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Guerras Portuguesas
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E-book330 páginas4 horas

Guerras Portuguesas

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Sobre este e-book

A história militar de Portugal é tão longa quanto a história do país, antes do surgimento do estado português independente. Antes do surgimento de Portugal, entre os séculos IX e XII, seu território fazia parte de importantes conflitos militares - resultado principalmente de três processos. O conflito entre Roma antiga e Cartago pelo domínio do mar Mediterrâneo ocidental ocorreu principalmente na Península Ibérica (Hispânia Romana) durante a Segunda Guerra Púnica, de 218 a 201 a.C. A conquista romana da Hispânia, um longo processo de 218 a.C. (no contexto da Segunda Guerra Púnica) a 17 a.C. (já durante o imperador Augusto), teve três grandes confrontos em relação ao território português moderno: A Guerra Lusitana de 155 a 139 a.C., entre os romanos e os lusitanos, nomeadamente durante o período em que estes foram liderados por Viriatus. A expedição e conquista de Gallaecia (norte de Portugal e Galiza), de 135 e 132 a.C., liderada pelo cônsul Decimus Junius Brutus Callaicus. As guerras cantábricas de 29 a 19 a.C., no último estádio da conquista romana, que, embora não sejam dirigidas às populações do atual território português, envolveram muito movimentos militares no que hoje é o norte de Portugal. As guerras civis republicanas romanas que ocorreram, total ou parcialmente, na Hispânia, ainda que em interação e conexão com o processo de conquista, a saber: A revolta de Sertório na Hispânia, de 83 a 72 a.C., sob a liderança de Sertório. A Guerra Civil de César, de 49 a 45 a.C., entre Júlio César e os ótimos (republicanos conservadores), inicialmente liderados por Pompeu. As invasões durante o período de migração e o declínio do Império Romano , no início do século V, e os subsequentes conflitos entre conquistadores (até o século VIII), a saber: Invasão de Roman Gallaecia pelo suebi germânico (Quadi e Marcomanni ) sob o rei Hermeric, acompanhado pelo Buri em 409. Invasão de Hispania pelos germânicos Vandals (Silingi - criada em Baetica e Hasdingi - criada em interior Gallaecia, perto do Suebi) eo Sarmatian alanos (criada em Roman Lusitânia), em 409. Invasão da Hispânia pelos visigodos germânicos liderados pelo rei Teodorico, expandindo-se da Aquitânia e sob solicitação dos romanos, em 410, estabelecendo o Reino Visigótico da Hispânia. A guerra entre os Suevi e os vândalos Hasdingi, onde os primeiros resistiram com a ajuda romana, em 419. A guerra entre os alanos e os suevos e romanos, onde os dois últimos foram derrotados na Batalha de Mérida, em 428. A guerra entre os visigodos e a aliança vandalismo-alanica, que terminou em 429, com a maioria dos vândalos e alanos se mudando para o norte da África. As contínuas e dinâmicas disputas dinásticas entre os Suevi. A guerra contínua entre os suevos e os visigodos, que terminou quando o rei visigodo Liuvigild conquistou o reino dos suebi em 585. A guerra entre o Reino Visigótico da Hispânia e o Império Bizantino na província ibérica da Espanha, no sul, de 552 a 624. A guerra dinástica e civil no Reino Visigótico entre os partidários de Achila II (controlando a maior parte da Hispânia oriental) e Roderic (controlando a maior parte da Península Ibérica). A Reconquista começou como uma insurgência nas Astúrias em 722. Atualmente, historiadores e arqueólogos geralmente concordam que o norte de Portugal, entre os rios Minho e Douro, manteve uma parcela significativa de sua população, na área social e política cristã que até o final do século IX existia. não havia poderes políticos em exercício. No entanto, no final do século IX, a região faz parte de uma estrutura de poderes, as estruturas de poder galegas - asturianas , leonenses e portuguesas. O condado de Portugal cresceu lentamente em poder e território, formando um Reino separado de Portugal. que se expandiu às custas dos estados mouros de Al-Andalus, terminando sua Reconquista em 1249. O condado de Portugal cresceu lentamente no poder e suas contagens começaram a se chamar duques, um dos quais se tornou regente d
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de mai. de 2020
Guerras Portuguesas

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    Guerras Portuguesas - Adeilson Nogueira

    GUERRAS

    PORTUGUESAS

    Adeilson Nogueira

    1

    Todos os direitos reservados.

    Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou meio eletrônico, e mecânico, fotográfico e gravação ou qualquer outro, sem a permissão expressa do autor. Sob pena da lei.

    2

    ÍNDICE

    INTRODUÇÃO

    - ...................................................................................04

    BATALHA DE PEDROSO (1071)............................................................11

    BATALHA

    DE

    AROUCA

    (1128)..............................................................12

    BATALHA

    DE

    SÃO

    MAMEDE

    (24-Jun-

    1128).........................................13

    BATALHA

    DE

    OURIQUE

    (25-Jul-

    1139)..................................................14

    CERCO

    DE

    LISBOA

    (25-10-

    1147)..........................................................19

    BATALHA

    DE

    SACAVÉM

    (1147)............................................................23

    CERCO

    DE

    BADAJOZ

    (1169).................................................................26

    CONQUISTA DE SANTARÉM................................................................27

    BATALHA

    DE

    CABO

    ESPICHEL

    (1180)...................................................29

    BATALHA

    DE

    NAVAS

    DE

    TOLOSA

    (16-Jul-

    1212)...................................31

    BATALHA

    DE

    ALVALADE

    (1323)...........................................................36

    BATALHA

    DO

    SALADO

    (30-Out-

    1340)..................................................40

    CERCO DE LISBOA (6-Abr-1384)..........................................................45

    3

    BATALHA

    DOS

    ATOLEIROS

    (6-Abr-

    1384).............................................49

    BATALHA

    DE

    TRANCOSO

    (Jun-

    1385)...................................................52

    BATALHHA DE ALJUBARROTA (14-Ago-1385)....................................54

    BATALHA DE VALVERDE (14 de outubro de 1385)...............................64

    CONQUISTA

    DE

    CEUTA

    (22-Ago-

    1415)................................................67

    BATALHA

    DE

    ALFARROBEIRA

    (20-Mai-

    1449).......................................73

    BATALHA DE TORO (01-Mar-1476).....................................................75

    BATALHA

    NAVAL

    DA

    GUINÉ

    (1478).....................................................77

    BATALHA

    DE

    CANANOR

    (Dez-1501,

    março

    de

    1506)...........................81

    BATALHA

    DE

    CHAUL

    (Mar-

    1508).........................................................82

    BATALHA

    DE

    DIU

    (3-Fev-

    1509)............................................................86

    BATALHA DE AZAMOR (28-Fev-1513).................................................89

    BATALHA

    DE

    ALCÁCER-QUIBIR

    (4-Ago-

    1578)......................................92

    BATALHA

    DE

    ALCÂNTARA

    (25-Ago-

    1580)..........................................101

    BATALHA DE SALGA (1581)...............................................................103

    4

    BATALHA

    NAVAL

    DE

    VILA

    FRANCA

    (26-Jul-

    1582)..............................120

    BATALHA DO CABO RACHADO (18 de agosto de 1606).....................134

    BATALHA DE SWALLY (29-30 de Setembro de 1612).........................135

    CERCO

    DE

    ELVAS

    (1644)....................................................................136

    BATALHA

    DE

    MONTIJO

    (26-Mai-

    1644)..............................................137

    BATALHA

    DAS

    LINHAS

    DE

    ELVAS

    (14-Jan-

    1659)................................139

    BATALHA

    DO

    AMEIXIAL

    (8-Jun-

    1663)................................................142

    BATALHA

    DE

    CASTELO

    RODRIGO

    (7-Jul-

    1664)...................................144

    BATALHA

    DE

    MONTES

    CLAROS

    (17-Jun-

    1665)..................................146

    BATALHA

    DE

    ALMANSA

    (25

    de

    abril

    de

    1707)....................................149

    COMBATE DE ÉVORA........................................................................152

    BATALHA DE ROLIÇA (17-Ago-1808).................................................160

    BATALHA

