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Lazer: Formação e atuação profissional
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E-book215 páginas4 horas

Lazer: Formação e atuação profissional

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Sobre este e-book

Área em franca expansão, o lazer - como tema de estudos e pesquisas ou como mercado de trabalho - envolve profissionais de diferentes setores da sociedade.

Nessa coletânea, que traz artigos de palestrantes do "1º Fórum de debates: Informação profissional em lazer", há quatro eixos temáticos: a universidade e a formação profissional, as diferenças entre os setores público e privado, a multiplicidade de profissionais e de funções, e a empresa e o lazer.

Essa obra inicia uma coleção que tem por objetivo oferecer um rico espectro de experiências e conhecimentos relacionados a tal campo de atuação, propiciar o debate e fomentar a ampliação de horizontes e a constante atualização.
- Papirus Editora
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de dez. de 2013
ISBN9788530811006
Lazer: Formação e atuação profissional

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    Lazer - Nelson Carvalho Marcellino

    LAZER:

    FORMAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL

    Nelson Carvalho Marcellino (org.)

    >>

    A coleção Fazer/Lazer publica pesquisas, estudos e trabalhos técnicos fundamentados em teorias, ligados ao fazer profissional, no amplo campo abrangido pelas atividades de lazer, entendido como manifestação cultural contemporânea, que ocorre no chamado tempo livre.

    SUMÁRIO

    APRESENTAÇÃO

    PARTE I – A UNIVERSIDADE E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL

    A AÇÃO PROFISSIONAL NO LAZER, SUA ESPECIFICIDADE E SEU CARÁTER INTERDISCIPLINAR

    OS NOVOS MILITANTES CULTURAIS

    LAZER, CULTURA E PROFISSÃO

    O DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DO LAZER DA FEF/UNICAMP

    PARTE II – DIFERENÇAS ENTRE OS SETORES PÚBLICO E PRIVADO

    OS SETORES PÚBLICO E PRIVADO NO LAZER E NO TURISMO

    A EXPERIÊNCIA DA SECRETARIA DE ESPORTES, LAZER E TURISMO DA PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE PIRACICABA (1989-1992)

    LAZER, EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE: A EXPERIÊNCIA DO CIPAM

    RELATO DAS EXPERIÊNCIAS DO COORDENADOR DE ESPORTES DO CLUBE CAMPINEIRO DE REGATAS E NATAÇÃO

    PARTE III – MULTIPLICIDADE DE PROFISSIONAIS E DE FUNÇÕES

    MULTIPLICIDADE DE PROFISSIONAIS E DE FUNÇÕES

    A DIVISÃO DE ESPORTES E LAZER DO SESI – SEUS SERVIÇOS E PRODUTOS

    RADICAIS, CONFORMISTAS E ALTERNATIVOS – ASPECTOS DA POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS PARA O LAZER DO SESC DE SÃO PAULO

    PARTE IV – SOBRE CULTURA E LAZER NA EMPRESA

    REFLEXÕES SOBRE CULTURA E LAZER NA EMPRESA

    LAZER E QUALIDADE DE VIDA

    A CPFL E O LAZER

    O LAZER NO BANESPA

    PARTICIPAM DESTA COLETÂNEA

    OUTROS LIVROS DOS AUTORES

    REDES SOCIAIS

    CRÉDITOS

    APRESENTAÇÃO

    Quais as alternativas para a formação do profissional que trabalha no campo do lazer? Quais os riscos que envolvem sua atuação? De que forma e em que circunstâncias ela ocorre? Como adequar a formação às exigências do mercado e em que circunstâncias? Essas são algumas das questões que esta obra coletiva levanta, procurando contribuir para o encaminhamento das respostas. São colocados frente a frente representantes de instituições que preparam profissionais para atuação na área e representantes de empresas que absorvem esses profissionais no mercado de trabalho.

    Para não caminhar muito através da história, fiquemos no sul da França, no século XVI, onde encontramos os líderes de juventude considerados chefes de prazer. Sem muito esforço, podemos arrolar uma série de denominações para os chamados atualmente especialistas do lazer, profissionais do setor terciário formados com a incumbência de prestar serviços nessa área de atividades. Senão vejamos: líder recreacional, aconselhador em lazer, consultor de lazer, especialista em lazer, organizador de atividades, monitor, orientador, agente, animador, Gentil Organizador etc. Embora diferentes autores demonstrem que a diferenciação não é apenas uma questão terminológica, não nos vamos deter nessa análise, mesmo porque é o assunto central desse conjunto de escritos que estamos apresentando ao leitor.

    Pode-se dizer que os estudos sistemáticos sobre lazer, no Brasil, destacaram-se a partir da década de 1970, muito embora a prestação de serviços na área, de forma organizada, tanto no setor público quanto no privado, remonte ao início do século XX.

    Como área de intervenção profissional, é ainda muito recente sua discussão entre nós, muito embora o mercado de trabalho venha crescendo, à medida que o processo de urbanização se acelera.

