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Amores E Ensinamentos De Um Vendedor
Amores E Ensinamentos De Um Vendedor
Amores E Ensinamentos De Um Vendedor
E-book416 páginas5 horas

Amores E Ensinamentos De Um Vendedor

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Sobre este e-book

Historia de um rapaz como tantos outros, que formado em uma área, que não exerce, descobre sua verdadeira vocação. Torna-se um vendedor, porque ama a liberdade e o contato com as pessoas. Descobre que somente sente-se realizado viajando, conhecendo novos lugares e pessoas, interagindo com o ser humano que julga fascinante. Em suas viagens e visitas a seus clientes que se transformam em seus amigos pessoais, encontra novas aptidões, formas de interação e vontade de ajudar no que conseguir, pois acredita que está aqui para algo mais. Mas também é um amante incorrigível, capaz de surpreender a todos com seu carisma pessoal e carinho que demonstra em seus relacionamentos. Mas ele tem um segredo que guarda somente para si, e em seu íntimo, sabe que só vai revelá-lo a quem possuir seu coração.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de abr. de 2024
Amores E Ensinamentos De Um Vendedor

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    Amores E Ensinamentos De Um Vendedor - Jorge Nagy

    Jorge Nagy

    AMORES E ENSINAMENTOS

    DE UM VENDEDOR

    1ª Edição

    2024

    Copyright – Jorge Nagy – 2024

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema de banco de dados sem permissão escrita do autor.

    Editado conforme o novo código ortográfico.

    DEDICATORIA

    Este livro é dedicado aos profissionais das estradas e de vendas, que ganham a vida dirigindo seu veículo, entregando ou vendendo mercadorias, enfrentando os desafios das estradas afora.

    E também aos profissionais de vendas, que dedicam seu tempo, em um trabalho que nem sabem se será rentável ou não, e muitas vezes nem depende de seu esforço para acontecer, mas de uma série de fatores.

    A maioria dos profissionais que trabalham nesta área. Dependem financeiramente de serem bem sucedidos em seu trabalho de vendas. Muitos nem possuem salário, ou apenas uma ajuda de custo.

    O que importa a eles são as vendas, onde podem receber uma comissão melhor sobre suas vendas concluídas e transformadas em salário. Mas nem sempre seu esforço é recompensado. Há! Se toda visita ou ligação que fazem fosse transformada em vendas não é mesmo.

    Trabalhem internamente ou externamente. São pessoas especiais que podem fazer nosso dia melhor somente com uma visita ou uma ligação. Tornamo-nos amigos de muitos, pelo seu jeito humano e cativante de ser.

    Trocamos confidências, segredos, contamos nossas desventuras, quais sejam e somos aconselhados ou consolados. Mas na verdade, o que queremos é somente um ombro amigo de vem em quando...

    Como também descrito neste livro, eles se emocionam, se apaixonam e vivem grandes amores. Mas também possuem seus medos e inseguranças. Frustrações, separações mal resolvidas. Afinal quem nunca não as teve ou tem não é mesmo...

    SUMÁRIO

    Capítulo I – Viagem ao interior

    Capítulo II – Conhecendo Sofia

    Capítulo III – Voltando para casa

    Capitulo IV – Conhecendo Sara

    Capitulo V – Atendendo os clientes da capital

    Capítulo VI – Conhecendo Débora melhor

    Capítulo VII – Passeio com Sara

    Capítulo VIII – Preparativos para a festa dos pais

    Capítulo IX – Nova viagem ao interior

    Capitulo X – Passando a noite com Julia

    Capítulo XI – Voltando de viagem

    Capítulo XII – Deixando tudo pronto para a festa dos pais

    Capítulo XIII – Encontro com Sara

    Capítulo XIV – A Realização de um sonho

    Capítulo XV – Me despedindo do trabalho

    Capítulo XVI – O Dia mais lindo de nossas vidas

    CAPÍTULO I – VIAGEM AO INTERIOR

    É mais uma tarde de segunda feira chegando ao final. Já posso enxergar ao longe os primeiros tons alaranjados colorindo o horizonte.

    Sei que mais uma vez vou chegar ao meu destino tarde da noite. A procura por um lugar para ficar, em breve vai começar.

