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Coincidence - Perigo e Paixão (I)
Coincidence - Perigo e Paixão (I)
Coincidence - Perigo e Paixão (I)
E-book306 páginas3 horas

Coincidence - Perigo e Paixão (I)

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Sobre este e-book

Charles Green é um detetive implacável da Scotland Yard com fama de ser um dos melhores da corporação. É duro, implacável, com nervos de aço e a taxa de resolução de casos mais alta. Tanto sua vida profissional como sua vida pessoa parecem ser rocha sólidas que o mantêm firme nos momentos graves que todo policial tem na sua carreira. Sem dúvida, Adriana Soto é uma moça que começa como policial e tem tudo de ponta-cabeça. Sua vida profissional acabou de começar, sua vida pessoal é um caos completo e, como se não bastasse, ainda tem problemas para acatar ordens se, aos seus olhos, elas não lhe parecerem lógicas. E isso, em um profissão como a sua, vai lhe arrumar muitos problemas. Ainda mais tendo encontrado Charles Green no primeiro caso que teve no seu estágio. Mas está claro que algumas pessoas transformam o perigo em um paixão sem limites, que acaba por abrasá-los completamente...

IdiomaPortuguês
EditoraPandora
Data de lançamento8 de jan. de 2018
ISBN9781547512942
Coincidence - Perigo e Paixão (I)

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    Pré-visualização do livro

    Coincidence - Perigo e Paixão (I) - Laura Sánchez Herráez

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    C  incidence

    Perigo e Paixão

    (1)

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    C  incidence

    Perigo e Paixão

    (1)

    Laura Sánchez Herráez

    Pandora

    ©Laura Sánchez Herráez, 2016

    ©Coincidence. Perigo e paixão, 2016

    ©Pandora, 2016

    Apartado de Correos 4015,

    24010, Leão (Espanha)

    www.pandora-magazine.com

    info@pandora-magazine.com

    ©Capa: Pandora

    ©Tradução: Sérgio Ferreira Mendes.

    © Revisor: Maria Cabrera-Herrera

    Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos citados são fruto da imaginação do autor ou são usados dentro da ficção. Qualquer semelhança com pessoas reais (vivas ou mortas), empresas, acontecimentos ou lugares é mera coincidência. O editor não tem controle algum sobre sites web do autor ou de terceiros, tampouco de seus conteúdos e não assume responsabilidade alguma do que se possa derivar destes.

    Primeira edição: junho/2016.

    Edição traduzida: janeiro/2018.

    Registrado em Safe Creative.

    Código de registro: 1606278226617

    Editado na Espanha. Não é permitida a reprodução total ou parcial deste livro, nem sua incorporação a sistemas informáticos ou transmissão em qualquer forma ou por qualquer meio, seja este eletrônico, mecânico, por fotocópia, por gravação ou outros métodos, sem autorização prévia e por escrito do editor. O desrespeito aos direitos mencionados pode constituir delito contra a propriedade intelectual (Art. 270 e ss. do Código Penal do Reino da Espanha).

    Índice

    Nota da autora .......................................... 9

    Prólogo ................................................ 15

    I ........................................................ 19

    II .......................................................  29

    III ...................................................... 35

    IV ...................................................... 59

    V ........................................................ 73

    VI ....................................................... 79

    VII ..................................................... 89

    VIII ..................................................... 105

    IX ....................................................... 121

    X ........................................................ 141

    XI ....................................................... 181

    XII ...................................................... 197

    XIII ..................................................... 207

    XIV ....................................................  219

    XV ..................................................... 235

    XVI ...................................................  265

    XVII ..................................................  289

    XVIII .................................................  299

    XIX ...................................................  311

    XX .....................................................  337

    XXI ...................................................  355

    XXII ..................................................  369

    XXIII .................................................  383

    Epílogo ................................................  395

    Agradecimentos .....................................  403

    Nota da autora

    ––––––––

    As personagens desta história, tal como a trama, são totalmente fictícias. Tampouco estão baseadas em pessoas reais, vivas ou mortas.

    Os lugares citados nesta parte são reais, ou baseados em lugares reais.

