O Pupilo De Valga
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O Pupilo De Valga - Dico B. Arcanjo
AS TRÊS IRMÃS
O midiático apresentador do programa televisivo diário sentou-se perante as câmeras do amplo auditório, ladeado por dois especialistas no tema que seria brevemente abordado durante a transmissão noturna ao vivo. Ele se serviu de uma xícara contendo café mesclado com uísque, deu boas-vindas aos dois convidados, ao público presente na plateia e aos imperceptíveis telespectadores acomodados nas poltronas das suas residências. Depois, informou que seria exibido um vídeo introdutório previamente ao início das entrevistas, reorientando a posição da cadeira giratória com vistas a assisti-lo na companhia dos outros:
― Estônia, berço de guerreiras civilizações que transformaram este dadivoso país num distinto exemplo para o mundo. Estônia, próspera terra doadora de oportunidades, onde o progresso e o dinamismo sempre andam de mãos dadas. ― divulgou a publicitária voz feminina, seguida das saturadas imagens de convenientes gráficos e inúmeras tabelas que mostravam elucidativos registros demográficos colhidos à época. ― A temperatura média anual observada no território do país, situado na fronteira com o leste europeu, mais especificamente na longitude norte ― circula em torno de 12°C. No extremo sul da região, a colheita de trigo e milho apresentaram um crescimento extraordinário em relação ao ano passado. Os agropecuaristas deste torrão apresentam-se extremamente otimistas.
Os debates iniciaram-se de modo cortês, após breve apresentação do célebre conjunto musical designado pelo programa. Passou-se uma hora rapidamente.
― O aumento na produção de leite e carne suína também se mostra alvissareiro. ― diagnosticou o respeitável analista de mercado, diante da câmera de TV, visualizando os dados econômicos expostos na tela disponibilizada ao público. ― Embora a produção industrial e o setor terciário respondam por expressiva parcela do nosso Produto Interno Bruto, o segmento agrícola ainda é razoavelmente pequeno, todavia tem fundamental importância para o contínuo desenvolvimento deste país.
― Faz sentido. ― concordou o outro debatedor, ajeitando os óculos de armação preta. ― É relevante destacar que o setor de serviços, onde se insere o comércio, representa quase 70% do PIB nacional. Eu estou de acordo com o entendimento de que nós precisamos incrementar a produção vinda do campo, afinal, a redução do custo dos alimentos é imprescindível. Devemos eliminar as importações, principalmente dos produtos oriundos daqueles países subdesenvolvidos, e fortalecer os subsídios aos agricultores e pecuaristas nacionais. Entretanto, julgo que outros setores necessitam de uma atenção maior por parte do Estado, a exemplo do turismo. Vejam, por exemplo, o que estão fazendo no município de Viljandi. Aquilo será a meca do entretenimento global, um sucesso inquestionável. Ideias como aquela devem ser difundidas objetivando transformarmos a cara desta nação!
― O turismo é importante, claro, mas o fortalecimento da agricultura possibilita a manutenção do homem no campo. ― opinou o primeiro, apontando para um gráfico repleto de cores. ― Observem que as grandes cidades do país vêm crescendo em ritmo acelerado. Não há espaço para todos. A renda per capita no povoado de Paide diminuiu consideravelmente e já visualizamos alguns bolsões de pobreza. Essa realidade deve ser combatida.
― Perfeito, professor. Ersitov. ― concordou o outro. ― Precisamos incrementar a categoria econômica dos serviços e revitalizar a nossa deficiente agricultura. Querem outro exemplo? Tomamos conhecimento da possível transformação de uma antiga usina nuclear desativada num centro de visitação, um museu dedicado à história e evolução da energia atômica. Ouvi falar que esse projeto está em estudo na região de Valga. As pessoas gostam de aventuras. Isso é turismo, é distribuição de renda, é desenvolvimento. ― opinou o primeiro economista.
― Paide, Viljandi e Valga. Essas três cidades estonianas têm características bastante semelhantes. ― observou o atento entrevistador, bebendo um gole da envolvente mistura. ― Justo, professor Endrich, mas não acha essa ideia um tanto perigosa? Mesmo os restos adormecidos dos materiais nucleares me parecem inseguros. ― duvidou o guia do programa, conferindo o relógio suíço.
― Perigosa?! Perigosa é a falta de comida no prato das pessoas. Os líderes empresariais precisam abrir novos caminhos objetivando garantir o desenvolvimento sustentável da Estônia.
― Obrigado, professores Klauss Ersitov e John Endrich. Os debates sobre os aspectos econômicos e sociais demonstrados na economia local sempre se apresentam enriquecedores. ― disse o polido homem da televisão aberta, dirigindo-se à câmera. ― Bom, o nosso programa está chegando ao fim e temos a última pergunta da noite, feita por um integrante da plateia. Vamos a ela: qual o presumível impacto positivo que poderá ser proporcionado à economia local em decorrência da passagem do grandioso meteoro sobre o céu da Europa, haja vista a privilegiado localização do nosso país?
