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As práticas educativas desenvolvidas no CAS Maranhão: Construindo história e socializando experiências
As práticas educativas desenvolvidas no CAS Maranhão: Construindo história e socializando experiências
As práticas educativas desenvolvidas no CAS Maranhão: Construindo história e socializando experiências
E-book493 páginas5 horas

As práticas educativas desenvolvidas no CAS Maranhão: Construindo história e socializando experiências

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Sobre este e-book

As práticas educativas desenvolvidas no CAS maranhão: construindo história e socializando experiências, tem como objetivo registrar e divulgar através de seus capítulos a vivência e as práticas educativas desenvolvidas nos cursos voltados para pessoas surdas no CAS Maranhão.
Sem dúvida essa obra busca também firmar iniciativas e contribuir positivamente para com os movimentos surdos e a educação inclusiva e bilíngue no processo de aprendizagem não só no Maranhão, mas em todo o país.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento14 de jul. de 2021
ISBN9786558403487
As práticas educativas desenvolvidas no CAS Maranhão: Construindo história e socializando experiências

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    As práticas educativas desenvolvidas no CAS Maranhão - Maria Nilza Oliveira Quixaba

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    Copyright © 2021 by Paco Editorial

    Direitos desta edição reservados à Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor.

    Revisão: Márcia Santos

    Capa: Matheus de Alexandro

    Diagramação: Leticia Nisihara

    Edição em Versão Impressa: 2021

    Edição em Versão Digital: 2021

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    Conselho Editorial

    Profa. Dra. Andrea Domingues (UNIVAS/MG) (Lattes)

    Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi (FATEC-SP) (Lattes)

    Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna (UNESP/ASSIS/SP) (Lattes)

    Prof. Dr. Carlos Bauer (UNINOVE/SP) (Lattes)

    Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha (UFRGS/RS) (Lattes)

    Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa (FURG/RS) (Lattes)

    Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes (UNISO/SP) (Lattes)

    Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira (UNICAMP/SP) (Lattes)

    Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins (UNICENTRO-PR) (Lattes)

    Prof. Dr. Romualdo Dias (UNESP/RIO CLARO/SP) (Lattes)

    Profa. Dra. Thelma Lessa (UFSCAR/SP) (Lattes)

    Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt (UNIPAMPA/RS) (Lattes)

    Prof. Dr. Eraldo Leme Batista (UNIOESTE-PR) (Lattes)

    Prof. Dr. Antonio Carlos Giuliani (UNIMEP-Piracicaba-SP) (Lattes)

    Paco Editorial

    Av. Carlos Salles Bloch, 658

    Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Salas 11, 12 e 21

    Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100

    Telefones: 55 11 4521.6315

    atendimento@editorialpaco.com.br

    www.pacoeditorial.com.br

    Dedicamos este livro a todas as pessoas surdas e com deficiência auditiva que lutam incansavelmente pela garantia de seus direitos educacionais, aos familiares persistentes que acreditaram no potencial de seus filhos e aos profissionais que se dedicaram e se dedicam para que a educação de pessoas surdas seja de qualidade.

    In Memoriam

    Homenagem ao Ex-diretor e Instrutor Surdo do CAS/MA, Telasco Pereira Filho pela sua significativa contribuição para a educação de surdos, com seu talento, sua arte, capacidade de gerenciar conflitos e construir amizades. Foi criador do símbolo do CAS que compõe a capa deste livro, como também exerceu forte representatividade na comunidade surda maranhense e brasileira.

    AGRADECIMENTOS

    A Deus por ter nos permitido enfrentar obstáculos de diversas ordens, pela tolerância e entendimento que nesse diverso mundo, o contraditório faz parte do percurso para se chegar a sabedoria, acreditamos e conseguimos. Louvado seja o Senhor dos exércitos que honra e fortalece os humildes de coração.

    Aos estudantes e profissionais surdos e com deficiência auditiva que enriquecem com suas presenças os diversos espaços sociais, essencialmente os educacionais.

    Aos profissionais do CAS/Maranhão que com muita força e criatividade tornam essa instituição um espaço de referência e qualidade.

