Coleção Culturas
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Coleção Culturas - Isaias Reis Verdin
UVA
(Vittis spp)
1 - INTRODUÇÃO
SISTEMAS DE PLANTIO E CONDUÇÃO DAS PLANTAS
A videira é explorada comercialmente no Brasil desde o período colonial. Os cultivares
constitueam de seleções de variedades introduzidas, sem padrão técnico. Vitis labrusca (uva
comum), que pela sua elevada resistência adaptou-se ao nosso clima e solo.
Foi somente no início do século que cultivares de V. labrusca, com melhores características
foram introduzidas, como a uva Niagara, que originada dos Estados Unidos, encontrou-se boas
condições para desenvolver nas nossas condições subtropicais. Já nos anos 80, havia mais de
30 milhões de plantas cultivadas na região de Jundiaí. Outros cultivares foram selecionados e
melhorados pela Seção de Viticultura do Instituto Agronômico, com boas características
agronômicas e comercias.
Á partir dos anos 60, se desenvolveu no país o cultivo de uva finas, pela introdução do cultivar
Itália. Apesar de apresentar como as demais uvas finas elevada susceptividade às doenças
fúngicas, como Oídio e Míldio e outras podridão, este cultivar.comportou-se bem em nossos
solos e no clima sub-tropical. Outras vantagens são a elevada produtividade por área, em torno
de 50 toneladas por hectare e a precocidade de colheita em nossas condições, em relação ás
outras regiões produtoras do mundo. Este fato permitiu a expansão RENDIMENTOS.
o rápida do seu cultivo, inclusive para regiões quentes do estado, pois a colheita na entre safra
oferece elevados rendimentos.
Hoje, o Estado de S.Paulo possui área superior a 30. hectares dessa fruta, sendo fator de
desenvolvimento para extensas áreas do estado. Outros cultivares foram também
selecionados, como a uva Rubi, a Beneteka, a Sultanina, a Centian e a Red Glob. O IAC
lançou cultivares de uvas finas sem sementes, tipo de uva que está sendo preferido no
mercado mundial, como a Adonna, Iracema e Maria.
O sistema de plantio da videira em nosso meio diverge de modo significativo de outras regiões
produtoras, inclusive do Estado do Rio Grande do Sul. Enquanto em outras regiões o plantio é
realizado por mudas formadas, seja em raíz nuas ou formadas em sacos plásticos, no Estado
de S. Paulo e em outras regiões subtropicais ela é procedida em dois anos, diretamente no
solo. As razões deste procedimento é devido ao baixo enraizamento ou reduzido sistema
radicular quando o vinhedo é instalado com muda já formadas.
Nas condições subtropicais, o enraizamento é bastante inferior ao que ocorre nas regiões
temperadas, prejudicando sensivelmente a capacidade produtiva da planta e a sua
longevidade. Na prática, no primeiro ano é plantada o porto enxerto, constituída de estaca de
60 a 80 centímetros, apenas para enraizamento, para proceder a enxertia do cultivar somente
no inverno do ano seguinte. O sistema de enxertia é o de garfagem de fenda cheia.
A condução das plantas obedece suas características de frutificação. A uva comum, como a
Niagara é conduzida geralmente em espaldeira, sistema formado por linhas de mourões, com
três arames, plantadas no espaçamento de dois metros entre linhas e um metro na linha.
Nestas condições, ela deve sofrer poda curta de frutificação no inverno, deixando de uma a
duas gemas. Devido sua característica genética, após a poda surge ramos novos que
produzirão os cachos de produção.
Já para as uvas sem sementes, a condução pode ser realizada tanto em espaldeira, como em
espaços maiores proporcionados pelos sistemas de manjedoura ou latada. Cultivares como a
Maria devem receber poda de frutificação meia longa, ou seja, deixado de 4 a 6 gemas para
formação de ramos de produção. As uvas tipo Itália, por exigirem maior espaço para
3
desenvolverem e por necessitar de poda longa, com 6 a 10 gemas, são conduzidas somente
em llatadas ou manjedoura. Estes cultivares não aceitam poda curta, uma vez que apresentam
ramos de produção somente á partir da quinta ou sexta gema.
A poda tem época de realização distintas no Estado de São Paulo,permitindo maior período de
oferta de frutas frescas. Com a realização de épocas diferenciadas de podas, colhe-se uvas
praticamente o ano todo. O uso de estufas plásticas permitiu alterar de modo significativo o
sistema de condução da videira. O emprego da plasticultura trouxe muitas vantagens e
também certos inconvenientes no sistema de produção.
O Estado de São Paulo apresenta diferentes regiões quanto ao cultivo de uva. Na região de
Jundiaí é cultivada a uva Niagara, com podas em junho/julho e colheita em dezembro/janeiro.
Na região de Porto Feliz e Indaiatuba a poda é adiantada, após a colheita em dez/janeiro, é
realizada uma 2ª poda, para nova safra em março/abril. Quanto à uva Itália na Região de São
Miguel Arcanjo, a poda é feita de julho a setembro, para colheita em março/junho. Já nas
regiões quentes, como na Região em Jales, é feita a poda de formação dos ramos de produção
logo após a colheita, em outubro e novembro, a poda de produção em março/junho e a colheita
em agosto/novembro.
O Estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor brasileiro (40.000 ha em 1991), produzindo
para indústria, o Estado de São Paulo produz exclusivamente uva para mesa (9.000 ha em
1991).
2 - CLIMA E SOLO
A videira, de um modo geral, exige um período de frio no inverno, quando ocorre a queda das
folhas e dormência das gemas.
As atuais variedades cultivadas são originárias de regiões de clima de inverno mais intenso, e
outras de clima ameno, razão pela qual a Itália e Patrícia apresentam excelentes produções até
mesmo no Vale do São Francisco, como em Presidente Prudente ou Norte do Paraná.
havendo,no entanto, necessidade de aplicar produto químico como compensador da falta de
frio.
Assim, pois, desde que se adapte no entanto as técnicas de cultivo à região, é possível o
cultivo da videira.
Quanto ao solo, deve-se dar preferência às encostas, pouco íngremes, protegido dos ventos
dominantes, principalmente do sul.
Com relação às condições físicas do solo é possível contornar as deficiências pelo uso de
porta-enxertos específicos, bem como as propriedades químicas pelo uso de matéria orgânica,
fertilizantes e corretivos.
3 - CULTIVARES
As variedades são indicadas conforme a finalidade com relação à utilização dos frutos.
Para o consumo in natura
podemos classifica-las em: uvas rústicas(V itis labrusca): Niagara
rosada, Niagara branca, Isabel e Traviú e uvas finas;(Vitis vinífera Itália, Rubi, Patrícia,
Benitaka, Red Glob e Centeniar) e as uvas sem sementes (Adona, Maria, Iracema, e a
Thompson Seedless).
Para indústria vinícola, recomenda-se de preferência a Seybel, Isabel, e híbridos do IAC.
Os porta enxertos para uva comum; Ripária Traviú e IAC 766 e para uvas finas: Tropical (IAC
313) e 420A.
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4 - PREPARO DO SOLO
Para as uvas conduzidas em espaldeiras (cerca), que têm espaçamento reduzido 2 x 1 m) é
bem mais simples proceder a abertura de valeta do que covas, principalmente se antes ocorreu
a aração total da área.
No caso da condução ser em latada, pergola, o que deve ocorre para as uvas finas, é indicado
a abertura de covas ou valetas. Neste caso, recomenda-se 50 cm de largura por 80 cm de
profundidade, e para as covas 60 x 60 x 60 centímetros.
5 - CALAGEM
O Calcário deve ser aplicado para elevar a saturação por bases (V%) a 80%.Antes da aração
ou subsolagem do terreno, distribuir a lanço, 50% do calcário e outros 50% antes da
gradeação. Em vinhedos já instalados, empregar calcário em área total, antes da poda, com
leve incorporação ou misturando gesso.
6 - ADUBAÇÃO
6.1. Adubação de implantação por cova (TERRA, 1996)
Uvas Finas: 40 litros de esterco de curral curtido ou 10 litros de esterco de galinha ou 2kg de
torta de mamona e 1kg de calcário dolomítico.
