Um intestino feliz: Como a microbiota melhora a sua saúde mental e ajuda a lidar com as emoções
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Sobre este e-book
A doutora de la Puerta, uma das maiores especialistas na matéria, oferece-lhe a obra definitiva sobre a microbiota e prova, baseando-se na sua experiência clínica extensa e investigação científica, a ligação que existe entre o intestino e o cérebro.
Nestas páginas, conheceremos, de forma simples e cheia de exemplos práticos, o que é realmente a microbiota, como podemos cuidar dela e que hábitos são necessários para a equilibrar através da alimentação, do exercício e do sono, assim como o impacto que pode ter na digestão, no stress ou na inflamação.
Um livro que melhorará a sua saúde e as suas emoções; em suma, a sua vida.
«Um livro rigoroso, didático e inspirador que descreve a influência da microbiota sobre a nossa psicologia e estilo de vida. Indispensável para saber como transformar o nosso corpo num aliado.» NAZARETH CASTELLANOS
Doctora de la Puerta
Sou a doutora M.ª Dolores de la Puerta, nasci em Cartagena. Embora, inicialmente, me tenha formado como cirurgiã plástica, circunstâncias pessoais fizeram com que, por volta do ano 2000, começasse a explorar o mundo maravilhoso da microbiota intestinal. A pouco e pouco, fui evoluindo a minha prática clínica assistencial, dedicando-me a tratar em consulta pacientes com todas as patologias associadas à disbiose intestinal, e isto é o que faço e a que me dedico na atualidade. Não parei de estudar e investigar desde então, evoluindo a abordagem dos meus pacientes e aplicando aos tratamentos o que descubro todos os dias. É com eles e graças a eles que mais aprendi e são eles que me encorajam e me motivam para continuar a fazê-lo. Na medicina e na vida, ser flexível permitiu-me seguir em frente e nunca me dar por vencida, permitiu-me chegar, uma e outra vez, um pouco mais longe. «A microbiota está a desestabilizar a perspetiva que, tradicionalmente, ligava a saúde mental apenas ao cérebro. Hoje, sabemos que a cabeça não é o único órgão cognitivo. Há evidências que indicam que o intestino está permanentemente a armazenar informação, a recordar, a sentir e a pensar por si mesmo.» www.doctoradelapuerta.com @doctoradelapuerta
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Um intestino feliz - Doctora de la Puerta
Editado pela HarperCollins Ibérica, S. A.
Avenida de Burgos, 8B
28036 Madrid
Título original: Un intestino feliz. Cómo la microbiota mejora tu salud mental y te ayuda a manejar las emociones
Um intestino feliz. Como a microbiota melhora a sua saúde mental e o ajuda a controlar as emoções
© 2023, María Dolores de la Puerta Soler
© 2024, para esta edição HarperCollins Ibérica, S. A.
Tradução: Fátima Tomás da Silva
Reservados todos os direitos, inclusive os de reprodução total ou parcial em qualquer formato ou suporte.
Desenho da capa: María Pitironte
Imagem da capa: María Pitironte, a partir dos originais de Shutterstock
ISBN: 9788410021563
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Créditos
Dedicação
Prólogo
1. O micromundo intestinal
2. Microbiota e saúde: física, psíquica e afetiva
3. Microbiota, guardiã do espírito e construtora da personalidade
4. Sono. a importância de respeitar os ciclos circadianos
5. Os bons e maus caminhos que ligam microbiota, emoções, sensações e saúde
6. O que pode fazer?
Conclusões
Bibliografia
Glossário de termos médicos
Os meus pais, o meu farol
Juan e Claudia, a minha luz
Prólogo
Há anos, ao tentar entender as situações clínicas que, de acordo com os cânones clássicos da medicina convencional «não têm solução», encontrei a microbiota e comecei a «viciar-me» no seu estudo. Ainda tenho o costume de ler diariamente artigos científicos que dão solidez ao que constato continuamente na prática clínica. Continuo a aprender e a surpreender-me muitas vezes com o que este mundo maravilhoso nos ensina. É claro, desde aquele momento, o que fui descobrindo mudou por completo e para sempre a minha vida profissional. No ano 2000, tomei a decisão de me dedicar exclusivamente à microbiota com a máxima de que, como médica, para poder tratar um paciente de forma correta, primeiro tinha de entender o que se passava e porquê e, no intestino, temos muitas e novas respostas.