    Eu, a sabedoria, sou amiga da prudência, possuo uma ciência profunda.

    Provérbios 8, 12

    Se a inteligência do homem consegue operar, o que, então, mais que a sabedoria, é artificie dos seres? E, se alguém ama a justiça, seus trabalhos são virtudes; ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a força: não há ninguém que seja mais útil aos homens na vida.

    Sabedoria 8, 6-7.

    Sumário

    Folha de rosto

    Dedicatória

    Agradecimentos

    Epígrafe

    Apresentação

    Prefácio

    Felipe Camarão

    Primeira Parte

    O surgimento do CAS em meio aos Movimentos de Inclusão EducacionaL

    Centro de Apoio aos Surdos (CAS): Uma experiência em São Luís/MA – Primeira Gestão (2002-2005)

    Edeilce Aparecida Santos Buzar

    O Centro de Ensino de Apoio à Pessoa com Surdez-CAS: Construindo História

    Maria Nilza Oliveira Quixaba

    Nilde Conceição Pinheiro

    Vanessa Lúcio Nascimento Coelho

    Rosane da Silva Ferreira

    Segunda Parte

    As Práticas Educativas Desenvolvida no CAS: Socializando Experiências

    Relato de Experiência do Apoio Psicológico ao Surdo com Quadro de Depressão Realizado no CAS Maranhão

    Walmira Portela Coelho

    Maria Nilza Oliveira Quixaba

    Desenvolvendo Talentos no Núcleo de Arte e Cultura do CAS Maranhão

    Hileia Santos Fontenelle

    Maria Nilza Oliveira Quixaba

    Projeto o Olhar Surdo Através da Expressão Fotográfica

    Carolina Loos da Cruz

    Projeto Libras na Mão: Difundindo a Libras nos Espaços Públicos Ludovicenses

    Irene Santos Cabral

    As Contribuições do Núcleo de Supervisão e Formação Continuada (NSFC) do Centro de Ensino de Apoio a Pessoa com Surdez – CAS/MA (2003-2019)

    Ione Costa

    Vanessa Pereira Amorim

    Formação de Professores Surdos para o Ensino de Libras: Uma Ação do Centro de Ensino de Apoio à Pessoa com Surdez em São Luís – Maranhão

    Kélcia Alexandra Taylor de Carvalho

    Cláudio Jorge Guimarães de Oliveira

    José Gomes de Oliveira Júnior

    Projeto ComuniCAS em Libras Maranhão

    Roselane Laíza Lima Martins

    Rubens Ramos de Almeida

    Danielson Souza da Silva

    A Formação Continuada de Professores Intérpretes de Libras do Maranhão e sua Influência sobre a Prática Educacional

    Andrea Rejane Melo Brito

    Léa Cristina Ferreira Santos

    O Curso de Português como Segunda Língua para Surd@: A Experiência do Cas Maranhão

    José Peixoto Farias Júnior

    Ranilda Santos Rocha

    Markely de Santana Frazão

    Maria Nilza Oliveira Quixaba

    O Núcleo de Inclusão no Trabalho do CAS Maranhão: Um Breve Registro

    Michelle Kellen Ramos Brito Jardim

    Tânia Lúcia Paz Maciel

    Angela Gardênia Pereira

    Vilenir Rosale Leite de Sá

    Gracy Mary Conceição Monteiro

    Leitura e Escrita Articulada com os Gêneros Textuais na Perspectiva do Letramento nas Salas do AEE/CAS

    Ana Cristina Pereira Perdigão Santos

    Célia de Jesus Almeida L. Silva

    Salma Fernandes da Silva Lima

    O CAS Maranhão em Meio às Demandas Formativas da Educação de Surdos

    Carolina Loos da Cruz

    Maria Nilza Oliveira Quixaba

    Sobre os Autores

    Página final

    APRESENTAÇÃO

    A proposta de escrever um livro sobre AS PRÁTICAS EDUCATIVAS DESENVOLVIDAS NO CAS MARANHÃO: construindo história e socializando experiências se alicerça na necessidade de socializar as experiências dos (as) autores (as) relacionando sua vivência com a prática profissional desenvolvida no Centro de Ensino de Apoio à Pessoa com Surdez-CAS e registrar a contribuição deste Centro na História da Educação Maranhense, principalmente, na dos estudantes surdos e com deficiência auditiva. Se sabe que existem muitas iniciativas que destacam a educação de surdos, mas, o diferencial deste livro reside no registro das práticas educativas realizadas no âmbito das atividades formativas, as quais podem e tem auxiliado na construção do conhecimento na área de surdez no Estado do Maranhão, bem como registrar pontos relevantes dessa trajetória histórica.

