O Retrato De Amanda
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O Retrato De Amanda - José Antonio Vieira
O Retrato de Amanda
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José Antonio Vieira, mineiro de Bom Jesus da Penha.
Reside em São Carlos - SP
foto minha 2José Antonio Vieira
Primeira Edição
2012
Reg.461.313
L. 868 FBN
Sumário
Viajando pelo sul do Brasil, um casal resolveu visitar um amigo dos tempos de faculdade. Uma curiosidade fez com que entrassem num pesadelo difícil de sair. Momentos de tensão e mistério devido ao desaparecimento de um ente querido.
Saindo de Lages em direção a São José, o casal tinha por objetivo chegar a um endereço no meio daquelas lindas paisagens. Uma imponente construção, conhecida por foto, que pertencia a um grande fazendeiro da região.
Um grande amigo, dizia Carlos para sua esposa Karina, enquanto dirigia seu carro velozmente por uma estrada de muitas curvas em alguns trechos. Foi construída pelo exercito, observou.
─Poderíamos já estar retornando para São Paulo, mas, você insiste em visitar um amigo que já não o vê por muitos anos, querido.
─Aliás, essa amizade vem de onde? Afinal você é de Minas e acabou se formando no Estado de São Paulo.
─Sim, querida, foi aonde a gente se conheceu, em São Paulo.
─Ele veio daqui e agente se dava bem, uma amizade que perdurou pelo tempo todo da graduação.
─Bons tempos aqueles, quando saíamos em finais de semana a caça de bons programas. Ah, programas inesquecíveis nas noites de São Paulo.
─Ele tinha um carro velho, preto de fabricação francesa, se não me falha a memória tinha a marca Prefect
, sem freio e embreagem que funcionasse direito. Era uma aventura sair com aquele carro num trânsito infernal de cidade grande, mas, conseguimos sobreviver.
─As memoráveis despedidas de solteiro dos companheiros de trabalho. Fechava-se um bar na noite de sexta feira e a cerveja rodava a noite adentro. Uma farra inesquecível.
─Então, vocês têm história para contar, querido, isto faz parte de uma boa amizade, sem duvida.
─Querida, sabe como são as amizades, sem soprar as brasas com o tempo o fogo acaba, como dizem. Temos ainda vários dias de férias e vou sentir o clima, se fico um tempo maior ou simplesmente uma passagem para outro lugar. Talvez, indo em direção a Treze Tílias e Chapecó, ou mais ao sul do país.
─Tenho uma foto da época que estudávamos juntos, eu tinha os cabelos pretos e hoje são cinzentos, e ele já tinha uma entrada pronunciada na testa, talvez já seja careca por inteiro.
─Não sei como vive hoje com a família. Sei que havia se casado com uma mulher de ascendência italiana, uma morena clara muito bonita, dizia ele numa das ultimas cartas que me escreveu logo depois de ter-se mudado para cá novamente.
─Bom, também venho de italianos, querido, isto vai facilitar em muito a comunicação entre nós, já é um bom começo.
─Fico surpreso com o trajeto desta estrada, veja que estamos rodeando a montanha e bastava ter cortado o morro um pouco mais atrás e teríamos economizado um trecho enorme, mas, vá entender a engenharia de hoje, suspirou Carlos.
─Uma forma de sair um pouco do assunto de antes e quebrar um pouco a ansiedade. Queria chegar descontraído até a casa do amigo.
─Karina acho que estamos bem próximos do local, veja aquela placa ao longe, pode ser a indicação da fazenda.
─Fazenda Araucária, o que indicava a placa, observou Karina.
─È o local Karina, quase gritou Carlos, vamos entrar por aquela estrada de terra à direita. ─Vamos, Carlos.
A estrada serpenteava entre arvores de grande porte, entremeadas de grandes pinheiros, ora com seus braços apontando para cima, ora apontando para os lados.
─Posições que me leva a acreditar em diferenças de idade entre as plantas, observou Carlos. O aroma característico das plantas inundava o ambiente, acompanhado de um frescor natural para àquela hora do dia.
Em determinados momentos tinha-se a impressão de estar numa alameda com os galhos das arvores quase se encontrando muitos metros acima. Uma paz indescritível, apenas cortada pelo pio do Jacu Açu, em bandos amontoados no alto de uma palmeira na beirada da estrada. Grande ave, hoje protegida, alimentando-se de pequenos frutos da palmeira.
Uma estrada bem conservada e com muito cascalho para evitar que veículos encravem na ocasião das chuvas. Valetas de concreto nas laterais mostravam uma preocupação em evitar estragos provocados pela enxurrada.
Subindo uma encosta logo chegaram a um ponto em que divisava uma grande construção, não muito longe dali. Mostrava sua imponência do alto de uma colina, rodeada de cercados brancos. Animais pastavam tranquilamente numa das alas.
À medida que aproximavam da sede podiam ver uma manutenção primorosa, em que uma pintura esmerada certamente era dada de vez em quando. Um muro de pedras de pouca altura, circundava a construção, com um rejunte de cimento muito bem feito.
As portas e janelas pintadas de branco sobressaiam na cor cerâmica da alvenaria. Após o muro um jardim enorme até a entrada da casa, muito bem cuidado onde predominavam rosas vermelhas e arvores de damas da noite, com seu perfume característico, saindo das pétalas brancas como a neve.
Carlos procurou a entrada e logo percebeu que a estrada tinha o formato de uma cruz, de um lado sinalizava para o campo, e o outro lado certamente seria para a casa. Havia ali um portão com uma pequena guarita, ocupada por um trabalhador e não um guarda. Dali ele tinha uma visão ampla da propriedade.
Vendo o carro se aproximar o trabalhador se adiantou para fazer a identificação. Um rápido comunicado via radio com o patrão deixou o caminho livre para