    DO

    VIMEIRO

    (21-Ago-

    1808)..............................................170

    BATALHA

    DO

    PORTO

    (29-Mar-

    1809).................................................179

    5

    BATALHA

    DO

    BUÇACO

    (27

    de

    setembro-

    1810).................................192

    COMBATE DE CAMPO MAIOR (25 de março de 1811).......................197

    BATALHA DE BADAJOZ (16 de março-6 de abril de 1811)..................202

    BATALHA

    DE

    SABUGAL

    (3

    de

    abril-

    1811)....................................218

    BATALHA DE FUENTES DE OÑOR (3 de maio-1811)....................224

    BATALHA

    DE

    ALBUERA

    (16

    de

    maio-

    1811).................................230

    BATALHA DE SALAMANCA (22 de julho de 1812).......................242

    BATALHA DE VITÓRIA (21 de junho de 1813)..............................259

    BATALHA DE PIRENÉUS (25 de julho de 1813)............................267

    BATALHA DE NIVELLE (10 de novembro de 1813).....................269

    BATALHA

    DE

    ORTHEZ.................................................................270

    BATALHA DO NIVE (9 de dezembro de

    1813).............................272

    BATALHA DE TOULOUSE (10 de abril de 1814)...........................274

    BATALHA DO JENIPAPO (13 de março de 1823).........................275

    6

    CERCO DO PORTO (Julho de 1832 a agosto de 1833)..................292

    BATALHA DO CABO DE SÃO VICENTE ( 5 de julho de 1833).......299

    BATALHA DA PRAIA DA VITÓRIA (11 de agosto de 1829)............301

    BATALHA DE PERNES (Janeiro de 1834)....................................303

    BATALHA DE ALMOSTER (18 de fevereiro de 1834)....................304

    BATALHA DE ASSEICEIRA (16 de maio de 1834)..........................308

    COMBATE DE NAULILA (18 de Dezembro-

    1914)........................309

    BATALHA DE NEGOMANO (25 de novembro de 1917)...............324

    BATALHA DO LYS (7 de abril de 1918-29 de abril de 1918)..........325

    OPERAÇÃO

    VIRIATO

    (10-Jun-

    1961)............................................333

    OPERAÇÃO

    TRIDENTE

    (15-Jan

    a

    24-Mar-

    1964)..........................335

    OPERAÇÃO

    ÁGUIA

    (2-Jul

    a

    6-Set-

    1965)......................................337

    OPERAÇÃO ZETA (7-Jun-1969)...................................................338

    OPERAÇÃO MARTE (Abr-1968)..................................................342

    OPERAÇÃO

    ABANADELA

    (20-Jul

    a

    30-Jul-

    1970)..........................343

    7

    OPERAÇÃO MAR VERDE (20-Nov a 22-Nov-1970)......................344

    OPERAÇÃO

    PENADA

    (Abril

    de

    1972)..........................................349

    OPERAÇÃO

    AMETISTA

    REAL

    (8-Mai-

    1973).................................350

    8

    INTRODUÇÃO

    A história militar de Portugal é tão longa quanto a história do país, antes do surgimento do estado português independente.

    Antes do surgimento de Portugal, entre os séculos IX e XII, seu território fazia parte de importantes conflitos militares -

    resultado principalmente de três processos.

    O conflito entre Roma antiga e Cartago pelo domínio do mar Mediterrâneo ocidental ocorreu principalmente na Península Ibérica (Hispânia Romana) durante a Segunda Guerra Púnica, de 218 a 201 a.C.

    A conquista romana da Hispânia, um longo processo de 218 a.C.

    (no contexto da Segunda Guerra Púnica) a 17 a.C. (já durante o 9

    imperador Augusto), teve três grandes confrontos em relação ao território português moderno:

    A Guerra Lusitana de 155 a 139 a.C., entre os romanos e os lusitanos, nomeadamente durante o período em que estes foram liderados por Viriatus.

    A expedição e conquista de Gallaecia (norte de Portugal e Galiza), de 135 e 132 a.C., liderada pelo cônsul Decimus Junius Brutus Callaicus.

    As guerras cantábricas de 29 a 19 a.C., no último estádio da conquista romana, que, embora não sejam dirigidas às populações do atual território português, envolveram muito movimentos militares no que hoje é o norte de Portugal.

    As guerras civis republicanas romanas que ocorreram, total ou parcialmente, na Hispânia, ainda que em interação e conexão com o processo de conquista, a saber:

    A revolta de Sertório na Hispânia, de 83 a 72 a.C., sob a liderança de Sertório.