    O livro está dividido em duas partes a primeira intitula-se O Surgimento do CAS em Meio aos Movimentos de Inclusão Educacional e a segunda As Práticas Educativas Desenvolvidas no CAS: Socializando Experiências. A primeira parte situa o Centro de Apoio à Pessoa com Surdez-CAS no contexto dos movimentos internacionais, nacionais e locais, registrando de modo singular os acontecimentos que marcaram sua criação e, está composta por dois capítulos de cunho histórico. A segunda etapa reúne doze capítulos que registram de modo especial as experiências dos profissionais que atuam no CAS/MA.

    Estimamos que este livro seja mais um meio de compartilhamento de conhecimentos.

    PREFÁCIO

    A Educação do Maranhão vivencia, hoje, um novo e honroso capítulo de sua história, rompendo marcos antigos de atraso, baixos indicadores, exclusão e pouca oportunidade aos estudantes, sobretudo, àqueles que por anos lhes foi negado direitos e dignidade. Rompeu-se a aurora da educação escolar democrática, participativa e, sobretudo, inclusiva, primando pelo respeito à igualdade de direitos.

    Parte desses avanços foram apontados pelo anuário da educação 2019, da ONG Todos pela Educação, entre os quais: a inclusão de crianças e adolescentes, com algum tipo de deficiência, em classes comuns. Do total de 40.162 matrículas desse público, no Maranhão, 37.305 estão em classes comuns e apenas 2.857, em classes especiais e escolas especializadas, de acordo com o anuário. Isso significa que demos um passo significativo rumo à inclusão, ou seja, mais de 90% dos estudantes frequentam uma escola regular, parte delas já atendidas pelo Programa Escola Digna, com acessibilidade (rampas, banheiros adaptados), uniformes com inscrição em Braille, formação docente, além dos profissionais para o atendimento educacional especializado, admitidos em concurso. Feitos de um governo que trabalha pela inclusão.

    Nesse contexto, está o Centro de Ensino de Apoio à Pessoa com Surdez Professora Maria da Glória Costa Arcangeli – CAS, uma instituição de referência no trabalho com a pessoa surda no Maranhão, atuando fortemente na difusão da Libras – Língua Brasileira de Sinais, com a oferta de formação aos maranhenses para inserção nos diversos espaços sociais sejam das esferas públicas ou privadas, e o apoio pedagógico. Ações que fazem do CAS destaque pela excelência de seus professores com dinâmica e didática no ensino da Libras e a inclusão da pessoa com surdez e surdocega no estado do Maranhão.

    Sublinho também a formidável contribuição do CAS com a sociabilidade da pessoa surda, oportunizando-a interação com a comunidade, entre ouvintes e surdos, a atenção biopsicossocial, com trabalho que vai além do âmbito educacional, entre outras frentes importantes. São mais de 14 cursos na perspectiva de inclusão social do surdo e do surdocego.

    Este livro é a coroação de uma equipe talentosa e combativa na luta pela inclusão, porque além de registrar a história do CAS no Maranhão, em meio ao cenário da inclusão educacional e dos movimentos que embalaram essa luta no Brasil e no mundo, explana de forma brilhante experiências dessa Casa de Inclusão da pessoa surda, por intermédio de quatorze capítulos que revelam a dedicação de profissionais altruístas, desprendidos de quaisquer vaidades para que a educação inclusiva, de fato, seja realidade na vida do povo maranhense.