    Os feitos narrados a respeito dos crimes ou da vida das personagens não são reais e nem baseados em outros que o sejam.

    À minha família. Sempre.

    .

    "Imagine um homem sentado no sofá favorito da sua casa. Debaixo há uma bomba a ponto de explodir. Ele o ignora, mas o público sabe disso. Este é o suspense."

    Alfred Hitchcock

    "Não é horrível perceber que aquilo que mais se teme é, no fundo, o que mais se deseja?"

    Ignacio Solares

    blood_on_hands_png_by_flowerbloom172-d8yrcu7.png

    Prólogo

    M

    eio-dia é uma hora como qualquer outra para estripar alguém, esquartejar e queimar o que sobrar desse alguém depois disso. Não costumo comer antes das duas da tarde. Eu sei: para um inglês, como eu, é algo impensável, mas os horários das minhas refeições estão sujeitos a certas atividades mais importantes que a ingestão de alimento. Deus Todo-Poderoso me assiste em casa um dos atos que levo a cabo. Porque elas merecem morrer. Merecem, e Deus o sabe como tão bem eu também sei.

    Dou uma olhada na câmera que está gravando há já um tempo todo o processo. Desta vez, tive que me levantar em duas ocasiões para limpar a lente. Um jorro intenso e potente de sangue espirrou nela enquanto eu dava um golpe na femoral. Pior foi quando arranquei de chofre os intestinos. Foi um caos. O corpo humano é por demais sujo quando se reduz a algo material. Neste caso, estou certo de que o mesmo diabo faz com que o corpo de todas elas comporte-se dessa mesma maneira. Gosto de ver o que sobra quando ardem em chamas. Satanás foge delas, deixando paz onde antes havia tormento. Dessa forma consigo que alcancem a redenção ao terem sido sacrificadas por seus pecados.

    Acaricio a mecha de cabelo macio e brilhoso, pertencente ao que antes era uma cabeleira que chamava a atenção de quantos homens olhassem esta jovem. Deveriam tê-la visto gritar e suplicar que não acabasse com sua vida. Tentou arrepender-se dos pensamentos que a trouxeram até aqui; quando cortei sua língua, acabaram suas orações, mas não os gritos guturais que brotavam provavelmente das profundezas do Averno.

    Desfrutei vendo esse instante em seus olhos, em que a vida se lhe esvaía, como se eu próprio pudesse ver aquele filme da vida que deveria estar vendo aquela jovem. Poucos segundos depois, Nosso Senhor a acolheu em seus braços e a levou consigo. Levou ambos, para que tivessem uma paz que me sinto orgulhoso de ter proporcionado.

    Vou até a câmera paro a gravação, para finalmente poder tirar a bala clava, e jogo ao fogo as luvas que usei até deixá-los de um tom vermelho-escuro, quase marrom. Ponho outro par de luvas para levar a cabo o passo seguinte. Satisfeito pelo trabalho bem feito, recolho tudo com um cuidado excepcional. Quero que a próxima sinta-se especial quando vir tudo o que foi preparado para ela. Recolho o saco com suas cinzas e guardo a mecha de cabelo em um pequeno saco plástico.

    Fiz um sanduíche de rosbife com pimenta e picles. Receio que a viagem nesta ocasião seja longa, e meu estômago ruge com ímpeto ao pensamento de um delicioso e merecido acepipe.

    Um sol resplandecente me recebe em pleno outubro outonal. Sem dúvidas, o ar gélido faz com que eu feche cada botão do abrigo de tecido apertado até entrar no carro. Guardo o saco, a fita de vídeo e o resto do material no porta-malas e dirijo até sabe Deus onde.

    Abaixo um pouco o vidro e ponho algo de Vivaldi. Suspiro com os olhos fechados com o começo da Primavera. Sinto um prazer imenso ao pensar na divina tarefa que me encomendaram e desfruto dela até o menor detalhe. Mas é preciso ir, então é preciso deixar para mais tarde os momentos de ócio.

    O caminho de volta sempre me parece mais entediante que o excitante caminho que realizo horas antes, com cada uma das minhas companheiras em sua penúltima viagem.