    A Guerra Civil de César, de 49 a 45 a.C., entre Júlio César e os ótimos (republicanos conservadores), inicialmente liderados por Pompeu.

    As invasões durante o período de migração e o declínio do Império Romano , no início do século V, e os subsequentes conflitos entre conquistadores (até o século VIII), a saber: Invasão de Roman Gallaecia pelo suebi germânico (Quadi e Marcomanni ) sob o rei Hermeric, acompanhado pelo Buri em 409.

    Invasão de Hispania pelos germânicos Vandals (Silingi - criada em Baetica e Hasdingi - criada em interior Gallaecia, perto do Suebi) eo Sarmatian alanos (criada em Roman Lusitânia), em 409.

    10

    Invasão da Hispânia pelos visigodos germânicos liderados pelo rei Teodorico, expandindo-se da Aquitânia e sob solicitação dos romanos, em 410, estabelecendo o Reino Visigótico da Hispânia.

    A guerra entre os Suevi e os vândalos Hasdingi, onde os primeiros resistiram com a ajuda romana, em 419.

    A guerra entre os alanos e os suevos e romanos, onde os dois últimos foram derrotados na Batalha de Mérida, em 428.

    A guerra entre os visigodos e a aliança vandalismo-alanica, que terminou em 429, com a maioria dos vândalos e alanos se mudando para o norte da África.

    As contínuas e dinâmicas disputas dinásticas entre os Suevi.

    A guerra contínua entre os suevos e os visigodos, que terminou quando o rei visigodo Liuvigild conquistou o reino dos suebi em 585.

    A guerra entre o Reino Visigótico da Hispânia e o Império Bizantino na província ibérica da Espanha, no sul, de 552 a 624.

    A guerra dinástica e civil no Reino Visigótico entre os partidários de Achila II (controlando a maior parte da Hispânia oriental) e Roderic (controlando a maior parte da Península Ibérica).

    A Reconquista começou como uma insurgência nas Astúrias em 722. Atualmente, historiadores e arqueólogos geralmente concordam que o norte de Portugal, entre os rios Minho e Douro, manteve uma parcela significativa de sua população, na área social e política cristã que até o final do século IX existia.

    não havia poderes políticos em exercício. No entanto, no final do século IX, a região faz parte de uma estrutura de poderes, as estruturas de poder galegas - asturianas , leonenses e portuguesas. O condado de Portugal cresceu lentamente em poder e território, formando um Reino separado de Portugal.

    11

    que se expandiu às custas dos estados mouros de Al-Andalus, terminando sua Reconquista em 1249.

    O condado de Portugal cresceu lentamente no poder e suas contagens começaram a se chamar duques, um dos quais se tornou regente do Reino de Leão entre 999 e 1008. Em 1070, o conde português Nuno Mendes desejou o título português e a Batalha de Pedroso foi travada em 18 de fevereiro de 1071, o conde foi morto em combate liderado por Garcia II da Galiza .

    Depois anexou o condado e passou a se chamar rei de Portugal e da Galiza ( Garcia Rex Portugallie et Galleciae) Os irmãos de Garcia, Sancho II de Castela e Alfonso VI de Leon, uniram e anexaram o Reino de Garcia durante o mesmo ano, que concordaram em dividi-lo entre si; no entanto, o rei de Castille foi morto por um nobre naquele mesmo ano e Alfonso levou Castille para si e para Garcia. recuperou seu reino de Portugal e Galiza, mas em 1073 o Alfonso VI reuniu todo o poder e começou a se denominar Imperator totius Hispaniæ (Imperador de toda a Hispania) desde 1077. Quando o Imperador morreu, a Coroa foi deixada para sua filha Urraca, enquanto Teresa herdou o Condado de Portugal .