Uvas Rústicas: 10 litros de esterco de curral ou 3 litros de esterco de galinha ou 500g de torta
de mamona e 1kg de calcário dolomítico.
Misturar os adubos recomendados com a melhor terra da superfície os fertilizantes minerais
indicados pela análise do solo, na seguinte tabela:
P resina mg/dm3
K + trocável mmolc/dm3
0-12
13-30
>30
0-1,5
1,6-3,0 >30
P2O5
K2O g/cova
u. finas
300
200
100
150
100
50
u. rusticas
80
60
40
40
30
20
Aplicar 30 g de N por planta/vez, em cobertura, cerca de 60 e 120 dias após o plantio das
estacas (porta-enxertos).
6.2. ADUBAÇÃO DE FORMAÇÃO
No período de formação da planta, após a enxertia, aplicar de acordo com a análise do solo, a
seguinte adubação(TERRA,1996):
Nitrogênio
P (resina) mg/dm3
K2+ trocável mmoll/dm3
N (g/pl)
0-12
13-30
>30
0-1,5
1,6-3,0
>3,0
P2o5 (g/pl)
K2O(g/pl)
uvas finas
60
150
100
50
100
70
50
uvas rusticas
20
30
20
10
30
20
10
Aplicar em cobertura, ao lado ds plantas, parcelando em tres vezes, sendo a primeira 30 dias
após a brotação e as demais até dezembro.
6.3. ADUBAÇÃO DE PRODUÇÃO
5
Aplicar, de acordo com a análise do solo e a produtividade esperada, de acordo com a seguinte
tabela:(TERRA, 1996)
Meta de
Nitrogênio
P resina, mg/dm3
K+ trocável, mmolc/dm3
produtividade
N, KG/ha
0-12 13-30 >30
0-1,5 1,6-3,0
>30
(t/ha)
P2 O5, kg/ha
K2O , kg/ha
Uvas Finas
<23
200
400
240
120
320
200
120
23-35
250
500
300
150
400
250
150
>35
300
600
360
180
480
300
180
Uvas
>13
135
320
180
80
225
110
60
Rusticas
13-22>22
180
400
250
100
300
150
75
230
500
310
120
380
190
90
Na poda do primeiro ano de produção, utilizar a metade da dose da tabela acima.
Aplicar 40 t/ha de esterco de curral curtido, ou 6 t/ha de esterco de galinha, ou 2,5 t/ha de torta
de mamona, esterrando em covas ao lado das plantas, um mês antes da poda de produção.
Para a uva rústica, reduzir em 25% esta adubação.
Em caso de deficiência de boro, ou quando o teor de b no solo for inferior a 0,20 mg/dm3,
aplicar no solo 1,5 kg/ha de B logo após a poda. Aplicar 2,5 kh/ha de B, para uvas rústicas.
Aplicar ½ do P e do K e 1/3 do N, juntamente com o adubo orgânico, um mês antes da
poda.Aplicar o restante do P, 30 dias após a poda. Parcelar o restante do N e do k em tres
vezes iguais, aos 30 dias após a poda, na fase de chumbinho e na fase de meia baga,
espalhando os adubos ao redor das plantas.
Observações:
a) O boro também pode ser aplicado em pulverização com uma solução contendo 1g/litro por
vez de ácido bórico, aplicada em três vezes antes do florescimento, de 7 em 7 dias.
b) Colheita precoce: Para a região oeste do estado de São Paulo, acrescentar, em cobertura,
80 kg/ha de N e 80 kg/h DE k2O após a poda de formação, parcelando em duas ou três vezes,
de novembro a fevereiro. Se possível, aplicar também, 30 t/ha de esterco de curral curtido,
antes da poda (Uva Fina).
A seguir apresentamos os limites de macro e micronutrientes para as fruteiras de clima
temperado elaborado por VAN RAIJ et alii (1996):
Faixa de teores adequados de macro e micronutrientes em folhas de plantas frutíferas:
Faixa de teores adequados
Macronutrientes g/Kg
N
P
K
Ca
Mg
S
30 - 35
2,4 - 2,9
15 - 20
13 - 18
4,8 - 5,3
3,3 - 3,8
Micronutrientes
B
Cu
Fe
Mn
Mo
Zn
45 - 53
18 - 22
97 - 105
67 - 73
30 - 35
7 - PLANTIO
6
a) para Uvas Rústicas, recomenda-se as seguintes dimensões do talhão:
Área - 3.000 a 6.000 metros quadrados
comprimento das linhas - 40 a 60 metros quadrados
Espaçamento 2 x 1 m = 2 metros quadrados - (Espaldeira)
b) para Uvas Finas, recomenda-se:
Área - 4.000 a 6.000 metros quadrados
Comprimento das linhas - 40 a 60 metros
Espaçamento 4 x 2,5 m - 10 metros quadrados
ConduçÃo - mangedora, pérgola ou latada
8 - TRATOS CULTURAIS
8.1- Controle de ervas daninhas
Deixar o vinhedo livre de ervas daninhas que prejudiquem o desenvolvimento da videira e afeta
o seu manejo. O controle é feito através de roçadas, capinas manuais, cobertura morta e uso
de herbicidas. O sistema de latada por provocar maior sombreamento, diminui o número de
capinas. No sistema de espaldeira é feito a cobertura morta (much) das ruas de forma
alternada, anualmente.
8.2- Desbrota
Consiste na retirada do excesso de brotação. Elimina-se um ou mais ramos de produção assim
que seja possível selecionar os melhores brotos (varas de produção).
8.3- Desnetamento
Eliminação dos ramos secundários ou axilares (netos), tão logo surjam nas varas de produção
do ano.
8.4- Amarração
Consiste em fixar o caule no tutor e as brotações dos ramos de produção nos arames; à
medida que se desenvolvem, depois da poda. A prática deve ser feita com cuidado, utilizando
amarilhos ou grampos de plásticos.
8.5- Despontamento (capação)
Compreende eliminar a parte terminal do ramo de produção, para controlar seu crescimento
excessivo. Nas uvas finas é prática retirar o ponteiro logo após a inflorescência, deixando cerca
de 20 folhas por ramo produtivo. Deixar no máximo 7 folhas após o cacho, que serão
suficientes para obter uma boa produção/ramo frutífero.
8.6- Desbaste
Fazer a retirada dos brotos (ladrões) que surjam no porta enxerto.
8.7- Redução de cachos
7
Eliminar o excesso de cachos ou aqueles mal formados, para obter melhor qualidade final.
8.8- Desbaste de bagas
Retirar 50 a 60% do número de bagas de cada cacho, principalmente nas uvas finas (Itália e
Rubi), evitando cachos compactos. A prática tradicional do uso de tesouras especiais, vem
sendo substituída pela escova plástica, o cacho por ocasião da separação dos botõis florais. O
uso de produtos químicos, como Iooguem nº 2 em plena floração vem sendo usado na região
de São Miguel Arcanjo, podendo ser necessário complementar com a tesoura.
8.9- Proteção dos cachos
Nas uvas finas usa-se a proteção dos cachos com folhas de papel impermeável (manteiga),
jornal ou plástico.
8.10- Aumento das bagas
Para cultivares sem sementes (apirenas), como Adona e Sultanina, recomenda-se o emprego
do ácido giberélico logo no início do crescimento das bagas.
8.11- Poda de produção
A poda do ramo de produção é feito de acordo com as característica de cada cultivar nas uvas
rústicas é curta, deixando no máximo 2 gemas. Para as cultivares sem sementes, como Adona
e Maria a poda é semi-longa, com 4 a 5 gemas. No caso das uvas finas é feita a poda longa
deixando de 6 a 10 gemas por ramo de produção.
Essa poda é realizada no período de julho a setembro nas regiões frias e em março-julho nas
regiões quentes em uvas finas para produção temporã.
8.12- Quebra de dormência
Prática utilizada após a poda de produção para o forçamento da brotação dos ramos frutiferos .
Pulverização com Dormex a 3 a 4% (Ciamamida Hidrogenada) ou pincelamento das gemas
com solução saturada de calciocianamida (20%) sem óleo mineral.
