Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Coleção Culturas
Coleção Culturas
Coleção Culturas
E-book1.340 páginas11 horas

Coleção Culturas

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

O Guia Prático de cultivo urbano e rural, atende 63 culturas das mais diversas famílias botânicas, com todas as suas peculiaridades como, clima, cultivares, preparo do solo, calagem, adubação, irrigação, tratos culturais, podas, transplantio, prevenção e controle de pragas e doenças, beneficiamento, época de plantio, armazenamento, comércio ou consumo próprio.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de ago. de 2018
Coleção Culturas

Relacionado a Coleção Culturas

Ebooks relacionados

Gastronomia, comida e vinho para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Coleção Culturas

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Coleção Culturas - Isaias Reis Verdin

    UVA

    (Vittis spp)

    1 - INTRODUÇÃO

    SISTEMAS DE PLANTIO E CONDUÇÃO DAS PLANTAS

    A videira é explorada comercialmente no Brasil desde o período colonial. Os cultivares

    constitueam de seleções de variedades introduzidas, sem padrão técnico. Vitis labrusca (uva

    comum), que pela sua elevada resistência adaptou-se ao nosso clima e solo.

    Foi somente no início do século que cultivares de V. labrusca, com melhores características

    foram introduzidas, como a uva Niagara, que originada dos Estados Unidos, encontrou-se boas

    condições para desenvolver nas nossas condições subtropicais. Já nos anos 80, havia mais de

    30 milhões de plantas cultivadas na região de Jundiaí. Outros cultivares foram selecionados e

    melhorados pela Seção de Viticultura do Instituto Agronômico, com boas características

    agronômicas e comercias.

    Á partir dos anos 60, se desenvolveu no país o cultivo de uva finas, pela introdução do cultivar

    Itália. Apesar de apresentar como as demais uvas finas elevada susceptividade às doenças

    fúngicas, como Oídio e Míldio e outras podridão, este cultivar.comportou-se bem em nossos

    solos e no clima sub-tropical. Outras vantagens são a elevada produtividade por área, em torno

    de 50 toneladas por hectare e a precocidade de colheita em nossas condições, em relação ás

    outras regiões produtoras do mundo. Este fato permitiu a expansão RENDIMENTOS.

    o rápida do seu cultivo, inclusive para regiões quentes do estado, pois a colheita na entre safra

    oferece elevados rendimentos.

    Hoje, o Estado de S.Paulo possui área superior a 30. hectares dessa fruta, sendo fator de

    desenvolvimento para extensas áreas do estado. Outros cultivares foram também

    selecionados, como a uva Rubi, a Beneteka, a Sultanina, a Centian e a Red Glob. O IAC

    lançou cultivares de uvas finas sem sementes, tipo de uva que está sendo preferido no

    mercado mundial, como a Adonna, Iracema e Maria.

    O sistema de plantio da videira em nosso meio diverge de modo significativo de outras regiões

    produtoras, inclusive do Estado do Rio Grande do Sul. Enquanto em outras regiões o plantio é

    realizado por mudas formadas, seja em raíz nuas ou formadas em sacos plásticos, no Estado

    de S. Paulo e em outras regiões subtropicais ela é procedida em dois anos, diretamente no

    solo. As razões deste procedimento é devido ao baixo enraizamento ou reduzido sistema

    radicular quando o vinhedo é instalado com muda já formadas.

    Nas condições subtropicais, o enraizamento é bastante inferior ao que ocorre nas regiões

    temperadas, prejudicando sensivelmente a capacidade produtiva da planta e a sua

    longevidade. Na prática, no primeiro ano é plantada o porto enxerto, constituída de estaca de

    60 a 80 centímetros, apenas para enraizamento, para proceder a enxertia do cultivar somente

    no inverno do ano seguinte. O sistema de enxertia é o de garfagem de fenda cheia.

    A condução das plantas obedece suas características de frutificação. A uva comum, como a

    Niagara é conduzida geralmente em espaldeira, sistema formado por linhas de mourões, com

    três arames, plantadas no espaçamento de dois metros entre linhas e um metro na linha.

    Nestas condições, ela deve sofrer poda curta de frutificação no inverno, deixando de uma a

    duas gemas. Devido sua característica genética, após a poda surge ramos novos que

    produzirão os cachos de produção.

    Já para as uvas sem sementes, a condução pode ser realizada tanto em espaldeira, como em

    espaços maiores proporcionados pelos sistemas de manjedoura ou latada. Cultivares como a

    Maria devem receber poda de frutificação meia longa, ou seja, deixado de 4 a 6 gemas para

    formação de ramos de produção. As uvas tipo Itália, por exigirem maior espaço para

    3

    desenvolverem e por necessitar de poda longa, com 6 a 10 gemas, são conduzidas somente

    em llatadas ou manjedoura. Estes cultivares não aceitam poda curta, uma vez que apresentam

    ramos de produção somente á partir da quinta ou sexta gema.

    A poda tem época de realização distintas no Estado de São Paulo,permitindo maior período de

    oferta de frutas frescas. Com a realização de épocas diferenciadas de podas, colhe-se uvas

    praticamente o ano todo. O uso de estufas plásticas permitiu alterar de modo significativo o

    sistema de condução da videira. O emprego da plasticultura trouxe muitas vantagens e

    também certos inconvenientes no sistema de produção.

    O Estado de São Paulo apresenta diferentes regiões quanto ao cultivo de uva. Na região de

    Jundiaí é cultivada a uva Niagara, com podas em junho/julho e colheita em dezembro/janeiro.

    Na região de Porto Feliz e Indaiatuba a poda é adiantada, após a colheita em dez/janeiro, é

    realizada uma 2ª poda, para nova safra em março/abril. Quanto à uva Itália na Região de São

    Miguel Arcanjo, a poda é feita de julho a setembro, para colheita em março/junho. Já nas

    regiões quentes, como na Região em Jales, é feita a poda de formação dos ramos de produção

    logo após a colheita, em outubro e novembro, a poda de produção em março/junho e a colheita

    em agosto/novembro.

    O Estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor brasileiro (40.000 ha em 1991), produzindo

    para indústria, o Estado de São Paulo produz exclusivamente uva para mesa (9.000 ha em

    1991).

    2 - CLIMA E SOLO

    A videira, de um modo geral, exige um período de frio no inverno, quando ocorre a queda das

    folhas e dormência das gemas.

    As atuais variedades cultivadas são originárias de regiões de clima de inverno mais intenso, e

    outras de clima ameno, razão pela qual a Itália e Patrícia apresentam excelentes produções até

    mesmo no Vale do São Francisco, como em Presidente Prudente ou Norte do Paraná.

    havendo,no entanto, necessidade de aplicar produto químico como compensador da falta de

    frio.

    Assim, pois, desde que se adapte no entanto as técnicas de cultivo à região, é possível o

    cultivo da videira.

    Quanto ao solo, deve-se dar preferência às encostas, pouco íngremes, protegido dos ventos

    dominantes, principalmente do sul.

    Com relação às condições físicas do solo é possível contornar as deficiências pelo uso de

    porta-enxertos específicos, bem como as propriedades químicas pelo uso de matéria orgânica,

    fertilizantes e corretivos.

    3 - CULTIVARES

    As variedades são indicadas conforme a finalidade com relação à utilização dos frutos.

    Para o consumo in natura podemos classifica-las em: uvas rústicas(V itis labrusca): Niagara

    rosada, Niagara branca, Isabel e Traviú e uvas finas;(Vitis vinífera Itália, Rubi, Patrícia,

    Benitaka, Red Glob e Centeniar) e as uvas sem sementes (Adona, Maria, Iracema, e a

    Thompson Seedless).

    Para indústria vinícola, recomenda-se de preferência a Seybel, Isabel, e híbridos do IAC.

    Os porta enxertos para uva comum; Ripária Traviú e IAC 766 e para uvas finas: Tropical (IAC

    313) e 420A.

    4

    4 - PREPARO DO SOLO

    Para as uvas conduzidas em espaldeiras (cerca), que têm espaçamento reduzido 2 x 1 m) é

    bem mais simples proceder a abertura de valeta do que covas, principalmente se antes ocorreu

    a aração total da área.

    No caso da condução ser em latada, pergola, o que deve ocorre para as uvas finas, é indicado

    a abertura de covas ou valetas. Neste caso, recomenda-se 50 cm de largura por 80 cm de

    profundidade, e para as covas 60 x 60 x 60 centímetros.