    12

    BATALHA DE PEDROSO

    A Batalha de Pedroso ocorreu a 18 de Janeiro de 1071 perto da freguesia de Mire de Tibães. Nuno Mendes, então conde de Portucale, não conseguiu conter Garcia da Galiza, perdendo a vida e a batalha. Eis a descrição da batalha na crónica dos Godos do século XII ou XIII (Tradução do Professor Albino de Faria):

    "Era de 1109 (A data apresentada é da Era Hispânica contada a partir de 1 de Janeiro de 38 a. de C. e não da era Cristã, adoptada em Portugal só em 22 de Agosto de 1422, no reinado de D. João I. Por isso o ano correto do acontecimento referido é 1071): A 18

    de Janeiro, os Portucalenses travaram uma batalha contra o rei D. Garcia II da Galiza, filho do falecido Fernando Magno, e naquela guerra eram chefiados pelo conde Nuno Mendes, descendente de Vímara Peres. Este morreu aí e todos os seus fugiram. O rei alcançou sobre eles uma vitória num lugar denominado Pertalini (Pedroso, atual), entre Braga e o rio Cávado."

    13

    BATALHA DE AROUCA

    A Batalha de Arouca travou-se nos campos de Santa Eulália em 1102. D. Henrique juntou ao seu exército as gentes de Egas Moniz e venceram os muçulmanos de Lamego nesta batalha liderados por Echa Martim. Este foi capturado e acabou por se converter ao catolicismo, e D. Henrique nomeou-o senhor de Lamego.

    14

    BATALHA DE SÃO MAMEDE

    A Batalha de São Mamede foi uma batalha travada a 24 de Junho de 1128 entre Afonso Henriques e as tropas dos barões portucalenses contra as tropas do Conde galego Fernão Peres de Trava, que se tentava apoderar do governo do Condado Portucalense. As duas facções confrontaram-se no campo de São Mamede, em Guimarães.

    Quando o conde Henrique de Borgonha morreu, a 24 de abril de 1112, ficou Teresa de Leão a governar o condado, pois achava que este lhe pertencia por direito, mais do que a outrem, porque o seu pai lhe teria dado o território na altura do casamento.

    Associou ao governo o conde galego Bermudo Peres de Trava e o seu irmão Fernão Peres de Trava. A crescente influência dos condes galegos no governo do condado Portucalense levou à revolta de 1128. Os revoltosos escolheram para seu líder Afonso Henriques, filho de Henrique de Borgonha e de Teresa de Leão.

    Com a derrota, Teresa de Leão e Fernão Peres abandonaram o governo condal, que ficou então nas mãos do infante e dos seus partidários, o que desagradou ao Bispo de Santiago de Compostela, Diogo Gelmires, que cobiçava o domínio das terras.

    Teresa de Leão desistia assim da ambição de ser senhora de Portugal. Há rumores não confirmados que ela teria sido aprisionada no Castelo de Lanhoso. Há até quem relate as maldições que Teresa rogou ao seu filho Afonso Henriques.

    15

    BATALHA DE OURIQUE

    A Batalha de Ourique desenrolou-se muito provavelmente nos campos de Ourique, no atual Baixo Alentejo (sul de Portugal), em 25 de Julho de 1139 — significativamente, de acordo com a tradição, no dia do provável aniversário D. Afonso Henriques e de São Tiago, que a lenda popular tinha tornado patrono da luta contra os mouros; um dos nomes populares do santo, era precisamente Matamouros.

    Foi travada numa das incursões que os cristãos faziam em terra de mouros para apreenderem gado, escravos e outros despojos.

    Nela se defrontaram as tropas cristãs, comandadas por D. Afonso Henriques, e as muçulmanas, em número bastante maior.

    Inesperadamente, um exército mouro saiu-lhes ao encontro e, apesar da inferioridade numérica, os cristãos venceram. A vitória cristã foi tamanha que D. Afonso Henriques resolveu autoproclamar-se Rei de Portugal (ou foi aclamado pelas suas tropas ainda no campo de batalha), tendo a sua chancelaria começado a usar a intitulação Rex Portugallensis (Rei dos Portucalenses ou Rei dos Portugueses) a partir 1140 —

    tornando-o rei de fato, sendo o título de jure (e a independência de Portugal) reconhecido pelo rei de Leão em 1143 mediante o Tratado de Zamora e, posteriormente o reconhecimento formal pela Santa Sé em Maio de 1179, através da bula Manifestis probatum, do Papa Alexandre III.

    16

    A primeira referência conhecida ao milagre ligado a esta batalha é do século XIV, depois da batalha. Ourique serve, a partir daí, de argumento político para justificar a independência do Reino de Portugal: a intervenção pessoal de Deus era a prova da existência de um Portugal independente por vontade divina e, portanto, eterna.

