O Patriota

De Adeilson Nogueira

Sua ambição tinha os mais nobres fins; seu amor e veneração à Pátria foi sem limites. Sua franqueza selvagem, sua indignação por toda a vileza, seu anseio pela ideia que o possuíra eram tais, que as pessoas mais humildes tinham-no como louco, e os bem-nascidos estimavam-no como a um herói. Não o tocou a inveja, nem o entristeceu, neste lance de aflição, a sua desgraça. Sorria tristemente, e como se quisesse dar a conhecer a alegria que se mesclava à sua tristeza, transmitiu do lugar em que estava parabéns aos comutados, como se não tivesse de si lembrança alguma. Retiraram-se os companheiros às prisões donde partiam para as praias do exílio, e ele ali ficou, sem que nenhum dos que iam morrer, vivendo, dirigisse-lhe um adeus de despedida, a ele, o mártir que ia morrer, ou viver na imortalidade... Na fé humilde, contrito, forte, chegou ao patíbulo, e de um olhar saudou o único troféu que lhe destinavam. Subiu-o firme e rápido como quem voa ao seio da glória. Parou. Esperou o carrasco. Ouviram-se suas últimas palavras de oração que ecoavam no lúgubre silêncio. Seu corpo precipitou-se no espaço. A História abriu suas páginas e deu entrada a mais um glorioso no Panteão dos Imortais.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 12 de mar. de 2022

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O PATRIOTA

Adeilson Nogueira

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO......................................................................................04

O ALFERES...........................................................................................06

A CAUSA..............................................................................................45

O PLANO.............................................................................................49

A TRAIÇÃO..........................................................................................54

O JULGAMENTO..................................................................................57

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INTRODUÇÃO

Sua ambição tinha os mais nobres fins; seu amor e veneração à Pátria foi sem limites. Sua franqueza selvagem, sua indignação por toda a vileza, seu anseio pela ideia que o possuíra eram tais, que as pessoas mais humildes tinham-no como louco, e os bem-nascidos estimavam-no como a um herói.

Não o tocou a inveja, nem o entristeceu, neste lance de aflição, a sua desgraça. Sorria tristemente, e como se quisesse dar a conhecer a alegria que se mesclava à sua tristeza, transmitiu do lugar em que estava parabéns aos comutados, como se não tivesse de si lembrança alguma.

Retiraram-se os companheiros às prisões donde partiam para as praias do exílio, e ele ali ficou, sem que nenhum dos que iam morrer, vivendo, dirigisse-lhe um adeus de despedida, a ele, o mártir que ia morrer, ou viver na imortalidade...

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Na fé humilde, contrito, forte, chegou ao patíbulo, e de um olhar saudou o único troféu que lhe destinavam. Subiu-o firme e rápido como quem voa ao seio da glória. Parou. Esperou o carrasco.

Ouviram-se suas últimas palavras de oração que ecoavam no lúgubre silêncio. Seu corpo precipitou-se no espaço. A História abriu suas páginas e deu entrada a mais um glorioso no Panteão dos Imortais.

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O ALFERES

Os jovens brasileiros que foram estudar na Universidade de Coimbra acharam a educação ali ministrada insuficiente e antes de regressar à sua terra natal fizeram uma viagem educativa à Europa Central, onde absorveram as ideias regeneradoras que então acenderam mentes na França. Receberam com entusiasmo a notícia da revolução que levaria à independência da América do Norte.

Esses jovens que retornavam ao Brasil tornaram-se trabalhadores espontâneos da emancipação política de seu país. Um deles, José 6

Joaquim da Maia, até ousou pedir, em 1786, uma entrevista com o grande Jefferson, então enviado extraordinário dos Estados Unidos à França. A reunião teve lugar em Nimes. O jovem brasileiro, depois de ter se exposto ao ministro americano. Caindo a situação de seu país e as probabilidades de sucesso que uma tentativa de independência teria ali, acabou por pedir o apoio da grande república que acabava de se formar e pela qual o Brasil tinha tantas simpatias, explicada ainda pelo vínculo geográfico que os uniu no mesmo continente.

O ilustre embaixador respondeu que não podia dizer nada sobre este assunto, exceto puramente pessoal, pois não tinha instruções de seu governo sobre uma questão tão importante. Além disso, seu país, ainda agitado por distúrbios internos, não podia se aventurar em guerra com Portugal, pois precisava muito das simpatias das nações europeias. Acrescentou, para encerrar, que se a guerra da independência eclodisse no Brasil, muito provavelmente atrairia a livre cooperação de muitos de seus concidadãos pelas vantagens que este país lhes poderia oferecer.

Por essas justas razões, o jovem brasileiro retirou-se convencido das imensas dificuldades com que seu país teria de lutar para se libertar do jugo português. Sua abordagem a Jefferson nos revela o ardor patriótico de sua corte. Pouco depois, a morte o atingiu em Lisboa, impedindo-o de desempenhar um papel brilhante nos acontecimentos subsequentes na sua terra natal.

Porém os abusos por parte do governo português, e as insatisfações por parte dos brasileiros sempre foram aumentando. Mas sua situação ainda era fraca, e eles não tinham os recursos necessários para sustentar uma luta aberta contra 7

seus opressores que tinham tudo em mãos: riqueza pública, exército, indústria, comércio, administração, todos os cargos ocupados por vassalos da coroa. No entanto, uma aspiração silenciosa