    O CAS, como órgão da Secretaria de Estado da Educação, cumpre seu papel institucional, entretanto, instituições são apenas estruturas sociais se não forem constituídas de um conjunto de pessoas que exercem com esmero a função pública que lhes foi conferida a favor de outros.

    As iniciativas e vivências realçadas nas páginas dessa obra vão além de práticas educativas e formativas, são experiências de vida, de gente que no dia a dia faz sua parte para a consolidação desse momento relevante e de mudança pelo qual passa a educação do Maranhão.

    Excelente leitura!

    Felipe Camarão

    Professor e Secretário de Estado da Educação.

    Primeira Parte

    O SURGIMENTO DO CAS EM MEIO AOS MOVIMENTOS DE INCLUSÃO EDUCACIONAL

    CENTRO DE APOIO AOS SURDOS (CAS): Uma experiência em São Luís/MA – primeira gestão (2002-2005)

    Edeilce Aparecida Santos Buzar

    Introdução

    A experiência de constituição do Centro de Apoio aos Surdos (CAS) em São Luís teve como premissa a construção e o funcionamento de um Núcleo, que se configurou, sem essa intenção inicial, como uma espécie de pré-projeto, que durante um ano reuniu profissionais e estudantes da área de surdez, em torno da temática da educação de surdos, no Centro de Ensino Especial Helena Antipoff.

    Mas, antes desse momento triunfante, é importante demarcar a experiência pessoal desta autora à frente deste projeto, considerando-se que se encontra intrinsecamente relacionado ao mesmo.

    Eu era professora de crianças surdas desde 1988 em escolas públicas de São Luís-MA. Desenvolvia um trabalho que se pretendia em uma concepção sócio-antropológica da surdez, perspectiva bilíngue, no entanto, sabemos que diante das dificuldades técnicas, na maioria das vezes o que os professores acabavam desenvolvendo na educação de surdos era uma filosofia mais parecida com o enfoque da Comunicação Total.

    No ano de 2001, usufruí pela primeira vez de licença capacitação por quatro meses, me afastando da sala de aula. Ao retornar, não consegui mais voltar para o mesmo trabalho que desenvolvia junto aos estudantes surdos, por orientação de alguns coordenadores da Secretaria de Educação (Seeduc), apesar de ter formação especializada para tanto. Esta situação trouxe-me muitas dores, sofrimentos e lágrimas, assim como questionamentos por parte dos pais dos meus alunos que desejavam o meu retorno. Após reunião entre o Movimento de Oposição Sindical dos Profissionais da Educação (MOSEP) e representantes do setor administrativo da Seeduc, a alternativa que me foi ofertada pela administração, pois eu não aceitava sair da área de surdez, fui para uma sala no Centro de Ensino Especial Helena Antipoff, para estudar e contribuir com a fundação do Centro de Apoio aos Surdos (CAS) em São Luís-MA.

    A sala era estruturalmente muito boa, com ar condicionado, cortinas, móveis em bom estado, entre outros atributos físicos. No entanto, eu era a única funcionária na mesma. A sala estava vazia, sem ninguém para interlocução, nenhum aluno, nenhum professor. Sentia-me isolada, angustiada e muito triste. Chorava todos os dias quando entrava nesse espaço de trabalho.

    Paulatinamente, as lágrimas foram virando resistência, força e fui substituindo-as por estudos... estudos surdos... literalmente... que pouco a pouco fizeram brotar um pré-projeto, o Núcleo de Apoio aos Surdos (NAS), com o objetivo de estudar e reunir profissionais em torno da constituição do CAS em São Luís-MA. Essa ideia foi prontamente aceita pela Coordenadora de Educação Especial da Seeduc na época, Profª Maria Lúcia Dias, assim como, pela Coordenadora da Área de Surdez, Profª Maria Nilza Oliveira Quixaba.

    O NAS, que foi sonhado e planejado a partir de saudades, tristeza e lágrimas por dois meses, em seguida passou a ser executado nessa mesma sala do Helena Antipoff, que de vazia, deu lugar a uma interlocução na área de surdez, nunca antes vista em São Luís, buscando o aprofundamento da perspectiva socioantropológica nesse âmbito. Dessa forma, de uma profissional em agosto de 2002, passamos a quinze profissionais da educação de surdos em agosto de 2003, fora os instrutores surdos e intérpretes que atuavam em outras escolas públicas, mas que planejavam suas atividades sistematicamente no NAS. Toda esta equipe permaneceu no Centro de Ensino Especial Helena Antipoff por aproximadamente um ano.

    Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez/ CAS – Projeto do MEC

    O projeto do CAS nasceu da integração e parceria do Ministério da Educação – MEC (representado pela Secretaria de Educação Especial e pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos – Ines) com as Secretarias de Educação, Instituições de Ensino superior, Organizações Não Governamentais e as entidades filiadas à Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – Feneis, como uma ação do Programa Nacional de Apoio a Educação de Surdos (Brasil, 2001).

    A intenção pedagógica deste projeto era contribuir com a formação continuada dos profissionais que atuavam na educação de surdos na rede pública e atender aos estudantes surdos em suas necessidades específicas, por meio da tecnologia e recursos pedagógicos acessíveis à comunidade surda, despontando assim como um suporte aos sistemas de ensino.

    Dentre estes profissionais, incluíam-se professores do ensino regular, da educação especial, da sala de recursos, instrutores, intérpretes, profissionais da saúde atuando na educação e toda a equipe que trabalhasse na área de surdez.

    Como objetivos específicos, o projeto apresentava as seguintes ações: Promover cursos de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e de Língua Portuguesa; Capacitar os profissionais da educação e comunidade em geral que atendia as pessoas com surdez; Garantir aos estudantes surdos o acesso a recursos pedagógicos necessários ao seu aprendizado; Responder às demandas escolares e comunitárias com relação à educação de surdos (Brasil, 2001).

    Para atender a estes objetivos, o projeto do MEC possuía o seguinte formato: quatro núcleos – Núcleo de Formação Continuada, Núcleo de Apoio Didático Pedagógico, Núcleo de Tecnologias e de Adaptação de Material Didático e Núcleo de Convivência.

    O NÚCLEO DE FORMAÇÃO CONTINUADA tinha por objetivo principal promover a formação continuada dos profissionais que atuavam ou que pretendiam atuar na educação de surdos. Uma das principais ações deste núcleo dizia respeito ao curso de Libras ofertado tanto aos profissionais, quanto aos familiares e pessoas da comunidade em geral interessados na temática. Outros cursos a serem ofertados por esse núcleo, previstos pelo projeto inicial, eram os de Tradução e Interpretação em Libras, Língua Portuguesa escrita e oral, Alfabetização, informática, entre outros (Brasil, 2001)

    Com relação ao NÚCLEO DE APOIO DIDÁTICO PEDAGÓGICO, destacava-se a promoção de um acervo de materiais didáticos pedagógicos e equipamentos relacionados com a educação de surdos, a fim de dar suporte aos profissionais, estudantes surdos e comunidade surda em geral. Nesse sentido, também havia a previsão de ofertar cursos de Libras, curso de signwriting, língua portuguesa escrita para surdos, atendimento ao estudante surdo e ao professor em suas necessidades específicas de aprendizagem e ensino, entre outras ações (Brasil, 2001).

    No que diz respeito ao NÚCLEO DE TECNOLOGIAS E DE ADAPTAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO, foi pensado para dar suporte técnico à produção de vídeos em Libras, adaptação de vídeos didáticos com Libras ou legendas. Sendo assim, o seu principal enfoque era contribuir, por meio da tecnologia, na construção e adaptação de materiais didáticos pedagógicos no ensino de estudantes surdos. Nesse sentido, deveria ser um espaço tecnológico que possibilitasse a execução do objetivo a ser alcançado (Brasil, 2002).

    E, por último, o NÚCLEO DE CONVIVÊNCIA que consistia no planejamento de um espaço criativo que possibilitasse a interação entre pessoas surdas e ouvintes, por meio de atividades lúdicas, de convivência e culturais em geral. Logo, foi pensado enquanto um espaço para encontros, diálogos, oficinas, eventos científicos, entre outras. Além disso, este núcleo abrangia ainda a inserção da pessoa surda no mercado de trabalho. Para tanto, devia-se construir um suporte profissional às pessoas surdas na escola e no ambiente de trabalho (Brasil, 2001).

