Noiva de papel
De Kathryn Ross
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Sobre este e-book
Com o seu sustento pendente por um fio, Victoria Heart, mãe solteira e restauradora de profissão, só tinha uma opção: aceitar a surpreendente proposta que lhe fez o arrogante hoteleiro Antonio Cavelli.
Antonio carecia de tempo ou disposição para o amor, mas esperava-se que se casasse e tivesse filhos. Uma esposa de conveniência seria perfeita… em particular uma que já tivesse um herdeiro! Mas o corpo de Victoria respondia com tanta entrega ao seu mais ligeiro contacto, que não estava certo de quanto tempo o pacto acordado poderia manter-se nos estritos limites de uma transacção.
Kathryn Ross
Kathryn Ross is a professional beauty therapist, but writing is her first love. At thirteen she was editor of her school magazine and wrote a play for a competition, and won. Ten years later she was accepted by Mills & Boon, who were the only publishers she ever approached with her work. Kathryn lives in Lancashire, is married and has inherited two delightful stepsons. She has written over twenty novels now and is still as much in love with writing as ever and never plans to stop.
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Noiva de papel - Kathryn Ross
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2010 Kathryn Ross
© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Noiva de papel, n.º 1325 - julho 2018
Título original: Italian Marriage: In Name Only
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-9188-516-0
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
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Capítulo 1
– Bom, qual é a situação aqui? – perguntou Antonio Cavelli ao seu contabilista no momento em que a limusina parava diante do restaurante com a fachada em vidro. Tom Roberts percorreu as suas notas com o olhar.
– No Verão passado comprámos o edifício, a arrendatária chama-se Victoria Heart. Até agora, rejeitou duas das nossas ofertas para sair, de modo que lhe subimos a renda. Agora está a lutar para não ter de fechar. Por isso penso que desta vez assinará.
Antonio franziu o sobrolho. Estava há apenas umas horas na Austrália, depois de chegar dos seus escritórios em Verona, mas já começava a questionar o modo como Tom conduzia os seus negócios.
– Deveria ter sido uma compra sem problemas – resmungou. – E temos seis meses de atraso… que brincadeira é esta?
O contabilista corou e passou uma mão pelo cabelo cada vez mais escasso.
– Está tudo sob controlo, garanto-lhe – murmurou nervoso. – Sei que tivemos uns pequenos problemas, mas…
O telemóvel de Antonio tocou, e travou as desculpas gagas de Tom a meio de uma frase ao ver o número do seu advogado no aparelho. Nesse momento tinha problemas mais urgentes para resolver que a simples aquisição de um restaurante insignificante.
Nesse momento, todo o futuro da sua empresa estava por um fio enquanto o seu pai tentava representar a charada mais estranha e ridícula a fim de se impor na luta de poder que mantinha com ele.
Apertou os lábios, zangado. Enquanto abria o telefone, pensou que ninguém lhe dizia o que tinha que fazer. Ninguém… e muito menos o único homem no mundo pelo qual só sentia desprezo.
– Ricardo, tens notícias para mim? – ao falar com o advogado recorreu ao seu italiano nativo.
O silêncio no outro lado da linha foi resposta suficiente.
– Revi todas as nossas opções um milhão de vezes, Antonio – respondeu por fim o advogado, com voz de pesar. – E não há muito que possamos fazer. Podemos levá-lo a tribunal… Mas, na minha opinião, a única coisa que isso criaria seria um maremoto jornalístico. Estarias a colocar o negócio pessoal da família no terreno do sensacionalismo, abrindo o abismo que há entre ti e o teu pai ao escrutínio do mundo, e, no final, é muito provável que não ganhemos. O facto é que é possível que tu tenhas dado à empresa o sucesso de que desfruta hoje, mas o teu pai continua a ser o proprietário de sessenta por cento da Cavelli Enterprises. É sua e pode fazer com ela o que quiser.