    Olho para o marcador de combustível e está próximo da reserva. Penso em parar no próximo posto para abastecer e comer algo tenho mais algumas horas para chegar ao meu destino.

    Conforme os kilometros vão passando, mais penso em parar, lembro a ultima vez que fiquei parado na estrada sem combustível. Os carros passando ao meu lado, todos olhavam, mas ninguém parecia se incomodar. Imaginei que as pessoas tinham medo de parar, não sabiam o que poderia ser alguém precisando de ajuda ou um assalto. Quem queria arriscar?

    Vejo um posto a minha frente, mas é muito grande, daqueles que tem restaurante, lanchonete e até playground para as crianças. Logo penso esse não vou parar tudo lá deve ser muito bom, mas muito caro. Não posso gastar muito, tenho um sonho para realizar em minha vida e preciso economizar. Também imagino que os carros parados significam que são turistas.

    Prefiro os postos onde se encontram muitos caminhões parados. O combustível além de mais barato, a comida é boa e barata. Caminhoneiros são exigentes para comida, gostam de comer bem e precisam economizar na viagem.

    Já estou passando, quando avisto um posto pequeno e até um pouco escondido. Uma placa descorada indicando:

    Posto de Combustíveis, Restaurante e Conveniência.

    É o que preciso pagar pouco e comer bem. Lembro que estou com muita fome, saí do escritório logo após o almoço e ainda não parei, preciso esticar as pernas.

    Entro, paro na primeira bomba que encontro. Procuro o preço na bomba antes de abastecer e percebo que o preço está bom. Pergunto se a gasolina aditivada está o mesmo preço da comum, estou acostumado com o posto perto do escritório, onde sempre tem promoção. Não está! Dizem que o aditivo ajuda a limpar o motor, eu não posso parar muito o carro para consertar, é minha ferramenta de trabalho.

    Logo aparece um frentista, cabelos longos, pretos, de barba mal cuidada, mas com aspecto bem alegre e sorridente.

    - E aí chefe, vamos completar o tanque, próximo posto é bem longe, estamos com uma promoção bem legal, colocando gasolina aditivada, ganha lavagem simples grátis.

    - Você vai almoçar, não é mesmo? O restaurante tem a comida mais gostosa da região, e hoje tem rodízio de churrasco, já com tudo incluso, fala o frentista animado.

    Respondo que pode colocar e deixo o carro para lavar, grátis é sempre bom e ainda aproveito para jantar. Grátis sempre foi uma das minhas palavras favoritas.

    Entrego a ele a chave e recomendo que cuide bem do carro. E na volta vou trazer uma surpresa que ele vai gostar.

    Avisto o restaurante, por fora uma impressão de descuido, sem pintura de muitos anos. Os acabamentos em madeira rústica, já sem brilho e deixando transparecer que já conheceu dias melhores.

    Entro por uma porta de vidro, com partes em ferro, já meio enferrujadas e cheia de adesivos, que foram deixados por muitos que lá devem ter passado. Alguns visivelmente para propaganda, outros colocados por pessoas que queriam deixar sua marca. Contar a alguém que por lá tinham passado.

    Ao entrar tenho uma nova impressão. O local é realmente acolhedor, a decoração de entrada com várias mesas, expondo vários produtos da região. São queijos, vinhos de vários tipos, doces caseiros, biscoitos de polvilho, linguiças de vários formatos e sabores. Um verdadeiro deleite para quem gosta de levar todo tipo de souvenires para casa e também como presentes a quem está lhe esperando.

    Também há muitos brinquedos e utensílios em madeira talhados, dignos de um bom artesão.

    Penso em levar um caminhão de madeira para meu sobrinho, mas deixo a decisão para quando sair. A fome aumentou com aquele cheiro de comida caseira impregnando o ambiente.

    Olho ao redor! O lugar está bem movimentado, onde muitas pessoas estão em fila se servindo à vontade, passando pelo buffet de saladas, aos pratos frios e depois aos pratos quentes.

    Posso perceber que há mais de três opções de saladas, acompanhamentos, massas e carnes, estão dispostas nos rechaults. Dando uma impressão de bastante fartura e opções.

    Entro na fila, logo atrás de um rapaz moreno, cabelos bem cortados, aparência de trinta e poucos anos, com olhar sorridente.

