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Caderno Inacabado
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E-book38 páginas18 minutos

Caderno Inacabado

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Sobre este e-book

As rasuras no gibi antigo. O primeiro beijo. Aquela estrela cadente que riscou o céu de outubro. Gosto de café passado. Os sábados em família. Nota ruim no boletim. Andar na garupa do pai no caminho de volta para a casa. Algodão doce azul e rosa. Chuva de verão. O cheiro da flor. O primeiro mergulho sem tampar o nariz. O som das sirenes. A maneira como o avô descascava laranjas. Qual lembrança você guardaria no seu coração? Caderno Inacabado é uma história de amor construída com resquícios de recordações, recortes temporais de um relacionamento com inúmeros fins e recomeços. O amor, que é abordado de forma lírica e sensível, se vê abalado quando Cora é diagnosticada com Alzheimer. Desde então, o mundo construído pelo casal desmorona. Cora passa a ter a mente flutuante.
IdiomaPortuguês
EditoraTemporada
Data de lançamento4 de ago. de 2021
ISBN9786559320783
Caderno Inacabado

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    Caderno Inacabado - Thamires Aragão

    1.

    Gaveta

    Durante o amanhecer, o sol seca as últimas gotas de orvalho das poças d’água. Pouco a pouco, o povo abre as primeiras janelas. Bocas bocejam bons-dias ainda sonolentos. Posso sentir o cheiro de café passado vindo da padaria na esquina com a Rua Marechal. As luzes dos postes perdem a vida. Sinto a eletricidade vinda de toda parte. Fios percorrem as ruas, amontoados uns por cima dos outros, balançam com o vento, transmitem mensagens magnéticas.

    A eletricidade conecta toda a gente, ondas que pairam sobre nós. Os motores da cidade anunciam o início de mais um dia. O frio da manhã provoca arco-íris de óleos no asfalto. Os casais se despedem e partem para suas jornadas separados. Os meninos trocam figurinhas, sentados no meio-fio. Leona fuma o primeiro dunhill do dia no parapeito da sua casa. Os senhores tomam mate em suas cadeiras de praia coloridas.

    Daqui de fora, as meninas roubam cartas de amor das caixinhas de correio. Dona Ilce revela que a filha casará no fim do ano. A coleta de lixo recolhe os vestígios da noite anterior. Os cães seguem os carros com seus focinhos ferozes e latidos esganiçados. Os pássaros sentem a chegada dos primeiros pingos de chuva e se escondem nas marquises. As roupas dançam sozinhas nos varais.

    Há alguns dias o verão foi embora. Daqui de fora, tudo se desfaz. Palavras, buzinas, latidos. O vento leva tudo para longe, sem direção. Somos pequenas manchas de café desenhando a própria existência. Folhas livres, maltratadas com o tempo. Daqui de

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