    O projeto do CAS foi originalmente pensado para contar tanto com recursos humanos, quanto físicos e materiais, a partir da parceria do MEC e dos estados contemplados com o projeto, que dividiam a responsabilidade com a sua criação e manutenção.

    O referido projeto previa ainda a integração do CAS com as escolas e comunidades em geral, por meio do atendimento às famílias, oferta de campo de estágio, apoio as ações de conscientização e sensibilização a respeito da temática, orientação profissional a pessoas surdas, espaço de visitação, entre outras (Brasil, 2001).

    E, por fim, o projeto do MEC previa acompanhamento e avaliação sistemática de sua execução, com o objetivo de ressignificar e ampliar suas ações, de acordo com as necessidades educacionais dos estudantes surdos.

    O Núcleo de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (NAS) – Um pré-projeto

    Como anunciado anteriormente, o CAS de São Luís teve seu início a partir da criação de um Núcleo de Apoio aos Surdos (NAS) articulado junto à Seeduc em agosto de 2002, que funcionava no Centro de Ensino Especial Helena Antipoff e que possuía como referência o projeto do CAS idealizado pelo MEC.

    Nesse sentido, o NAS tinha por objetivo promover a educação de surdos no Maranhão, por meio de ações de formação continuada de profissionais que atuavam na área de surdez, assim como, atendimento aos estudantes surdos e suas famílias do ponto de vista de orientações pedagógicas, fonoaudiológicas, psicológicas e linguísticas.

    As principais ações do NAS se concentravam em torno da formação, do apoio didático-pedagógico e orientação profissional aos estudantes surdos.

    A população-alvo era constituída por professores, intérpretes educacionais, instrutores surdos, estagiários da área de surdez, estudantes surdos, comunidade surda em geral, fonoaudiólogas, psicólogas e linguistas.

    As principais atividades previstas para desenvolvimento do NAS foram:

    Formação continuada: Cursos de Libras, Seminários mensais sobre surdez e educação, orientações fonoaudiológicas e psicológicas, workshops, encontros e palestras nas escolas, formação de instrutores surdos, cursos para intérpretes, sessões de estudo com os profissionais da área de surdez, planejamento pedagógico, entre outras;

    Apoio didático pedagógico: Cursos de Libras em Contexto (Felipe, 2001) para os instrutores e pelos instrutores, Curso de Língua Portuguesa escrita (Salles, 2004), atendimento fonoaudiológico, psicológico e pedagógico aos estudantes surdos, atividades de socialização, encaminhamento profissional, atividades de convivência artístico-culturais, entre outras;

    Orientação profissional: Cadastro de profissionais da área – professores, intérpretes, psicólogos e fonoaudiólogos; Cadastro de profissionais surdos, orientações profissionais, encaminhamento profissional e cursos de formação para o mercado de trabalho, mapa de atendimento aos estudantes surdos, curso de Libras para os pais, e outros.

    Os Recursos

    Humanos: Coordenador pedagógico, instrutores surdos, pedagogos, tradutores e intérpretes de Libras, fonoaudiólogos, terapeuta ocupacional,assistentes sociais, psicólogos e estagiários;

    Físico: Sala do Centro de Ensino Especial Helena Antipoff;

    Materiais: oriundos do projeto CAS, além de estante, arquivo, armário, mesa com gavetas, mesas redondas, cadeiras, material de consumo, TV, aparelho de vídeo, quadro branco, mapas, filmadora, quadro de avisos.

    Relações interinstitucionais

    Realização de parceria com as universidades por meio de estágios; visita e acompanhamento pedagógico às escolas públicas estaduais com estudantes surdos matriculados, associação de surdos e outros municípios do Maranhão.