    Caralho, continuo com o odor das entranhas da última nas minhas fossas nasais e acho que acabo de me excitar com esse pensamento. Antes de voltar para casa, vou ter que me masturbar.

    blood_on_hands_png_by_flowerbloom172-d8yrcu7.png

    I

    Charles

    ––––––––

    A

    precio o trabalho incrível desse filho da puta. Pelo menos não chegamos e nos deparamos com um cenário dantesco, como no mês passado.

    —Caralho, o Canibal... —responde John, com nítido desgosto ao recordá-lo—. Esse energúmeno fazia um festim e deixava as sobras jogadas de qualquer jeito. Vomitei duas vezes seguidas na última cena. Menos mal que Thomas deu-lhe um tiro no meio da testa antes que ele fugisse.

    Rio-me lembrando de meu companheiro naquelas circunstâncias. É certo que aquele caso pôs a prova muitos dos detetives da Scotland Yard. Mas posso congratular-me por ser de outro estofo. Meu estômago é a prova de qualquer coisa que meus olhos possam ver. Às vezes, nem mesmo sentindo o cheiro putrefeito dessas merdas me dá ânsia de vômito.

    Escuto um cochicho atrás de nós. Os rapazes não costumam distrair-se; quero saber o porquê da interrupção do meu trabalho.

    —Caralho! Deus ouviu minhas preces... —balbucia também John ao meu lado, olhando a fonte de todos os murmúrios.

    Uma moça de uns vinte anos acabava de sair de um carro e dirigia-se com passo firme em nossa direção, em companhia do capitão Strand. Quando o chefe aparece, não costuma trazer nada de bom. Ainda que eu reconheça que a mocinha de pernas longas e esbeltas, com trajes escuros e sapatos de salto não me pareça mau presságio para esta manhã do cão. Tenta recolher os cabelos negros em um rabo de cavalo enquanto luta para não cair dos saltos ao pular cada obstáculo deste terreno pedregoso. Sou obrigado a tapar a boca e reprimir uma gargalhada ao ver o último tropeção da menina. Quando levanta a vista novamente, em nossa direção, o faz com aprumo, como se devêssemos agradecer sua presença aqui, hoje. Porém, quando está quase ao meu lado, tropeça de novo, e John aproxima-se dela solícito, para evitar que se lhe parta o coco. O capitão me olha e faz um gesto reprovador ao fato de eu nem ter me mexido para evitar essa queda. Se ela tivesse caído, teria sido divertido. John me tirou a diversão e isso não é agradável, de modo que não sei por que tenho de fingir ser amável se continuam a interromper meu trabalho com uma ranhentinha que não sabe sequer como vestir-se para vir à cena de um crime.

    —Detetive Green, detetive Sanders —diz-nos o capitão, cheio de cerimônia— , venho pessoalmente para lhes apresentar a senhorita Soto. Ela acabou de realizar um curso de especialização criminalística na Espanha e foi a primeira da turma. É um verdadeiro gênio e temos o prazer de tê-la estagiando conosco. Espero que a tratem de forma adequada...

    Isso teve tom de ameaça e foi dirigido particularmente a mim. John começou a rir.

    —Não tenho culpa de a senhorita Garret ter fugido apavorada na ocasião anterior. —disse em minha defesa.

    —Charles, cara, —me disse John com tom irônico—, era o primeiro dia da moça e você a levou a uma autópsia do Canibal... gritou tão alto com ela quando ela começou a vomitar que a coitada teve de ir vomitando corredor afora para afastar-se de você.

    John riu novamente e o capitão reprova com a cabeça, mas vejo que ele está segurando a risada.

    —Se as pessoas não têm o necessário para se dedicar a esse tipo de trabalho, é melhor que o saibam desde o primeiro dia e não nos façam perder tempo —concluí.

    —Te dou razão, ainda que apenas parcialmente.

    A moça acabara de abrir a boca para... me dar razão apenas parcialmente? Movo a cabeça imperceptivelmente para fixar a vista nesses olhos tão azuis como o céu em um dia de primavera. De primavera no Caribe, porque em Londres, isso equivaleria a ter olhos negros qual carvão.

    —A senhorita me perdoe, mas disse parcialmente? —pergunto.