Além do meu trabalho assistencial, muito em breve também decidi começar a divulgar. Com as conferências e as minhas redes sociais profissionais, partilho com todos a minha busca constante de informação em torno da microbiota. As bactérias da nossa barriga contribuem para manter a saúde de muitas formas e a sua alteração pode fazer-nos adoecer ou ser a causa de múltiplas desordens funcionais.
Conhecer a microbiota e aprender a lidar com ela está a permitir-nos focar a medicina para o tratamento da origem ou da causa das patologias, deixando a pouco e pouco para trás uma prática clínica em que se aborda o paciente tratando ou aliviando unicamente os seus sintomas.
Neste livro, vou acompanhá-lo e ajudá-lo a encontrar uma explicação que, além das questões médicas, lhe permitirá entender a conexão maravilhosa que a microbiota traz ao mundo das emoções, entendendo o intestino também como «um órgão da mente».
De que depende o nosso estado de espírito? O que representa e onde está exatamente a nossa saúde mental? Falaremos de cognição e de emoção.
O que significa cognição? É um conceito que abrange muitas coisas, a perceção, a memória, a atenção, as habilidades de raciocínio e a capacidade de processar informação ou de resolver problemas.
A que me refiro com a palavra «emoção»? Ao impulso que estimula uma ação. Abrange tanto as experiências subjetivas ou sentimentos como reações que podem ser autónomas como a sudação, o tremor ou a palidez, ou reações motoras como os gestos ou as posturas.
Falarei de saúde, física e psíquica. De como a microbiota contribui para a felicidade e porque é responsável por muitas das nossas sensações, falarei do que e como podemos fazer, facilmente e na vida quotidiana, para manter um intestino saudável.
A investigação científica do papel ativo que desempenha o eixo microbiota-intestino-cérebro sobre o estado de espírito, a personalidade ou o comportamento demonstra que a saúde mental, psíquica e afetiva não depende apenas do estado do cérebro ou do sistema nervoso.
Tentei usar uma linguagem simples e evitei aprofundar na descrição e no detalhe de vias bioquímicas complexas que, como médica, acho imprescindíveis conhecer, mas, aqui, só dificultará a leitura. Por isso, em cada capítulo e como faço sempre, irei apoiando este diálogo com a microbiota com diferentes artigos e publicações que, para além da minha opinião, são uma prova científica que pode consultar e com que pode ampliar a informação.
Ao longo do livro, vou falar-lhe de alguns pacientes. Para manter a privacidade dos mesmos, é claro que os nomes são inventados. Tudo o que lhe conto aconteceu em consulta, mas para poder dar-lhe exemplos práticos e preservar o sigilo profissional, cruzei dados pessoais e sintomas clínicos de uns e de outros.
Os conteúdos deste livro não constituem, nem são de forma alguma, um conselho médico. As questões de saúde intestinal e geral têm de ser sempre avaliadas individualmente e em consulta, nas mãos de um profissional.
1
O micromundo intestinal
Estamos enganados quando pensamos que vivemos na era do Homem, hoje e sempre, vivemos na era das bactérias. É absolutamente relevante sermos conscientes de que não estamos sozinhos, de que não vivemos sozinhos ou talvez possamos dizer… que não somos apenas humanos.
A saúde não é tudo; mas sem ela, o resto não é nada.
ARTHUR SCHOPENHAUER
O QUE É A MICROBIOTA?
Comecemos pelo princípio, o que é a microbiota?
Chamamos microbiota aos milhões de microrganismos — ecossistema — que vivem no nosso corpo, em perfeito equilíbrio entre eles e connosco. Os que vivem no aparelho digestivo, a MICROBIOTA INTESTINAL, são o grupo mais importante por ser o mais numeroso e, funcionalmente, o mais relevante para a saúde. É formada por centenas de espécies diferentes, a maioria delas são bactérias, embora também convivam connosco e com toda a normalidade outros micróbios como vírus e fagos, fungos, leveduras, protozoários e arqueas.
A partir de agora, proponho que comece a pensar em si como um corpo cheio de microrganismos com que tem estabelecida uma relação muito amigável, para bem de ambos. Em número, os microrganismos da barriga superam a quantidade das nossas células, portanto, deve imaginar-se como um «superorganismo» em que se misturam características, é claro, humanas, mas também microbianas.
Conhecemos a microbiota que vive em cada um de nós como MICROBIOTA COMENSAL e é tão pessoal e individual de umas pessoas para outras como uma impressão digital. Na sua maior parte, é formada por «micróbios amigos» capazes de promover efeitos benéficos para a saúde. Também temos outros que, mesmo vivendo normalmente connosco, se crescerem acima do seu nível de normalidade, podem «invadir-nos» e infetar-nos e, pela sua capacidade de produzir substâncias ou metabólitos tóxicos, são capazes de inflamar e de nos fazer adoecer.