    A tradição narra que, naquele dia, consagrado a Santiago, o soberano português teve uma visão de Jesus Cristo rodeado de anjos na figura do Anjo Custódio de Portugal, garantindo-lhe a vitória em combate. Contudo, esse detalhe da narrativa, é semelhante ao da narrativa da Batalha da Ponte Mílvio, opondo Magêncio a Constantino, segundo a qual Deus teria aparecido a este último dizendo IN HOC SIGNO VINCES (latim, «Com este sinal vencerás!»).

    A lenda marcou de tal forma o imaginário português, que o referência como um milagre e se encontra retratado no brasão de armas da nação de Portugal: cinco escudetes (cada qual com cinco besantes), representando as Cinco Chagas de Jesus e os cinco reis mouros vencidos na batalha.

    Não há consenso entre os historiadores acerca do local exato onde se travou a batalha de Ourique. A mais antiga descrição da batalha figura na Crónica dos Godos sob a entrada dos acontecimentos da Era Hispânica de 1177 (1139 da Era Cristã).

    17

    Séculos mais tarde, Alexandre Herculano opinou que A grande religiosidade da Idade Média, foi um dos factores, para o desenvolvimento do carácter místico atribuído à batalha de Ourique - na crença que havia na existência de milagres interventivos na vida dos povos e neste caso colocando Portugal como país amparado pela vontade de Deus.

    Hipótese de Ourique (Baixo-Alentejo), outrora conhecida como

    «Campo d'Ourique»: mais ou menos equidistante entre Évora e Silves, é a hipótese tradicionalmente sustentada. À época, o poder Almorávida estava em fragmentação na Península Ibérica, e o território correspondente ao moderno Portugal, ainda em mãos muçulmanas, encontrava-se repartido em, pelo menos, quatro taifas, sediadas respectivamente em Santarém, Évora, Silves, e Badajoz. Neste cenário, uma razia do infante D. Afonso Henriques que incidisse numa zona tão a sul como o Baixo Alentejo, não seria, de todo, improvável, uma vez que era durante os períodos de maior discórdia entre os muçulmanos que as fronteiras cristãs mais progrediam para o Sul. Nesse sentido, a razia que seu filho, o infante D. Sancho, fez em 1178 a Sevilha, acha-se bem documentada, demonstrando na prática, a possibilidade de se percorrer uma distância tão significativa em território hostil.

    Hipótese de Vila Chã de Ourique (c. 2 km do Cartaxo), no Ribatejo; a sua localização era ocidental demais para atrair o interesse e as forças do emir de Badajoz. Contudo é o mais forte dos quatro supramencionados, dado que nesta localidade foram encontradas imensas ossadas no Vale de Ossos.

    18

    Hipótese de Campo de Ourique (c. 7 km de Leiria), na Beira Litoral: tal como no caso de Vila Chã, a sua localização era próxima demais ao litoral para atrair da mesma forma o interesse e as forças do emir de Badajoz;

    Hipótese de Campo de Ourique (Lisboa): Presente no imaginário popular, sem qualquer fundamentação.

    Hipótese de Aurélia (possivelmente, a moderna Colmenar de Oreja, próxima a Madrid e Toledo): Há quem defenda uma confusão entre Ourique (Aurik) e Aurélia (Aureja, com o j

    aspirado como em castelhano), aumentando a dúvida sobre a localização da batalha. É possível que tivesse havido um plano acordado entre Afonso Henriques e o rei de Leão e Castela, Afonso VII; embora inimizados dois anos antes na batalha de Cerneja, a guerra ao inimigo comum (o Islã) constituía uma razão forte o suficiente para suscitar um entendimento entre ambos os soberanos cristãos, no sentido de este último poder atacar a fortaleza de Aurélia. Para evitar ser cercado pelo inimigo muçulmano, Afonso VII teria pedido ao primo D. Afonso Henriques que providenciasse uma manobra de diversão, que passaria por esta incursão portuguesa no Alentejo, e que forçaria os emires das taifas do Algarbe Alandalus a combatê-la em autodefesa. Com isso, Afonso VII esperava ter a sua retaguarda livre para atacar Aurélia, confiante em uma rendição rápida, dada a impossibilidade de resposta do inimigo, ocupado com a manobra dos portugueses.