    —Se o senhor queria ensinar àquela moça o que era ser policial, havia outras formas menos agressivas que essa. Estudei o caso a que vocês se referem e acredito que, para muitos dos policiais que o conduziram, foi uma prova dura. E não precisamente por serem novatos.

    Disse tudo isso com um desembaraço que me deixou perplexo por alguns instantes.

    —Não vai me dizer que acha que fiz o que fiz para rir dela?

    —Acho que sim, mas comigo isso não vai funcionar. Não me assusto com nada e tampouco me rendo.

    Puxa o paletó para baixo enquanto diz isso, asseverando suas palavras com seus gestos não verbais.

    —Muito bem —respondi—, é bom saber que vou ter que me esforçar para fazer com que a senhorita caia fora e suma da minha vista.

    Dou meia volta e espero que o capitão acabe de me passar o sermão e também caia fora daqui, mas aquela menina continua ao meu lado enquanto busco o legalista.

    —Por que continua aqui? —pergunto a ela.

    —Porque vou trabalhar neste caso —responde excessivamente segura de si mesma.

    Não, ranhentinha. Está aqui para fazer seu estágio por ter tirado boas notas no colégio. Deixe os especialistas trabalharem.

    —Me atualize —pede-me sem deixar-se alterar pelas minhas palavras, olhando o monte de cinzas que os agentes continuam recolhendo com cuidado e cruzando suas mãos para trás.

    À merda essa menina...

    —Este é o terceiro cadáver, por assim dizer, que encontramos na última semana. O mesmo modus operandi: um telefonema anônimo à polícia dando umas coordenadas. Ao chegar, um monte de cinzas com uma mecha de cabelo e uma fita de vídeo.

    —Uma fita?

    —Um filme snuff dedicado à Scotland Yard —interveio John, tentando ser galante com a novata. Acredito que a senhorita Soto não tenha visto nela nada além de um novo colega. John costuma chamar a atenção do gênero feminino com seus músculos e seus cabelos ruivos cuidadosamente penteados, mas parecia que essa menina sequer o notara.

    —Quando eu poderia ver essas fitas? —pergunta ela.

    —Quer ver as fitas? —pergunto incrédulo—. Nelas estão a tortura e o assassinato de cada uma das vítimas. E garanto que não é nem um pouco agradável.

    —Imagino, mas quero me inteirar dos detalhes.

    —Não se vê muita coisa. Só sangue, vísceras humanas e gritos de dor antes que a vítima morra por conta da tortura a que são submetidas.

    —Sempre há detalhes para analisar —insiste a mocinha tenaz.

    —Jonh me olha boquiaberto, esperando a minha reação.

    —Muito bem, senhorita Soto. Quando chegarmos à delegacia, poderá vê-las quantas vezes quiser.

    —Qual é o padrão?

    Meu Deus, essa moça não vai parar de fazer perguntas?

    Os agentes acabaram de recolher tudo, e saímos dali em direção do carro.

    —Ele grava suas vítimas enquanto as tortura e assassina, queima e deixa os restos em diferentes áreas dos arredores de Londres, sem lógica alguma. Não há relação entre as vítimas, não encontramos uma mísera pista sequer nas cenas, não sabemos nem onde o assassino as leva nem por que as deixa onde as deixa ou por que as escolhe. Não existe nada.

    —E por que essa forma de assassinato? Quanto tempo passa do desaparecimento da vítima ao telefonema? Qual é a motivação do assassino para...

    —Vejamos... —esfrego os olhos na esperança de quando eles se abram novamente a mocinha tenha desaparecido da minha vista, mas não. Abro a porta do carro antes de responder—. Vou deixar o processo em cima da minha mesa quando chegarmos à delegacia. Poderá lê-lo e depois perguntar o que quiser a John. E pare de me incomodar.

    Abre sua pequena boca para contestar algo, mas a fecha. Deu-me uma vontade louca de morder esses lábios avermelhados até que sangrem. Por mais que me incomodem as pessoas que me enchem o saco, essa moça me deixa nervoso de uma maneira diferente.