8.13- Irrigação
Indispensável nas regiões quentes e nas estiagens, com início uma semana antes da poda.
8.14- Cobertura do vinhedo
Pode ser utilizado o clarite ou sombrite a 18% para evitar granizo, ataque de aves e diminuir a
insolação.
9 - PRAGAS
9.1- Pulgões - Aphis vitis
Atacam os brotos, são de cor verde-escuro, quase preto, de pouca importância, podem
merecer atenção. Surgem com maior intensidade em períodos secos, com o início das chuvas
desaparecem.
9.2- Maromba - Heilipus naevulus
8
Seu ataque ocorre no final do inverno, ou início da brotação, quando perfuram os brotos da
videira. Os prejuízos são muitos sérios. Seu controle mais efetivo é a catação manual.
9.3- Broca-dos-cachos - Cryptoblabes gnidiella
São mariposas pequenas, de coloração parda, cujas lagartas, pequenas, atacam os
pedúnculos dos cachos. No período de crisálidas, no próprio cacho, se protegem com uma teia
de excrementos.
Destruindo os pedúnculos da baga e do cacho, causam o murchamento e seca dos frutos.
10 - DOENÇAS
10.1- Cercosporiose - Isariopsis clavispora
Atacam somente as folhas, causando manchas necróticas, de contorno irregular, de coloração
avermelhada ou preta e causam o desfolhamento precoce.
10.2- Antracnose - Sphaceloma ampelium
Elsinoe ampelina
Surge desde a brotação, também conhecida por negrão, varíola ou carvão, tanto nos ramos,
folhas, gavinhas, flores e frutos.
Se manifestam por numerosas e pequenas manchas, de coloração castanho avermelhada
sobre o limbo das folhas, das nervuras e do pecíolo,, causando deformações.
As manchas secam e caem, deixando a folha perfurada. Nos pecíolos e nervuras as manchas
são alongadas, deformando a folha.
Nos ramos tenros e gavinhas, aparecem manchas pequenas, que se transformam em cancros
penetrante, deprimidos. Nos cachos e suas ramificações, aparecem manchas escuras
deprimidas.
Na baga, a mancha toma a aparência de olho de passarinho, e, quando muito atacadas, as
manchas se unem rachando o fruto. Podem as sementes ficarem expostas, e o fruto mumificar.
10.3- Míldio - Peronospora - Mofo - Plasmopora viticola
Na folha aparecem manchas de óleo, é o consequente amarelecimento. Na página inferior
surge manchas brancas tipo de mofo, seu sintoma caracterísitco. Com a evoluição da doença
tomam a cor avermelhada e acabam secando. as manchas de mofo podem se unir, cobrindo
toda a folha que seca e cai.
No galho produz escurecimento pardacento, logo após surge o mofo, paralizando o
crescimento. Nos cachos aparece em todo ele: flores, pedúnculos, ramificações e bagas.
10.4- Podridões
10.4.l- Podridão-amarga - Melanconium fuligineum
Ataca os cachos, bem como suas ramificações e frutos, na pré-maturação ou maturação. As
bagas se enrugam e caem. Na baga aparece pequenas manchas que se estendem por todas a
casca, tornando-se pardacentas e moles, até o rachamento da baga.
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10.4.2- Podridão-da-uva-madura - Glomerela cingulata
A polpa toma a cor rosada ou pardo-avermelhada e a casca afunda, sendo a mancha em faixas
concentradas; finalmente a baga se colore de pardo, mumifica e cai.
10.4.3- Podridão de Botrytis ou Mofo-cinzento - Botrytis cinerea
Nos cachos causa descoloração das bagas, que ficam flácidas, recobertas pelo mofo-cinzento,
desprendendo do cacho um odor de mofo. Chega apodrecer totalmente. Nos ramos se
manifesta nas extremidades e nas folhas formam nas margens áreas de cor cinza
esverdeadas, que secam, ficando com cor castanha.
10.4.4- Podridão-branca - Coniothyrium diplodiella
Geralmente só ataca o cacho. As manchas de início apresentam duas ou três faixas
concêntricas, passam a envolver toda a baga, que ao secar se enrugam, com cor parda. As
bagas mumificam.
11 - COLHEITA
A colheita é realizada de 120 a 150 dias, após a poda, dependendo da cultivar e da região.
Uvas rústicas: em torno de 5 kg por planta. De outubro a dezembro.
Uvas finas: em torno de 50 kg/planta, com produção de uva o ano todo, utilizando estufas e as
diferentes regiões produtivas.
12 - COMERCIALIZAÇÃO
Direta com venda aos consumidores, rede de atacadistas e supermercados ou em consignação
para as centrais de abastecimento, com descontos médio de 5% para transporte, 1,5% carga e
descarga e 15% comercialização e pagamento de 10 a 15 dias.
13 - FORMAÇÃO DE MUDAS
Não é recomendo plantio comercial a partir de mudas, e sim com plantio direto do porta-
enxerto e posterior enxertia.
14 - CONTROLE DE PRAGAS E MOLESTIAS
É indispensável o tratamento de inverno com calda sulfocálcica e de calda bordalesa.
No período vegetativo, tratamentos preventivos com a calda bordalesa, ã partir de 10-15cm de
desenvolvimento da brotação tem controlado as principais doenças dessa cultura, permitindo
reduzir drasticamente o número de aplicação de agro químicos, com vantagens econômicas e
menor resistência e resíduos tóxicos.
A concentração da calda bordalesa recomendada é a seguinte:
Uva Niagara 500 a 600g de Sulfato de Cobre + 500 a 800g de cal virgem em 100l de água.
Uva Italia: 600g de Sulfato de Cobre + 300g de cal virgem em 100l de água.
O tratamento de inverno com calda sulfocálcica (1 parte de calda em 8 partes de água) é
recomendado, sendo indispensável para erradicar doenças e pragas (cochonilhas) que
atravessam o inverno em formas libernantes.
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ABACAXI
( Ananas comosus (L.) Merrill)
1 - INTRODUÇÃO
O abacaxizeiro, da família das Bromeliaceae, é uma planta herbácea,
semiperene, com um talo em forma de clava onde se inserem as folhas,
dispostas em rosetas, que apresentam espinhos em suas bordas, em parte ou
em toda sua extensão. Na base do pequeno tronco, existe um sistema radicular
fasciculado, muito superficial, localizado principalmente nos primeiros 15 cm do
solo, mas que pode atingir grandes distâncias (até 2m) em condições
favoráveis.
No centro da planta, existe um meristema apical que produz as novas folhas;
sob o efeito de determinadas condições, ele passa a produzir a inflorescência
que, quando madura, encerra o ciclo de vida da planta. A sua continuidade é
assegurada pelo desenvolvimento das gemas localizadas nas axilas das folhas,
que produzem um novo talo que, por sua vez, origina nova inflorescência.
O abacaxi é uma infrutescência formada pela união de numerosos frutilhos
,
originados cada um de uma flor, que se dispõem espiraladamente em torno de
um eixo comum. Depois de originar a infrutescência, o meristema apical volta a
produzir tecido vegetativo, formando a coroa que encima o fruto.
2. CLIMA E SOLO
Por ser planta tropical, o abacaxi é extremamente sensível às geadas,
preferindo regiões onde a temperatura média situa-se entre 21 e 23 C.
Em condições de calor e umidade elevados, a planta desenvolve-se bastante e
os frutos produzidos são grandes, com bagas planas, polpa colorida e com
elevado teor de açúcares e baixa acidez, mas a casca fica menos colorida que
a daqueles produzidos em condições de temperatura mais baixa. Precipitações
de 1.200 e 1.500 mm anuais, bem distribuídos ao longo do ano, são
consideradas ideais.
O abacaxizeiro prefere os solos leves, de textura argilo-arenosa,
razoavelmente profundos, com boa drenagem, de topografia plana ou ondulada
e com pH entre 4,5 e 5,5.
Solos mal drenados ou que acumulem água após as chuvas devem ser
evitados, não só pelo fato de a planta ter seu crescimento retardado, como
também por favorecerem o aparecimento de podridões no colo e nas raízes.