    Atividades Desenvolvidas

    a) Área Administrativa

     Reuniões sistemáticas com a equipe da Assessoria de Educação Especial/Seeduc/MA, com a participação da Coordenadora Maria Lúcia Dias, da coordenadora de área Maria Nilza Oliveira Quixaba, das supervisoras pedagógicas: Carolina Loos Cruz, Silvana Maria dos Anjos Pires e Suzana Marques e da equipe técnica da Assessoria: Profª Lucília Pinto Dias, Profº Washington Luiz Rocha Coelho e Maria Madalena dos Santos, para apresentação do projeto do NAS;

     Reunião com a equipe técnica da Assessoria de Educação Especial e a equipe técnica do NAS sobre o perfil da educação de surdos no Maranhão, apresentação do projeto do NAS e das coordenações, assim como, levantamento de sugestões para o plano de trabalho;

     Reunião com a equipe da Assessoria de Educação Especial para apresentação do detalhamento das ações do NAS;

     Reunião com instrutores e estagiários surdos da rede pública estadual com o objetivo de compreender a sua situação de trabalho;

     Registro de escolas e municípios que atendiam ao estudante surdo na rede pública estadual do Maranhão;

     Visita às escolas públicas da rede estadual de ensino com atendimento a estudantes surdos;

     Organização e registro de acervo bibliográfico da área de surdez;

     Estruturação da sala onde funcionaria o núcleo;

     Inauguração do núcleo com a presença de todos os professores que atendiam a estudantes surdos na rede pública estadual de ensino, liderança surda de cada sala de aula, membros da diretoria da Associação de Surdos do Maranhão (Asma) e equipe técnica da Assessoria de Ensino Especial no dia 26 de setembro de 2002;

     Abertura de campo de estágio para estudantes universitários;

     Organização do cronograma de atividades do núcleo.

     Formação Continuada

    Cursos de Libras em Contexto¹ – ofertados nas escolas públicas estaduais com estudantes surdos matriculados, a partir de outubro de 2002 pelos seguintes instrutores surdos: Claudio Jorge Guimarães de Oliveira, José Gomes de Oliveira Junior, Lidia Maria Trinta Arouche e Telasco Pereira Filho.

    Seminários internos sobre Surdez e Educação – ocorridos uma vez por mês, estes seminários se organizavam como sessões de estudos sobre surdez com a equipe técnica do NAS, a partir de uma perspectiva socioantropológica, baseados na referência bibliográfica de Carlos Skliar (1997, 1998), que envolviam nesse sentido quatro grandes temáticas: Estudos Surdos em Educação sobre os Mecanismos de poder/saber na educação de surdos – Oralismo e/ou Ouvintismo - em outubro de 2002; Fracasso educacional na pedagogia para surdos - em novembro de 2002; Desconstrução das metanarrativas e dos contrastes binários tradicionais na educação dos surdos - em março de 2003; Potencialidades educacionais dos surdos - em abril de 2003. Estes estudos foram conduzidos sequencialmente pela Coordenadora Pedagógica do NAS Profª Edeilce Aparecida Santos Buzar e as supervisoras pedagógicas Carolina Loos Cruz e Silvana Maria dos Anjos Pires;

     Construção e aplicação de um planejamento de orientações fonoaudiológicas e psicológicas realizado pelas psicólogas Marinete Silva Frazão e Ariadne Alcione Silva de Oliveira com as profissionais e estagiárias da rede pública da área de surdez, que se configurou como sessões de estudo ocorridas em outubro, novembro e dezembro de 2002 sucessivamente. Podemos citar como atividades relacionadas a essa ação o seguinte: Análise de dados da triagem multidisciplinar realizada com estudantes surdos das escolas públicas estaduais e que se encontravam no acervo da Seeduc; Apresentação dos resultados da análise dos dados da triagem para os profissionais da educação; Visitas escolares e orientação à família e professores; Apresentações sobre a área de estudos nos planejamentos com os profissionais da educação.