    Ele olha para mim, como dizendo não ter me visto antes e parece conhecer bem o lugar e as melhores comidas. Não demora muito e me pergunta:

    - Você está somente de viagem? Venho comer aqui toda semana e acho que nunca o vi por aqui.

    - Trabalho em vendas, viajo muito. Mas é a primeira vez que paro aqui. E parei justamente por ter visto muitos caminhões em frente, indicando a boa comida, respondo gentilmente.

    - Ele ri e responde que não vou me arrepender. A comida é deliciosa e quando chega a conta, não tem surpresas.

    - Você já tem mesa reservada? O lugar está cheio e não há mais mesas para sentar. Reservei minha mesa antes, se quiser pode juntar-se a mim, fala o gentil caminhoneiro.

    - Qual o seu nome amigo viajante, pergunta o caminhoneiro.

    - Me chamo André, respondo sorridente.

    - Meu nome é João e estou a caminho do Rio de Janeiro, para entregar uma carga de artefatos de plástico, que carreguei no dia anterior em uma fábrica. Preciso entregar o mais breve possível no atacadista, que vai distribuir os produtos, aos seus clientes.

    Eu me sirvo de algumas folhas de alface, ovos cozidos, com molho da casa temperado, macarrão espaguete, que está bem suculento e pedaços de mandioca cozida e frita. João se serve de arroz, feijão, macarrão, ovos cozidos, mandioca e bolinhos de carne, em um prato que poderia dar vergonha a um glutão.

    Sentamos-nos à mesa, mal começamos a comer e já vem um garçom apressado, com um espeto na mão. É uma peça de picanha, bem grande na verdade, que preenche o espeto inteiro.

    - Eu quero um bem grande, fala João com impressão de estar faminto.

    - Eu também aceito, falo ao garçom apressado.

    O garçom deixa dois pedaços em nossos pratos e sai correndo em direção às outras mesas, o lugar está ainda mais cheio.

    - Esta picanha está bem grande e não deve ser realmente picanha inteira, porque um amigo me disse que a peça de picanha deve ter no máximo um kilo e duzentas gramas. O que tem a mais é coxão duro e pagamos o mesmo preço, por uma carne mais barata, falo orientando meu novo amigo.

    - Eu já ouvi falar disso, mas a comida compensa, é boa, farta e barata, responde João orientando.

    - Onde podemos comer assim tão bem, à vontade e com esse preço, só na estrada mesmo, responde João com educação.

    Conforme vamos devorando os deliciosos pratos, o garçom vem correndo nas mesas e nos traz agora coxas de frango.

    - Pode deixar duas em meu prato, pede João ao garçom.

    Quero saber mais da vida na estrada, conheço a minha realidade, mas já imagino que a realidade dele é bem diferente. Uma vida que parece mais tranquila na cabine de um caminhão, mas ao mesmo tempo, cheia de percalços, perigos, prazos e também a economia.

    - Você parece bem apressado, tem horário para chegar, pergunto a João.

    - Meu amigo, a vida da estrada não é fácil, carreguei ontem à noite, para adiantar. E sai cedinho, agora preciso rodar essa estrada para chegar ainda hoje no horário de entrega. Senão terei que descarregar somente amanhã de manhã, responde João com uma coxa de frango em sua mão direita.

    - Se eu chegar à transportadora ainda amanhã à tarde, consigo carregar e ficar pronto para mais uma viagem. Saindo cedinho e entregando no mesmo dia. Se for mais longe muitas vezes não consigo chegar ao mesmo dia e acabo saindo somente no dia seguinte. Perdendo um dia de trabalho, fala João com ansiosidade.

    - A gente conta com esse dinheiro das viagens, para pagar todas as contas do mês da casa e ainda tenho as despesas do caminhão: óleo diesel, óleo de motor, óleo de cambio, diferencial, lavagem e estacionamento, descreve João suas despesas mensais.

    - E quando quebra o caminhão então! Se for uma coisa mais simples, a gente consegue consertar mais rápido, como freio, suspensão e bola pra frente, não perco dias de viagem. Mas quando é uma coisa mais complicada, como um câmbio, diferencial. Motor então nem se fala, além de ficar muito caro, muitos dias perdidos, até desmontar, esperar retificar as peças, montar de novo, ajustar, justifica João.

