Passado obscuro
De Sandra Field
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Sobre este e-book
O aspecto de Luke McRae convertia-o num verdadeiro íman para as mulheres, mas nenhuma o tinha feito perder o controlo que exercia sobre o seu coração... até que apareceu a bela e vulnerável Katrin Sigurdson... O poderoso e frio empresário estava empenhado em convertê-la em sua amante, e assegurou-lhe que o acordo se limitava ao quarto. Contudo, não demorou a aperceber-se que dormir ao lado de Katrin estava a mudar todos os esquemas da sua vida.Teve de reconhecer que necessitava de algo mais na vida além de trabalho. Mas deixar que Katrin entrasse no seu coração significava ter que reviver toda a dor do passado...
Sandra Field
How did Sandra Field change from being a science graduate working on metal-induced rancidity of cod fillets at the Fisheries Research Board to being the author of over 50 Mills & Boon novels? When her husband joined the armed forces as a chaplain, they moved three times in the first 18 months. The last move was to Prince Edward Island. By then her children were in school; she couldn't get a job; and at the local bridge club, she kept forgetting not to trump her partner's ace. However, Sandra had always loved to read, fascinated by the lure of being drawn into the other world of the story. So one day she bought a dozen Mills & Boon novels, read and analysed them, then sat down and wrote one (she believes she's the first North American to write for Mills & Boon Tender Romance). Her first book, typed with four fingers, was published as To Trust My Love; her pseudonym was an attempt to prevent the congregation from finding out what the chaplain's wife was up to in her spare time. She's been very fortunate for years to be able to combine a love of travel (particularly to the north - she doesn't do heat well) with her writing, by describing settings that most people will probably never visit. And there's always the challenge of making the heroine s long underwear sound romantic. She's lived most of her life in the Maritimes of Canada, within reach of the sea. Kayaking and canoeing, hiking and gardening, listening to music and reading are all sources of great pleasure. But best of all are good friends, some going back to high-school days, and her family. She has a beautiful daughter-in-law and the two most delightful, handsome, and intelligent grandchildren in the world (of course!).
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Passado obscuro - Sandra Field
Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2002 Sandra Field
© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.
Passado Obscuro, n.º 730 - Julho 2014
Título original: On the Tycoon’s Terms
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em português em 2004
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-5399-7
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
www.mtcolor.es
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Volta
Capítulo 1
– Luke! Fico contente por te ver, acabas de chegar?
– Olá, John – disse Luke MacRae e apertaram a mão. – Cheguei há uma hora. Em jet-lag como sempre – «e não me apetece estar aqui», pensou para si próprio, mas não podia dizê-lo a John. – E tu, quando chegaste?
– De manhã cedo... Há uma pessoa que quero apresentar-te, tem algumas propriedades na Malásia que talvez te interessem.
– No interior? – perguntou Luke. Tinha chegado a ser o dono de um aglomerado de empresas dedicadas às minas e graças ao seu carácter estenderam-se pelo mundo. John e ele eram dois dos delegados que participavam numa conferência internacional que se celebrava junto a um dos lagos de Manitoba.
– Terás que lhe perguntar a localização exacta – John chamou a empregada. – O que queres beber, Luke?
– Whisky com gelo – disse Luke e interrogou-se por que é que a empregada trazia uns óculos tão feios. Tinha a certeza que sem os óculos ficaria muito mais bonita.
Estava a manter uma interessante conversa com o homem malaio quando ouviu uma doce voz que lhe dizia:
– O seu copo, cavalheiro.
Luke decidiu que sua voz não combinava com os óculos que trazia nem com o cabelo loiro que se escondia debaixo de um chapéu branco. Adorava julgar as pessoas e raramente se enganava. Uma coisa era certa, não era o tipo de mulher que lhe chamava a atenção.
– Obrigado – disse ele e não voltou a pensar nela.
Três quartos de hora mais tarde, passaram todos para o refeitório. A sua mesa era a que tinha melhor vista para o lago e estava ocupada por algumas das pessoas mais importantes que tinham assistido ao congresso. Ele tinha aprendido a não se sentir demasiado satisfeito pelos acordos que conseguia. Era muito bom. Sabia isso, mas não pensava demasiado. O poder nunca lhe tinha interessado.
