Palatabilidade e Peso Corporal: Fatores Associados?

De Cynthia de Oliveira Rio-Lima, Gisélia de Santana Muniz e Elizabeth do Nascimento

A elevada prevalência de doenças crônicas não transmissíveis associadas às desordens metabólicas, em particular, a obesidade, movimenta inúmeras pesquisas voltadas à investigação dos fatores determinantes, às estratégias de intervenção e às descobertas dos mecanismos moleculares envolvidos. Nesse contexto, vale destacar a relevância das escolhas alimentares como um dos fatores predisponentes das consequências de uma alimentação desequilibrada.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Appris
• Data de lançamento: 26 de out. de 2020
• ISBN: 9788547341510

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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO MULTIDISCIPLINARIDADES EM SAÚDE E HUMANIDADES

Dedicamos este livro aos familiares por serem a base na construção deste sonho.

AGRADECIMENTOS

Cada autor deseja agradecer aos familiares, colegas, estudantes e pesquisadores, por suas contribuições positivas e científicas que foram valiosas para a pesquisa.

PREFÁCIO

Palatabilidade: como é formada, o que a influencia, como é modificada, qual seu papel dentro do contexto saúde-doença? Conhecer ou não propriedades nutricionais é suficiente para selecionar esse ou aquele alimento? O que nos motiva a escolher entre um alimento A e um B é o gostar, o paladar, a memória gustativa ou o seu componente nutricional? Ou, ainda, os estímulos endógenos incontroláveis? Não esqueçamos que a cultura dos povos e os hábitos alimentares ao redor do mundo influenciam as escolhas alimentares com capacidade de moldar o paladar. Diante de tantos fatores influentes e de sua complexidade, esse assunto é desafiador e se insere dentro de um contexto permeado de nuances que se inicia antes do nascimento e estende-se por toda a vida do indivíduo.

Componentes como hábitos e preferências alimentares são influenciados pelo paladar, que vai desde a percepção combinada de gosto, sabor, textura, temperatura, aparência visual, aroma até componentes fisiológicos de saciedade e prazer. Diz o dito popular que a fome é o melhor tempero, então o estado fisiológico/energético do organismo, e também o patológico, influencia na palatabilidade. Experiências prévias positivas (agradáveis) ou negativas (aversões) também têm sua participação influenciando no querer, no gostar e no prazer de se alimentar. Igualmente, não podemos negligenciar os aspectos cognitivos e emocionais, os estímulos externos (apelo de marketing, disponibilidade e variedade de alimento), a socialização da alimentação e outros fatores como o que valorizamos em uma sociedade como moduladores do paladar e das escolhas alimentares.

Assim, este livro procurou abordar e discutir acerca dos eventos que envolvem desde a formação até o processamento neural do paladar, como também sua influência na ingestão e no hábito alimentar e sua relação com os distúrbios nutricionais e as doenças crônicas como a obesidade/sobrepeso e suas comorbidades. No entanto estabelecer essa associação não é uma tarefa tão simples, pois apesar de a alimentação ser um fator relevante no ganho de peso e na gordura, a massa corporal é um conjunto complexo que envolve diversos fatores dos quais muitos ainda não foram elucidados. Portanto muitas lacunas necessitam ser esclarecidas sobre a palatabilidade e as desordens nutricionais. Pode-se refletir sobre como os fatores nutricionais ou outros componentes do alimento relacionam-se com a formação da preferência alimentar, com a relação da percepção sensorial com o prazer de se alimentar e a relação dos compostos alimentares e, ainda, com os mecanismos neurais envolvidos no controle do peso corporal e com as doenças crônicas correlatas.

Destacamos que esta é uma obra pioneira em relatar essa abordagem nesse contexto da discussão de fatores que vão desde a formação do paladar até a associação com as doenças crônicas, o que justifica sua importância aos estudantes e a todos os interessados nesse tema.

As autoras são graduadas em Nutrição, com mestrado e/ou doutorado em Bases Fisiológicas da Nutrição, e têm-se dedicado ao estudo das dietas experimentais, das preferências alimentares e de suas repercussões no estado metabólico e de saúde. Assim, convidamos o leitor a desfrutar de recentes evidências científicas que podem servir como base para o melhor entendimento da relação entre palatabilidade, alimentação e o atual estado obesogênico da população.

Cynthia de Oliveira Rio-Lima

Gisélia de Santana Muniz

Elizabeth do Nascimento

APRESENTAÇÃO

O início do desenvolvimento físico de um indivíduo tem sido extensivamente analisado ao longo dos anos. Atualmente, estudos apontam consistentes evidências que, além do componente genético, os estímulos ambientais que incidem no período de formação dos órgãos e sistemas também se mostram determinantes das repercussões a posteriori no curso da saúde e da doença. Um dos maiores problemas de saúde no mundo é a crescente pandemia referente ao excesso de gordura corporal e suas comorbidades.

Dentre os fatores predisponentes, incluem-se: a herança poligênica, em que a obesidade pode ser herdada mediante defeito de múltiplos genes; o sedentarismo, associado à inatividade física e às inadequações nutricionais ocorridas por carência ou por excesso de nutrientes e/ou energia na vida perinatal, ou em diversos outros momentos do ciclo da vida. O desequilíbrio nutricional mostra-se fortemente associado a patologias crônicas, a exemplo das doenças cardiovasculares, do diabetes, da obesidade, dos cânceres, da hipertensão e de outros distúrbios.

Nessa conjunção, o modo como os padrões de aceitação de alimentos e formação de hábitos alimentares se desenvolve parece permear de forma direta ou indireta o risco do surgimento de várias patologias não transmissíveis ao longo da vida. Na esfera nutricional, vale ressaltar que tanto a quantidade quanto a qualidade do alimento que ingerimos são cruciais para as repercussões no