    Reuniões quinzenais com a equipe técnica do NAS- em formato de sessões de estudo e planejamento, com o objetivo de aprimorar a compreensão socioantropológica da surdez na educação. Sendo assim, a cada vez um técnico do NAS coordenava o grupo e algumas temáticas trabalhadas nessas reuniões foram: Surdez do ponto de vista clínico e do ponto de vista socioantropológico; Interdisciplinaridade e educação de surdos; O papel do fonoaudiólogo na educação de surdos, entre outras;

    Planejamento pedagógico mensal sob a supervisão da Profª Silvana Maria dos Anjos Pires e participação da equipe do NAS - com todos os supervisores e professores da área de surdez, por meio de sessões de estudo, oficinas de Libras, escolha de tema gerador e conteúdos a serem trabalhados a cada mês com os estudantes surdos, a partir do mês de setembro de 2002;

    Oficina de Libras - para os profissionais do Centro de Ensino Especial Helena Antipoff em outubro e novembro de 2002, ministrada pela Coordenadora do NAS Prof.ª Edeilce Aparecida Santos Buzar e a Supervisora Pedagógica Prof.ª Silvana Maria dos Anjos Pires; para familiares de estudantes surdos das escolas do bairro João Paulo, ofertada pelos instrutores surdos e a professora Irene Cabral, entre outras escolas públicas contempladas com o projeto.

    Formação de instrutores surdos – Reuniões pedagógicas e administrativas, cursos específicos de formação permanente, ocorridos a partir do mês de novembro de 2002 com os seguintes temas: História da Educação de Surdos no Mundo, Brasil e Maranhão, sequencialmente;

    Cursos para tradutores e intérpretes de Libras – Reuniões pedagógicas e administrativas, cursos específicos de formação permanente, ocorridos a partir do mês de novembro de 2002 com os seguintes temas: O papel do tradutor e intérprete de Libras; Código de ética e regulamentação da Feneis; Reflexões sobre a atuação na educação.

    b) Apoio Didático-Pedagógico

    Planejamento mensal das aulas de Libras sob a coordenação do NAS com os instrutores surdos que atuavam nas escolas públicas estaduais;

    Ação junto aos professores de Língua Portuguesa das escolas nas quais haviam estudantes surdos matriculados, a orientação dada sobre a especificidade do ensino de Língua Portuguesa como segunda língua era guiada pelos os estudos de Salles (2004) – a ação seguia a seguinte Metodologia: Visita às escolas, reuniões a partir de outubro de 2002 com cada um dos segmentos envolvidos na área de surdez em momentos específicos, ou seja, supervisora pedagógica, intérpretes educacionais, professores de Língua Portuguesa e estudantes surdos incluídos no ensino regular com o objetivo de identificar as principais dificuldades encontradas no ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa.

     Conforme o ponto de vista dos professores de Língua Portuguesa na época, as principais dificuldades encontradas diziam respeito a alguns intérpretes e o seu conhecimento mediano em Língua Portuguesa, além do desinteresse na disciplina por parte da maioria dos estudantes surdos; Segundo a perspectiva dos intérpretes, havia um desinteresse muito grande nos estudos por parte dos estudantes, especialmente em Língua Portuguesa, o que se caracterizava por contínuas ausências, dormir em sala de aula, além disso, uma metodologia totalmente inadequada por parte dos professores, como por exemplo, a professora que ditava as aulas, uso de gravador, insegurança do professor e para completar, turmas superlotadas. Foi reportado ainda por estes profissionais, uma confusão no que concerne ao papel dos intérpretes, muitas vezes os professores acreditavam que o estudante surdo era de responsabilidade do intérprete, portanto, queriam que o mesmo tomasse conta deles.

    Da perspectiva dos estudantes surdos incluídos, houve o relato de ocorrer problemas com alguns intérpretes como: baixo domínio em Libras e confusão de papeis; intérpretes funcionando como assessores dos professores, copiando no quadro ou tomando conta da turma, conversando com professores, o que ocasionava isolamento dos estudantes surdos em dois grupos, alguns não olhavam para a intérprete, ficavam olhando para a janela e alguns intérpretes privilegiavam os surdos mais dedicados ocasionando conflitos entre os surdos.

    Além disso, se ressentiam porque o intérprete não os acompanhava junto à secretaria, à direção, ou seja, em momentos administrativos. Ainda mais, relataram ter profissionais que contavam piadas durante as aulas e usavam óculos escuros, falta

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