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Confesso que comi
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E-book165 páginas2 horas

Confesso que comi

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Sobre este e-book

Escrito para vegetarianos, veganos e pessoas simpáticas a esse estilo de vida, Confesso que Comi é um livro essencial para quem busca informações sobre como eliminar as carnes do cardápio e assim ganhar mais saúde. Mas não só isso. Também é uma obra feita para os vegetarianos e veganos de longa data que desejam reforçar a filosofia de amor aos animais.

Jornalista com vasta experiência sobre o tema, em Confesso que Comi a autora Samira Menezes joga uma luz diferente sobre o vegetarianismo, desmente mitos, pontua os problemas da produção de animais para consumo humano e oferece conselhos práticos. Como, por exemplo, onde conseguir proteína, o que preparar na cozinha, como manter um relacionamento amoroso com um onívoro e como não perder a compostura diante de pessoas contrárias ao vegetarianismo.

Abrangente, informativo e gostoso de ler, o livro é um divertido relato confessional em que Samira compartilha com o leitor as mudanças que viu no próprio corpo e algumas situações que vivenciou antes e depois de ter excluído carnes, ovos e laticínios da sua alimentação.

Entre dicas práticas, relatos pessoais e informações pontuais sobre nutrição vegetariana, a autora reflete sobre a importância da compaixão pelos bichos e da promoção de uma cultura de paz, que, na opinião dela, também é construída por meio das escolhas alimentares. Mais do que uma maneira de nutrir o corpo, para Samira o vegetarianismo praticado de maneira consciente é uma postura diante de problemas sociais e ambientais.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de nov. de 2015
ISBN9788579603730
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    Confesso que comi - Samira Menezes

    CAPÍTULO 1

    Pare de comer carnes

    Estou feliz por você. Mesmo sem ter certeza do que encontrará pelo caminho vegetariano, você encarou suas dúvidas e decidiu pegar esta estrada. Parabéns. No início, é normal que o caminho pareça meio nebuloso e com trechos difíceis, mas pode ter certeza de duas coisas: você tomou uma decisão importante e não está sozinho. Qualquer que tenha sido a sua motivação para eliminar as carnes do seu prato, é cada vez maior o número de pessoas que segue a filosofia vegetariana, pois os fatos são evidentes. Deixar de consumir produtos de origem animal é uma atitude consciente em relação à própria saúde e talvez seja a única alimentação possível no futuro, porque é impossível produzir carnes, leite, ovos e pescados sem provocar sofrimento nos animais e sem destruir a natureza – meio do qual dependem também o seu bem-estar e a sua vida.

    Mesmo com a expansão no número de vegetarianos, este estilo de vida ainda é visto com estranheza por alguns setores da moderna sociedade ocidental, como muitos médicos, alguns jornalistas, diversos nutricionistas, cozinheiros e onívoros desconfiados, que enxergam os adeptos dos legumes como bichos-papões do mal. De fato, vegetarianos papam bastante e não apenas as saladas. As receitas e as combinações possíveis entre verduras, cereais, leguminosas, ervas, frutas e castanhas são tão variadas e com sabores tão mais interessantes do que um bife de carne ou um peito de frango, que será inevitável o enriquecimento do seu paladar. É como se explodisse um mundo de novos sabores dentro da

    sua boca.

    No meio da estrada vegetariana, porém, tem uma pedra chamada preconceito. A maior delas é colocada por especialistas de saúde, que são categóricos ao dizer que carne é fundamental para ter saúde, confundindo a cabeça de quem prefere não consumir animais. Se a carne fosse realmente necessária para o corpo humano, toda a comunidade médica, sem exceção, se oporia ao vegetarianismo. O que não acontece na prática nem em países de Primeiro Mundo. Instituições médicas e científicas renomadas nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, veem com bons olhos o vegetarianismo praticado de forma equilibrada. Outra pedra no caminho são jornalistas que usam os médicos desconfiados como fontes confiáveis para títulos bombásticos e um possível aumento nas vendas da publicação ou nos cliques do site.

    Por causa de reportagens carregadas de preconceitos e de fórmulas médicas contrárias à alimentação sem carnes, durante sua caminhada você vai ter que lidar com uma pedrinha no seu sapato. São os onívoros desconfiados, que usam as informações passadas pela galera do contra para defender com os dentes seus churrascos semanais. Esse tipo de onívoro é fácil de ser reconhecido porque quando ele descobre sua opção alimentar, a conversa toma quase sempre o mesmo rumo. Normalmente, eles começam com uma piadinha e terminam rosnando alguma ideia brilhante, como sabia que alface também sente dor?. A impressão que tenho é de que, diferentemente do onívoro que chamo de seguro – por não ter problemas em se sentar à mesa com um vegetariano –, o onívoro desconfiado acredita que a escolha alimentar do outro foi uma decisão tomada contra sua ilustre pessoa. Só isso me explica a inquietação e a posição ofensiva que percebo em algumas pessoas quando meu vegetarianismo vem à tona em alguma conversa. À parte esses obstáculos, garanto que ser vegetariano é estimulante e gratificador.