Os olhos escuros de Antonio cintilaram com fogo. Não lhe importava que o resto do mundo descobrisse o que pensava do pai, mas preocupava-o que pudesse submeter o nome da mãe à humilhação do passado… E não podia fazer isso. Já tinha sofrido o suficiente por culpa do seu pai. A lembrança dela devia permanecer digna.
Questionou-se sobre como podia lidar com esta situação. A sua aguda mente empresarial entrou em acção em busca de uma resposta. Não ia deixar que o pai ganhasse esta batalha.
Luc Cavelli podia ser o presidente da empresa, mas não era mais do que uma figura decorativa… Ele era o cérebro, que transformara a pequena cadeia de hotéis provincial italiana do pai num sucesso global. Sorriu para si, já que tinha feito muitas coisas contra a vontade do pai.
Luc não quisera que a empresa se expandisse… Gostara de ser um peixe gordo num lago pequeno, capaz de controlar e manipular todos. Mas Antonio impusera a sua vontade ao herdar as acções da mãe e fizera a companhia avançar e desfrutara do processo… Gostara de ver o pai cada vez mais fora do ambiente que dominava até se transformar num homem indeciso.
Nesse momento havia duas hipóteses: vender os seus quarenta por cento e largar tudo, deixando o velho para que cumprisse a ameaça de vender o resto da empresa. Descobriria que não valia tanto sem ele no comando. Mas era uma coisa que não pensava fazer depois de tantos anos dedicados a levantá-la.
– Haverá um modo de o resolver – disse em voz baixa, quase para si mesmo.
– Pois se há, eu não o vejo. Li a correspondência que o teu pai te mandou e a mensagem final é que, se não estiveres casado e tiveres um filho quando fizeres trinta e quatro anos, Antonio venderá as acções que possui. Considera que por seres o único filho que tem, o teu dever é o de garantir o futuro da família Cavelli. Também diz que deseja ver-te assente e feliz.
Que hipócrita! Este era o homem que o abandonara a ele e à mãe quando tinha apenas dez anos. Então, o compromisso familiar não importara para nada, já que estivera demasiado ocupado a humilhar a sua mãe com a exibição constante e pública das amantes da altura.
– Parece muito decidido – acrescentou o seu advogado com suavidade.
– Sim, bom, mas não tanto como eu para lhe frustrar os planos.
– Hum… – um momento de silêncio. – A boa notícia é que, se aceitares os seus desejos, transferirá imediatamente todas as suas acções da empresa para ti. Tenho-o por escrito.
O seu coração gelou. Muito bem, se o pai queria entrar nesses jogos, aceitaria o desafio. Mas não o deixaria ganhar. Encontraria um modo de obter o controlo de tudo… E então, fá-lo-ia lamentar o dia em que tinha tentado impor-lhe condições.
– E eu adorarei tomar o controlo das suas acções, mas não de fazer exactamente o que ele quer.
– A verdade é que eu não vejo outro modo. O teu pai quer que te cases e tenhas um filho. E, de facto, anunciou-to e concedeu-te dois anos para isso.
– Há solução para todos os problemas, Ricardo. Manda-me por correio electrónico ou por fax toda a documentação necessária para que possa analisar o que pôs por escrito e depois falarei contigo – desligou e olhou para o homem sentado à sua frente. – Onde íamos…? – disse, passando a um inglês perfeito e concentrando-se no assunto que nesse momento o ocupava.
Tom olhou para ele com cautela. Não tinha entendido nenhuma palavra pronunciada pelo seu chefe, mas tinha visto a raiva naqueles olhos e soube que devia ir com cuidado. Antonio Cavelli tinha fama de ser justo nos negócios, mas também implacável quando se tratava de se desfazer das pessoas que não chegavam aos padrões altos pelos quais ele se regia ou não o satisfaziam de algum modo.
– Eu… Dizia que trataria da compra do restaurante…
– Ah, sim – cortou Antonio. – Isto está a estender-se demasiado, Tom. E, com franqueza, começo a questionar o teu modo de lidar com a situação.