    - Quando tenho que trocar os pneus, me endivido todo. Muitas vezes todo o lucro do mês vai pros pneus ou para conserto e as contas não param né doutor. Aí remédio é parcelar, fala João preocupado.

    - Tenho minha mulher Claudia, meu filho Gabriel de seis anos e minha filha Lucia de quatro anos. E dois vira latas que peguei de adoção é só me verem e já saem correndo pra me abraçar, reitera João emocionado.

    - É uma vida corrida, mas vale a pena, tenho muita coisa boa, muita historia pra contar. Quem sabe um dia a gente se encontra novamente com mais tempo e continuamos nosso papo, prossegue João apressado.

    Nisso, o garçom voltou com um espeto cheio de linguiças espetadas. João pede que coloque três para ele. Eu digo que já estou satisfeito e sai apressado em direção às outras mesas, onde pessoas levantando a mão demonstram que também querem.

    - Estou sempre por aqui e um dia vamos nos encontrar novamente para tomar um café e continuar nossa conversa. Mas com mais tempo, fala João se levantando para ir embora.

    Também levanto e vou em direção ao caixa. Quando lembro que preciso levar algo para casa. O caminhão para meu sobrinho, doce de leite para meu pai e algo para o frentista que prometi.

    Vou em direção às mesas de entrada e me perco nas muitas opções que existem. Desde doces, compotas, pães caseiros, queijos, bebidas, brinquedos. Entramos em um lugar assim e queremos levar tudo.

    Acabo pegando o caminhãozinho de madeira para meu sobrinho. Um pote de doce de leite para meu pai que gosta de comer com pão. Um pacote de doces caseiros e um pacote de biscoitos de polvilho para Elisa, minha irmã. E um pacote de docinhos de leite caseiro para o pessoal do posto.

    Penso em levar queijos, tem uma boa aparência. Portanto não sei quanto tempo vou demorar a voltar, podem estragar, acabo deixando.

    Passo no caixa, pago a comanda e saio. Penso no caminho até o posto que foi um dinheiro bem gasto, além de comer bem e gastar pouco. Comprei alguns presentes, gosto de levar alguma coisa quando volto para casa, como dizem:

    É chato voltar de mãos abanando.

    Estou chegando ao estacionamento do posto para pegar meu carro e posso perceber os rapazes e as moças frentistas. Recebendo os carros, abastecendo e oferecendo produtos. Porque devem ganhar um pouco a mais vendendo, para levar para casa, ajudar a pagar as contas.

    Nesse instante fico envergonhado, pois estão em muitos, não vai dar para todos. Acabo deixando os dois pacotes de doces para eles também. Sobra somente o pacote de biscoito de polvilho, e logo penso que devo encontrar algum lugar para comprar mais alguma coisa para levar.

    Todos estão agradecendo com um sorriso no rosto. Imagino que não estão acostumados em receber alguma coisa. Chegamos tão apressados e saímos também rapidamente. Muitas vezes nem chegamos a notar os rostos cansados de alguém.

    Agradeço também, ligo o carro e parto para a estrada, noto depois que o carro ficou bem limpo mesmo, até aspiraram por dentro, e não precisavam ter feito isso. Fico ainda mais satisfeito em ter dado os dois pacotes de doces a eles.

    Noto agora que já escureceu olho no painel do carro e vejo que já são sete e vinte da noite. Calculo rapidamente quanto tempo de viagem ainda resta para chegar e percebo que chegarei ao meu destino, à loja do Sebastião, em mais ou menos três horas. Ainda preciso ir ao Hotel da Claudete, verificar se há vagas. Uma vez cheguei tarde da noite e tudo estava ocupado, a cidade estava com um evento universitário e precisei ir a uma pousada que me custou mais que o dobro do valor.

    Sem querer, vejo além da estrada, meus pensamentos me levam a vida que tenho agora. Penso na vida do João, que embora seja bem corrida e até sacrificada, tem muita motivação para sair e voltar. Tem uma esposa, filhos e os seus vira latas que estão lhe esperando, isso deve lhe dar muita força e esperança no dia a dia.