    5 - CALAGEM

    O Calcário deve ser aplicado para elevar a saturação por bases (V%) a 80%.Antes da aração

    ou subsolagem do terreno, distribuir a lanço, 50% do calcário e outros 50% antes da

    gradeação. Em vinhedos já instalados, empregar calcário em área total, antes da poda, com

    leve incorporação ou misturando gesso.

    6 - ADUBAÇÃO

    6.1. Adubação de implantação por cova (TERRA, 1996)

    Uvas Finas: 40 litros de esterco de curral curtido ou 10 litros de esterco de galinha ou 2kg de

    torta de mamona e 1kg de calcário dolomítico.

    Uvas Rústicas: 10 litros de esterco de curral ou 3 litros de esterco de galinha ou 500g de torta

    de mamona e 1kg de calcário dolomítico.

    Misturar os adubos recomendados com a melhor terra da superfície os fertilizantes minerais

    indicados pela análise do solo, na seguinte tabela:

    P resina mg/dm3

    K + trocável mmolc/dm3

    0-12

    13-30

    >30

    0-1,5

    1,6-3,0 >30

    P2O5

    K2O g/cova

    u. finas

    300

    200

    100

    150

    100

    50

    u. rusticas

    80

    60

    40

    40

    30

    20

    Aplicar 30 g de N por planta/vez, em cobertura, cerca de 60 e 120 dias após o plantio das

    estacas (porta-enxertos).

    6.2. ADUBAÇÃO DE FORMAÇÃO

    No período de formação da planta, após a enxertia, aplicar de acordo com a análise do solo, a

    seguinte adubação(TERRA,1996):

    Nitrogênio

    P (resina) mg/dm3

    K2+ trocável mmoll/dm3

    N (g/pl)

    0-12

    13-30

    >30

    0-1,5

    1,6-3,0

    >3,0

    P2o5 (g/pl)

    K2O(g/pl)

    uvas finas

    60

    150

    100

    50

    100

    70

    50

    uvas rusticas

    20

    30

    20

    10

    30

    20

    10

    Aplicar em cobertura, ao lado ds plantas, parcelando em tres vezes, sendo a primeira 30 dias

    após a brotação e as demais até dezembro.

    6.3. ADUBAÇÃO DE PRODUÇÃO

    5

    Aplicar, de acordo com a análise do solo e a produtividade esperada, de acordo com a seguinte

    tabela:(TERRA, 1996)

    Meta de

    Nitrogênio

    P resina, mg/dm3

    K+ trocável, mmolc/dm3

    produtividade

    N, KG/ha

    0-12 13-30 >30

    0-1,5 1,6-3,0

    >30

    (t/ha)

    P2 O5, kg/ha

    K2O , kg/ha

    Uvas Finas

    <23

    200

    400

    240

    120

    320

    200

    120

    23-35

    250

    500

    300

    150

    400

    250

    150

    >35

    300

    600

    360

    180

    480

    300

    180

    Uvas

    >13

    135

    320

    180

    80

    225

    110

    60

    Rusticas

    13-22>22

    180

    400

    250

    100

    300

    150

    75

    230

    500

    310

    120

    380

    190

    90

    Na poda do primeiro ano de produção, utilizar a metade da dose da tabela acima.

    Aplicar 40 t/ha de esterco de curral curtido, ou 6 t/ha de esterco de galinha, ou 2,5 t/ha de torta

    de mamona, esterrando em covas ao lado das plantas, um mês antes da poda de produção.

    Para a uva rústica, reduzir em 25% esta adubação.

    Em caso de deficiência de boro, ou quando o teor de b no solo for inferior a 0,20 mg/dm3,

    aplicar no solo 1,5 kg/ha de B logo após a poda. Aplicar 2,5 kh/ha de B, para uvas rústicas.

    Aplicar ½ do P e do K e 1/3 do N, juntamente com o adubo orgânico, um mês antes da

    poda.Aplicar o restante do P, 30 dias após a poda. Parcelar o restante do N e do k em tres

    vezes iguais, aos 30 dias após a poda, na fase de chumbinho e na fase de meia baga,

    espalhando os adubos ao redor das plantas.

    Observações:

    a) O boro também pode ser aplicado em pulverização com uma solução contendo 1g/litro por

    vez de ácido bórico, aplicada em três vezes antes do florescimento, de 7 em 7 dias.

    b) Colheita precoce: Para a região oeste do estado de São Paulo, acrescentar, em cobertura,

    80 kg/ha de N e 80 kg/h DE k2O após a poda de formação, parcelando em duas ou três vezes,

    de novembro a fevereiro. Se possível, aplicar também, 30 t/ha de esterco de curral curtido,

    antes da poda (Uva Fina).

    A seguir apresentamos os limites de macro e micronutrientes para as fruteiras de clima

    temperado elaborado por VAN RAIJ et alii (1996):

    Faixa de teores adequados de macro e micronutrientes em folhas de plantas frutíferas:

    Faixa de teores adequados

    Macronutrientes g/Kg

    N

    P

    K

    Ca

    Mg

    S

    30 - 35

    2,4 - 2,9

    15 - 20

    13 - 18

    4,8 - 5,3

    3,3 - 3,8

    Micronutrientes

    B

    Cu

    Fe

    Mn

    Mo

    Zn

    45 - 53

    18 - 22

    97 - 105

    67 - 73

    30 - 35

    7 - PLANTIO

    6

    a) para Uvas Rústicas, recomenda-se as seguintes dimensões do talhão:

    Área - 3.000 a 6.000 metros quadrados

    comprimento das linhas - 40 a 60 metros quadrados

    Espaçamento 2 x 1 m = 2 metros quadrados - (Espaldeira)

    b) para Uvas Finas, recomenda-se:

    Área - 4.000 a 6.000 metros quadrados

    Comprimento das linhas - 40 a 60 metros

    Espaçamento 4 x 2,5 m - 10 metros quadrados

    ConduçÃo - mangedora, pérgola ou latada

    8 - TRATOS CULTURAIS

    8.1- Controle de ervas daninhas

    Deixar o vinhedo livre de ervas daninhas que prejudiquem o desenvolvimento da videira e afeta

    o seu manejo. O controle é feito através de roçadas, capinas manuais, cobertura morta e uso

    de herbicidas. O sistema de latada por provocar maior sombreamento, diminui o número de

    capinas. No sistema de espaldeira é feito a cobertura morta (much) das ruas de forma

    alternada, anualmente.

    8.2- Desbrota

    Consiste na retirada do excesso de brotação. Elimina-se um ou mais ramos de produção assim

    que seja possível selecionar os melhores brotos (varas de produção).

    8.3- Desnetamento

    Eliminação dos ramos secundários ou axilares (netos), tão logo surjam nas varas de produção

    do ano.

    8.4- Amarração

    Consiste em fixar o caule no tutor e as brotações dos ramos de produção nos arames; à

    medida que se desenvolvem, depois da poda. A prática deve ser feita com cuidado, utilizando

    amarilhos ou grampos de plásticos.

    8.5- Despontamento (capação)

    Compreende eliminar a parte terminal do ramo de produção, para controlar seu crescimento

    excessivo. Nas uvas finas é prática retirar o ponteiro logo após a inflorescência, deixando cerca

    de 20 folhas por ramo produtivo. Deixar no máximo 7 folhas após o cacho, que serão

    suficientes para obter uma boa produção/ramo frutífero.

    8.6- Desbaste

    Fazer a retirada dos brotos (ladrões) que surjam no porta enxerto.

    8.7- Redução de cachos

    7

    Eliminar o excesso de cachos ou aqueles mal formados, para obter melhor qualidade final.

    8.8- Desbaste de bagas

    Retirar 50 a 60% do número de bagas de cada cacho, principalmente nas uvas finas (Itália e

    Rubi), evitando cachos compactos. A prática tradicional do uso de tesouras especiais, vem

    sendo substituída pela escova plástica, o cacho por ocasião da separação dos botõis florais. O

    uso de produtos químicos, como Iooguem nº 2 em plena floração vem sendo usado na região

    de São Miguel Arcanjo, podendo ser necessário complementar com a tesoura.

    8.9- Proteção dos cachos

    Nas uvas finas usa-se a proteção dos cachos com folhas de papel impermeável (manteiga),

    jornal ou plástico.

    8.10- Aumento das bagas

    Para cultivares sem sementes (apirenas), como Adona e Sultanina, recomenda-se o emprego

    do ácido giberélico logo no início do crescimento das bagas.