Solos pesados também não são indicados, porque neles as raízes se
desenvolvem mal, especialmente na estação seca do ano.
Áreas com incidência de nematóides devem ser evitadas, pela grande
suscetibilidade da planta a esses inimigos.
3. VARIEDADES
A variedade mais cultivada atualmente no Estado de São Paulo é a Cayenne,
cujas folhas apresentam espinhos apenas em sua parte terminal. Os frutos são
grandes, com a polpa amarela e com um bom equilíbrio entre açúcares e
ácidos.
Em algumas regiões é também cultivada a variedade Pérola ou Branco de
Pernambuco, cujas folhas têm espinhos ao longo das bordas, e os frutos de
formato cônico tem a polpa branca e quase não apresentam acidez. Muito
11
semelhante á a variedade Jupy, cujos frutos distinguem-se da anterior por se
apresentarem com formato cilíndrico.
Atualmente, existe grande interesse em outras variedades, que possuem boa
tolerância à fusariose, principal doença da cultura. Os frutos dessas
variedades, porém, não apresentam as mesmas qualidades das anteriormente
citadas. Dentre elas destacam-se Rondon e Perolera como as mais
promissoras.
4. PROPAGAÇÃO
O abacaxizeiro produz três estruturas que permitem a sua propagação
vegetativa, assegurando assim, a uniformidade do novo plantio. As estruturas
são: o rebentão, formado a partir de gemas localizadas no talo da planta e
que,sob condições normais, produz um novo fruto após 12 a 18 meses do
plantio; o filhote, originados de gemas localizadas no pedúnculo da fruta e que
frutifica naturalmente de 18 a 24 meses após o plantio; e finalmente, a coroa,
cujo ciclo de produção é superior a 24 meses.
É importante notar que o ciclo de produção natural pode ser bastante alterado
pelos produtores, através da indução artificial do florescimento, conforme será
discutido posteriormente.
Normalmente, estas estruturas de propagação são obtidas de plantas que já
produziram a fruta, após a colheita do pomar. Dessa forma, as condições
fitossanitárias do pomar onde se obtém estas mudas, são fundamentais para
os novos plantios.
Visando à obtenção de mudas sadias, isentas de fusariose, é recomendável a
sua produção por meio de secções do talo da planta, da coroa ou de mudas.
Após a retirada das folhas, o material escolhido é seccionado longitudinal e
transversalmente, de modo a se obterem pequenas secções, com 3 a 5 cm de
comprimento, contendo pelo menos uma gema. Após a sua desinfecção, os
talos são plantados no espaçamento de 15 x 15 cm, em canteiros preparados e
adubados com 100 gramas de superfosfato simples por metro quadrado. Após
a brotação das gemas, são feitas adubações quinzenais com fertilizantes
nitrogenados, na dose de 0,7 g de N por metro quadrado, e mensais com
sulfato de potássio, na mesma dose em K20. O canteiro deve ser regularmente
pulverizado com um bom fungicida, para o controle das podridões que
normalmente atacam essas plântulas. Quando bem conduzidas, as mudas
estarão aptas para o plantio no local definitivo de 6 a 8 meses após o início de
sua formação, quando apresentarem um tamanho de 20 a 30 cm.
5. PLANTIO
Enquanto em área pequenas o plantio pode ser feito, após um cuidadoso
preparo do solo, em covas rasas abertas com enxadão, em área maiores é
recomendável que seja feito em sulcos, abertos com dois sulcadores acoplados
e distante entre si no espaçamento adotado para as linhas duplas.
No caso das covas, elas são abertas com uma enxadada e, ao retirar-se a
ferramenta, as mudas são enfiadas inclinadas sob o solo, que é, firmado com
os pés. Para o plantio em sulcos, as mudas são firmemente seguras e então
enfiadas no terreno fofo que é, logo firmado com os pés.
Deve-se enterrar apenas um terço do comprimento total das mudas,
certificando-se que a gema apical esteja acima do nível do solo e livre de terra.
Produtores mais tecnificados podem fazer o plantio das mudas sobre leiras de
largura variável, suficiente para a implantação de uma linha dupla. Esta leiras
12
são construídas com um implemento tracionado por trator, conhecido como
curvanivelador.
Para se obterem culturas uniformes e produção concentrada em uma
determinada época, o que diminui os custos em tratos culturais e colheita, é
preciso que as mudas empregadas no plantio, sejam todas de um mesmo tipo
e cuidadosamente classificadas quanto ao tamanho ou peso.
6. ESPAÇAMENTO
O espaçamento ideal varia com o trato dispensado à cultura, com as condições
de clima e solo e com o destino da produção. Para o, nível tecnológico aqui
apresentado e para as culturas cuja produção destina-se à industrialização,
recomenda-se o plantio em linhas duplas de 45 cm de afastamento entre si, 30
cm entre as plantas nas linhas, com as plantas dispostas em quincôncio, ou
seja, dispostas triangularmente, um em cada canto e uma ao centro. As ruas
entre as linhas duplas devem ter 90 cm de largura, permitindo a produção de
frutos com 1,5 quilo cada.
Para a cultura cujos frutos destinam-se ao mercado de frutas frescas (pesando
em torno de 2 quilos), o espaçamento indicado é 40 cm x 40 cm nas linhas
duplas, também em quincôncio, usando-se um intervalo de 120 cm para as
ruas, entre as linhas duplas.
Como o varão dos pulverizadores tem, geralmente, seis metros de
comprimento, a cada conjunto de oito ou dez linhas dupla deixa-se um
carreador com 3 a 4 metros de largura para o trânsito de máquinas. Isso resulta
em uma densidade de 40 mil e de 25 mil mudas por hectare, respectivamente.
7. CALAGEM
No preparo do solo, deve-se fazer calagem sempre que a saturação em bases,
revelada pela análise do solo, for inferior a 50%, procurando-se elevá-la para
60%.
8. ADUBAÇÃO
As plantas deverão receber, no primeiro ciclo produtivo, 9 gramas de N, 3
gramas de P2O5 e12 gramas de K2O por pé. O fósforo pode ser colocado todo
no sulco de plantio, enquanto o nitrogênio deve ser fornecido em três a quatro
parcelas, em doses proporcionalmente menores, a partir do pegamento das
mudas e desde que haja umidade suficiente no solo, terminando sua aplicação
90 dias antes da data prevista para o tratamento de antecipação de
florescimento. O potássio, por outro lado, deve ser fornecido em doses
crescentes a partir da segunda parcela do adubo nitrogenado, devendo a
última aplicação ser feita antes do florescimento.
No segundo ciclo, as doses deverão ser reduzidas à metade, observando-se o
mesmo critério de parcelamento.
Os adubos devem ser colocados na axila das folhas basais da planta, com o
auxilío de um funil conectado a um tubo, de forma que o operador realize a
adubação sem se abaixar, tomando o cuidado de não deixá-los cair no interior
da roseta foliar. Em culturas mais extensas, a adubação deve ser feita em uma
faixa contínua ao lado das plantas.
Sempre que possível, deverá ser utilizada matéria orgânica no sulco de plantio,
nas doses de 20 quilos de esterco de curral ou 4 quilos de torta de mamona por
10 m lineares de sulco.
9. PRAGAS E DOENÇAS
As principais pragas da cultura são a broca-dos-frutos ( Thecla basilides Geyer)
e a cochonilha-branca ( Dysmicoccus brevipes Cockerell), enquanto a doença
13
mais grave é a fusariose, causada pelo fungo Fusarium moniliforme Sheld. var.
subglutinans Wr.& Reinking.
Para uma boa sanidade inicial da lavoura, deve ser feita uma criteriosa seleção
das mudas, com a eliminação de todas que apresentam lesões causadas pela
fusariose; em seguida, essas mudas são submetidas ao processo de cura, por
um período de 2 semanas, quando elas ficam com sua base exposta ao sol em
cima das plantas que as originaram ou acomodadas lado a lado sobre uma
àrea livre de mato.