― Impacto positivo no fomento ao turismo? Ah, não é bem a minha área de conhecimento, mas acredito que não haverá nenhum ganho em decurso desse casual evento, considerando que a observação do bólido de fogo será fugaz. ― opinou o senhor Endrich, mestre em análise econométrica.
― Eu nem sabia que essa coisa poderá ser visualizada da Terra. Quando isso acontecerá? ― questionou o professor Ersitov, retirando o microfone da lapela.
― Esse é um tema muito interessante, digno de futuras conversas televisivas. ― arbitrou o hábil apresentador, recebendo um episódico recado da direção do programa. ― Convidados e telespectadores, levando em conta que se trata de uma curiosa matéria e atendendo aos volumosos pedidos, chamaremos um especialista no assunto para abrir os vindouros debates. Ele se encontra atualmente na Grécia e falará ao vivo. Dr. Emmanuel Mazimef, boa noite!
― Boa noite, telespectadores.
― Dr. Mazimef, dispomos de um minuto: qual a estimativa do notável meteoro ser visto do planeta Terra? Os astrônomos já sabem a distância exata em que ele se encontra? ― indagou o entrevistador ao estudioso cósmico.
― De acordo com atual trajetória do grande astro errante, calculamos a sua aparição visual em três dias. Ele se encontra em torno de um milhão e seiscentos mil quilômetros do nosso globo terrestre. Deverá transitar em seu intervalo mínimo a, pelo menos, novecentos mil quilômetros de distância.
― Isso é muito ou pouco?
― Digamos que seja razoavelmente seguro. Presumo que essa aparição se torne um belo espetáculo celeste. ― opinou o cientista, tranquilo.
― Amém. ― sorriu o condutor do programa. ― Agradeço novamente aos participantes desta exibição televisiva diária. Uma excelente noite a todos!
O ANCIÃO DE PAIDE
A experiente inspetora estoniana Dyrce Fernotrie vivia na capital do estado de Järvamaa, localizada na região central do país, a pouco menos de 70 quilômetros do bárbaro teatro assistido numa cidade vizinha. Ela acumulava dezenove anos dedicados integralmente à polícia local, abdicando de sonhos e inúmeros projetos pessoais. Um dos seus principais anseios consistia em possuir um filho ― na verdade, dois rebentos: uma menina e um menino. No princípio do relacionamento conjugal, o desejo materno sempre foi postergado em função dos costumeiros afazeres profissionais. Posteriormente, descobriu que não reunia condições de fecundar uma criança devido à ocorrência de penosos problemas biológicos sofridos na fase madura da vida. Ambos experimentaram vários procedimentos médicos destinados à fertilização forçada, cujos resultados se mostraram inócuos, transformando dezenas de testes de gravidez em decepcionantes alarmes falsos. Desprovido de sentimentalismo e compreensão Inerentes à maioria da raça humana, o insatisfeito marido a abandonou tempos depois, transferindo-se em definitivo à próspera América. O ex-companheiro lhe deixou apenas uma vaga lembrança, consubstanciada no nome dos integrantes do casal gravado em seu punho direito, um sobre o outro, aparecendo um simbólico coração vermelho desenhado entre os títulos Fernotrie & Joshua.
Ela se encontrava sentada numa desconfortável poltrona da delegacia matriz, diante do gabinete do meticuloso chefe da repartição. Aguardava silenciosa a chamada do patrão, observando-o através do vidro transparente. A água potável do bebedouro havia se exaurido há horas. Em determinado momento, recebeu a companhia de um colega de profissão, o qual se sentou ao seu lado sem lhe pedir licença. Ele trazia um copo d’água acumulado pela metade.
― Boa noite, inspetora Dyrce. ― apresentou-se o detetive Amodic Nevodiev. ― Acho que aqui cabem nós dois de forma aconchegante. Quer um pouco de água natural? Trouxe-a da torneira da pia, suponho que esteja limpa. E então, resolveu se aposentar de vez?
― Não, obrigada. Aposentadoria?! Quem lhe falou tamanha asneira? Eu ainda sou jovem. Pretendo trabalhar por mais dez anos. Corrijo: quinze anos, se a minha saúde permitir.
― Jovem? Sei. ― esnobou o parceiro de trabalho. ― Parece que o seu pé não pensa desse jeito. O que foi isso? Andou pulando a cerca?
― Bobagem. Eu tropecei hoje pela manhã e lesionei o tornozelo. Amanhã estará novinho. ― respondeu ela, afastando-se como podia do interlocutor e olhando para o relógio de parede.
― Pode entrar, inspetora Dyrce Fernotrie. ― apontou o corpulento delegado, gritando do gabinete recém-aberto e munido de um cigarro aceso. ― Deseja tomar um café?
― Boa noite, delegado. Obrigada. Eu fiz algo errado?
O superior hierárquico manteve-se impassível, soltou uma nuvem de fumaça branca e tirou um pacote de documentos do interior da gaveta, colocando tudo sobre a mesa retangular com tampo de vidro instalado sobre rija madeira.
― Nobre inspetora, você não cometeu nenhuma falha. É que a nossa divisão recebeu dois novos policiais