    8.11- Poda de produção

    A poda do ramo de produção é feito de acordo com as característica de cada cultivar nas uvas

    rústicas é curta, deixando no máximo 2 gemas. Para as cultivares sem sementes, como Adona

    e Maria a poda é semi-longa, com 4 a 5 gemas. No caso das uvas finas é feita a poda longa

    deixando de 6 a 10 gemas por ramo de produção.

    Essa poda é realizada no período de julho a setembro nas regiões frias e em março-julho nas

    regiões quentes em uvas finas para produção temporã.

    8.12- Quebra de dormência

    Prática utilizada após a poda de produção para o forçamento da brotação dos ramos frutiferos .

    Pulverização com Dormex a 3 a 4% (Ciamamida Hidrogenada) ou pincelamento das gemas

    com solução saturada de calciocianamida (20%) sem óleo mineral.

    8.13- Irrigação

    Indispensável nas regiões quentes e nas estiagens, com início uma semana antes da poda.

    8.14- Cobertura do vinhedo

    Pode ser utilizado o clarite ou sombrite a 18% para evitar granizo, ataque de aves e diminuir a

    insolação.

    9 - PRAGAS

    9.1- Pulgões - Aphis vitis

    Atacam os brotos, são de cor verde-escuro, quase preto, de pouca importância, podem

    merecer atenção. Surgem com maior intensidade em períodos secos, com o início das chuvas

    desaparecem.

    9.2- Maromba - Heilipus naevulus

    8

    Seu ataque ocorre no final do inverno, ou início da brotação, quando perfuram os brotos da

    videira. Os prejuízos são muitos sérios. Seu controle mais efetivo é a catação manual.

    9.3- Broca-dos-cachos - Cryptoblabes gnidiella

    São mariposas pequenas, de coloração parda, cujas lagartas, pequenas, atacam os

    pedúnculos dos cachos. No período de crisálidas, no próprio cacho, se protegem com uma teia

    de excrementos.

    Destruindo os pedúnculos da baga e do cacho, causam o murchamento e seca dos frutos.

    10 - DOENÇAS

    10.1- Cercosporiose - Isariopsis clavispora

    Atacam somente as folhas, causando manchas necróticas, de contorno irregular, de coloração

    avermelhada ou preta e causam o desfolhamento precoce.

    10.2- Antracnose - Sphaceloma ampelium

    Elsinoe ampelina

    Surge desde a brotação, também conhecida por negrão, varíola ou carvão, tanto nos ramos,

    folhas, gavinhas, flores e frutos.

    Se manifestam por numerosas e pequenas manchas, de coloração castanho avermelhada

    sobre o limbo das folhas, das nervuras e do pecíolo,, causando deformações.

    As manchas secam e caem, deixando a folha perfurada. Nos pecíolos e nervuras as manchas

    são alongadas, deformando a folha.

    Nos ramos tenros e gavinhas, aparecem manchas pequenas, que se transformam em cancros

    penetrante, deprimidos. Nos cachos e suas ramificações, aparecem manchas escuras

    deprimidas.

    Na baga, a mancha toma a aparência de olho de passarinho, e, quando muito atacadas, as

    manchas se unem rachando o fruto. Podem as sementes ficarem expostas, e o fruto mumificar.

    10.3- Míldio - Peronospora - Mofo - Plasmopora viticola

    Na folha aparecem manchas de óleo, é o consequente amarelecimento. Na página inferior

    surge manchas brancas tipo de mofo, seu sintoma caracterísitco. Com a evoluição da doença

    tomam a cor avermelhada e acabam secando. as manchas de mofo podem se unir, cobrindo

    toda a folha que seca e cai.

    No galho produz escurecimento pardacento, logo após surge o mofo, paralizando o

    crescimento. Nos cachos aparece em todo ele: flores, pedúnculos, ramificações e bagas.

    10.4- Podridões

    10.4.l- Podridão-amarga - Melanconium fuligineum

    Ataca os cachos, bem como suas ramificações e frutos, na pré-maturação ou maturação. As

    bagas se enrugam e caem. Na baga aparece pequenas manchas que se estendem por todas a

    casca, tornando-se pardacentas e moles, até o rachamento da baga.

    9

    10.4.2- Podridão-da-uva-madura - Glomerela cingulata

    A polpa toma a cor rosada ou pardo-avermelhada e a casca afunda, sendo a mancha em faixas

    concentradas; finalmente a baga se colore de pardo, mumifica e cai.

    10.4.3- Podridão de Botrytis ou Mofo-cinzento - Botrytis cinerea

    Nos cachos causa descoloração das bagas, que ficam flácidas, recobertas pelo mofo-cinzento,

    desprendendo do cacho um odor de mofo. Chega apodrecer totalmente. Nos ramos se

    manifesta nas extremidades e nas folhas formam nas margens áreas de cor cinza

    esverdeadas, que secam, ficando com cor castanha.

    10.4.4- Podridão-branca - Coniothyrium diplodiella

    Geralmente só ataca o cacho. As manchas de início apresentam duas ou três faixas

    concêntricas, passam a envolver toda a baga, que ao secar se enrugam, com cor parda. As

    bagas mumificam.

    11 - COLHEITA

    A colheita é realizada de 120 a 150 dias, após a poda, dependendo da cultivar e da região.

    Uvas rústicas: em torno de 5 kg por planta. De outubro a dezembro.

    Uvas finas: em torno de 50 kg/planta, com produção de uva o ano todo, utilizando estufas e as

    diferentes regiões produtivas.

    12 - COMERCIALIZAÇÃO

    Direta com venda aos consumidores, rede de atacadistas e supermercados ou em consignação

    para as centrais de abastecimento, com descontos médio de 5% para transporte, 1,5% carga e

    descarga e 15% comercialização e pagamento de 10 a 15 dias.

    13 - FORMAÇÃO DE MUDAS

    Não é recomendo plantio comercial a partir de mudas, e sim com plantio direto do porta-

    enxerto e posterior enxertia.

    14 - CONTROLE DE PRAGAS E MOLESTIAS

    É indispensável o tratamento de inverno com calda sulfocálcica e de calda bordalesa.

    No período vegetativo, tratamentos preventivos com a calda bordalesa, ã partir de 10-15cm de

    desenvolvimento da brotação tem controlado as principais doenças dessa cultura, permitindo

    reduzir drasticamente o número de aplicação de agro químicos, com vantagens econômicas e

    menor resistência e resíduos tóxicos.

    A concentração da calda bordalesa recomendada é a seguinte:

    Uva Niagara 500 a 600g de Sulfato de Cobre + 500 a 800g de cal virgem em 100l de água.

    Uva Italia: 600g de Sulfato de Cobre + 300g de cal virgem em 100l de água.

    O tratamento de inverno com calda sulfocálcica (1 parte de calda em 8 partes de água) é

    recomendado, sendo indispensável para erradicar doenças e pragas (cochonilhas) que

    atravessam o inverno em formas libernantes.

    10

    ABACAXI

    ( Ananas comosus (L.) Merrill)

    1 - INTRODUÇÃO

    O abacaxizeiro, da família das Bromeliaceae, é uma planta herbácea,

    semiperene, com um talo em forma de clava onde se inserem as folhas,

    dispostas em rosetas, que apresentam espinhos em suas bordas, em parte ou

    em toda sua extensão. Na base do pequeno tronco, existe um sistema radicular

    fasciculado, muito superficial, localizado principalmente nos primeiros 15 cm do

    solo, mas que pode atingir grandes distâncias (até 2m) em condições

    favoráveis.

    No centro da planta, existe um meristema apical que produz as novas folhas;

    sob o efeito de determinadas condições, ele passa a produzir a inflorescência

    que, quando madura, encerra o ciclo de vida da planta. A sua continuidade é

    assegurada pelo desenvolvimento das gemas localizadas nas axilas das folhas,

    que produzem um novo talo que, por sua vez, origina nova inflorescência.

    O abacaxi é uma infrutescência formada pela união de numerosos frutilhos,

    originados cada um de uma flor, que se dispõem espiraladamente em torno de

    um eixo comum. Depois de originar a infrutescência, o meristema apical volta a

    produzir tecido vegetativo, formando a coroa que encima o fruto.

    2. CLIMA E SOLO

    Por ser planta tropical, o abacaxi é extremamente sensível às geadas,

    preferindo regiões onde a temperatura média situa-se entre 21 e 23 C.

    Em condições de calor e umidade elevados, a planta desenvolve-se bastante e

    os frutos produzidos são grandes, com bagas planas, polpa colorida e com

    elevado teor de açúcares e baixa acidez, mas a casca fica menos colorida que

    a daqueles produzidos em condições de temperatura mais baixa. Precipitações

    de 1.200 e 1.500 mm anuais, bem distribuídos ao longo do ano, são

    consideradas ideais.