    Todos nós, que assinamos esta Apresentação, somos profissionais da área, atuando em setores diferenciados – docência, ação específica entre idosos, gerência. Nem sempre nossas funções foram essas. Já exercemos uma série de outras atividades na área, fazendo parte, inclusive, de equipes únicas. E apenas isso ou tudo isso – a possibilidade de reencontro humano na realização de um trabalho conjunto, vivido em grupo – já seria suficiente para recomendarmos a partilha dessa experiência com o leitor.

    Mas a questão não comporta apenas a dimensão subjetiva. Há também a dimensão objetiva que fez com que as organizações a que estamos ligados profissionalmente investissem na realização do Fórum de debates: Lazer e informação profissional.

    O Serviço Social do Comércio (Sesc) é, reconhecidamente, uma entidade que desenvolve, há muitos anos, ação educativa na área do lazer, possuindo larga experiência, inclusive em atividades inovadoras, desenvolvidas nas suas diversas unidades operacionais e entre a sociedade em geral, abrangendo uma variada gama de conteúdos culturais, dirigidos a todas as faixas etárias.

    A Faculdade de Educação Física, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desde sua criação, tem promovido estudos na área, privilegiando os conteúdos físico-esportivos que propiciaram a criação de um Departamento de Estudos do Lazer, com corpo docente multidisciplinar, desenvolvendo ensino, pesquisa e extensão, no curso de graduação, com bacharelado na modalidade Recreação e lazer, e na pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado).

    O Fórum de debates: Lazer e informação profissional foi um evento promovido por essas duas organizações em maio de l994, destinado à discussão do mercado de trabalho, na área específica do lazer, e à relação com a formação profissional requerida.

    O leitor, no decorrer das próximas páginas, terá acesso a uma espécie de síntese do ocorrido no Fórum. Não se trata de transcrição das participações, mas da redação do palestrante sobre o tema desenvolvido, às vezes a partir de sua fala, às vezes com base na temática ou nas anotações pacientemente guardadas.

    E a temática é bastante rica, englobando quatro eixos principais: a universidade e a formação profissional; as diferenças entre os setores público e privado; a multiplicidade de profissionais e de funções; e a empresa e o lazer.

    Os autores – e, consequentemente, as formas de redação – são bastante variados em termos de formação e área de atuação: funcionários de órgãos públicos, técnicos de instituições tradicionais na área, empresários, docentes e pesquisadores de universidades. Todos os integrantes do Fórum foram convidados pelo organizador a participar do livro. Alguns, por variadas razões, não puderam aceitar o convite.

    Além da reconhecida competência, outro ponto em comum entre os integrantes desta obra coletiva é que fazem parte do corpo de profissionais de organizações de tradição na área, que vivenciam, no seu cotidiano, a temática abordada.

    No entanto, não foi possível resgatar o rico debate que se estabeleceu com os participantes nem as grandes formulações que ocorreram nos encontros dos intervalos, ou a emoção do lançamento ocorrido no evento da Tempo Lúdico – Empresa Junior, formada por alunos da graduação da Faculdade de Educação Física da Unicamp, primeira do setor no país.

    Quais seriam as alternativas para a formação desse profissional? Generalidade ou especificidade? É preciso estar atento às expectativas do mercado, formando profissionais que possam dar conta dos novos desafios, que se apresentam, cada vez com mais intensidade e rapidez. Mas é preciso também, com base no domínio de um determinado campo de conhecimentos, procurar formar o profissional ou reciclar aquele que já atua, para reverter as mesmas expectativas do mercado, quando estas se apresentam restritas à perspectiva do lucro fácil, com a venda de efêmeros pacotes de prazer, destinados a divertir, no sentido de desviar a atenção, por algum tempo – um feriado, uma noite especial, um domingo de sol –, da realidade absurda com a qual convivemos no cotidiano.

    É nesta perspectiva do repensar constante da ação que se insere a ideia do Fórum que organizamos e que deu origem a este livro. Oportunidade de colocar, frente a frente, em atitude aberta ao debate, os profissionais, os empregadores, os futuros profissionais e as organizações encarregadas da sua formação.

    O livro é destinado a organizações e profissionais, dos setores público e privado – órgãos municipais, estaduais e federais, grêmios, sindicatos, clubes etc. –, instituições de ensino e pesquisa, e estudantes ligados ao lazer, das mais variadas áreas: turismo, educação física, arquitetura e urbanismo, serviço social, arte-educação, terapia ocupacional etc.

    Ao apresentar o Fórum, em forma de livro, gostaríamos de dirigir um apelo aos colegas da área, para que continuem desenvolvendo o melhor da sua atividade profissional e intercambiando as experiências sobre o nosso trabalho – um produto muito valioso, talvez o maior deles – a felicidade.

    Antonio Tristão Moço Filho

    Gerente adjunto do Sesc – Campinas

    Lilia Ladislau

    Animadora cultural do Sesc – Campinas

    Nelson Carvalho Marcellino

    DEL/FEF/Unicamp

    PARTE I

    A UNIVERSIDADE E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL

    A AÇÃO PROFISSIONAL NO LAZER, SUA ESPECIFICIDADE E SEU CARÁTER INTERDISCIPLINAR

    [1]

    Nelson Carvalho Marcellino[2]

    Este trabalho busca sistematizar algumas formulações, já efetuadas por mim em outros escritos, em torno da temática sugerida pelos organizadores deste Fórum.