    Vegetariano come o quÊ?

    Se vegetariano não come nenhum tipo de carne, o que ele come então? Essa pergunta é importante porque é o primeiro mistério que todos querem desvendar. Para responder a esta pergunta, vou contar sobre o que acontece às terças-feiras na rua da minha casa. A feira.Evento pelo qual espero ansiosamente e de onde sempre saio com o carrinho de compras abarrotado. Brócolis (meu favorito sempre), cenoura, batata, abóbora, tomate, pimentão, abobrinha, berinjela, feijão seco, azeitona, couve, tomate, cebola, alho, rabanete, alface, escarola, vagem, ervilha, mandioca, mandioquinha, frutas frescas e secas, ervas aromáticas e outras coisinhas que não duram nem uma semana na minha mão. Na terça seguinte, minha fruteira já está zerada e as gavetas da geladeira, vazias.

    Justamente por causa das listas gigantes que faço para ir à feira, sempre me impressiono com as pessoas que me perguntam o que você come então? depois de saberem que sou vegetariana. Como se no mundo da culinária existisse única e exclusivamente a carne como alimento. Fico imaginando se essa pessoa já foi à feira alguma vez na vida. Aliás, fica a dica: a não ser que esteja chovendo e eu, impossibilitada por qualquer outro motivo, jamais recusarei um convite para ir à feira. Mesmo que seja só para comer um pastel e beber um caldo de cana com limão.

    É só quando você se torna vegetariano que essa enorme variedade de vegetais entra naquela espécie de radar gastronômico que avisa isso tem cara de gostoso, mas aquilo não. Até então, é normal achar que a única coisa nutritiva de verdade é a carne e que, sem ela, o futuro será de anemia, desnutrição, palidez, desânimo e impotência sexual. Nada disso vai acontecer com você se o seu vegetarianismo for praticado de maneira equilibrada e sensata. Para manter esse equilíbrio, algumas recomendações devem ser seguidas à risca. Não troque a carne pelo pão e pelo queijo – se você fizer isso, com certeza vai engordar e desregular todo seu metabolismo. Coma feijões (leguminosas), porque eles são a principal fonte de proteína de um vegetariano. Por outro lado, não coma soja todos os dias – principalmente aquele produto conhecido como carne de soja, que nada mais é do que proteína vegetal texturizada (PVT), um subproduto da soja pouco nutritivo e que atrapalha a absorção de cálcio e de ferro. Não passe horas sem comer, porque os alimentos de origem vegetal são digeridos mais rápido do que aqueles de origem animal. Por isso, é normal que no início do vegetarianismo você sinta mais fome. Como saco vazio não para em pé, dá mau humor e faz muita gente desistir da vida sem carnes pouco depois de ter adotado esse tipo de alimentação, coma quando tiver fome e opte sempre por alimentos frescos e, de preferência, orgânicos. Por último, lembre-se de que o vegetarianismo não se trata de exclusão (da carne), mas sim de inclusão (mais vegetais).

    Se você está em dúvida sobre o que comer, a dica mais prática que ouvi de muito nutricionista é a de sempre colorir o prato. Considerando que além de sabores bem distintos, os vegetais são naturalmente coloridos, essa tarefa é tão fácil de resolver quanto descascar uma banana. Além de ser extremamente saudável, pois ao ingerir uma variedade maior de vegetais, você vai garantir uma farta ingestão de nutrientes e de substâncias antioxidantes, que prestam um servição na hora de proteger seu organismo contra vírus, cansaço, estresse e bactérias. As cores dos alimentos vegetais – verde, vermelho, laranja, amarelo, roxo, marrom e branco – indicam a presença de diversos tipos de antioxidantes, substâncias que não estão presentes nos produtos de origem animal. Nunca viu um alimento roxo? Não sabe quais são os alimentos marrons? Talvez seja a hora de ir para a feira e abrir seu paladar para outros sabores que não só o batido arroz, feijão, bife e batata frita. O mundo gastronômico é muito mais interessante do que isso e não tem fronteiras, principalmente para um vegetariano que precisa aprender a rebolar na cozinha para preparar uma refeição completa sem carnes ou ainda sem ovos, leite e laticínios.