    Hipótese de Panoias, segundo a tradição local foi em Panoias-Ourique que se travou a Batalha de Ourique essa mesma tradição fala que D. Afonso Henriques depois da batalha discursou ao povo desta localidade e mudou-lhe o nome para 19

    Panonias, pelo que a confirmar-se o rei estaria a dar à localidade da batalha, o nome da terra de seu pai, pois segundo alguns antigos historiadores e Luís Camões, advogam que o Conde D.

    Henrique era natural da Hungria (Panonias). O próprio epitáfio do túmulo do conde D. Henrique na Sé de Braga diz que ele é natural da Hungria. A tradição também fala do acampamento das tropas junto da localidade e a fundação de um poço que durou até ao tempo de Salazar,e que era conhecido na vila como Poço das Armas. O rei D. Afonso Henriques conquistava as terras e metia-as sob a vassalagem da Igreja de S. Pedro, o Príncipe dos Apóstolos (Santa Sé), por coincidência o padroeiro escolhido para a Igreja Matriz da vila de Panoias foi S. Pedro, o Príncipe dos Apóstolos, Igreja esta que está de uma maneira nebulosa ligada à lenda da Noiva de Panoias.

    De qualquer modo, como consequência, quando o Cardeal Guido de Vico, emissário do Papa, reuniu D. Afonso Henriques e Afonso VII em Zamora (1143), para tentar convencê-los que a animosidade entre ambos favorecia os infiéis, o soberano português escreveu ao Papa Inocêncio II, reclamando para si e para os seus descendentes, o status de «censual», isto é, dependente apenas de Roma, invocando para esse fim o

    «milagre de Ourique», o que ocorrerá apenas em 1179.

    Entretanto, naquele encontro, pelo tratado então firmado (Tratado de Zamora), Afonso VII considerou D. Afonso Henriques como igual: afirmava-se a independência de Portugal.

    Nesta batalha combateu e foi ordenado Cavaleiro o futuro Grão-Mestre da Ordem dos Templários, Dom Gualdim Pais, fundador das cidades de Tomar e Pombal.

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    CERCO DE LISBOA

    O Cerco de Lisboa teve início a 1 de julho de 1147 e durou até 21

    de outubro, integrou a Reconquista cristã da Península Ibérica, culminando na conquista desta cidade aos mouros pelas forças de D. Afonso Henriques (1112 - 1185) com o auxílio dos Cruzados que se dirigiam para o Médio Oriente, mais propriamente para a Terra Santa. Foi o único sucesso da Segunda Cruzada.

    Após a queda de Edessa, em 1144, o Papa Eugénio III convocou uma nova cruzada para 1145 e 1146. O Papa ainda autorizou uma cruzada para a Península Ibérica, embora esta fosse uma guerra desgastante de já vários séculos, desde a derrota dos Mouros em Covadonga, em 718. Nos primeiros meses da Primeira Cruzada em 1095, já o Papa Urbano II teria pedido aos cruzados ibéricos (futuros portugueses, Castelhanos, Leoneses, Aragoneses, etc.) que permanecessem na sua terra, já que a sua própria guerra era considerada tão valente como a dos Cruzados em direcção a Jerusalém. Eugénio reiterou a decisão, autorizando Marselha, Pisa, Génova e outras grandes cidades mediterrânicas a participar na guerra da Reconquista.

    A 19 de maio zarparam os primeiros contingentes de Cruzados de Dartmouth, Inglaterra, constituídos por flamengos, normandos, ingleses, escoceses e alguns cruzados germanos.

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    Segundo Odo de Deuil, perfaziam no total 164 navios — valor este provavelmente aumentado progressivamente até à chegada a Portugal. Durante esta parte da cruzada, não foram comandados por nenhum príncipe ou rei; a Inglaterra estava em pleno período d'A Anarquia. Assim, a frota era dirigida por Arnold III de Aerschot (sobrinho de Godofredo de Louvaina), Christian de Ghistelles, Henry Glanville (condestável de Suffolk), Simon de Dover, Andrew de Londres, e Saher de Archelle.