    O abacaxizeiro prefere os solos leves, de textura argilo-arenosa,

    razoavelmente profundos, com boa drenagem, de topografia plana ou ondulada

    e com pH entre 4,5 e 5,5.

    Solos mal drenados ou que acumulem água após as chuvas devem ser

    evitados, não só pelo fato de a planta ter seu crescimento retardado, como

    também por favorecerem o aparecimento de podridões no colo e nas raízes.

    Solos pesados também não são indicados, porque neles as raízes se

    desenvolvem mal, especialmente na estação seca do ano.

    Áreas com incidência de nematóides devem ser evitadas, pela grande

    suscetibilidade da planta a esses inimigos.

    3. VARIEDADES

    A variedade mais cultivada atualmente no Estado de São Paulo é a Cayenne,

    cujas folhas apresentam espinhos apenas em sua parte terminal. Os frutos são

    grandes, com a polpa amarela e com um bom equilíbrio entre açúcares e

    ácidos.

    Em algumas regiões é também cultivada a variedade Pérola ou Branco de

    Pernambuco, cujas folhas têm espinhos ao longo das bordas, e os frutos de

    formato cônico tem a polpa branca e quase não apresentam acidez. Muito

    11

    semelhante á a variedade Jupy, cujos frutos distinguem-se da anterior por se

    apresentarem com formato cilíndrico.

    Atualmente, existe grande interesse em outras variedades, que possuem boa

    tolerância à fusariose, principal doença da cultura. Os frutos dessas

    variedades, porém, não apresentam as mesmas qualidades das anteriormente

    citadas. Dentre elas destacam-se Rondon e Perolera como as mais

    promissoras.

    4. PROPAGAÇÃO

    O abacaxizeiro produz três estruturas que permitem a sua propagação

    vegetativa, assegurando assim, a uniformidade do novo plantio. As estruturas

    são: o rebentão, formado a partir de gemas localizadas no talo da planta e

    que,sob condições normais, produz um novo fruto após 12 a 18 meses do

    plantio; o filhote, originados de gemas localizadas no pedúnculo da fruta e que

    frutifica naturalmente de 18 a 24 meses após o plantio; e finalmente, a coroa,

    cujo ciclo de produção é superior a 24 meses.

    É importante notar que o ciclo de produção natural pode ser bastante alterado

    pelos produtores, através da indução artificial do florescimento, conforme será

    discutido posteriormente.

    Normalmente, estas estruturas de propagação são obtidas de plantas que já

    produziram a fruta, após a colheita do pomar. Dessa forma, as condições

    fitossanitárias do pomar onde se obtém estas mudas, são fundamentais para

    os novos plantios.

    Visando à obtenção de mudas sadias, isentas de fusariose, é recomendável a

    sua produção por meio de secções do talo da planta, da coroa ou de mudas.

    Após a retirada das folhas, o material escolhido é seccionado longitudinal e

    transversalmente, de modo a se obterem pequenas secções, com 3 a 5 cm de

    comprimento, contendo pelo menos uma gema. Após a sua desinfecção, os

    talos são plantados no espaçamento de 15 x 15 cm, em canteiros preparados e

    adubados com 100 gramas de superfosfato simples por metro quadrado. Após

    a brotação das gemas, são feitas adubações quinzenais com fertilizantes

    nitrogenados, na dose de 0,7 g de N por metro quadrado, e mensais com

    sulfato de potássio, na mesma dose em K20. O canteiro deve ser regularmente

    pulverizado com um bom fungicida, para o controle das podridões que

    normalmente atacam essas plântulas. Quando bem conduzidas, as mudas

    estarão aptas para o plantio no local definitivo de 6 a 8 meses após o início de

    sua formação, quando apresentarem um tamanho de 20 a 30 cm.

    5. PLANTIO

    Enquanto em área pequenas o plantio pode ser feito, após um cuidadoso

    preparo do solo, em covas rasas abertas com enxadão, em área maiores é

    recomendável que seja feito em sulcos, abertos com dois sulcadores acoplados

    e distante entre si no espaçamento adotado para as linhas duplas.

    No caso das covas, elas são abertas com uma enxadada e, ao retirar-se a

    ferramenta, as mudas são enfiadas inclinadas sob o solo, que é, firmado com

    os pés. Para o plantio em sulcos, as mudas são firmemente seguras e então

    enfiadas no terreno fofo que é, logo firmado com os pés.

    Deve-se enterrar apenas um terço do comprimento total das mudas,

    certificando-se que a gema apical esteja acima do nível do solo e livre de terra.

    Produtores mais tecnificados podem fazer o plantio das mudas sobre leiras de

    largura variável, suficiente para a implantação de uma linha dupla. Esta leiras

    12

    são construídas com um implemento tracionado por trator, conhecido como

    curvanivelador.

    Para se obterem culturas uniformes e produção concentrada em uma

    determinada época, o que diminui os custos em tratos culturais e colheita, é

    preciso que as mudas empregadas no plantio, sejam todas de um mesmo tipo

    e cuidadosamente classificadas quanto ao tamanho ou peso.

    6. ESPAÇAMENTO

    O espaçamento ideal varia com o trato dispensado à cultura, com as condições

    de clima e solo e com o destino da produção. Para o, nível tecnológico aqui

    apresentado e para as culturas cuja produção destina-se à industrialização,

    recomenda-se o plantio em linhas duplas de 45 cm de afastamento entre si, 30

    cm entre as plantas nas linhas, com as plantas dispostas em quincôncio, ou

    seja, dispostas triangularmente, um em cada canto e uma ao centro. As ruas

    entre as linhas duplas devem ter 90 cm de largura, permitindo a produção de

    frutos com 1,5 quilo cada.

    Para a cultura cujos frutos destinam-se ao mercado de frutas frescas (pesando

    em torno de 2 quilos), o espaçamento indicado é 40 cm x 40 cm nas linhas

    duplas, também em quincôncio, usando-se um intervalo de 120 cm para as

    ruas, entre as linhas duplas.

    Como o varão dos pulverizadores tem, geralmente, seis metros de

    comprimento, a cada conjunto de oito ou dez linhas dupla deixa-se um

    carreador com 3 a 4 metros de largura para o trânsito de máquinas. Isso resulta

    em uma densidade de 40 mil e de 25 mil mudas por hectare, respectivamente.

    7. CALAGEM

    No preparo do solo, deve-se fazer calagem sempre que a saturação em bases,

    revelada pela análise do solo, for inferior a 50%, procurando-se elevá-la para

    60%.

    8. ADUBAÇÃO

    As plantas deverão receber, no primeiro ciclo produtivo, 9 gramas de N, 3

    gramas de P2O5 e12 gramas de K2O por pé. O fósforo pode ser colocado todo

    no sulco de plantio, enquanto o nitrogênio deve ser fornecido em três a quatro

    parcelas, em doses proporcionalmente menores, a partir do pegamento das

    mudas e desde que haja umidade suficiente no solo, terminando sua aplicação

    90 dias antes da data prevista para o tratamento de antecipação de

    florescimento. O potássio, por outro lado, deve ser fornecido em doses

    crescentes a partir da segunda parcela do adubo nitrogenado, devendo a

    última aplicação ser feita antes do florescimento.

    No segundo ciclo, as doses deverão ser reduzidas à metade, observando-se o

    mesmo critério de parcelamento.

    Os adubos devem ser colocados na axila das folhas basais da planta, com o

    auxilío de um funil conectado a um tubo, de forma que o operador realize a

    adubação sem se abaixar, tomando o cuidado de não deixá-los cair no interior

    da roseta foliar. Em culturas mais extensas, a adubação deve ser feita em uma

    faixa contínua ao lado das plantas.

    Sempre que possível, deverá ser utilizada matéria orgânica no sulco de plantio,

    nas doses de 20 quilos de esterco de curral ou 4 quilos de torta de mamona por

    10 m lineares de sulco.

    9. PRAGAS E DOENÇAS

    As principais pragas da cultura são a broca-dos-frutos ( Thecla basilides Geyer)

    e a cochonilha-branca ( Dysmicoccus brevipes Cockerell), enquanto a doença

    13

    mais grave é a fusariose, causada pelo fungo Fusarium moniliforme Sheld. var.

    subglutinans Wr.& Reinking.