    Fomos os três em silêncio, pelo resto do caminho. Olho pelo retrovisor a jovem, que observa com algum enfado a paisagem que vai passando. Sinto vontade de parar aqui mesmo e comê-la, mesmo na frente de John, de mil formas diferentes.

    ––––––––

    E enquanto a como, ela pode continuar perguntando tudo o que lhe dê vontade.

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    II

    Adriana

    U

    m filho da puta... um cuzão engomado da Scotland Yard terá que avaliar o meu estágio, ótimo. Pergunto-lhe coisas básicas que ele deveria me dizer sobre o caso, e ainda fica nervoso. De que estofo é esse imbecil? Por que se acha melhor que eu?

    Ignorou-me o dia tudo. Seu colega, tal de John Sanders, não para de me cantar, e começo a me sentir incomodada. Preciso me vestir com trapos, mastigar de boca aberta e andar que nem um macaco para que me respeitem? Fizeram-me tirar cópias, arquivar outros processos e faltou pouco para que me dessem os sapatos para engraxar. Continuo esperando que me deixem ver o processo do caso ou os filmes. E são já nove da noite.

    Finalmente, vejo um agente que se aproxima quando estou pegando o sobretudo para ir para casa tomar uma taça de vinho depois deste dia de merda.

    —O detetive Green pediu que vá àquela sala para que possa estudar o caso Cinzas.

    Vou à sala que me indicou o agente e vejo uma mesa grande com tudo tipo de arquivo, provas e material para analisar.

    —Agora me deixa com tudo isso? Mas que cuzão...

    A última parte digo em espanhol. Não quero que saiam dizendo por aí que ando ofendendo o chefe. Era só o que me faltava.

    —Que honra a minha de ser ofendido pela senhorita Soto pelas costas!

    Sinto um suor frio pelo corpo todo. Uma voz masculina e tremendamente sexual pronunciou a frase em um espanhol irretocável.

    Acabei de assinar minha sentença de morte na Scotland Yard.

    Volto-me, aos poucos, e vejo que o agente que me trouxe até esta sala fugiu o mais rápido que pôde. O detetive Green, resoluto, entra na sala e fecha a porta atrás de si.

    —Tem algo para me dizer, senhorita Soto? pergunta em inglês novamente—. Quer me xingar pessoalmente ou apenas o faz pelas costas?

    —O senhor esperou até agora para me dar tudo isso, que eu lhe havia pedido pela manhã. Gastou o dia tudo me mandando fazer coisas que nada têm a ver com o meu estágio. Tenho tudo o direito do mundo de me manifestar como me der na telha.

    Não sei de onde saiu tudo aqui, mas sinto que me falta fôlego quando termino. Já que comecei, é hora de terminar. Se vai me escorraçar daqui, que seja em grande estilo.

    Green me observa com curiosidade, franzindo o rosto mais masculino que já vi. Está com um terno cinza risca de giz e parece tão perfeito como quando o vi pela manhã. Pode ser que tenha alguém que venha arrumá-lo de quando em quando. Parece com esses caras que usam creminhos e coisas do gênero para sentir-se melhor consigo mesmos. O problema é que esses creminhos devem funcionar, porque ele aparenta menos idade do que me disseram que tem. Acabou de completar 32 anos e parece um pouco mais velho que eu. Seu cabelo castanho ondulado e os olhos claros, azuis, me causam um efeito que nenhum outro homem me causou.

    E é isso que, de tudo, mais me incomoda.

    —Vai a algum lugar? —me diz de chofre, olhando-me de tal maneira que me faz tomar ar de golpe.

    E me dou conta de que recuei enquanto ele entrou na sala.

    —Tem algo mais para me dizer? —pergunto, esperando que mande embora, por conta da maneira que me olha.

    —Quis esperar até agora porque tive um dia de louco —começa a dizer sem deixar de lado sua irritação—. Eu pretendia que ficássemos os dois repassando isso tudo para que a senhorita pudesse continuar fazendo essas perguntas, que parece já tê-las escritas, para me bombardear.

    —Não, não tenho...

    —Eu estava apenas brincando, senhorita Soto —mas, para ser uma brincadeira, não vejo sorriso em parte

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