Fenômenos

De José Antonio Vieira

Aposentado de uma grande empresa começa a ter visões na sua nova casa de campo. Sentiu a necessidade de resolver alguns problemas para que o fenômeno não ocorresse novamente.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 12 de nov. de 2012

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Fenômenos

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Dedico este livro a meus amigos. Importantes em qualquer fase da vida.

José Antonio Vieira, mineiro de Bom Jesus da Penha reside em São Carlos - SP

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José Antonio Vieira

Conto

Primeira

Edição – novembro de 2012

Registro 461316-

Livro 868 Folha 19

FBN

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Sumário

Fenômenos ocorrem na nova casa do aposentado isto transforma sua existência. Entende da necessidade de resolver o problema para que todos fiquem em paz.

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Inicio do século vinte e um, as famílias cada vez mais estressadas pela correria do dia a dia. Um trânsito de louco, poluição diversa. Um cenário que causa aflição em muita gente.

Otaviano olhava pela janela envidraçada do prédio onde trabalhava na Avenida Paulista e refletia, será que vale a pena viver assim? Havia um formigueiro humano se movendo ao longo da avenida até onde sua vista alcançava. Certamente, a sensação individual era de estar sozinho no meio de uma multidão.

Faltava pouco tempo para Otaviano se aposentar, havia casado bem maduro, depois dos trinta anos de idade. Marta havia-lhe dado um casal de filhos, agora na adolescência.

Olhava o calendário e começava a sonhar que dali a pouco tempo não precisava mais estar ali sentado diante de uma mesa atulhada de papéis, muitos deviam ter sido resolvidos no dia de ontem.

Sentia que já faltava pique para resolver todos os problemas que caiam em sua mesa. Havia prazos para tudo, ora

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era elogiado por um bom trabalho, ora engolia um sapo

enorme pela goela abaixo por não ter resolvido algum problema a contento.

Seu pai era do meio rural e até bem pouco tempo, ele tinha menos cabelo branco que o filho. Havia falecido recentemente, em idade avançada, dormindo junto de sua esposa no sitio da família. Dormiu e não se levantou mais, morreu como um passarinho, como muitos dizem.

Otaviano havia trocado a mata pela selva de pedra e obviamente esta mudança provocou seqüelas.

Uma ulcera estomacal o incomodava de vez em quando, administrava o problema com medicação, postergando o máximo a necessidade de uma cirurgia. Às vezes via sua imagem refletida nas grandes vidraças, parecia ter uma idade mais avançada do que realmente tinha. Cabelos brancos ao redor de uma calvície já bem pronunciada.

Lembrava quando foi seu primeiro dia dentro daquela empresa, houve uma recepção inesquecível para um funcionário novo. Tudo se traduzia em projetos de vida profissional. A empresa apostava muito no desempenho de

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Otaviano, e muitos objetivos foram atingidos ao longo do tempo.

Agora, davam-lhe mais trabalhos que envolviam assessoramento para os executivos mais jovens. Colocar a mão na massa já não era uma atividade costumeira. Ostentava o titulo de gerente de projetos. Quais projetos? Pensava. Já estava na condição do que chamam de Gepone, Gerente de P...

Nenhuma.

Dezenove anos se passaram dentro daquela empresa, era a terceira em toda sua existência, até então. Somando com o tempo das outras já estava chegando às portas da aposentadoria.

Lembrava-se de quando estava iniciando no seu primeiro emprego, quando os mais velhos diziam sobre a eventualidade de pendurar as chuteiras, como muitos dizem. Não queria isto para sua vida, tinha energia de sobra, jamais iria se aposentar na vida.

Agora já sabe que as coisas não são como ele imaginava.

Muitas vezes o empregado velho de casa sente que está num ponto morto da sua carreira, segue na inércia, sente que bateu a cabeça no teto de sua carreira.

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O desafio deixa de existir em muitos casos e os dias passam dentro de uma normalidade entediante, aí percebe a necessidade de mudar de vida. De sair do barco e entrar em outro barco.

Um corpo com mais de cinqüenta e cinco anos, significa que já viveu uma boa parte de sua existência, portanto, era hora de mudar para alguma coisa que lhe daria mais satisfação, saberia encontrar a mais propicia.

O dinheiro da aposentadoria não representa o fim de todos os problemas financeiros, mas, uma adequação pura e simples de suas necessidades.

À noite em sua casa, Otaviano trocava idéias com Marta sobre a perspectiva da família dentro de pouco tempo, pós aposentadoria.

Marta era professora do básico, no momento estava afastada do trabalho devido à hipertensão. Talvez, uma conseqüência da vida que levava na escola, um problema atrás do outro com os baixinhos sem regra em casa dos dias de hoje.

─ Marta acha uma boa idéia a gente se mudar para o interior do Estado? Tenho um primo que mora em Indaiatuba que não fica tão longe assim da capital. Se nos pudéssemos

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comprar alguma propriedade por lá, viria a calhar porque seus pais moram em Campinas e também alguns de seus irmãos.

Fica bem próximo de Indaiatuba.

─ Lembro-me de quando éramos adolescentes, íamos de vez em quando visitar o Mosteiro de Itaici, onde se reúnem regularmente os bispos da Igreja Católica do Brasil inteiro.

Uma construção monumental que servia também para os jovens fazerem um retiro espiritual em finais de semana.

─ Lembro-me também que existiam na região diversas chácaras de gente abonada, algumas até com construções antigas. Talvez, com o dinheiro da rescisão contratual possamos comprar alguma propriedade naquela região que esteja à venda.

─ Sempre gostei de mexer com a terra e você Marta pode dar aulas particulares, ou numa pequena escola