    Para uma boa sanidade inicial da lavoura, deve ser feita uma criteriosa seleção

    das mudas, com a eliminação de todas que apresentam lesões causadas pela

    fusariose; em seguida, essas mudas são submetidas ao processo de cura, por

    um período de 2 semanas, quando elas ficam com sua base exposta ao sol em

    cima das plantas que as originaram ou acomodadas lado a lado sobre uma

    àrea livre de mato.

    Antes do plantio,as mudas devem ser desinfestadas, mergulhando-as, por um

    período de 5 minutos, em uma solução contendo Ethion 500 Rhodia Agro a

    0,12% e Benlate 500 a 0,15%.

    Os produtos indicados para o controle da cochonilha-branca são Ethion 500

    Rhodia Agro a 0,12% e o Kilval 300 a 0,33%, em pulverização de cobertura

    total, após a constatação da praga, ou de formigas lava-pés no interior da

    lavoura. Essa pulverização deve ser repetida de 15 a 20 dias mais tarde, para

    assegurar um perfeito controle.

    Contra a fusariose são indicados o Benlate 500, na dose de 500 gramas do

    produto comercial por hectare, e o Orthocide 500, na dose de 2 a 2,5 quilos do

    produto comercial por hectare, em pulverizações espaçadas de 15 a 20 dias a

    partir do aparecimento das primeiras flores.

    A broca-dos-frutos pode ser controlada por aplicações feitas a cada sete a dez

    dias, a partir do início da abertura das flores até a completa formação dos

    frutos, com Dipel PM na dose de 500 gramas por hectare ou, na falta deste, por

    um dos seguintes produtos: Carbaryl Fersol 480 SC, na dose de 2,3 litros por

    hectare; Carvin 850 PM a 0,15%; Diazinon 600 CE a 0,08%; Dipterex a 0,3%;

    Ethion 500 Rhodia Agro a 0,12%; Folidol 600 a 0,135%; Sevimol 300 a 0,36%;

    Sevin 480 SC a 0,225%; Sevin 850 PM a 0,15%; Shellvin 500 SC, na dose de

    2,2 litros por hectare, ou Sumithion 500 CE a 0,15%.

    Outras pragas podem eventualmente atacar o abacaxi, e exigir seu controle

    como a broca-do-colo ( Paradiophorus crenatus, Billb.), o percevejo-do-abacaxi

    ( Lybindus crenatus, Bilb.) e o ácaro-plano ou vermelho ( Dolichotetranychus

    floridanus, Banks).

    Algumas espécies de nematóides podem causar danos severos à cultura,

    destacando-se as espécies Meloidogyne incognita, M. javanica, Pratylenchus

    brachyarus e Rotylenchulus reniformis.

    10. TRATOS CULTURAIS

    O abacaxizeiro por ter um crescimento inicial bastante lento, sofre bastante

    com as competições exercidas pela presença da plantas daninhas, exigindo um

    período livre de competições relativamente longa, de cerca de 6 meses.

    O controle das plantas daninhas nesta cultura é hoje feita predominantemente

    por métodos químicos, sozinhos ou associados ao controle mecânico. O

    controle químico só pode ser feito quando o solo se apresenta suficientemente

    úmido, através do uso de um dos seguintes produtos: linuron, ametrina,

    atrazina, simazina, diuron, afalon, dalapon e bromacil; ou suas misturas,

    dependendo das ervas predominantes. As doses recomendadas variam com o

    tipo de solo.

    11. INDUÇÃO FLORAL

    A diferenciação floral do abacaxizeiro ocorre naturalmente, nos meses de

    inverno ou, no verão, com o aumento da nebulosidade, desde que a planta

    tenha idade e tamanho suficientes para responder a esses estímulos.

    14

    Essa diferenciação pode ser induzida através da aplicação de detrminados

    produtos químicos na roseta central das plantas, o que permite, ao produtor,

    estabelecer a época de colheita, reduzir o ciclo da cultura e uniformizar a

    produção, facilitando e barateando os tratamentos fitossanitários e a colheita.

    O tamanho da fruta produzida depende do porte da planta, por ocasião do

    florescimento, que, por sua vez, está associado ao número de folhas que el

    apresenta. As culturas cujas frutas destinam-se ao mercado de frutas frescas,

    com peso médio em torno de dois quilos, devem ser tratadas quando a folha D,

    grupo de folhas inseridas num ângulo de 45 ao talo, tiver em torno de 80 cm

    de comprimento ou peso de 70 gramas. Para a cultura cujos frutos destinam-se

    à industria (peso de 1 a 1,5 quilos), o tratamento deve ser feito em plantas

    menores.

    O tratamento poderá ser feito colocando-se uma pedra de mais ou menos um

    grama de carbureto de cálcio, no centro da roseta foliar, desde que nela exista

    umidade suficiente para assegurar a reação do produto. Outro método consiste

    na dissolução de 450 gramas de carbureto de cálcio em 100 litros de água fria

    (3.500 ppm CaC2), em temperatura mais baixa possível dada a reação ser

    explosiva, aplicando-se 50 ml por planta, na roseta central: essa operação deve

    ser repetida no dia seguinte.

    Mais recentemente tem sido usado o Ethrel (com 21,66% de etephon), na base

    de 50 ml do produto comercial por 100 litros de água, adicionando-se à solução

    dois quilos de uréia, quando a aplicação for feita por canequinhana

    quantidade de 50 ml por planta, aplicados na roseta foliar. Quando o produto

    for aplicado em pulverizações, nas épocas quentes do ano ou em plantas muito

    vigorosas, deverá ser utilizada a dose de 200 ml do produto comercial por 100

    litros de água, na qual também se adicionam dois quilos de uréia.

    Quaisquer dessas aplicações devem ser feitas de preferência de madrugada,

    antes do nascer do sol.

    O intervalo entre esse tratamento e a colheita dos frutos, varia de 190 a 250

    dias, dependendo da época do ano.

    12. ATRASO NA MATURAÇÃO

    Com o objetivo de prolongar o período de desenvolvimento da fruta, pode-se

    aplicar um produto comercial denominado Fruitone, que contém 7,40% de

    ácido propiônico, quando as pétalas das flores próximas à coroa já se

    apresentarem secas. O produto deve ser usado em doses que variam de 1,5 a

    3 litros por hectare, sendo a solução aplicada em volume tal que permita

    molhar bem as folhas e os frutos.

    Além de provocar um atraso na maturação, a utilização desse produto,

    aumenta o peso e o tamanho do fruto e provoca uma redução no tamanho da

    coroa, efeito este proporcional à dose empregada, dentro dos limites

    estabelecidos acima.

    13. REDUÇÃO DA COROA

    Para que o fruto tenha melhor aspecto, é recomendável fazer a redução do

    tamanho da coroa, podendo ser feito quimicamente pelo emprego do Fruitone

    ou, se preferir, por métodos mecânicos através da eliminação do meristema

    apical com uma lâmina em forma de calha, seis a oito semanas após a saída

    da inflorescência.

    14. PROTEÇÃO DAS FRUTAS

    Os frutos que amadurecem nos meses quentes do ano precisam ser protegidos

    contra os raios solares, que podem causar queimaduras na casca e na polpa.

    15

    Essa proteção pode ser feita com capins cortados e colocados sobre os frutos,

    ou com uma folha de jornal cortada pela metade e presa nas extremidades por

    um grampeador.

    Mais recentemente, tem sido utilizados sacos de papel kraft sem fundo,

    especialmente preparados para esta finalidade. O abacaxi é vestido com esse

    saco e as duas extremidades, no pedúnculo e na base da coroa, são torcidas

    para firma-lo na posição.

    15. ÉPOCA DA PRODUÇÃO

    Teoricamente, de seis a oito meses após o tratamento da planta com produto

    para diferenciação do florescimento, o abacaxi tem condição de ser colhido, o

    que permitiria ao produtor planejar a sua produção ao longo de todo o ano; na

    prática, isso não ocorre, porque as plantas são estimuladas naturalmente ao

    florescimento por ação de baixas temperaturas e dias curtos ou alta

    nebulosidade, desde que apresentem porte e idade para responder a esses

    estímulos.

    Nas condições do Estado de São Paulo, as plantas são estimuladas ao

    florescimento natural no inverno seguinte ao plantio, mesmo que apresentem

    um porte insuficiente para produzir um fruto de tamanho comercial.

    Por essas razões, o plantio de rebentões grandes (maiores que 45 cm), só

    pode ser feito, com sucesso, nos meses de março e abril. Mudas menores,

    como rebentões pequenos e filhotes de 300g a 400g, podem ser plantadas de

    dezembro a fevereiro, sem riscos de florescimento prematuro.