    A armada chegou à cidade do Porto a 16 de junho, sendo convencidos pelo bispo do Porto, Pedro II Pitões, a tomarem parte nessa operação militar. Após a conquista de Santarém (1147), sabendo da disponibilidade dos Cruzados em ajudar, as forças de D. Afonso Henriques prosseguiram para o Sul, sobre Lisboa.

    As forças portuguesas avançaram por terra, as dos cruzados por mar, penetrando na foz do rio Tejo; em junho desse mesmo ano, ambas as forças estavam reunidas, ferindo-se as primeiras escaramuças nos arrabaldes a Oeste da colina sobre a qual se erguia a cidade de então, hoje a chamada Baixa. Após violentos combates, tanto esse arrabalde, como o a Leste, foram dominados pelos cristãos, impondo-se dessa forma o cerco à opulenta cidade mercantil.

    Bem defendidos, os muros da cidade mostraram-se inexpugnáveis. As semanas se passavam em surtidas dos sitiados, enquanto as máquinas de guerra dos sitiantes lançavam toda a sorte de projéteis sobre os defensores, o número de mortos e feridos aumentando de parte a parte.

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    No início de outubro, os trabalhos de sapa sob o alicerce da muralha tiveram sucesso em fazer cair um troço dela, abrindo uma brecha por onde os sitiantes se lançaram, denodadamente defendida pelos defensores. Por essa altura, uma torre de madeira construída pelos sitiantes foi aproximada da muralha, permitindo o acesso ao adarve. Diante dessa situação, na iminência de um assalto cristão em duas frentes, os muçulmanos, enfraquecidos pelas escaramuças, pela fome e pelas doenças, capitularam a 20 de outubro.

    Entretanto, somente no dia seguinte, o soberano e suas forças entrariam na cidade, sendo saqueada pelos cruzados.

    Decorrente deste cerco surgem os episódios lendários de Martim Moniz, que teria perecido pela vitória dos cristãos, e da ainda mais lendária batalha de Sacavém.

    Alguns dos cruzados estabeleceram-se na cidade, de entre os quais se destaca Gilbert de Hastings, eleito bispo de Lisboa.

    Após a rendição uma epidemia de peste assolou a região fazendo milhares de vitimas entre a população.

    Lisboa tornar-se-ia a capital de Portugal em 1255.

    Os cruzados na conquista de Lisboa (1147)

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    "Ora como tivéssemos chegado ao Porto, o bispo com seus clérigos veio ao nosso encontro. O rei achava-se então ausente com o seu exército, lutando contra os mouros. Feitas a todos as saudações conforme o costume da sua gente, disse-nos o bispo que já sabia que nós havíamos de chegar, e na véspera recebera do rei uma carta, em que se dizia isto:

    «Afonso, rei de Portugal, a Pedro, bispo do Porto, saúde. Se porventura arribarem aí os navios dos Francos, recebei-os diligentemente com toda a benignidade e doçura e, conforme o pacto que com eles fizerdes de ficarem comigo, vós e quantos o quiserem fazer, como garantia da combinação feita, vinde em sua companhia a ter comigo, junto de Lisboa. Adeus!» Carta do cruzado inglês Osberno (séc. XII)

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    BATALHA DE SACAVÉM

    A mítica batalha de Sacavém terá sido um recontro travado entre o primeiro rei português, D. Afonso Henriques, e os mouros, no início do cerco de Lisboa, em Julho de 1147, às margens do Trancão, junto da antiga ponte romana que cruzava o rio.

    Após a conquista de Santarém, Afonso Henriques preparou-se para tomar Lisboa e assim consolidar definitivamente não só a linha do Tejo como a própria independência de Portugal – o domínio do seu fértil vale garantia-lhe a plena auto-suficiência e malograva os planos leoneses de re-anexar Portugal.

    Entretanto, espalhava-se pela Estremadura a notícia de que os cristãos já cercavam Lisboa, tornando-se imperativo ajudar à defender a todo o custo o derradeiro reduto muçulmano a Norte do Tejo.

    Assim sendo, ter-se-iam reunido nas proximidades de Sacavém, a norte do seu rio, prontos a dar luta e a desbaratar as forças de Afonso Henriques, cerca de cinco mil muçulmanos oriundos não 25

    só da Estremadura (Alenquer, Lisboa e Sacavém), como até do Oeste (Óbidos e Torres Vedras) e do Ribatejo

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