Antes do plantio,as mudas devem ser desinfestadas, mergulhando-as, por um
período de 5 minutos, em uma solução contendo Ethion 500 Rhodia Agro a
0,12% e Benlate 500 a 0,15%.
Os produtos indicados para o controle da cochonilha-branca são Ethion 500
Rhodia Agro a 0,12% e o Kilval 300 a 0,33%, em pulverização de cobertura
total, após a constatação da praga, ou de formigas lava-pés no interior da
lavoura. Essa pulverização deve ser repetida de 15 a 20 dias mais tarde, para
assegurar um perfeito controle.
Contra a fusariose são indicados o Benlate 500, na dose de 500 gramas do
produto comercial por hectare, e o Orthocide 500, na dose de 2 a 2,5 quilos do
produto comercial por hectare, em pulverizações espaçadas de 15 a 20 dias a
partir do aparecimento das primeiras flores.
A broca-dos-frutos pode ser controlada por aplicações feitas a cada sete a dez
dias, a partir do início da abertura das flores até a completa formação dos
frutos, com Dipel PM na dose de 500 gramas por hectare ou, na falta deste, por
um dos seguintes produtos: Carbaryl Fersol 480 SC, na dose de 2,3 litros por
hectare; Carvin 850 PM a 0,15%; Diazinon 600 CE a 0,08%; Dipterex a 0,3%;
Ethion 500 Rhodia Agro a 0,12%; Folidol 600 a 0,135%; Sevimol 300 a 0,36%;
Sevin 480 SC a 0,225%; Sevin 850 PM a 0,15%; Shellvin 500 SC, na dose de
2,2 litros por hectare, ou Sumithion 500 CE a 0,15%.
Outras pragas podem eventualmente atacar o abacaxi, e exigir seu controle
como a broca-do-colo ( Paradiophorus crenatus, Billb.), o percevejo-do-abacaxi
( Lybindus crenatus, Bilb.) e o ácaro-plano ou vermelho ( Dolichotetranychus
floridanus, Banks).
Algumas espécies de nematóides podem causar danos severos à cultura,
destacando-se as espécies Meloidogyne incognita, M. javanica, Pratylenchus
brachyarus e Rotylenchulus reniformis.
10. TRATOS CULTURAIS
O abacaxizeiro por ter um crescimento inicial bastante lento, sofre bastante
com as competições exercidas pela presença da plantas daninhas, exigindo um
período livre de competições relativamente longa, de cerca de 6 meses.
O controle das plantas daninhas nesta cultura é hoje feita predominantemente
por métodos químicos, sozinhos ou associados ao controle mecânico. O
controle químico só pode ser feito quando o solo se apresenta suficientemente
úmido, através do uso de um dos seguintes produtos: linuron, ametrina,
atrazina, simazina, diuron, afalon, dalapon e bromacil; ou suas misturas,
dependendo das ervas predominantes. As doses recomendadas variam com o
tipo de solo.
11. INDUÇÃO FLORAL
A diferenciação floral do abacaxizeiro ocorre naturalmente, nos meses de
inverno ou, no verão, com o aumento da nebulosidade, desde que a planta
tenha idade e tamanho suficientes para responder a esses estímulos.
14
Essa diferenciação pode ser induzida através da aplicação de detrminados
produtos químicos na roseta central das plantas, o que permite, ao produtor,
estabelecer a época de colheita, reduzir o ciclo da cultura e uniformizar a
produção, facilitando e barateando os tratamentos fitossanitários e a colheita.
O tamanho da fruta produzida depende do porte da planta, por ocasião do
florescimento, que, por sua vez, está associado ao número de folhas que el
apresenta. As culturas cujas frutas destinam-se ao mercado de frutas frescas,
com peso médio em torno de dois quilos, devem ser tratadas quando a folha D,
grupo de folhas inseridas num ângulo de 45 ao talo, tiver em torno de 80 cm
de comprimento ou peso de 70 gramas. Para a cultura cujos frutos destinam-se
à industria (peso de 1 a 1,5 quilos), o tratamento deve ser feito em plantas
menores.
O tratamento poderá ser feito colocando-se uma pedra de mais ou menos um
grama de carbureto de cálcio, no centro da roseta foliar, desde que nela exista
umidade suficiente para assegurar a reação do produto. Outro método consiste
na dissolução de 450 gramas de carbureto de cálcio em 100 litros de água fria
(3.500 ppm CaC2), em temperatura mais baixa possível dada a reação ser
explosiva, aplicando-se 50 ml por planta, na roseta central: essa operação deve
ser repetida no dia seguinte.
Mais recentemente tem sido usado o Ethrel (com 21,66% de etephon), na base
de 50 ml do produto comercial por 100 litros de água, adicionando-se à solução
dois quilos de uréia, quando a aplicação for feita por canequinha
na
quantidade de 50 ml por planta, aplicados na roseta foliar. Quando o produto
for aplicado em pulverizações, nas épocas quentes do ano ou em plantas muito
vigorosas, deverá ser utilizada a dose de 200 ml do produto comercial por 100
litros de água, na qual também se adicionam dois quilos de uréia.
Quaisquer dessas aplicações devem ser feitas de preferência de madrugada,
antes do nascer do sol.
O intervalo entre esse tratamento e a colheita dos frutos, varia de 190 a 250
dias, dependendo da época do ano.
12. ATRASO NA MATURAÇÃO
Com o objetivo de prolongar o período de desenvolvimento da fruta, pode-se
aplicar um produto comercial denominado Fruitone, que contém 7,40% de
ácido propiônico, quando as pétalas das flores próximas à coroa já se
apresentarem secas. O produto deve ser usado em doses que variam de 1,5 a
3 litros por hectare, sendo a solução aplicada em volume tal que permita
molhar bem as folhas e os frutos.
Além de provocar um atraso na maturação, a utilização desse produto,
aumenta o peso e o tamanho do fruto e provoca uma redução no tamanho da
coroa, efeito este proporcional à dose empregada, dentro dos limites
estabelecidos acima.
13. REDUÇÃO DA COROA
Para que o fruto tenha melhor aspecto, é recomendável fazer a redução do
tamanho da coroa, podendo ser feito quimicamente pelo emprego do Fruitone
ou, se preferir, por métodos mecânicos através da eliminação do meristema
apical com uma lâmina em forma de calha, seis a oito semanas após a saída
da inflorescência.
14. PROTEÇÃO DAS FRUTAS
Os frutos que amadurecem nos meses quentes do ano precisam ser protegidos
contra os raios solares, que podem causar queimaduras na casca e na polpa.
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Essa proteção pode ser feita com capins cortados e colocados sobre os frutos,
ou com uma folha de jornal cortada pela metade e presa nas extremidades por
um grampeador.
Mais recentemente, tem sido utilizados sacos de papel kraft
sem fundo,
especialmente preparados para esta finalidade. O abacaxi é vestido com esse
saco e as duas extremidades, no pedúnculo e na base da coroa, são torcidas
para firma-lo na posição.
15. ÉPOCA DA PRODUÇÃO
Teoricamente, de seis a oito meses após o tratamento da planta com produto
para diferenciação do florescimento, o abacaxi tem condição de ser colhido, o
que permitiria ao produtor planejar a sua produção ao longo de todo o ano; na
prática, isso não ocorre, porque as plantas são estimuladas naturalmente ao
florescimento por ação de baixas temperaturas e dias curtos ou alta
nebulosidade, desde que apresentem porte e idade para responder a esses
estímulos.
Nas condições do Estado de São Paulo, as plantas são estimuladas ao
florescimento natural no inverno seguinte ao plantio, mesmo que apresentem
um porte insuficiente para produzir um fruto de tamanho comercial.
Por essas razões, o plantio de rebentões grandes (maiores que 45 cm), só
pode ser feito, com sucesso, nos meses de março e abril. Mudas menores,
como rebentões pequenos e filhotes de 300g a 400g, podem ser plantadas de
dezembro a fevereiro, sem riscos de florescimento prematuro.
Essas plantas serão submetidas ao tratamento para diferenciação floral de
março a julho do ano seguinte, para produção nos meses de outubro a março.
Filhotes menores que 300g podem ser plantados de julho a fins de outubro,
permitindo a indução do florescimento no inverno seguinte, para colheita em
fevereiro e março do outro ano.
