Educação no Campo: Trabalho e Formação em Alternância
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Pré-visualização do livro
Educação no Campo - Leandro Luciano Silva Ravnjak
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
À minha esposa, Anna Christina.
Ao meu filho, João Matheus.
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto de Ciências Agrárias da UFMG – ICA/UFMG, especialmente ao Programa de Apoio a Agricultores Familiares do Norte de Minas Gerais em Atividades de Produção Higiene e Saúde Pública.
À Cáritas Diocesana de Januária, especialmente na pessoa de Jerri Ribeiro Sales, que gentilmente recebeu-nos em seu local de trabalho e socializou conosco sua vivência no campo e no processo de criação da EFA-Tabocal.
À Diretora da EFA-Tabocal, a Sr.ª Nilva Vieira da Paz, que ajustou sua agenda em vários momentos para nos receber e compartilhar suas experiências como educadora e militante da Alternância.
Aos Monitores da EFA-Tabocal, que sempre foram compreensivos conosco durante, especialmente o monitor Gustavo Guedes, que foi um grande intermediador durante as atividades de campo.
Aos alternantes da EFA-Tabocal, que nos receberam de forma carinhosa para as conversas em grupo, sempre alegres e compreensivos.
Ao alternante Rogério, hoje monitor, da Comunidade de São João da Água Limpa em Santo Hipólito, Mirabela/MG, que viabilizou as entrevistas na Comunidade.
À Luciana, alternante da comunidade de Santo Antônio da Boa Vista – município de São João da Ponte/MG.
À dona Rita, do Assentamento São Francisco, Município de São Francisco/MG, que mobilizou sua comunidade para conversarmos sobre o projeto da EFA-Tabocal.
Ao alternante Antônio Carlos, da comunidade de Volta da Serra, município de Itacarambi/MG, que, além de proporcionar a realização desta pesquisa em sua comunidade, evidenciou-nos onde a alternância e a comunidade se convergem.
À dona Marly, do Assentamento Alvorada, no Município de Pintópolis/MG, que nos proporcionou a aproximação com os membros de sua comunidade e mobilizou muitos agricultores e agricultoras para o encontro da pesquisa.
À alternante Jerusa dos Santos, que, em Serra das Araras, município Chapada Gaúcha/MG, contribuiu para a realização desta pesquisa.
PREFÁCIO
SOBRE TEMPOS, LUGARES, INQUIETAÇÕES E DESCOBERTAS
Não poderia começar este prefácio, por sua qualidade acadêmica e de prazerosa leitura, sem antes fazer uma afirmação que nos acompanhará ao longo de todo o texto: quem se propõe a realizar pesquisas sobre a Pedagogia da Alternância deve se dispor a vencer desafios e mergulhar em tempos e lugares complexos. Foi o que os professores Leandro e Maria de Fátima fizeram ao investirem em uma pesquisa que os levou a vários lugares e em permanente ação dialógica com alternantes da Escola Família Agrícola de Tabocal, lideranças comunitárias, famílias e comunidades camponesas, o que resultou no livro: Educação do Campo: Trabalho e formação em Alternância.
O texto deixou claro que muito serviu para os autores descobrirem que os ambientes de formação em Alternância se constituem como espaços e lugares de intensas descobertas e provocações, sendo essas emoções compartilhadas pelos seus leitores. Os autores mostraram-nos que, em suas pesquisas, sempre estavam dispostos a encontrarem respostas ou novas inquietações.
Temos em mãos um texto, uma pesquisa de quem percorre trajetos e de quem chega à escola a partir de inúmeras perguntas que culminará no aprender com a vida que se vive nos espaços da alternância e da combinação do comunitário que se vai constituindo ao seu redor, no seu interior e em um permanente correr para fora e constante diálogo com as realidades e contextos que se ambientam e convivem nos tempos e lugares da EFA de Tabocal, fielmente observado pelos significados e sentidos que se manifestam nas pesquisas, nas experiências da cultura, do compartilhamento dos saberes e nas apresentações dos resultados. Um texto que em todas as formas de se conviver reflete ações educacionais e de contribuições do ensino e da aprendizagem com a participação das famílias e comunidades camponesas. É oportuno, neste momento, ouvir os autores
[...] a vida material da escola envolve sua trajetória, sua composição física e humana e aquilo que está além de seus muros, que, para a alternância tem papel relevante, pois é no além-muro, com a comunidade, que os alunos se reconhecem como pertencentes ao corpo social do qual originam" (p. 12).
Os autores apresentam-nos o que se constitui de uma Escola Família Agrícola pensada pelas e com as famílias e comunidades camponesas. Constatamos, com a leitura deste livro, que a escola desenvolve ações para entender a coletividade camponesa em combinações, com os moradores locais, que buscam em parceria colaborativa identificar as verdadeiras necessidades do coletivo. Consolida-se, desse modo, a mútua responsabilidade nessa parceria a fim de atender às verdadeiras necessidades da comunidade e famílias camponesas.
Os resultados dos esforços levam-nos a um livro que deve ser lido por pesquisadores dos espaços em Alternância e da Educação do Campo e pelos protagonistas desses espaços de formação: a família camponesa. Nesses espaços, esses sujeitos praticam e compartilham suas pedagogias, relacionam-se com suas culturas e valorizam e incorporaram os seus novos conhecimentos como fontes originais do saber comunitário, sendo que os saberes formados nas famílias camponesas se mostram uma alternativa da práxis docente do educador e da Escola Família Agrícola de Tabocal. Em outras palavras, quanto mais se definem como uma prática popular de Educação e encontram nos espaços de aprendizagem comunitários e familiares a sustentação de sua práxis pedagógica, mais se fortalecem como práticas conscientizadoras e transformadoras das realidades camponesas.
Para finalizar, afirmo que temos, aqui, um estudo teórico e uma pesquisa de campo que foram se fundando, mutuamente, de maneira fértil em tudo o que se espera de um bom livro.
Margens do Rio Doce – Noroeste capixaba
Fevereiro/2020
Rogério Omar Caliari
Doutor em Educação pela Universidade Federal do Espirito Santo
Professor Titular do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Espírito Santo (IFES)
APRESENTAÇÃO
A proposta deste livro que é colocado à disposição dos leitores tem seu embrião lá pelos meados de 2009, durante o curso de mestrado em Ciências Agrárias, do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
Durante as atividades de campo, entrevistas com as famílias da Comunidade Rural de Roda D’água – município de Januária/MG –, para tentar identificar as estratégias produtivas dos agricultores familiares da Bacia do Rio dos Cochos, foi possível observar que, na pequena comunidade centenária, e composta por 45 famílias, havia quase tudo: laticínio para organizar a produção de leite e derivados; atividades de extrativismo; criação de gado na solta em área da firma (área em comum); espaço para recreação, como um campo de futebol. Porém faltava algo, que geralmente era presente nesse tipo de comunidade: faltava a escola.
Na verdade, a escola estava lá: pequeno barracão desmanchando-se com a ação do tempo, mas que servia como ponto de encontro para as decisões coletivas, reunião da associação comunitária, festas religiosas, celebração de cultos e missas.