– Compreendo que esteja a demorar mais do que gostarias, mas garanto-te que lido com o assunto da melhor maneira possível. Por exemplo, certifiquei-me de que a menina Heart desconheça que estás envolvido no negócio. Recorri à Lancier, a tua empresa subsidiária, para todos os contactos que mantive com ela.
– E que sentido tem isso? – semicerrou os olhos. – Eu não faço negócios pela porta traseira, Tom.
– Posso garantir-te que é perfeitamente legal! – ergueu-se. – Na verdade, assim consegui manter o preço baixo, já que ela desconhece a importância estratégica que o seu edifício tem para nós.
– Aumenta a oferta, Tom, e fecha o contracto – disse-lhe com displicência. Tinha coisas mais importantes com que ocupar-se.
– Com todo o respeito, não precisamos de aumentar a oferta. Penso que a reticência da menina Heart em vender se deve ao facto de ter um vínculo emocional com o edifício… Além de que a preocupa que os seus empregados percam o trabalho.
– Bem, pois então trata de que os readmitam em alguma parte da minha empresa. Vou abrir um hotel novo ao lado do restaurante dela, pelo amor do céu. Deixo-o nas tuas mãos – apanhou a mala e levou a mão à maçaneta da porta. – Entretanto, almoçarei aqui.
– Aqui? – perguntou Tom sobressaltado.
– Porque não? Parece um restaurante bastante decente e estou aqui ao lado. Sugiro-te que voltes para o escritório, faças contas e feches o acordo esta tarde.
O calor bateu-lhe como um néctar quente depois da frescura do ar condicionado do carro. Era agradável estar no exterior depois da longa viagem pela Europa, agradável estar longe de Tom Roberts. Realmente tratava-se de um homem voraz. Mas recordou que este era o motivo pelo qual o contratara. Precisava de homens que fiscalizassem cada operação em cada lugar, e Tom era o seu homem em Sidney. O objectivo que tinha era o de manter a companhia em forma e capaz de sobreviver ao duro clima económico vigente. E, em geral, realizava um grande trabalho. Tinham-se expandido; este era o décimo hotel que teriam na Austrália.
No entanto teria de controlá-lo. Por vezes, o seu ego parecia desfrutar demasiado do poder que ostentava.
Com um ritmo pausado, cruzou a ampla calçada ao mesmo tempo que observava todos os aspectos do restaurante. Não restavam dúvidas de que a menina Heart tinha escolhido uma boa localização. O local encontrava-se numa rua principal junto a um parque frondoso, mas bastante perto do mar para desfrutar da vista do terraço superior. Era uma pena que estivesse praticamente embutido no edifício que ele acabava de comprar.
Se levantasse a cabeça, podia ver o novo hotel Cavelli erguendo-se atrás do restaurante, ocupando mais de dois quarteirões daquela rua de Sidney. Estava a fazer com que reabilitassem todo o lugar sem poupar nos gastos. O nome Cavelli era sinónimo de luxo e elegância e já estava reservado por completo dois meses antes de inaugurarem.
A menina Heart era, literalmente, um espinho cravado nas suas costas. O seu restaurante tinha de desaparecer para dar lugar a algumas lojas de marca e uma nova entrada lateral.
Ao entrar na zona da recepção reparou, com certa surpresa, que o chão de parqué estava envernizado e os sofás pálidos estrategicamente situados para que dessem para a vegetação do parque. A menina Heart tinha bom gosto. O traçado e o desenho do local eram impressionantes. E pelo que podia ver da parte principal do restaurante, estava bastante ocupado, com uma clientela que parecia consistir principalmente em homens de negócios. Mas havia algumas mesas livres.
Não havia ninguém atrás da mesa da recepção e estava prestes a entrar no restaurante quando se abriu a porta atrás da secretária e saiu uma rapariga. Levava umas pastas numa mão, uma caneta na outra e parecia concentrada no que fosse que