16. COLHEITA
O ponto de colheita varia com a distância do mercado. Para as condições do
Estado de São Paulo, cujos frutos destinam-se para o consumo ao natural,
recomenda-se que a colheita seja feita quando esses se apresentarem 3/4 da
superfície com coloração amarelada.
A operação é feita segurando-se a fruta pela coroa e seccionando-se o
pedúnculo com facão.
As variedades que apresentam grande número de filhotes podem sofrer uma
operação de raleamento dessas estruturas, de modo a permitir que os filhotes
remanescentes assegurem uma melhor proteção das frutas no transporte.
As frutas são transportadas a granel, mas a carga é feita acomodando-as
individualmente na carroceria do caminhão.
Em uma lavoura adequadamente conduzida, 85% das plantas devem produzir
frutos no primeiro ciclo, porcentagem essa que se reduz para 65% na colheita
seguinte.
A ocorrência de fusariose, cochonilhas e broca-dos-frutos poderá reduzir
sensivelmente esse rendimento.
ABÓBORA
( Cucurbita moschata)
1 - INTRODUÇÃO
16
Existem no Brasil, diversos tipos de frutos e plantas de espécies do gênero
Curcubita, recebendo em cada região do País nomes distintos. Muitos desses
tipos não têm produção de sementes controlada, apresentando, portanto, uma
grande variabilidade. As sementes de abóboras são consideradas suplementos
protéicos, contendo de 30 a 70% de proteína bruta e, torradas, constituem
iguaria muito apreciada em algumas regiões.
2 - CLIMA E SOLO
É cultura de clima tropical, sendo muito sensível a frios intensos e prolongados,
não suportando geadas.
A temperatura média de 20 a 25º C é a mais favorável à cultura. Temperaturas
elevadas e o alto teor de umidade relativa favorecem a ocorrência de doenças
(oídio - Oidium sp.).
O solo deve ser drenável, pois os encharcados são prejudiciais.
Os solos leves e férteis são os ideais para a cultura. A topografia dos solos
deve permitir a irrigação sem causar problemas de erosão.
3 - CULTIVARES
- Menina brasileira - É um cultivado muito apreciado. A planta é vigorosa e
rústica, cuja a rama principal atinge 5 metros. Seus frutos são alongados,
atingem 25 cm de comprimento e pesam em torno de 350 gramas.
- Canhão IAC - Planta bastante vigorosa, com ramas longas. Os frutos têm o
formato do cultivar Menina brasileira, porém com o peso médio de 11 quilos.
- Cavarelle - É um cultivar de grande aceitação, para o consumo de frutos
maduros, no mercado do Rio de Janeiro. São plantas muito vigorosas, com
ramas longas. Os frutos maduros são grandes, atingindo 40 a 50 cm de
comprimento e 20 a 30 cm de diâmetro, formato oblongo e peso entre 8 e 12
quilos.
- Baianinha - É um cultivar rústico e resistente a doenças. Seus frutos, com 15
a 20 cm de comprimento ou de diâmetro, são de grande aceitação no mercado
de Goiás.
- Tetsukabuto (moranga híbrida C. máxima x C. moschata) - Atualmente é o
mais importante para o comércio de frutos maduros. Apresenta plantas
vigorosas, porém menores que dos cultivares Canhão e Menina brasileira. São
plantas macho-estéreis, o que exige o cultivo paralelo de um cultivar
polinizador, ocupando uma área de 10 a 20% da que é utilizada com a cultura.
Os frutos são ligeiramente achatados, pesam em média 1,5 a 2,0 Kg e
apresentam a epiderme verde-escura. A polpa é de coloração amarelo-
alaranjada, espessa e bastante enxuta.
- Coroa IAC ( C. máxima) - Plantas vigorosas, frutos achatados, pesando de 2 a
3 Kg. Ciclo de 90 a 120 dias.
- Exposição ( C. máxima) - Plantas vigorosas, frutos achatados, pesando de 5
quilos. Ciclo de 130 a 150 dias.
Outros cultivares de abóboras: Piramoita, Seca de Pescoço. Mini Paulista,
Duda, Carioca, Goianinha, Jacarézinho, Spaghetti, Bahiana Tropical, Redonda
Amarela Gigante, Morangas Alice e Big Moon e híbridos: Ebisu, Tsurunashi
Yakko e Suprema.
4 - PREPARO DO TERRENO
No preparo do solo, para terrenos novos, recomenda-se uma aração em torno
de 20 cm de profundidade nas baixadas e 25 cm nas encostas, de 60 a 90 dias
antes do plantio e, quando necessário, uma gradagem na época do plantio.
17
Nos terrenos já cultivados e que não precisam de calagem, a aração pode ser
feita por ocasião do plantio.
5 - CALAGEM
Deve ser feita de acordo com o resultado de análise de solo e com
antecedência de 60 a 90 dias, elevando-se a saturação por bases a 80% e o
teor de Mg no solo, a um mínimo, de 8 mmolc/dm3.
6 - ADUBAÇÃO
A adubação orgânica é de grande importância, sendo recomendável o uso de
10 litros (cerca de 5 quilos) de esterco de curral bem curtido por cova, que
pode ser substituído por esterco de galinha na proporção de 2 a 3 litros por
cova.
O importante é que se faça análise de solo para se ter uma adubação ideal; no
caso da impossibilidade de se fazer análise química do solo, aplicar 300g da
fórmula 4-16-8 ou 4-14-8 e mais 1g de bórax por cova.
6.1 - Adubação orgânica
Aplicar de 20 a 40 t/ha de esterco de curral curtido ou 1/4 dessas quantidades
de esterco de galinha.
6.2 - Adubação mineral
a) No plantio: 40 Kg/ha de N, 200 a 400 Kg/ha de P2O5 e 100 a 200 kg/ha de
K2O. Em solos deficientes, acrescentar 1 kg/ha de B, 3 kg/ha de Zn e 2 a 5
kg/ha de Cu.
b) Em cobertura: 100 a 150 kg/ha de N e 60 a 120 kg/ha de K2O, parcelados
em 3 aplicações com intervalo de 15 a 20 dias, sendo a primeira realizada aos
15 a 20 dias após a germinação.
7 - PLANTIO
O plantio é feito, colocando-se 4 sementes/cova. Para o plantio de híbridos é
necessário que 15 a 20% da área seja semeada com cultivares polinizadores,
ou seja, para cada 5 a 6 linhas, ou 5 covas de híbridos, planta-se uma do
polinizador com antecedência de 25 a 30 dias (Menina Brasileira), 15 a 21 dias
(Exposição) e 10 a 15 dias (Ebisu e Chirimen).
O espaçamento utilizado para abóboras em geral, varia entre 4 x 4 a 5m; para
Menina Brasileira, Duda, Redonda Verde e Branca de Virgínia, entre 3 x 3 a
4m; para Pira Moita, 3 x 2 a 2,5m; para morangas, entre 4 x 3 a 5m e, híbridas
entre 3 x 2 a 3m.
Em regiões, nas quais a temperatura anual está na faixa dos 20 a 30° C, o
plantio pode ser realizado o ano todo e em regiões com inverno rigoroso, de
outubro a janeiro.
8 - TRATOS CULTURAIS
Realizar o desbaste das plantas, deixando 1 a 2 plantas/cova, conforme o
manejo utilizado, quando as mesmas estiverem com as duas folhas
verdadeiras.
Como esta cultura é relativamente exigente em água, deve-se manter a
umidade do solo, irrigando-se um dia antes da semeadura e 1 a 2 vezes por
semana até o início da maturação dos frutos.
Deve-se manter a cultura no limpo, evitando a concorrência das plantas
invasoras.
9 - COLHEITA
A colheita deve ser realizada quando os frutos estiverem maduros, iniciando-se
entre 90 a 120 dias após o plantio para os híbridos e entre 120 a 150 dias para
as demais abóboras.
18
ABOBRINHA
(Cucurbita spp)
1 - INTRODUÇÃO
A importância da família da Cucurbitáceas relaciona-se principalmente ao valor
alimentício e versatilidade culinária dos frutos.