    Penso que também tenho motivação, meu trabalho, que amo, meus clientes, as viagens, as estradas, meu Pai, minha Mãe e minha Irmã com trinta aninhos, que ainda chamo de irmãzinha. E tenho também meu sobrinho que gosta muito quando chego, porque sabe que levo presentes e brincamos muito. Já que o tio não é casado e não tem filhos, quando pode, leva o sobrinho para todo canto aonde quer ir. Ás vezes é estranho ser chamado de tio, uma impressão de já ter passado a idade de casar.

    Dou-me conta naquele momento que fiz trinta e quatro anos em agosto. Na festa de meu aniversário vi claramente que minha família me amava, e isso era o bastante. Minha irmã e meu cunhado me perturbam muito, dizendo que meu relógio biológico está batendo. Contudo estou me sentindo bem disposto e com muita garra para conquistar muita coisa na vida.

    Meu amigo Leandro, também vive me lembrando da idade. Ele é dois anos mais velho e está casado, com dois filhos. Disse-me no dia do meu aniversário de trinta e dois anos, que eu precisava sossegar antes de entrar na turma do enta, quarenta, depois vinham cinquenta, sessenta, setenta, oitenta, noventa.

    Ainda me lembrou de quando chegamos à idade do enta também começam os problemas de visão e óculo ficaria inevitável, por conta da tal da maldição do enta.

    Não me julgo ainda ser tiozão, já tive muitos amores, só acho que não dei sorte ainda de encontrar minha alma gêmea, se esse é o termo certo para ser usado.

    Lembro-me da Laura, ela é muito bonita, loira com um metro e setenta e cinco de altura, cintura fina, lábios finos bem delineados, muito inteligente. Estava cursando psicologia, namoramos sério por três anos seguidos. Quando tinha vinte e cinco anos, se tivesse casado com ela, como seria minha vida agora?

    Terminamos por um motivo tão banal. Ela queria sair sábado à noite para dançar, mas eu disse que estava muito cansado, havia chegado tarde sexta feira do trabalho. E queria mesmo descansar, pedir uma pizza, assistir um filme, tomar um vinho. Enfim, curtir nossa noite juntinhos, abraçados.

    Ela não aceitou muito bem esse não. Disse que estava sendo muito egoísta, só queria ficar em casa, não saía mais com ela e não ligava para o que ela gostava. E estava parecendo um velho que só queria ficar em casa descansando.

    Há, aí me ofendi, disse que ela era insensível, estava dando duro para conseguir dar certo no trabalho, para garantir uma vida melhor. Não só para mim, mas para ela também e que agora não sairia mais mesmo.

    Então ela pegou as coisas dela, todas que tinha deixado na casa dos meus pais. A bolsa, blusa, um conjunto que ás vezes usava que a deixava mais confortável, o seu livro de estudos. Calçou os sapatos, pegou até o pinguim de decoração que havia comprado e deixado dentro do armário. Quando disse que seria a primeira coisa, dentre muitas, para nossa futura casa. E foi embora, sem nem dizer adeus.

    Nunca mais voltou! Eu também não fui atrás dela, achava que estava com a razão e seria melhor assim. Se no namoro já estava discutindo comigo por coisa tão boba, imagina quando casados e olha que ela ainda quer ser psicóloga, pensei na época.

    Penso então na Cristina. Começamos a namorar quase um ano depois que eu e Laura terminamos. Ela é morena, um pouco mais baixa, tem um metro e setenta corpo bonito, ela tinha vinte e seis anos. Já havia se formado em administração e trabalhava em um escritório de uma empresa de plásticos. Era muito competente, dizia-se muito elogiada por seu chefe, sempre entregava seu trabalho bem antes do previsto e sua mesa estava sempre limpa e arrumada. Não deixava nada para depois, gostava de cumprir prazos, era bem certinha mesmo.

    Conhecemos-nos em um barzinho, ela estava com sua amiga Carolina e eu com meu amigo Leandro. Estávamos bebendo uma cerveja e conversando, falando só besteiras mesmo, dando muitas risadas. Acho que foi isso que cativou as duas amigas que não pararam de nos olhar. E Leandro, que não tirava os olhos da Carolina, foi lá conversar com elas e as trouxe até nossa mesa.

    Enturmamos-nos, elas começaram a falar e rir mais alto ainda que nós e depois de muitas cervejas e conversas, combinamos de sair todos juntos no próximo sábado. E foi isso que aconteceu, os encontros viraram namoro, para o Leandro virou casamento com a Carolina, eu e a Cristina ficamos juntos por quase dois anos.

