A Verdade Sobre Duelos e Provas
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A Verdade Sobre Duelos e Provas - L P Baçan Tradutor
CHARLES MACKAY
Charles Mackay (Perth, Escócia, 1814-1889) foi poeta, jornalista e escritor do Reino Unido.
Sua mãe morreu após o seu nascimento e seu pai era um oficial da marinha. Nascido em Perth, na Escócia e educado na Royal Caledonian Asylum, em Londres e em Bruxelas, passou a maior parte de sua juventude na França. Voltou a Londres em 1834, onde se engajou no jornalismo, trabalhando no The Morning Chronical de 1835 a 1844, tornando-se então editor do The Glasgow Argus. Em 1848, transferiu-se para o Illustrated London News, do qual virou editor em 1852. Publicou Canções e Poemas, de 1834, escreveu sobre a história de Londres e o romance Longbeard (Nt. Longbeard, William Fitz Osbert, apelido Barba Longa, foi um cruzado e populista inglês, considerado um mártir para as classes mais pobres de Londres.). Ficou muito conhecido pelo livro MEMÓRIAS DE DELÍRIOS POPULARES EXTRAORDINÁRIOS E A LOUCURA DAS MULTIDÕES.
Também é lembrado pelo seu Dicionário do Escocês das Terras Baixas. Sua fama, todavia, repousa em cima de suas canções, algumas das quais, incluindo "Alegria, Meninos, Alegria", tornaram-se muito populares em 1846. Mackay também atuou como correspondente da revista Times, durante a Guerra Civil Americana.
original cover tumb.pngQUAL ERA A MOTIVAÇÃO?
Image11.pngO assunto aparentemente é direcionado apenas aos apreciadores das artes marciais e da história dos povos, mas é mais que isso: é um livro sobre a natureza humana e em como ela é frágil diante da vaidade e das aparências que precisa exibir para se considerar inserida no contexto da sociedade. Orgulho, honra, vingança e outros sentimentos moviam os duelistas de forma avassaladora. Samuel Butler, em seu livro Hudibras, afirma que o mundo é louco por luta.
Assim, o espírito guerreiro de cada homem é despertado com violência quando seus sentimentos são afrontados e ele reage buscando uma reparação. O que poderia ser resolvido nos tribunais, passa a ser pessoal e a volta ao olho por olho
.
Na atualidade, temos exemplos diários de questões fúteis sendo judicializadas, tornando a ação uma banalidade pelos absurdos que às vezes são apresentados como motivação. Os exageros cometidos pelos duelistas agora se transformaram nos exageros judiciais, com não menos prejuízo à verdade, aceitando-se a crença popular de que a justiça é feita para os poderosos serem soltos e os menos favorecidos serem aprisionados.
Na Idade Média, chegou-se ao cúmulo de menor ofensa ou desentendimento ser respondido com um desafio para um duelo mortal. Ainda hoje, ao nosso redor, vemos casos de orgulho e honra gerando vingança, sem o charme tão popular dos duelos de antigamente, mas com a mesma violência gerando o mesmo resultado: a morte de alguém.
Naquela época, doía mais nas mentes distorcidas a desonra de ter a reputação manchada do que o peso de uma acusação de assassinato. Leis foram seguidamente editadas para combater esse mal, que persistia em maior ou menor quantidade através dos séculos. Até a Igreja entrou nessa busca por um fim dos duelos, mas as medidas propostas são consideradas hoje não só inócuas, mas ridículas. Creio que terá uma mesma opinião a respeito após a leitura.
Será mesmo que era esse desejo de luta natural ao ser humana que movia os duelistas? Ou será uma das piores facetas do ser humano, a atração mórbida pela violência? O curioso é que o autor, ao longo do texto, abomina a prática dos duelos, mas, ao final, afirma:
Se, após o estabelecimento desse tribunal, os homens mantivessem essa natureza tão sanguinária que não se satisfaça com suas decisões pacíficas e recorram ao velho e bárbaro modo de apelar para a pistola, alguns meios podem ser encontrados para lidar com eles. Enforcá-los como assassinos seria inútil, pois para tais homens a morte teria poucos terrores. Só a vergonha os levaria à razão. O degredo, a roda de quebra ou uma surra pública talvez bastassem.
A prescrição para a violência foi usar... Violência contra a violência? Não me parece uma boa receita.
E você, o que acha disso?
O Tradutor
INTRODUÇÃO
Os delírios populares começaram tão cedo, espalharam-se tão amplamente e duraram tanto tempo que, em vez de dois ou três volumes, cinquenta dificilmente seriam suficientes para detalhar sua história. O presente pode ser considerado mais uma miscelânea de ilusões do que uma história, um capítulo apenas no grande e terrível livro da loucura humana que ainda precisa ser escrito e que Porson uma vez disse em tom de brincadeira que escreveria em quinhentos volumes! Intercalados estão esboços de alguns assuntos mais leves, exemplos divertidos da imitação e da teimosia do povo, em vez de exemplos de loucura e ilusão.
(Este é mais um deles.)
A VERDADE SOBRE DUELOS E PROVAS
LUTA ENTRE DU GUESCLIN E TROUSSEL
Houve um antigo sábio filósofo,
Quem jurou que o mundo,
E ele poderia provar,
Era louco por lutas.
Hudibras .
A
maioria dos escritores, ao explicar a origem do duelo, derivam-no dos hábitos bélicos daquelas nações bárbaras que invadiram a Europa nos primeiros séculos da era cristã e que não conheciam nenhum modo tão eficaz para resolver suas diferenças quanto a ponta da espada. De fato, o duelo, tomado em seu sentido primitivo e mais amplo, significa nada mais do que combate e é o recurso universal de todos os animais selvagens, incluindo o homem, para ganhar ou defender suas posses ou vingar seus insultos. Dois cachorros que se dilaceram por um osso, ou dois galos brigando em um monturo pelo amor de uma bela galinha, ou dois tolos