Esses frutos são produzidos em todo o mundo e bastante usados na
alimentação humana. São alimentos basicamente energéticos.
2 - CLIMA E SOLO
É cultura de clima tropical, sendo muito sensível a frios intensos e prolongados,
não suportando geadas.
A temperatura média de 20 a 25º C é a mais favorável à cultura.
Temperaturas elevadas e o alto teor de umidade relativa favorecem a
ocorrência de doenças (óidio - Oidium sp.).
O solo deve ser drenável, pois os solos encharcados são prejudiciais.
Os solos leves e férteis são os ideais para a cultura. A topografia dos solos
deve permitir a irrigação sem causar problemas de erosão.
3 - CULTIVARES
As variedades de abobrinha atualmente cultivadas, pertencem a 2 grupos ou
tipos:
a) Abobrinhas italianas:
Caserta - tem boa aceitação no Brasil. A planta tem altura média de 80 cm. Os
frutos são praticamente cilíndricos, sendo levemente afinados para o lado do
pedúnculo. Apresentam superfície lisa de cor verde-claro. Possuem o
comprimento de 20 cm e diâmetro de 5 cm, sendo que o peso médio é de 180
a 200 gramas. O início da colheita ocorre aos 50-60 dias após o plantio,
podendo se prolongar por 40-60 dias.
outras: Clarice, Branca de Virgínia, Redonda Verde e híbridos: Clarita,
Clarinda, Ipanema, Tala, Novita, Corona, Princesa, Bianca, Opal, Anita,
Goldfinger e Gold Rush.
b) Abobrinhas brasileiras:
Menina brasileira - É um cultivar muito apreciado. A planta é vigorosa e rústica,
cuja rama principal atinge 5 metros. Seus frutos são alongados, atingem 25 cm
de comprimento e pesam em torno de 350 gramas.
outras: Pira-moita e Mini Paulista
4 - PREPARO NO TERRENO
No preparo do solo, para terrenos novos, recomenda-se uma aração em torno
de 20 cm de profundidade nas baixadas e 25 cm nas encostas, de 60 a 90 dias
antes do plantio e, quando necessário, uma gradagem na época do plantio.
Nos terrenos já cultivados e que não precisam calagem, a aração pode ser feita
por ocasião do plantio.
5 - CALAGEM E ADUBAÇÃO
A calagem deve ser feita de acordo com a análise de solo e com antecedência
de 60 a 90 dias, elevando a saturação por bases a 80% e o teor de Mg do solo
a um mínimo de 8 mmolc/dm3.
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A adubação orgânica é de grande importância, devendo-se aplicar 20 a 40 t/ha
de esterco de curral, curtido, ou ¼ dessas quantidades com esterco de galinha,
pelo menos 30 dias antes da semeadura.
Recomenda-se para adubação mineral:
a) No plantio: 40 Kg/ha de N, 200 a 400 Kg/ha de P2O5 e 100 a 200 Kg/ha de
K2O. Em solos deficientes, acrescentar 1 Kg/ha de B, 3 Kg/ha de Zn e 2 a 5
Kg/ha de Cu.
b) Em cobertura: 100 a 150 Kg/ha de N e 60 a 120 Kg/ha de K2O, parcelando-
os em 3 aplicações, a primeira entre 15 e 20 dias após a germinação e as
demais, a cada 15 a 20 dias.
As quantidades maiores ou menores dependem dos resultados das análises de
solo e foliar, do cultivar e da produtividade esperada.
6 - PLANTIO
O plantio é realizado em local definitivo, semeando-se 3 sementes/cova e
desbastando na fase de duas folhas verdadeiras, deixando 2 plantas/cova. É
recomendável, que se semeie algumas linhas com antecedência de 10 a 12
dias, para garantir o suprimento de pólen no início do florescimento.
A abobrinha pode ser cultivada o ano todo, desde que no local não ocorra
inverno rigoroso e ocorrência de geadas.
Para o grupo das abobrinhas italianas utiliza-se o espaçamento 1 x 0,7 - 1m e
para os do grupo das brasileiras, 4 x 2 a 3m.
7 - TRATOS CULTURAIS
Os tratos culturais a serem dispensados para a cultura são: irrigação, capinas e
pulverizações.
7.1 - Irrigação
Esta cultura é exigente em água, pois possui sistema radicular superficial,
sendo importante que se mantenha a umidade do solo.
7.2 - Capinas
Para evitar a ocorrência das ervas em adubo e água, deve-se manter a cultura
no limpo.
7.3 - Pulverização
Deve ser feita para manter a planta protegida contra o ataque de pragas e
doenças. Depois do início da florada, deve-se evitar a aplicação de inseticidas,
para não afugentar os insetos polinizadores.
8 - COLHEITA
A colheita deve ser diária, iniciando-se aos 40 a 60 dias após o plantio, quando
os frutos se encontram com cerca de 20 cm de comprimento para as
abobrinhas italianas e por volta dos 75 dias após o plantio, quando os frutos
atingirem 25 cm de comprimento, para as abobrinhas brasileiras.
Em condições normais, pode-se esperar uma produção de 800 a 1200
caixas/ha.
ACEROLA
CEREJA-DAS-ANTILHAS
(Malpighia sp. )
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1. INTRODUÇÃO
Cereja-das-antilhas, também conhecida por acerola, é uma planta ainda pouco
conhecida, tanto que existem divergências quanto à sua correta classificação
botânica. A maioria dos autores supõe tratar-se de Malpighi glabra L., mas
existem aqueles que julgam que a espécie cultivada é M. punicifolia L. ou
mesmo M. emarginata D.C.
A grande variação encontrada na arquitetura das plantas, na disposição das
folhas, na coloração das flores e quanto à presença de acúleos urticantes nas
folhas de algumas plantas em lavouras comerciais desta fruteira, talvez
indiquem que existam indivíduos de mais de uma espécie sendo cultivados
entre nós.
M. glabra é um arbusto glabro, de tamanho médio, com 2 a 3 metros de altura,
com os ramos densos e espalhados. As folhas são ovatas a elítico-
lanceoladas, com 2,5 a 7,5cm de comprimento, opostas, com pecíolo curto,
pequenas, de coloração verde-escura e brilhante na face superior e verde
pálida na inferior. As flores são perfeitas, com pedúnculo longo e pouco mais
de 1cm de diâmetro, de coloração rosa-esbranquiçada a vermelha. São
dispostas em cachos de 3 a 5 flores nas axilas dos ramos em crescimento.
O fruto é uma drupa de tamanho, forma e peso variáveis. A forma pode ser
oval ou sub-globosa, com formato trilobado. a casca é fina e delicada, o
tamanho varia de 1 a 2,5cm de diâmetro e o peso de 2 a 12 gramas. Quanto à
cor, os frutos maduros podem apresentar diferentes tonalidades que vão do
amarelo ao vermelho intenso ou roxo. Possuem normalmente tres sementes,
protegidas por invólucro com consistência de pergaminho. O sabor varia de
levemente ácido a muito ácido, sendo a polpa conhecida pelo seu teor de
vitamanina C. Análises recentes feitas em São Paulo indicam, no entanto, que
estes teores variam muito de planta para planta, sendo encontradas variações
dentro dos limites de 30 a 1.800mg de ácido ascórbico por 100 gramas de
polpa, havendo alguns pés que produzem frutas com 2.000mg/100 gramas de
polpa.
2. CLIMA E SOLO
A cereja-das-antilhas é uma planta rústica, que se desenvolve muito bem em
clima tropical e sub-tropical, sendo sensível, porém, às geadas. No Estado de
São Paulo, durante o período seco e frio, a planta permanece em repouso,
porém quando a temperatura se eleva e as precipitações se iniciam, a
vegetação e o florescimento se mantêm de modo quase contínuo.
O ideal são temperaturas médias de 26ºC, com precipitação anual variando
entre 1.200 e 1.600mm. As chuvas tem grande influência sobre a produção e a
qualidade dos frutos. Quando bem distribuídas, concorrem para um período de
produção mais amplo e para frutos de maior tamanho. Chuvas excessivas
provocam a formação de frutos aquosos, menos ricos em açúcares e em
vitamina C.