    Essas plantas serão submetidas ao tratamento para diferenciação floral de

    março a julho do ano seguinte, para produção nos meses de outubro a março.

    Filhotes menores que 300g podem ser plantados de julho a fins de outubro,

    permitindo a indução do florescimento no inverno seguinte, para colheita em

    fevereiro e março do outro ano.

    16. COLHEITA

    O ponto de colheita varia com a distância do mercado. Para as condições do

    Estado de São Paulo, cujos frutos destinam-se para o consumo ao natural,

    recomenda-se que a colheita seja feita quando esses se apresentarem 3/4 da

    superfície com coloração amarelada.

    A operação é feita segurando-se a fruta pela coroa e seccionando-se o

    pedúnculo com facão.

    As variedades que apresentam grande número de filhotes podem sofrer uma

    operação de raleamento dessas estruturas, de modo a permitir que os filhotes

    remanescentes assegurem uma melhor proteção das frutas no transporte.

    As frutas são transportadas a granel, mas a carga é feita acomodando-as

    individualmente na carroceria do caminhão.

    Em uma lavoura adequadamente conduzida, 85% das plantas devem produzir

    frutos no primeiro ciclo, porcentagem essa que se reduz para 65% na colheita

    seguinte.

    A ocorrência de fusariose, cochonilhas e broca-dos-frutos poderá reduzir

    sensivelmente esse rendimento.

    ABÓBORA

    ( Cucurbita moschata)

    1 - INTRODUÇÃO

    16

    Existem no Brasil, diversos tipos de frutos e plantas de espécies do gênero

    Curcubita, recebendo em cada região do País nomes distintos. Muitos desses

    tipos não têm produção de sementes controlada, apresentando, portanto, uma

    grande variabilidade. As sementes de abóboras são consideradas suplementos

    protéicos, contendo de 30 a 70% de proteína bruta e, torradas, constituem

    iguaria muito apreciada em algumas regiões.

    2 - CLIMA E SOLO

    É cultura de clima tropical, sendo muito sensível a frios intensos e prolongados,

    não suportando geadas.

    A temperatura média de 20 a 25º C é a mais favorável à cultura. Temperaturas

    elevadas e o alto teor de umidade relativa favorecem a ocorrência de doenças

    (oídio - Oidium sp.).

    O solo deve ser drenável, pois os encharcados são prejudiciais.

    Os solos leves e férteis são os ideais para a cultura. A topografia dos solos

    deve permitir a irrigação sem causar problemas de erosão.

    3 - CULTIVARES

    - Menina brasileira - É um cultivado muito apreciado. A planta é vigorosa e

    rústica, cuja a rama principal atinge 5 metros. Seus frutos são alongados,

    atingem 25 cm de comprimento e pesam em torno de 350 gramas.

    - Canhão IAC - Planta bastante vigorosa, com ramas longas. Os frutos têm o

    formato do cultivar Menina brasileira, porém com o peso médio de 11 quilos.

    - Cavarelle - É um cultivar de grande aceitação, para o consumo de frutos

    maduros, no mercado do Rio de Janeiro. São plantas muito vigorosas, com

    ramas longas. Os frutos maduros são grandes, atingindo 40 a 50 cm de

    comprimento e 20 a 30 cm de diâmetro, formato oblongo e peso entre 8 e 12

    quilos.

    - Baianinha - É um cultivar rústico e resistente a doenças. Seus frutos, com 15

    a 20 cm de comprimento ou de diâmetro, são de grande aceitação no mercado

    de Goiás.

    - Tetsukabuto (moranga híbrida C. máxima x C. moschata) - Atualmente é o

    mais importante para o comércio de frutos maduros. Apresenta plantas

    vigorosas, porém menores que dos cultivares Canhão e Menina brasileira. São

    plantas macho-estéreis, o que exige o cultivo paralelo de um cultivar

    polinizador, ocupando uma área de 10 a 20% da que é utilizada com a cultura.

    Os frutos são ligeiramente achatados, pesam em média 1,5 a 2,0 Kg e

    apresentam a epiderme verde-escura. A polpa é de coloração amarelo-

    alaranjada, espessa e bastante enxuta.

    - Coroa IAC ( C. máxima) - Plantas vigorosas, frutos achatados, pesando de 2 a

    3 Kg. Ciclo de 90 a 120 dias.

    - Exposição ( C. máxima) - Plantas vigorosas, frutos achatados, pesando de 5

    quilos. Ciclo de 130 a 150 dias.

    Outros cultivares de abóboras: Piramoita, Seca de Pescoço. Mini Paulista,

    Duda, Carioca, Goianinha, Jacarézinho, Spaghetti, Bahiana Tropical, Redonda

    Amarela Gigante, Morangas Alice e Big Moon e híbridos: Ebisu, Tsurunashi

    Yakko e Suprema.

    4 - PREPARO DO TERRENO

    No preparo do solo, para terrenos novos, recomenda-se uma aração em torno

    de 20 cm de profundidade nas baixadas e 25 cm nas encostas, de 60 a 90 dias

    antes do plantio e, quando necessário, uma gradagem na época do plantio.

    17

    Nos terrenos já cultivados e que não precisam de calagem, a aração pode ser

    feita por ocasião do plantio.

    5 - CALAGEM

    Deve ser feita de acordo com o resultado de análise de solo e com

    antecedência de 60 a 90 dias, elevando-se a saturação por bases a 80% e o

    teor de Mg no solo, a um mínimo, de 8 mmolc/dm3.

    6 - ADUBAÇÃO

    A adubação orgânica é de grande importância, sendo recomendável o uso de

    10 litros (cerca de 5 quilos) de esterco de curral bem curtido por cova, que

    pode ser substituído por esterco de galinha na proporção de 2 a 3 litros por

    cova.

    O importante é que se faça análise de solo para se ter uma adubação ideal; no

    caso da impossibilidade de se fazer análise química do solo, aplicar 300g da

    fórmula 4-16-8 ou 4-14-8 e mais 1g de bórax por cova.

    6.1 - Adubação orgânica

    Aplicar de 20 a 40 t/ha de esterco de curral curtido ou 1/4 dessas quantidades

    de esterco de galinha.

    6.2 - Adubação mineral

    a) No plantio: 40 Kg/ha de N, 200 a 400 Kg/ha de P2O5 e 100 a 200 kg/ha de

    K2O. Em solos deficientes, acrescentar 1 kg/ha de B, 3 kg/ha de Zn e 2 a 5

    kg/ha de Cu.

    b) Em cobertura: 100 a 150 kg/ha de N e 60 a 120 kg/ha de K2O, parcelados

    em 3 aplicações com intervalo de 15 a 20 dias, sendo a primeira realizada aos

    15 a 20 dias após a germinação.

    7 - PLANTIO

    O plantio é feito, colocando-se 4 sementes/cova. Para o plantio de híbridos é

    necessário que 15 a 20% da área seja semeada com cultivares polinizadores,

    ou seja, para cada 5 a 6 linhas, ou 5 covas de híbridos, planta-se uma do

    polinizador com antecedência de 25 a 30 dias (Menina Brasileira), 15 a 21 dias

    (Exposição) e 10 a 15 dias (Ebisu e Chirimen).

    O espaçamento utilizado para abóboras em geral, varia entre 4 x 4 a 5m; para

    Menina Brasileira, Duda, Redonda Verde e Branca de Virgínia, entre 3 x 3 a

    4m; para Pira Moita, 3 x 2 a 2,5m; para morangas, entre 4 x 3 a 5m e, híbridas

    entre 3 x 2 a 3m.

    Em regiões, nas quais a temperatura anual está na faixa dos 20 a 30° C, o

    plantio pode ser realizado o ano todo e em regiões com inverno rigoroso, de

    outubro a janeiro.

    8 - TRATOS CULTURAIS

    Realizar o desbaste das plantas, deixando 1 a 2 plantas/cova, conforme o

    manejo utilizado, quando as mesmas estiverem com as duas folhas

    verdadeiras.

    Como esta cultura é relativamente exigente em água, deve-se manter a

    umidade do solo, irrigando-se um dia antes da semeadura e 1 a 2 vezes por

    semana até o início da maturação dos frutos.

    Deve-se manter a cultura no limpo, evitando a concorrência das plantas

    invasoras.

    9 - COLHEITA

    A colheita deve ser realizada quando os frutos estiverem maduros, iniciando-se

    entre 90 a 120 dias após o plantio para os híbridos e entre 120 a 150 dias para

    as demais abóboras.