    Por pouco não deu certo, ela é bem tranquila, gostávamos das mesmas coisas. Ela não era temperamental como a Laura, me entendia bem. Não me lembro de discussões conosco, ela parecia à psicóloga e eu o paciente.

    Havia somente uma coisa que eu não gostava nela, aliás, me amedrontava. A vontade louca dela de compromisso, queria ficar noiva pelo menos. Ela vivia dando indiretas algumas diretas mesmo. Dizia que estava com vinte e oito anos, muitas amigas já haviam casado e uma das únicas amigas ainda solteira era a Carolina, que agora estava noiva do Leandro. Tinham se entendido muito bem e o casal estava fazendo planos para o casamento.

    Quando faltavam três meses para o casamento do Leandro e da Carolina A Cristina me deu um ultimato, ou eu assumia um compromisso mais sério com ela, ou devíamos nos separar. Disse que estava perdendo um tempo precioso com minha indecisão.

    Foi naquele momento que eu disse que gostava dela, mas ainda não sabia se era isso que eu queria, pelo menos não tão cedo. Ela ficou muito brava, dizendo que em dois anos juntos, eu ainda não havia decidido o que queria da vida, enquanto a amiga estava prestes a se casar.

    E terminou comigo naquele dia!

    Final da história. O Leandro e a Carolina precisaram substituir o casal de padrinhos, pois eu e a Cristina não estávamos mais juntos e não havia mais clima para continuar.

    Foi então que percebi. Tive alguns poucos relacionamentos depois, mas foram de poucas semanas, ou dias, não tive mais namoros sérios desde então.

    Neste instante avisto a placa de entrada da cidade, me distrai e quase perco a entrada, se perco, o próximo retorno é dez kilometros. Seria ainda mais tarde e já passavam das vinte e duas horas.

    Dirigi até o hotel da Claudete que fica no centro da Cidade, na praça, local muito bom. Sempre deixo o carro estacionado à frente do hotel, na pracinha, ninguém mexe.

    E foi o que consegui fazer. Estacionei o carro na vaga em frente ao hotel, parece que estava me esperando, a noite está bem clara e tranquila, somente um casal de namorados no banco da praça, em profunda intimidade. Olho para frente do Hotel e entro, não quero incomodar o casal.

    Subo um lance de escadas e já posso ver o balcão da recepção do hotel, parece não haver ninguém e quando chego mais perto, vejo a Claudete esticada no sofá do fundo, cochilando.

    Dou uma leve tossida com o intuito de acorda-la, mas ela nem se mexe. Como já está tarde, estou cansado e com sono. Resolvo apertar o sininho da campainha em cima do balcão.

    Ela dá um salto no ato, me reconhece e diz:

    - André, que prazer em vê-lo, estava cochilando um pouquinho, hoje está meio fraco, você vai poder escolher o quarto.

    Joga um monte de chaves em cima do balcão, ela olha para elas, como dizendo:

    Pegue a que você quiser e me deixe voltar a dormir.

    Como já conheço bem o hotel e os quartos. Pego o vinte e seis, porque sei que fica em cima, nos fundos. É bem tranquilo, ninguém quer ir lá, precisa andar muito e a janela não fica de frente para a rua. Vou poder dormir, sem me preocupar com o costumeiro barulho dos universitários festejando.

    - Continua o mesmo preço Claudete, pergunto, olha meu desconto, sou cliente preferencial não é mesmo.

    - Vou lhe dar o café da manhã grátis, é cortesia, assim você volta sempre. E não esquece é das sete às nove da manhã, não abrimos exceções, retruca Dona Claudete, ansiosa a voltar a dormir.

    Pode deixar, vou acordar cedo, tenho muitas lojas para visitar e não posso demorar. Boa Noite Claudete.

    - Boa Noite André, durma bem.

    Estou subindo as escadas e um pouco sonolento não percebo antes. O café da manhã, já está incluso na diária, a Claudete me enganou, e nem reparei. Deixa pra lá!

    Subo mais um lance de escada, viro à direita e acendo a luz do corredor. Já sei onde está o interruptor e vou até o ultimo quarto. Olho e lá está o vinte e seis, coloco a chave, abro a antiga porta de madeira pintada de marrom e entro.