A planta se desenvolve bem em quase todos os tipos de solos. Os de textura
argilo-arenosa, de mediana fertilidade, por reterem maior teor de umidade, são
so mais indicados. Na escolha do terreno deve-se levar em conta que a planta
é bastante suscetível ao ataque de nematóides, especialmente do gênero
Meloidogyne, razão pela qual a área escolhida deverá estar isenta destes
inimigos.
3. VARIEDADES
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Admite-se que as variedades de cereja-das-antilhas pertençam a dois grupos,
sendo um produtor de frutas ácidas e outro de frutas doces. As frutas doces
são mais agradáveis para o consumo ao natural, mas dado o teor mais elevado
de ácido ascórbico que as frutas ácidas apresentam, a produção comercial
requer a utilização de variedades pertencentes a este grupo.
Ainda são poucas e mal conhecidas as variedades desta frutífera existentes no
Brasil, as principais delas tendo como centro de origem núcleos de produtores
existentes no Pará. Dentre essas destacam-se as seguintes:
Okinawa: Parece tratar-se de uma introdução do exterior feita por produtores
da Cooperativa COPAMA de Castanhal, PA. Há indicações de que é uma
excelente produtora. Seus frutos apresentam cerca de 2.000mg de vitamina C
por 100 gramas de polpa, teor este que pode cair para 800mg nos períodos
extremamente chuvosos.
Inada: É um clone originado de semente trazida do exterior, muito produtivo,
chegando a mais de 120 quilos de fruta por ano, com um teor de vitamina C da
ordem de 1.500mg por 100 gramas de polpa.
Flor branca: Caracteriza-se por ser um produtor constante, não parando
mesmo nos períodos mais secos. Os seus frutos apresentam cerca de
1.700mg de vitamina C por 100 gramas de polpa.
Numero Um: Trata-se de uma seleção feita pela Cooperativa de Tomé-Açu, no
Pará, que também apresenta características que a tornam muito interessante.
Existem outras introduções de materiais selecionados no exterior, inclusive
Estados Unidos da América, mas todas são seedlings
e, portanto, nenhuma
tão interessante como os citados.
Entre as variedades produtoras de frutos doces destacam-se a Florida Sweet e
a Manoa Sweet.
Em diversas outras regiões do País procura-se selecionar clones de acerola
que apresentem características desejáveis, como boa arquitetura da planta,
folhas sem pelos urticantes, alta produtividade de frutos grandes, com a casca
de coloração vermelho intenso e a polpa laranja-vivo à maturação e
apresentando pelo menos 1.500mg de vitamina C por 100 gramas de polpa.
4. PROPAGAÇÃO
A propagação pode ser feita por meio de sementes, estaquia e enxertia. A
propagação por sementes, dado o baixo poder germinativo em decorrência do
aborto do embrião, é da ordem de 20%, e por resultar em pomares
desuniformes, só é viável para a obtenção de porta-enxêrtos para propagação
por enxertia. Atualmente, porém, o método mais utilizado é a propagação por
estaquia, que pode empregar tanto estacas lenhosas como herbáceas.
A propagação por sementes é feita em canteiros , caixas ou outros vasilhames
conveniente preparados. As sementes, extraídas de frutos maduros, são
lavadas e imediatamente semeadas nos canteiros, em sulcos distanciados de
10cm, antes de secarem.
A germinação ocorre após 20 a 25 dias. Quando as plantinhas atingirem de 6 a
10cm devem ser transplantadas com o solo que envolve as raízes para sacos
plásticos previamente preparados, cheios de um substrato rico e desinfestado
(Veja no capítulo sobre maracujá o preparo de um substrato de boa qualidade).
Após o transplante deve-se irrigar abundantemente, repetindo-se essa
operaçào sempre que necessário mas evitando-se o encharcamento.
Quando se dispõe de clones selecionados, a propagação deverá ser feita por
estaquia ou enxertia. A estaquia é feita a partir de estacas semi-lenhosas, com
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folhas, obtidas de ramos vigorosos, com 3 a 10mm de diâmetro e 20 a 25cm de
comprimento, coletadas antes do florescimento, de preferência previamente
tratadas com uma solução do ácido indolbutírico a 6.000ppm. A espécie admite
ainda a estaquia em casa de vegetação, a partir de estacas herbáceas, feita
com a parte terminal já lignificada dos ramos, em câmara úmida, o que exige
instalações próprias.
O método de enxertia mais empregado é a garfagem em ingles-simples, em
cavalos com diâmetro de até 40mm. Os garfos são obtidos dos segmentos
terminais dos ramos, com 6 a 8 gemas, resultando em um pegamento da
ordem de 85 a 90% e estando as mudas em condições de ir para o campo 60
dias após a operação. Também bastante utilizada é a enxertia por borbulhia em
T
, feita em porta-enxertos com diâmetro de um lápis a mais ou menos 20cm
de altura.
Quando as mudinhas estiverem com mais de 30cm de altura (em torno de 6
meses a partir da germinação ou da estaquia) podem ser plantadas no pomar,
tendo-se o cuidado de eliminar o saco plástico sem quebrar o torrão que
protege as raízes.
5. CALAGEM
Durante o preparo do solo para o plantio deverá ser feita uma calagem com
calcário dolomítico, procurando assegurar uma saturação por bases da ordem
de 70%. Essa calagem deverá ser repetida sempre que a análise do solo
revelar uma saturação por basaes inferior a 60%.
6. ADUBAÇÃO
6.1. Adubação de Plantio:
As covas de plantio deverão ser adubadas com 30 litros de esterco de curral,
1,5 litro de torta de mamona, 200 gramas de calcário dolomítico e 500 gramas
de superfosfato simples, adubos estes que devem ser bem misturados como a
terra e a mistura usada para reenche-la.
6.2. Adubação química em cobertura:
Os parcos estudos existentes indicam ser a acerola uma planta
quantitativamente pouco exigente em nutrientes. Como ela vegeta e produz
intensamente na maior parte do ano, no entanto, é necessário que encontre no
solo os nutrientes de que necessita. Por esta razão recomenda-se a aplicação
das quantidades anuais de fertilizantes indicadas no Quadro 1, calculadas para
solos com teores baixos de fósforo e potássio.
QUADRO 1. - Quantidades anuais de fertilizantes em função da idade da
planta, em gramas de nutrientes por planta.
IDADE
N
P2O5
K2O
Primeiro ano
60
75
150
Segundo ano
150
187,5
375
Terceiro ano
200
250
500
Quarto ano em diante
200
125
500
Estas quantidades deverão ser divididas em quatro parcelas aplicadas no
período chuvoso do ano, sendo que o fósforo poderá ser todo aplicado em uma
só vez, preferivelmemte em abril, na forma de produto solúvel, como o
superfosfato ou termofosfato. Esta aplicação será feita em cobertura, na área
de concentração das raizes absorventes, ou seja, em uma faixa de
aproximadamente 30cm ao redor da planta, ficando 2/3 sob a projeção da copa
e 1/3 fora dela nos primeiros dois anos de vida do pomar. Do quarto ano em
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diante, os fertilizantes serão aplicados em uma faixa de 50cm de largura e dois
metros de comprimento, ao lado das plantas e na projeção de sua copa.
6.3. Adubação orgânica:
A adubação orgânica é importante para a cultura, não só porque a planta
responde bem às adições deste produto mas também porque solos com teores
elevados deste componente dificultam a proliferação, a níveis elevados, de
nematóides fitófagos. Por estas razões é importante a adição, uma vez por
ano, de pelo menos 20 litros de esterco de curral bem curtido por planta.
6.4. Adubação com micronutrientes:
Durante o período de safra, deverão ser feitas, a cada 60 dias, aplicações
foliares com uma fórmula fertilizante preparada com sulfato de zinco a 0,3% e
ácido bórico a 0,1%.
7. PLANTIO
As covas deverão ter as dimensões mínimas de 40x40x40cm, sendo
preparadas com pelo menos trinta dias de antecedência em relação ao plantio.
O espaçamento a