    18

    ABOBRINHA

    (Cucurbita spp)

    1 - INTRODUÇÃO

    A importância da família da Cucurbitáceas relaciona-se principalmente ao valor

    alimentício e versatilidade culinária dos frutos.

    Esses frutos são produzidos em todo o mundo e bastante usados na

    alimentação humana. São alimentos basicamente energéticos.

    2 - CLIMA E SOLO

    É cultura de clima tropical, sendo muito sensível a frios intensos e prolongados,

    não suportando geadas.

    A temperatura média de 20 a 25º C é a mais favorável à cultura.

    Temperaturas elevadas e o alto teor de umidade relativa favorecem a

    ocorrência de doenças (óidio - Oidium sp.).

    O solo deve ser drenável, pois os solos encharcados são prejudiciais.

    Os solos leves e férteis são os ideais para a cultura. A topografia dos solos

    deve permitir a irrigação sem causar problemas de erosão.

    3 - CULTIVARES

    As variedades de abobrinha atualmente cultivadas, pertencem a 2 grupos ou

    tipos:

    a) Abobrinhas italianas:

    Caserta - tem boa aceitação no Brasil. A planta tem altura média de 80 cm. Os

    frutos são praticamente cilíndricos, sendo levemente afinados para o lado do

    pedúnculo. Apresentam superfície lisa de cor verde-claro. Possuem o

    comprimento de 20 cm e diâmetro de 5 cm, sendo que o peso médio é de 180

    a 200 gramas. O início da colheita ocorre aos 50-60 dias após o plantio,

    podendo se prolongar por 40-60 dias.

    outras: Clarice, Branca de Virgínia, Redonda Verde e híbridos: Clarita,

    Clarinda, Ipanema, Tala, Novita, Corona, Princesa, Bianca, Opal, Anita,

    Goldfinger e Gold Rush.

    b) Abobrinhas brasileiras:

    Menina brasileira - É um cultivar muito apreciado. A planta é vigorosa e rústica,

    cuja rama principal atinge 5 metros. Seus frutos são alongados, atingem 25 cm

    de comprimento e pesam em torno de 350 gramas.

    outras: Pira-moita e Mini Paulista

    4 - PREPARO NO TERRENO

    No preparo do solo, para terrenos novos, recomenda-se uma aração em torno

    de 20 cm de profundidade nas baixadas e 25 cm nas encostas, de 60 a 90 dias

    antes do plantio e, quando necessário, uma gradagem na época do plantio.

    Nos terrenos já cultivados e que não precisam calagem, a aração pode ser feita

    por ocasião do plantio.

    5 - CALAGEM E ADUBAÇÃO

    A calagem deve ser feita de acordo com a análise de solo e com antecedência

    de 60 a 90 dias, elevando a saturação por bases a 80% e o teor de Mg do solo

    a um mínimo de 8 mmolc/dm3.

    19

    A adubação orgânica é de grande importância, devendo-se aplicar 20 a 40 t/ha

    de esterco de curral, curtido, ou ¼ dessas quantidades com esterco de galinha,

    pelo menos 30 dias antes da semeadura.

    Recomenda-se para adubação mineral:

    a) No plantio: 40 Kg/ha de N, 200 a 400 Kg/ha de P2O5 e 100 a 200 Kg/ha de

    K2O. Em solos deficientes, acrescentar 1 Kg/ha de B, 3 Kg/ha de Zn e 2 a 5

    Kg/ha de Cu.

    b) Em cobertura: 100 a 150 Kg/ha de N e 60 a 120 Kg/ha de K2O, parcelando-

    os em 3 aplicações, a primeira entre 15 e 20 dias após a germinação e as

    demais, a cada 15 a 20 dias.

    As quantidades maiores ou menores dependem dos resultados das análises de

    solo e foliar, do cultivar e da produtividade esperada.

    6 - PLANTIO

    O plantio é realizado em local definitivo, semeando-se 3 sementes/cova e

    desbastando na fase de duas folhas verdadeiras, deixando 2 plantas/cova. É

    recomendável, que se semeie algumas linhas com antecedência de 10 a 12

    dias, para garantir o suprimento de pólen no início do florescimento.

    A abobrinha pode ser cultivada o ano todo, desde que no local não ocorra

    inverno rigoroso e ocorrência de geadas.

    Para o grupo das abobrinhas italianas utiliza-se o espaçamento 1 x 0,7 - 1m e

    para os do grupo das brasileiras, 4 x 2 a 3m.

    7 - TRATOS CULTURAIS

    Os tratos culturais a serem dispensados para a cultura são: irrigação, capinas e

    pulverizações.

    7.1 - Irrigação

    Esta cultura é exigente em água, pois possui sistema radicular superficial,

    sendo importante que se mantenha a umidade do solo.

    7.2 - Capinas

    Para evitar a ocorrência das ervas em adubo e água, deve-se manter a cultura

    no limpo.

    7.3 - Pulverização

    Deve ser feita para manter a planta protegida contra o ataque de pragas e

    doenças. Depois do início da florada, deve-se evitar a aplicação de inseticidas,

    para não afugentar os insetos polinizadores.

    8 - COLHEITA

    A colheita deve ser diária, iniciando-se aos 40 a 60 dias após o plantio, quando

    os frutos se encontram com cerca de 20 cm de comprimento para as

    abobrinhas italianas e por volta dos 75 dias após o plantio, quando os frutos

    atingirem 25 cm de comprimento, para as abobrinhas brasileiras.

    Em condições normais, pode-se esperar uma produção de 800 a 1200

    caixas/ha.

    ACEROLA

    CEREJA-DAS-ANTILHAS

    (Malpighia sp. )

    20

    1. INTRODUÇÃO

    Cereja-das-antilhas, também conhecida por acerola, é uma planta ainda pouco

    conhecida, tanto que existem divergências quanto à sua correta classificação

    botânica. A maioria dos autores supõe tratar-se de Malpighi glabra L., mas

    existem aqueles que julgam que a espécie cultivada é M. punicifolia L. ou

    mesmo M. emarginata D.C.

    A grande variação encontrada na arquitetura das plantas, na disposição das

    folhas, na coloração das flores e quanto à presença de acúleos urticantes nas

    folhas de algumas plantas em lavouras comerciais desta fruteira, talvez

    indiquem que existam indivíduos de mais de uma espécie sendo cultivados

    entre nós.

    M. glabra é um arbusto glabro, de tamanho médio, com 2 a 3 metros de altura,

    com os ramos densos e espalhados. As folhas são ovatas a elítico-

    lanceoladas, com 2,5 a 7,5cm de comprimento, opostas, com pecíolo curto,

    pequenas, de coloração verde-escura e brilhante na face superior e verde

    pálida na inferior. As flores são perfeitas, com pedúnculo longo e pouco mais

    de 1cm de diâmetro, de coloração rosa-esbranquiçada a vermelha. São

    dispostas em cachos de 3 a 5 flores nas axilas dos ramos em crescimento.

    O fruto é uma drupa de tamanho, forma e peso variáveis. A forma pode ser

    oval ou sub-globosa, com formato trilobado. a casca é fina e delicada, o

    tamanho varia de 1 a 2,5cm de diâmetro e o peso de 2 a 12 gramas. Quanto à

    cor, os frutos maduros podem apresentar diferentes tonalidades que vão do

    amarelo ao vermelho intenso ou roxo. Possuem normalmente tres sementes,

    protegidas por invólucro com consistência de pergaminho. O sabor varia de

    levemente ácido a muito ácido, sendo a polpa conhecida pelo seu teor de

    vitamanina C. Análises recentes feitas em São Paulo indicam, no entanto, que

    estes teores variam muito de planta para planta, sendo encontradas variações

    dentro dos limites de 30 a 1.800mg de ácido ascórbico por 100 gramas de

    polpa, havendo alguns pés que produzem frutas com 2.000mg/100 gramas de

    polpa.

    2. CLIMA E SOLO

    A cereja-das-antilhas é uma planta rústica, que se desenvolve muito bem em

    clima tropical e sub-tropical, sendo sensível, porém, às geadas. No Estado de

    São Paulo, durante o período seco e frio, a planta permanece em repouso,

    porém quando a temperatura se eleva e as precipitações se iniciam, a

    vegetação e o florescimento se mantêm de modo quase contínuo.

    O ideal são temperaturas médias de 26ºC, com precipitação anual variando

    entre 1.200 e 1.600mm. As chuvas tem grande influência sobre a produção e a

    qualidade dos frutos. Quando bem distribuídas, concorrem para um período de

    produção mais amplo e para frutos de maior tamanho. Chuvas excessivas

    provocam a formação de frutos aquosos, menos ricos em açúcares e em

    vitamina C.