    Conforme tive ocasião de analisar, em Lazer e educação, no campo da produção teórica sobre o lazer, podem ser observadas duas posturas: uma caracterizada pela abordagem indireta da questão e outra pela direta.

    A abordagem indireta do lazer verifica-se, pelo menos, em duas situações: a primeira, quando o foco principal de análise é um de seus conteúdos culturais, ou seja, ao analisar as atividades artísticas ou as práticas físico-esportivas, por exemplo, os autores frequentemente abordam conteúdos ou situações de lazer; a segunda, quando o foco principal de análise é marcadamente caracterizado por componentes de obrigação, como por exemplo as relações familiares, o trabalho escolar e, sobretudo, o profissional (Marcellino 1990, pp. 19-20).

    A abordagem direta do lazer verifica-se quando ele é enfocado com base na sua especificidade.

    Além disso, deve-se observar que a incorporação do termo lazer ao vocabulário comum é relativamente recente e marcada por diferenças acentuadas quanto a seu significado. O que se verifica, com maior frequência, é a simples associação com experiências individuais vivenciadas que, muitas vezes, implica a redução do conceito a visões parciais, restritas aos conteúdos de determinadas atividades (ibid., p. 21).

    Esse caráter parcial e limitado que se observa quanto ao conteúdo dificulta a formulação de ações específicas, ou mesmo a realização de pesquisas, e é verificado também quando se procura detectar os valores associados ao lazer. No nível do senso comum, os mais comumente relacionados são o divertimento e o descanso, deixando de lado a questão do desenvolvimento pessoal e do social que podem ser proporcionados pelo lazer (idem).

    A visão parcial e limitada do lazer – quanto a seus conteúdos e valores – que se verifica no senso comum, aliada à grande quantidade de abordagens indiretas no plano teórico que, frequentemente sem conceituar o lazer, emitem juízos de valor nesse campo, e aliada à pouca produção específica, que na maioria das vezes não se reporta aos enfoques indiretos, contribui para que se estabeleçam mal-entendidos nas discussões e nas ações que o tomam isoladamente (ibid., p. 22).

    Um primeiro aspecto a destacar, portanto, é exatamente a abrangência da questão do lazer e seu entendimento parcial e limitado que pode ser constatado na ação dos órgãos públicos, na pesquisa, na legislação etc.

    Nos enfoques indiretos, cabe especial atenção os valores expressos com relação ao lazer por oposição aos do trabalho. O que ocorre nesses casos, com maior frequência, é a mitificação do trabalho, gerando, quase sempre, uma atitude de desconhecimento de outras dimensões do humano, sobretudo as possibilitadas pela vivência do tempo livre (idem).

    Creio que considerar apenas uma esfera da atividade humana, seja ela o trabalho ou o lazer, é entender o homem de maneira parcial. E muitos autores, fascinados pelas possibilidades abertas pelo progresso tecnológico, liberando tempo das obrigações profissionais, passaram, numa atitude radicalmente oposta à mitificação do trabalho, a propor o elogio do lazer, como finalidade da existência e ideal de felicidade (ibid., p. 25).

    Contesto essa parcialidade na consideração da atividade humana, admitindo, como Ecléa Bosi, que se no trabalho e no lazer corre o mesmo sangue social é de esperar que a alienação de um gere a evasão e processos compensatórios em outro (1978, p. 76).

    Entender o lazer, em sua especificidade, em estreita relação com as demais áreas de atuação do homem não significa deixar de considerar os processos de alienação que ocorrem em quaisquer dessas áreas. A meu ver, esse entendimento parece ser uma postura que contribui para abrir possibilidades de alteração do quadro atual da vida social, tendo em vista a realização humana, com base em mudanças no plano cultural (Marcellino 1990, p. 28).

    Um segundo aspecto a destacar, portanto, é a necessidade de procurar o entendimento da totalidade das relações sociais, nas quais o trabalho ocupa posição fundamental, mas sem excluir uma compreensão articulada com as dimensões de não-trabalho (Oliveira 1980, p. 7), e diria, de forma mais ampla, com as dimensões da não obrigação.

    Embora reconhecendo a especificidade do lazer, tenho optado, em meus estudos e em minha atuação, por seu entendimento não em si mesmo, ou de forma isolada, nessa ou naquela atividade (o que chamaria de especificidade abstrata), mas como um componente da cultura historicamente situada (o que considero especificidade concreta).

    O conceito mais aceito e trabalhado no Brasil para dar conta da especificidade do lazer é o do sociólogo francês Joffre Dumazedier, que o carateriza como

    (...) um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais. (1973, p. 34)

    Esse conceito é criticado por alguns autores, entre eles Faleiros, para quem, para a compreensão do lazer, a abordagem proposta por

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