Hoje, sabemos que não existe apenas um padrão de microbiota normal ou saudável, há múltiplos padrões de microbiota normais, conhecidos como padrões eubióticos.
Eubiose significa microbiota NORMAL.
Disbiose significa microbiota DESORDENADA.
Para compreender o porquê da variabilidade e heterogeneidade entre umas pessoas e outras é essencial resenhar o grande impacto que têm sobre as nossas bactérias a dieta, o estilo de vida, a atividade física, o controlo do stress, a higiene do sono e uma infinidade de fármacos.
Todos estes microrganismos não são simples passageiros dentro ou sobre o nosso corpo, são companheiros imprescindíveis na viagem da saúde, já que desempenham funções chave tanto para o funcionamento normal do corpo, como se alguma coisa estiver mal, favorecendo o desenvolvimento de muitíssimas doenças.
É importante esclarecer que, apesar da variabilidade na composição microbiana entre as pessoas, há uma uniformidade na sua atividade.
Temos todos a mesma microbiota?
NÃO.
A sua atividade e função são as mesmas em todos nós?
SIM.
As características e propriedades da microbiota são iguais em todos e cada um de nós e comportam-se como indicadores de boa saúde.
As características funcionais mais relevantes são:
— Enorme riqueza e diversidade de espécies.
— Resiliência, resistência e estabilidade no tempo.
— Grande riqueza de genes microbianos em contínua interação bidirecional com os nossos próprios genes humanos.
No grande mundo microbiano que vive na nossa barriga, alguns microrganismos são estáveis e outros vão e vêm ao longo da vida.
Tendo isto em conta e além de falar das bactérias individuais e dos diferentes grupos de trabalho ou grupos funcionais específicos, podemos dizer que, no intestino, temos dois grandes grupos de microrganismos autóctones e alóctones, o que significa isso?
Quer saber dados e curiosidades gerais da microbiota?
— A microbiota de uma pessoa de setenta quilos pesa umas duzentas gramas; o mesmo que uma maçã grande.
— Temos no intestino mais de cem biliões de microrganismos.
— Há mais bactérias na nossa barriga do que células no corpo e são entre vinte e cinquenta vezes mais pequenas do que estas.
— Se puséssemos em fila todos os «bichinhos» que temos na barriga, dariam a volta ao mundo duas vezes e meia.
— A carga genética da microbiota é superior a três milhões de genes. Se a compararmos com os vinte mil genes que têm as células humanas, podemos dizer que geneticamente «somos microbianos» em mais de 99%. Imagine o tremendo potencial de influência que isso significa para o funcionamento do corpo.
— A microbiota começa a colonizar o intestino antes de nascer. Durante a gravidez, a microbiota intestinal, oral e vaginal da mãe começa a partilhar microrganismos com o bebé.
— 90% da serotonina (hormona da felicidade) que circula pelo organismo sintetiza-se no intestino por umas células da parede intestinal, chamadas enterocromafins, e por muitas das nossas bactérias.
— No intestino, há mais de vinte tipos de células com capacidade de produzir hormonas; são as células enteroendócrinas, cuja grande atividade as transforma no maior órgão endócrino do corpo humano.
— 90% das reações imunitárias iniciam-se e produzem-se no intestino com a intermediação da microbiota, isso transforma-o no órgão com maior potencial imunitário do corpo humano.
— A microbiota vive numa camada confortável e nutritiva de muco que está colada ou aderida por dentro à parede do intestino. Este tem uma longitude de sete a dez metros e pela forma da superfície, com vilosidades e microvilosidades, como os dedos de uma mão, alcança uma superfície de uns quinhentos metros quadrados, superior a dois campos de ténis.
— De todo o aparelho digestivo, temos a quantidade maior e a maior diversidade microbiana no intestino grosso.
— A diversidade de microrganismos que formam a microbiota intestinal transforma-a no ecossistema mais rico e diversificado da Terra.
À vista de tudo isso, sem dúvida, podemos afirmar que somos tão bacterianos como humanos ou mais! E é fácil responder à pergunta, quem transporta quem? Até, quem manda em quem? Isto representa um verdadeiro golpe para o pensamento que advoga a «supremacia humana» face às outras espécies.
PARA QUE SERVE TER MILHÕES DE BACTÉRIAS NA BARRIGA?
A microbiota contribui de muitas formas para manter a saúde e o bem-estar. Que benefício nos traz? Quais são as suas principais