    No começo, esse esforço pode parecer desgastante, mas com o tempo ele ganha um gostinho especial. Principalmente quando você descobre que a sua cozinha se transformou em um laboratório de saúde e que seu corpo não está enfraquecendo. Pelo contrário, você está mais disposto e, frequentemente, se sente em paz consigo mesmo, pois sabe que não está contribuindo para um tipo de violência, aquela cometida contra os animais para que insaciáveis de plantão contentem sua gula infinita por carne, leite e ovos. Por isso, não dê ouvidos à indiferença. O sofrimento dos animais é real e não existe nada que justifique a exploração por que eles passam todos os dias. Dizer que eles não sofrem ou que não sentem dor é uma das formas de especismo – termo que designa a discriminação de um animal (espécie) por ele não ser humano. É o fim desse tipo de preconceito que os veganos defendem, porque quando o especismo deixa de existir entra em cena um sentimento fundamental na construção de um mundo melhor: a empatia. Quando você é capaz de se colocar no lugar de um animal não humano com capacidade de sentir, interagir e reagir ao que acontece ao seu redor, você entende que ele também tem direito a uma das premissas mais básicas da vida – a liberdade.

    Fisiologia vegetariana

    Existe certa confusão em relação a quem é quem no mundo vegetariano. E muito dessa desinformação foi criado por gente que se declara vegetariana, mas come peixe. Até onde sei, peixe não nasce em árvore. Portanto, o vegetariano que só come carne branca não é vegetariano. Quem come carne (branca, vermelha ou as duas) é onívoro – palavra derivada do latim que une os termos "omnis e vorus, ou seja, aquele que come de tudo". Isso significa que nenhum animal humano é carnívoro, nem mesmo aquele tiozão adorador de churrasco. É impossível que tios como estes consumam exclusivamente carne todos os dias. Provavelmente, nos churrascos que frequenta ou organiza, também apareçam molho à vinagrete, pão de alho e farofa. A fisiologia dos animais diz que carnívoros, como leões e tigres, são identificados por não possuírem molares, por terem a mandíbula alongada, audição e olfato bem desenvolvidos. Eles também transpiram pela língua, têm garras e bicos afiados, e não digerem cereais. Muito menos hot dog completo e outros venenos que os onívoros modernos adoram.

    Quando a pessoa deixa de comer qualquer tipo de carne e seus derivados, como embutidos, salsicha, linguiça e bacon, ela é vegetariana. Dentro do grupo dos vegetarianos, existem os:

    1. Ovolactovegetarianos, que consomem ovos, leite e laticínios, como manteiga, queijo e chantili. Esse é o grupo mais numeroso de vegetarianos, e costuma ser aquela fase em que a pessoa começa a experimentar o gosto que a vida vegetariana tem. Normalmente, os vegetarianos começam por aqui e aderem a esse tipo de alimentação por anos.

    2. Lactovegetarianos, que não consomem ovos, mas bebem leite e comem os laticínios. Existe também o ovovegetariano, que não consome carnes, leite e laticínios, mas come ovos. Esse tipo, porém, é mais raro.

    3. Vegetarianos estritos, categoria em que me encaixo. Eles não consomem nada de origem animal, como carnes, ovos, leite, laticínios e mel, mas dependendo da situação usam produtos que tenham sido testados em animais, vestimentas e acessórios feitos com tecidos de origem animal, como couro, seda, casaco de pele, plumas e lã.

    4. Veganos: eles são vegetarianos estritos, mas não consomem nada que tenha sido testado em animal, como cosméticos, e não usam peças e acessórios feitos com tecidos de origem animal. Ideologicamente, este é o verdadeiro vegetariano, o mais coerente com a filosofia de amor aos animais. Mas, pessoalmente, considero o veganismo pleno algo difícil de ser atingido na prática, porque a exploração animal está embutida em tudo – de medicamentos a tinta de caneta esferográfica. Muita coisa é testada em bichos e, muitas vezes, é difícil saber com certeza a origem daquilo que se consome. Por estes e outros motivos, não me considero vegana. Por exemplo, tomei e tomo medicamentos de empresas farmacêuticas que fazem testes em animais. Quando precisei suplementar vitamina D, por não tomar sol suficientemente, meu suplemento era feito a partir de lã de ovelha – para você ter uma ideia da quantidade de produtos que tem a exploração animal embutida entre os ingredientes da composição. Outros motivos por que ainda não me considero vegana: não dou ração sem carnes para minha gata, já comi queijo voluntariamente mesmo depois de ter me tornado vegetariana estrita e continuo usando

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