Poder significava segurança e a segurança era o contrário da infância que tinha tido.
Luke sentou-se à mesa e passou a mão pela nuca. Ele nunca pensava na sua infância e o facto de que Teal Lake, o lugar onde tinha nascido, estar perto de Ontário não era motivo para que ficasse sensível. A proximidade ao seu antigo lar era o motivo pelo qual não desejava estar ali. Embora lar não fosse a palavra adequada. Os seus pais não lhe tinham oferecido nada parecido a um lar no pequeno povo mineiro de Teal Lake.
Luke agarrou no menu e escolheu o que queria comer. Depois fixou-se nos restantes ocupantes da mesa.
A única surpresa estava justamente diante dele: Guy Wharton. A primeira vez que Luke o viu pensou que era o clássico homem que herdara uma grande quantidade de dinheiro, mas que não tem cérebro para o manejar. E a sua opinião não tinha mudado nos sucessivos encontros que tinha tido com ele.
O empregado começou a tomar nota dos pedidos e a empregada fez o mesmo no outro extremo da mesa. «A empregada de óculos feios e com uma bonita voz», pensou Luke. Guy tinha levado o copo para a mesa, mas mesmo assim, estava a pedir um whisky duplo e uma garrafa de bom vinho. Com os copos, Guy era terrível. Luke centrou a sua atenção no seu colega de mesa, um britânico encantador com um olfacto infalível para os negócios. Depois ouviu a doce voz novamente.
– Cavalheiro? Posso tomar nota do que deseja?
– Quero salmão fumado e cordeiro, bem passado – disse Luke. Ela concordou com educação e dirigiu-se ao seu colega de mesa. Não apontou o pedido e Luke reparou que, por detrás dos óculos, os seus olhos eram de um inteligente azul claro. Tinha a certeza que não se enganaria no pedido.
Era evidente que tinha que ser boa no seu trabalho, um lugar como aquele não contrataria pessoas inúteis.
Empregadas e Teal Lake... estava a perder o rumo dos seus pensamentos.
– Rupert, como pensas que vai ir a prata nos próximos dois meses?
O inglês começou a fazer uma valorização técnica e Luke dedicou-lhe muita atenção. Serviram um copo de vinho e bebeu um gole. Reparou que Guy já tinha o rosto corado e que falava demasiado alto. O salmão fumado estava extraordinário, o cordeiro, muito terno e a verdura estaladiça. Então, Luke reparou que Guy chamava a empregada. A rapariga aproximou-se de seguida. O uniforme preto e o avental branco que trazia escondiam a sua figura, mas não podiam esconder o seu orgulho. Não era uma mulher alta, embora caminhasse como se fosse, como alguém que sabe quem é e que tem segurança em si própria.
– Tinha pedido o filete mal passado e está quase cru – disse Guy.
– Lamento muitíssimo, senhor – disse ela. – Vou devolvê-lo à cozinha e trago outro como o senhor deseja.
Mas quando se preparava para recolher o prato, Guy agarrou-a pelo pulso.
– Por que é que não o fez bem na primeira vez? Pagam-lhe para trazer o que eu lhe peço.
– Sim, senhor – disse ela. – Se me soltar, garanto que lhe trazem o filete imediatamente.
Luke reparou que a rapariga tinha a cara um pouco vermelha e que o seu corpo estava tenso. Mas Guy não a largou. Torceu-lhe o pulso e olhou para ela.
– Deverias tirar esses malditos óculos – disse-lhe. – Nenhum homem no seu perfeito juízo se fixará em ti enquanto os usares.
– Por favor, largue-me o pulso.
Desta vez, não o chamou por senhor. Sem pensar, Luke levantou-se e disse num tom cortante:
– Guy, já ouviste a senhora. Larga-a. Agora – e reparou que o empregado chefe se aproximava à mesa.
– Apenas estava a brincar – disse Guy e acariciou a palma da mão da rapariga. Depois de largar o pulso. A empregada retirou o prato e afastou-se da mesa sem olhar para Luke.
– Não achei piada – disse Luke com frieza. – E tenho a certeza que os restantes também não. Incluindo ela.
