor ao me entregar esse desgraçado que está me passando para trás.

    Ele concordou e segui na direção de onde o desgraçado tinha marcado, segundo ele o encontro iria acontecer ali, entre Arnost e Valdir, aquele desgraçado ainda estava tentando contra a Bratva e isso iria acabar naquela noite. Eu iria matar dois coelhos com uma única cajadada, nada melhor do que sujar as mãos de sangue para terminar uma noite gloriosa como aquela.

    — Senhor Polard! – Exclamou Owen debruçando-se sobre a janela do meu carro e sorrindo. — Eu sabia o que senhor não iria deixar com que aquele maldito continuasse o passando para trás.

    — Entre. – Ordenei fazendo com que ele arregalasse os seus olhos e tentasse negar. — Eu mandei você entrar ou irei lhe entregar para os tchecos e nunca mais irá colocar os seus pés na Rússia.

    Ele engoliu a seco e entrou no carro sentando-se ao meu lado e eu revirei os meus olhos quando percebi que ele estava tremendo. Sorri maliciosamente me virando para ele e colocando uma arma nas suas mãos vendo os seus olhos se arregalarem.

    — Para a sua proteção. – Ironizei apertando as mãos deles contra a arma. — Não queremos que nada aconteça com você, infelizmente não poderia deixar com que Serguei fique cuidando da sua segurança e Arnost nunca saí da sua toca desacompanhado dos seus seguranças, o maldito tem medo até a da própria sombra.

    Ele engoliu a seco e afirmou que eu não precisava me preocupar com a sua segurança e que ele iria ficar quietinho dentro do carro para não me causar problemas e eu apenas sorri maliciosamente vendo a movimentação acontecer diante dos meus olhos.

    — Parece que você acabou de garantir a sua passagem para Moscou. – Avisei apertando os seus ombros quando vi Valdir sair de um dos carros. — Agora fique aqui e aprecie o show que eu irei lhe dar.

    Ele concordou e eu deixei com que eles entrassem no local antes de sair do carro e caminhar a passos lentos na direção de onde os malditos estavam tramando pelas minhas costas.

    — Entre e avise o seu chefe que eu estou aqui. – Mandei encarando o chefe de segurança. — Não irá querer que eu comece um tiroteio no meio de uma avenida movimentada, deixe-o avisado que ele não deve causar alvoroço e assustar o meu amigo russo.

    Ele me encarou por alguns segundos antes de dar ordens e entrar no restaurante fazendo com que eu encarasse os soldados que me encaravam com atenção, como se eu fosse me alterar no meio de todas aquelas pessoas.

    Arnost apareceu dois minutos depois com um sorrisinho debochado nos seus lábios, como se estivesse zombando da minha cara e ele não deveria alterar o meu humor.

    — Danil! – Exclamou ele sorrindo. — Não sabia que estava em Praga, se soubesse teria armado uma recepção à altura do herdeiro da Bratva.

    — Acho que você me deu uma recepção melhor do que está imaginando. – Afirmei me aproximando dele e apertando o seu ombro. — Você tem sorte por ser um amigo íntimo do meu pai ou iria matar você junto com aquele maldito, suma da minha frente ou irei arrancar a sua cabeça quando terminar com o desgraçado do Valdir.

    Ele deu uma risada e se afastou levando os seus seguranças consigo e eu mandei com que os meus homens entrassem lá e pegassem aquele traidor e o levassem para a sede da Bratva em Praga.

    — Senhor Polard! – Exclamou o capo curvando-se. — Eu não sabia que o senhor viria hoje, os rumores são que o seu jatinho decolou a horas de Praga.

    — Nunca acredito em malditos rumores. – Rosnei passando por ele. — Eu preciso apenas de uma das suas salas de tortura, não irei fazer muita bagunça, irei apenas tirar algumas respostas da boca de um filho da puta.

    Ele anuiu e orientou os meus homens de onde eles deveriam levar o prisioneiro e eu tirei o meu terno e a minha camisa, não iria manchar as minhas roupas com o sangue imundo daquele desgraçado.

    — Ele está preparado senhor. – Avisou Serguei. — Tem certeza de que não irá querer ninguém junto com o senhor na sala de tortura? Valdir é um homem perigoso, ele pode tentar contra a sua vida, mesmo estando nessa situação.

    — Não se preocupe que ele não é páreo para mim. – Garanti o encarando. — Avise ao meu pai que consegui capturar o maldito, mas não prometo o levar com vida para Moscou se conseguir as informações que procuro.

    Ele concordou e eu entrei na sala de tortura ouvindo as risadas daquele maldito, ele sabia o que iria lhe acontecer e ainda estava rindo. O desgraçado realmente não tinha medo do morte, mas ele não conhecia o diabo.

    — Polard! – Exclamou ele me encarando. — Você perdeu o seu tempo vindo atrás de mim? Achei que já tinha superado a nossa pequena desavença, isso não é um motivo plausível para você querer a minha morte, eu sou um cidadão livre, até a Bratva perdoou os meus crimes, você não deveria guardar ódio no seu coração.

    — Um ladrão nunca será perdoado. – Bradei ouvindo a sua risada. — Mas, não se preocupe eu irei lhe ensinar sobre o perdão da Bratva e esse sorriso que está nos seus lábios irá desaparecer em segundos.

    Ele gargalhou e eu lhe dei as costas e peguei um dos chicotes com pontas de ferro e brinquei com o objeto fazendo com que ele pegasse impulso antes de bater com força contra as suas costelas vendo-o serrar as mãos e trincar os seus dentes, alguns tinham o seu orgulho e preferiam não suplicar pelo perdão antes da morte, uma pena, pois isso tornava tudo mais divertido.

    — Para quem você os vendeu? – Perguntei o encarando e ouvindo a risada baixa. — Você sabe que irá me responder, em um momento ou no outro irá suplicar pela sua vida e responder a todos os meus questionamentos, eu tenho a noite inteira para brincar com você.

    — Eu nunca irei lhe falar nada sobre isso. – Debochou ele levantando a sua cabeça e cuspindo na minha cara. — Irei morrer com a minha boca fechada, eu posso ser um ladrão, mas eu não sou um maldito X9 e eu nunca irei entregar aos meus. Seu tempo está terminando Danil Polard e a Bratva nunca será sua.

    Rosnei apertando o seu pescoço com força, ele estava tentando me manipular e fazer com que eu caísse no seu jogo, mas eu não deixaria com que isso acontecesse.

    — Você não irá brincar com a minha mente. – Avisei me afastando dele e gargalhando. — Eu conheço todos os seus jogos de manipulação Valdir. Agora você está nas minhas mãos e a única pessoa que manipula nessa sala sou eu.

    Soquei a sua cara fazendo com que ele cuspisse na minha direção e eu apenas ri saindo da sala de tortura e mandando com que eles preparassem os latões e o prisioneiro enquanto eu limpava o meu rosto, eu não iria deixar com que aquele maldito brincasse com o meu

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1