Comida é memória: 23 histórias de cozinha para aquecer o coração

De Jane M. G. Lutti

Uma queijadinha pode ser o sabor de uma história de amor? O arroz com frango da cantina do colégio estadual faz refletir sobre a amizade e a impermanência da vida? A fé pode ser fortalecida ao dividir o prato? Um sanduíche de pão amanhecido com linguiça pode dissolver o sabor amargo de um luto?

Se você concorda que memória e construção pessoal podem ter gosto, cheiro e textura, é sinal que aí dentro tem um sabor que nutre as melhores lembranças de um período ou momento de sua vida. Neste livro, Jane M. G. Lutti reúne crônicas e receitas para aquecer o coração. Atribuindo sabores a pessoas e experiências íntimas, a autora compartilha insights despretensiosos sobre si e provoca o leitor a percorrer suas próprias memórias em busca de sabores e vivências de sua vida.

Fica o convite a filosofar sobre si, a refletir sobre a paciência do cozer, a ritualística do fogo aceso, a cadeia produtiva do alimento, o que vira prato e registro a partir do gosto.

Um livro para acolher e abraçar com boas histórias de forno, fogão e muito afeto.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Labrador
• Data de lançamento: 9 de mai. de 2023
• ISBN: 9786556253114

Pré-visualização do livro

Copyright © 2023 de Jane M. G. Lutti

Todos os direitos desta edição reservados à Editora Labrador.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Jéssica de Oliveira Molinari — CRB-8/9852

Lutti, Jane M. G.

Comida é memória : 23 histórias de cozinha para aquecer o coração / Jane M. G. Lutti ; ilustrações de Camilla Mazzoni. -– São Paulo : Labrador, 2023. il., color.

ISBN 978-65-5625-311-4

1. Gastronomia 2. Culinária 3. Memórias 4. Afeto (Psicologia) I. Título II. Mazzoni, Camila

23-0582

CDD 641.5

Índice para catálogo sistemático:

1. Gastronomia

Editora Labrador

Agradecimentos

NOTA IMPORTANTE

Todas as histórias sobre receitas deste livro são pessoais e podem — e devem — ser adaptadas conforme suas cozinhas, gostos e tradições de cada família. As pesquisas aqui citadas sobre história dos alimentos, ingredientes, geografia, informações nutricionais e afins, embora checadas em fontes confiáveis, são de caráter ilustrativo e não têm a intenção de instaurar valor histórico, médico ou nutricional decisivo ao que foi mencionado e não devem ser consideradas fontes definitivas sobre o assunto. Foram inseridas como forma de introduzir o leitor à matéria e nortear os que se sintam inspirados a aprofundar seus conhecimentos históricos.

Consulte sempre o seu nutricionista de confiança para adequar a melhor dieta à sua história afetiva e histórico médico.

Que bom que você foi tocado pelo título desse livro. Comida é memória. Sinal de que, aí dentro, uma receitinha escondida no coração nutre as melhores lembranças de um período ou momento de sua vida. Sinal de que se lembra com amor e pertencimento de algo que lhe preencheu mais do que o estômago em algum momento.

A cozinha é o lugar onde filosofo. É meu jeito de ver a vida, minha lente que põe setores como cultura, sociedade, crises, psicologia, economia, clima, relacionamento, saúde, vida, ética em perspectiva. Cozinhar é minha meditação enquanto dialogo com os alimentos e entendo a cadeia produtiva, que começa pela terra boa, passa pelas mãos do sábio agricultor, chega ao comerciante, vem para o meu carrinho de compras, se processa, se transforma, recebe minha interferência na cozinha e vira um prato que alegra, nutre e pelo qual sempre manifesto gratidão.

Estamos longe do fogão hoje em dia e isso impacta sim nosso ser social. Ficar longe do fogo nos distancia da metáfora de purificar e transformar a psique e o espírito enquanto transformamos e purificamos alimentos que irão nutrir o físico. Sem a paciência de cozer, a ritualística do fogo aceso, a mente concentrada na receita e o foco no resultado que ia além do ponto do prato, sentimos o impacto negativo na qualidade do que comemos, de escolhas menos saudáveis, de nosso desrespeito com a cadeia produtiva ou com quem cozinha.

Entender todo esse processo é ser mais compassivo, empático e seletivo. Quando entendemos o trabalho que dá — para produzir e cozinhar — respeitamos e reverenciamos essas escolhas.

Costumo fazer as refeições fora de casa e sempre faço questão de agradecer adequadamente aos cozinheiros, entregadores e atendentes pelas refeições encomendadas.

Aliás, costumo inclusive mandar e-mails para agradecer o trabalho quando a comida surpreende. Sei que é um jeitinho de temperar o dia do profissional que encara as panelas de restaurantes lotados, que dá conta da demanda, mas que muitas vezes está cozinhando sem vontade, sem feedbacks, desmotivado por algum outro motivo. Quem trabalha com comida deve saber que é um grande curandeiro e que sua energia e vibração passam sim para o alimento.

Não tenho pretensão nenhuma de fazer desse livro um cookbook pomposo ou um guia definitivo para identificar a cozinha afetiva de suas vidas. Mas de acolher — como uma boa xícara de chá de camomila no inverno — as boas histórias de forno e fogão que você deve ter aí dentro para me contar.

Este livro é um relato absolutamente pessoal de meus momentos na cozinha, de momentos em que dividi a mesa com pessoas que passaram por minha vida, de reflexões que tive enquanto queimava muitas receitas de caramelo salgado, acertava deliciosamente meus brigadeiros de pimenta ou me lembrava da culinária carregada de especiarias do meu pai (e que definitivamente não era minha favorita quando pequena).

São minhas histórias que espero que, do fundo do coração, lhe motivem a voltar para a cozinha e preparar algo para você ou para quem ama.

Jane M. G. Lutti

Campinas,

2 de abril de 2023