    Já conheço o quarto, está tudo como antes. Na entrada do quarto, está a mesinha de fórmica azul, para colocar a bagagem de mão, as chaves do carro, a carteira, relógio, coisas pequenas. A cama de madeira antiga na frente, com um lençol amarelo esticado em cima do colchão de molas e na beira da cama, um cobertor dobrado, se fizer frio à noite.

    O armário de madeira amarelado do tempo, de duas portas do lado direito do quarto. Estava vazio, coloco minha mala, tiro meu pijama, minha escova e a pasta de dentes e vou para o banheiro que fica do lado esquerdo. Sei que lá sempre tem sabonete e duas toalhas, uma de banho e uma de rosto.

    Entro no chuveiro e sinto a água quente molhando meus cabelos e descendo para o meu corpo, dando uma sensação de relaxamento. Estou precisando, viajei mais de dez horas até chegar ao meu destino. Saio rapidamente do banho, pois o sono bateu forte. Vou direto para a cama, preciso dormir e acordar cedinho, tomar café e fazer o roteiro das minhas visitas.

    Coloco o relógio para despertar às seis da manhã, viro para o lado e não demoro nem cinco minutos para pegar no sono, tamanho o cansaço da viagem.

    O relógio me desperta, aperto para ele parar, com a sensação de que gostaria de dormir mais um pouco, mas lembro de que estou no horário. Preciso me arrumar, fazer a agenda de visitas do dia, tomar café e ir atrás das vendas.

    Lembro-me das metas, preciso cumpri-las para ganhar meu bônus e com a escala progressiva que inventaram nos fazem esforçar mais. Embora acabe valendo a pena, estou conseguindo ganhar mais.

    Tomo rapidamente meu banho, a toalha ainda está molhada, é muito fina e não enxuga direito. Coloco minha camiseta da empresa, calça jeans bem desbotada, gosto dela assim, minha mãe sempre reclama do meu jeans:

    - Menino, parece que você está sempre sujo, toma banho, mas não parece, com essa calça suja e desbotada.

    Não ligo, continuo amando aquela calça posso comprar ou ganhar outra, mas esta é diferente. Sabe quando a gente se sente melhor, só porque está usando a roupa que gosta!

    Meu tênis também está bem gasto, agora que reparei, preciso lembrar-me de comprar outro.

    Paro e me olho em frente ao espelho para me pentear e até me acho bonito, pelo menos para mim. Tenho um metro e oitenta e um centímetros de altura, setenta e quatro kilos, cabelos castanhos claros, olhos também castanhos claros e sou bisneto de italianos, acho que herdei os traços dos meus avós, pelas fotos.

    Estou pronto, penso em descer para tomar o café da manhã, mas lembro de que preciso fazer minha agenda, meu roteiro de visitas. Tenho três lojas para visitar na cidade, preciso escolher qual vou primeiro.

    A Distribuidora entrega um Relatório de Visitas para todos os vendedores. Ainda bem que trouxe o meu, uma vez esqueci, e Neusa, minha supervisora ficou muito aborrecida, ela também controla todos os relatórios e diz que depois faz o seu Relatório e entrega à Diretoria.

    - Eu também sou cobrada, por isso cobro vocês! A Diretoria quer saber como foram as vendas, o resultado, se o estoque ficou muito alto neste mês. Tudo isso vai dar o parâmetro, para novas compras, comparar preços, admitir ou demitir funcionários. O relatório de vocês é muito importante, completou Neusa naquele dia.

    Decido que vou primeiro na Loja do Seu Carlos, é bem próxima, na avenida principal e ele chega cedo e compra bem, tem bastante movimento. A cidade não é muito grande, mas os produtos de materiais de construção, elétricos, hidráulicos, vendem bem, é uma cidade que está crescendo bastante. Muita gente reformando ou construindo.

    Depois posso ir à loja do Irineu, também não é longe, somente dez minutos de carro, tem uma boa loja, não vende tanto como a loja do Carlos. Os preços dele são um pouco mais caros, mas ele tem muita variedade, por isso acaba conquistando muitos clientes sabem que lá tem tudo.

    Por ultimo penso ir à Loja do Nicolau,

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