    A planta se desenvolve bem em quase todos os tipos de solos. Os de textura

    argilo-arenosa, de mediana fertilidade, por reterem maior teor de umidade, são

    so mais indicados. Na escolha do terreno deve-se levar em conta que a planta

    é bastante suscetível ao ataque de nematóides, especialmente do gênero

    Meloidogyne, razão pela qual a área escolhida deverá estar isenta destes

    inimigos.

    3. VARIEDADES

    21

    Admite-se que as variedades de cereja-das-antilhas pertençam a dois grupos,

    sendo um produtor de frutas ácidas e outro de frutas doces. As frutas doces

    são mais agradáveis para o consumo ao natural, mas dado o teor mais elevado

    de ácido ascórbico que as frutas ácidas apresentam, a produção comercial

    requer a utilização de variedades pertencentes a este grupo.

    Ainda são poucas e mal conhecidas as variedades desta frutífera existentes no

    Brasil, as principais delas tendo como centro de origem núcleos de produtores

    existentes no Pará. Dentre essas destacam-se as seguintes:

    Okinawa: Parece tratar-se de uma introdução do exterior feita por produtores

    da Cooperativa COPAMA de Castanhal, PA. Há indicações de que é uma

    excelente produtora. Seus frutos apresentam cerca de 2.000mg de vitamina C

    por 100 gramas de polpa, teor este que pode cair para 800mg nos períodos

    extremamente chuvosos.

    Inada: É um clone originado de semente trazida do exterior, muito produtivo,

    chegando a mais de 120 quilos de fruta por ano, com um teor de vitamina C da

    ordem de 1.500mg por 100 gramas de polpa.

    Flor branca: Caracteriza-se por ser um produtor constante, não parando

    mesmo nos períodos mais secos. Os seus frutos apresentam cerca de

    1.700mg de vitamina C por 100 gramas de polpa.

    Numero Um: Trata-se de uma seleção feita pela Cooperativa de Tomé-Açu, no

    Pará, que também apresenta características que a tornam muito interessante.

    Existem outras introduções de materiais selecionados no exterior, inclusive

    Estados Unidos da América, mas todas são seedlings e, portanto, nenhuma

    tão interessante como os citados.

    Entre as variedades produtoras de frutos doces destacam-se a Florida Sweet e

    a Manoa Sweet.

    Em diversas outras regiões do País procura-se selecionar clones de acerola

    que apresentem características desejáveis, como boa arquitetura da planta,

    folhas sem pelos urticantes, alta produtividade de frutos grandes, com a casca

    de coloração vermelho intenso e a polpa laranja-vivo à maturação e

    apresentando pelo menos 1.500mg de vitamina C por 100 gramas de polpa.

    4. PROPAGAÇÃO

    A propagação pode ser feita por meio de sementes, estaquia e enxertia. A

    propagação por sementes, dado o baixo poder germinativo em decorrência do

    aborto do embrião, é da ordem de 20%, e por resultar em pomares

    desuniformes, só é viável para a obtenção de porta-enxêrtos para propagação

    por enxertia. Atualmente, porém, o método mais utilizado é a propagação por

    estaquia, que pode empregar tanto estacas lenhosas como herbáceas.

    A propagação por sementes é feita em canteiros , caixas ou outros vasilhames

    conveniente preparados. As sementes, extraídas de frutos maduros, são

    lavadas e imediatamente semeadas nos canteiros, em sulcos distanciados de

    10cm, antes de secarem.

    A germinação ocorre após 20 a 25 dias. Quando as plantinhas atingirem de 6 a

    10cm devem ser transplantadas com o solo que envolve as raízes para sacos

    plásticos previamente preparados, cheios de um substrato rico e desinfestado

    (Veja no capítulo sobre maracujá o preparo de um substrato de boa qualidade).

    Após o transplante deve-se irrigar abundantemente, repetindo-se essa

    operaçào sempre que necessário mas evitando-se o encharcamento.

    Quando se dispõe de clones selecionados, a propagação deverá ser feita por

    estaquia ou enxertia. A estaquia é feita a partir de estacas semi-lenhosas, com

    22

    folhas, obtidas de ramos vigorosos, com 3 a 10mm de diâmetro e 20 a 25cm de

    comprimento, coletadas antes do florescimento, de preferência previamente

    tratadas com uma solução do ácido indolbutírico a 6.000ppm. A espécie admite

    ainda a estaquia em casa de vegetação, a partir de estacas herbáceas, feita

    com a parte terminal já lignificada dos ramos, em câmara úmida, o que exige

    instalações próprias.

    O método de enxertia mais empregado é a garfagem em ingles-simples, em

    cavalos com diâmetro de até 40mm. Os garfos são obtidos dos segmentos

    terminais dos ramos, com 6 a 8 gemas, resultando em um pegamento da

    ordem de 85 a 90% e estando as mudas em condições de ir para o campo 60

    dias após a operação. Também bastante utilizada é a enxertia por borbulhia em

    T, feita em porta-enxertos com diâmetro de um lápis a mais ou menos 20cm

    de altura.

    Quando as mudinhas estiverem com mais de 30cm de altura (em torno de 6

    meses a partir da germinação ou da estaquia) podem ser plantadas no pomar,

    tendo-se o cuidado de eliminar o saco plástico sem quebrar o torrão que

    protege as raízes.

    5. CALAGEM

    Durante o preparo do solo para o plantio deverá ser feita uma calagem com

    calcário dolomítico, procurando assegurar uma saturação por bases da ordem

    de 70%. Essa calagem deverá ser repetida sempre que a análise do solo

    revelar uma saturação por basaes inferior a 60%.

    6. ADUBAÇÃO

    6.1. Adubação de Plantio:

    As covas de plantio deverão ser adubadas com 30 litros de esterco de curral,

    1,5 litro de torta de mamona, 200 gramas de calcário dolomítico e 500 gramas

    de superfosfato simples, adubos estes que devem ser bem misturados como a

    terra e a mistura usada para reenche-la.

    6.2. Adubação química em cobertura:

    Os parcos estudos existentes indicam ser a acerola uma planta

    quantitativamente pouco exigente em nutrientes. Como ela vegeta e produz

    intensamente na maior parte do ano, no entanto, é necessário que encontre no

    solo os nutrientes de que necessita. Por esta razão recomenda-se a aplicação

    das quantidades anuais de fertilizantes indicadas no Quadro 1, calculadas para

    solos com teores baixos de fósforo e potássio.

    QUADRO 1. - Quantidades anuais de fertilizantes em função da idade da

    planta, em gramas de nutrientes por planta.

    IDADE

    N

    P2O5

    K2O

    Primeiro ano

    60

    75

    150

    Segundo ano

    150

    187,5

    375

    Terceiro ano

    200

    250

    500

    Quarto ano em diante

    200

    125

    500

    Estas quantidades deverão ser divididas em quatro parcelas aplicadas no

    período chuvoso do ano, sendo que o fósforo poderá ser todo aplicado em uma

    só vez, preferivelmemte em abril, na forma de produto solúvel, como o

    superfosfato ou termofosfato. Esta aplicação será feita em cobertura, na área

    de concentração das raizes absorventes, ou seja, em uma faixa de

    aproximadamente 30cm ao redor da planta, ficando 2/3 sob a projeção da copa

    e 1/3 fora dela nos primeiros dois anos de vida do pomar. Do quarto ano em

    23

    diante, os fertilizantes serão aplicados em uma faixa de 50cm de largura e dois

    metros de comprimento, ao lado das plantas e na projeção de sua copa.

    6.3. Adubação orgânica:

    A adubação orgânica é importante para a cultura, não só porque a planta

    responde bem às adições deste produto mas também porque solos com teores

    elevados deste componente dificultam a proliferação, a níveis elevados, de

    nematóides fitófagos. Por estas razões é importante a adição, uma vez por

    ano, de pelo menos 20 litros de esterco de curral bem curtido por planta.

    6.4. Adubação com micronutrientes:

    Durante o período de safra, deverão ser feitas, a cada 60 dias, aplicações

    foliares com uma fórmula fertilizante preparada com sulfato de zinco a 0,3% e

    ácido bórico a 0,1%.

    7. PLANTIO

    As covas deverão ter as dimensões mínimas de 40x40x40cm, sendo

    preparadas com pelo menos trinta dias de antecedência em relação ao plantio.

    O espaçamento a

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1