– Por favor, é apenas uma empregada. E todos sabemos o que procuram.
Luke tinha a certeza que a empregada dos óculos feios não andava à procurava de nada nem de ninguém. Se ele fosse ela, teria usado lentes de contacto para mostrar os seus lindos olhos. Virou-se para olhar para o homem que estava sentado ao seu lado. Um italiano dedicado às minas de ouro. Minutos mais tarde, o empregado chefe aproximou-se à mesa com outro filete.
– Diga-me se não gostar, senhor – disse com muita educação.
– A empregada ficou com medo, certo? – perguntou Guy.
– Desculpe, senhor?
– Já ouviu – disse Guy. – Sim, este está muito bem.
Com a faca na mão enquanto falava, começou a contar uma história ao seu colega de mesa.
Quando acabaram, a empregada recolheu os pratos. Trazia uma etiqueta com o seu nome pendurado no casaco. Chamava-se Katrin. Luke tinha lido que o hotel estava próximo de um povo que tinha sido colonizado há cem anos por imigrantes islandeses, e ela, com o cabelo loiro e os olhos azuis, devia ser uma descendente daqueles colonizadores. Quando se inclinou para recolher o prato, reparou que Guy lhe tinha deixado uma marca no pulso. Experimentou um sentimento de raiva desproporcionado.
Por que é que sempre tinha desprezado os homens que se aproveitavam dos mais débeis? Porque a justiça era um dos seus princípios básicos que aplicava indistintamente a todas as classes sociais?
Ele não disse nada, a mulher já lhe tinha deixado bem claro que não estava agradecida pela sua intervenção. Não lhe apetecia comer sobremesa, por isso pediu um café.
– Acompanhas-me com um brandy? – murmurou John.
– Não, obrigado – respondeu Luke. Estou muito cansado, por isso dentro de muito pouco vou dar o dia por terminado.
Luke nunca tinha bebido em excesso, no entanto, o seu pai bebia por cinco homens. Por esse motivo os comentários de Guy afectavam mais Luke. John e ele falaram sobre o estado do mercado do cobre e do níquel e, depois, Luke observou como Katrin se aproximava com uma bandeja carregada de doces. Deixou-a com cuidado no carrinho e repartiu as sobremesas sem fazer uma pausa. «Tem muito boa memória e é extremamente eficiente», pensou ele com admiração.
Guy tinha pedido um brandy duplo e quando ela se preparava para o deixar em cima da mesa, tocou-lhe, de propósito, o peito com o braço.
– Mmm... que bem – disse com desdém. – Escondes mais alguma coisa por debaixo desse uniforme?
Luke reparou que o fogo invadia o olhar de Katrin. De repente, observou o copo a cair e o líquido a entornar-se por cima da manga da camisa de Guy.
– Oh, senhor – exclamou ela, – sou tão descuidada. Permita-me que lhe traga um guardanapo.
Guy levantou-se com o rosto marcado pela ira e Luke fez o mesmo. «Ela fez de propósito», pensou Luke.
– Guy – disse com um tom suave, – se causas mais problemas nesta mesa, encarregar-me-ei pessoalmente de que o tratamento que estás à espera com Amco Steel seja um fracasso. Ouviste?
Fez-se um curto silêncio. Guy queria ter o melhor tratamento possível, à semelhança de todas as pessoas que estavam na mesa.
– És um bastardo, MacRae – disse Guy.
Na realidade, Guy estava a dizer a verdade. O pai de Luke não se tinha incomodado em casar com a sua mãe, mas ele não se deixava afectar pelas circunstâncias do seu nascimento.
– Farei com que o tratamento seja suspenso antes que chegues à mesa das negociações – disse. – Agora, senta-te e comporta-te.
Katrin tinha tirado um guardanapo da estante inferior do carrinho. Quando se levantou, olhou para Luke como se lhe dissesse que não precisava da sua ajuda. E deu o guardanapo a Guy.
– O hotel ocupar-se-á de lhe levar o traje à lavandaria, senhor – disse ela com toda a tranquilidade e continuou a servir as sobremesas como se nada tivesse acontecido.
Luke deixou a chávena do café em cima da mesa e disse:
– Boa noite a todos. São duas da madrugada e vou dormir.